quinta-feira, 31 de março de 2011

Sonny (2002)

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Sonny de Nicolas Cage é um filme passado na New Orleans dos anos 80 que conta com um elenco de extraordinários actores onde se destacam James Franco, Brenda Blethyn, Mena Suvari, Harry Dean Stanton e Brenda Vaccaro.
Sonny (Franco) sai do exército em busca de uma vida melhor e de um emprego prometido por um seu companheiro de armas. No entanto, quando chega a casa e na falta desse trabalho é novamente induzido pela sua mãe (Blethyn) no negócio de família... a prostituíção.
Depois de uns ocasionais "trabalhos" com antigas clientes e de uma paixoneta por Carol (Suvari), Sonny sente que aquela não é de facto o seu estilo de vida. Irá ele mudar?
Este filme com argumento de John Carlen e que marca por ser a primeira obra realizada por Nicolas Cage é um filme que se podia ter centrado um pouco mais na vida entre mãe e filho e nos porquê de terem chegado a tão decadente estado.
Não o considerei um filme mau, simplesmente a dulpa Franco e Blethyn, a ser mais explorada, tenho forte convicção que dariam um filme bem mais forte e dramático do que aquele que temos na realidade. Franco, que desde há muito tem vindo a impressionar com as suas fortes interpretações de renegado e de jovem à margem da sociedade, o que aqui novamente confirma, juntamente com uma Blethyn que tanto tem de cómica com de forte cariz dramático, conseguiriam neste filme arrancar com toda a certeza as nossas seguranças e mais certo ainda seria que conseguiriam transformar este filme "morno", numa história quente e carregada de tensões entre mãe e filho.
A banda-sonora da autoria de Clint Mansell contribui de forma genial para o aumentar desde ambiente bastante "decadente" que é vivido por todas as personagens, sem excepção. A cada acorde com que nos presenteia sentimo-nos a ver, literalmente, estas personagens a caírem num abismo de decadência e imoralidade da qual parecem não conseguir sair.
Falta-lhe alguma dinâmica entre mãe e filho... Como disse, a ser mais explorada a relação entre ambos, acho que este filme só teria a ganhar e penso que, a conhecer o trabalho de ambos os actores, qualquer um de nós esperaria ver mais. Aliás, ver muito mais, deles os dois.
Assim, aquilo que aqui temos é no fundo um tipo que perdeu todos os seus sonhos até àquele instante final onde percebemos claramente que ainda tem desejos mas que, pelo caminho, os deixou cair em nome de uma vida mais fácil e de algum dinheiro pelo bolso.
Esperamos no entanto, que aquilo que vemos no final se concretize e que ele corra, mesmo sem mais nada, atrás daquilo que lhe deu, ainda que por breves momentos, o desejo, a força e a vontade de alcançar algo mais... por pouco que esse "algo mais" seja.
É um filme interessante e com interpretações algo sólidas na sua maioria, mas que não chega a atingir os níveis que poderia caso tivesse investido mais em algumas das personagens que nos apresenta. Bom filme para a primeira realização de um actor que já nos deu grandes e boas performances.
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6 / 10
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quarta-feira, 30 de março de 2011

Morning Glory (2010)

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Manhãs Gloriosas de Roger Michell é uma simpática comédia com ligeiros toques dramáticos que conta na interpretação principal com Rachel McAdams secundada por duas lendas vivas do cinema como é o caso de Diane Keaton e Harrison Ford.
Becky Fuller (McAdams) é uma produtora no desemprego que aceita um trabalho num programa da manhã e tem como desafio conseguir revitalizá-lo. No entanto, aquilo com que ela não contava, era com o ainda maior desafio de conseguir lidar com os dois apresentadores do mesmo, Mike Pomeroy (Harrison Ford), um antigo pivot de noticiários que em nada se identifica com o conteúdo deste programa matinal e Colleen Peck (Diane Keaton), uma ex-miss agarrada aos seus caprichos e vontades, e que se odeiam mutuamente por serem totalmente opostos um ao outro.
Becky, que inicialmente faz tudo por tudo para aumentar as audiências do programa que agora produz, entra em total desespero quando percebe quase ser impossível conseguir criar alguma empatia entre os apresentadores e a sua equipa. Mas não desiste.
Ela que agora chegara a um novo canal de televisão, a uma nova equipa e a um novo programa investe tudo de si em detrimento da sua vida pessoal que parecia compôr-se graças a Adam Bennett (Patrick Wilson), e pensamos... será que esta prova vai ser superada?
Este argumento assinado por Aline Brosh McKenna toca em muitos dos temas que afectam uma boa parte das pessoas dos nossos dias. O desemprego e como ele pode afectar toda a vida de um indíviduo. A forma como ele pode cortar muitos dos sonhos e anseios que se sentem. A vontade da independência e do sucesso profissional, muitas vezes à custa de enormes sacrifícios que afectam, sem qualquer dúvida, a própria vida pessoal e sentimental.
E também, e talvez o principal de todos os temas, como um espírito, não tão "free" mas muito empenhado, pode tocar no coração e na sensibilidade dos demais (algo mais difícil mas que ainda muitos de nós pensamos poder ser possível), e conseguir criar um verdadeiro espírito de equipa, arrisco dizer até de família, entre aqueles que eram à partida impossíveis de conciliar.
Vencer pode ser dificil... seguir sonhos mais ainda... O risco é, por vezes, demasiado elevado... No entanto, no final, receber os lucros pessoais e sentimentais desses mesmos sacrifícios é uma recompensa que poucos podem dizer ter conseguido alcançar.
Interpretações consistentes dos três actores principais acompanhados de uma banda-sonora moderna e muito citadina dão um certo brilho a este filme que, tem na interpretação de Matt Malloy, alguns dos momentos mais hilariantes e bem conseguidos para um actor secundário que quase (deveria) passa despercebido.
Um muito bom filme de entretenimento que nos consegue pôr, a todos, bem dispostos e com uma leve sensação de tranquilidade. A não perder.
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"Mike Pomeroy: Do you know what you end up with? Let me tell you... Nothing..."
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7 / 10
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terça-feira, 29 de março de 2011

Throwaway (2008)

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Throwaway de Brian James Fitzpatrick e Dennis Widmyer é uma curta-metragem que se começa de uma forma um tanto tranquila rapidamente se desencaminha para umas francamente incomodativas situações.
Abby (Andra Carlson) é uma jovem mulher que faz o turno da noite numa empresa de segurança... de dia quando tenta dormir é incomodada por um estranho sem-abrigo que dorme junto à sua janela do quarto. Quando Abby tenta chamar a sua atenção para fazer menos barulho este sem-abrigo revela ter outras ideias para incomodá-la.
Apesar de um pouco previsivel a "relação" entre as duas personagens principais e de a execução desta curta ter alguns clichés e lugares comuns sobre a forma como alguns detalhes se vão desenrolar, não é menos certo que não deixa de ser uma curta interessante do ponto de vista do suspense e do "light" terror gore que consegue provocar.
Tem os seus momentos interessantes, como podem confirmar aqueles que a queiram ver na íntegra, mas não assusta suficientemente devido à previsibilidade de algumas situações mas, ainda assim, vale a pena ver.
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7 / 10
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segunda-feira, 28 de março de 2011

Últimos Dias (2009)

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Últimos Dias de e com Vasco Rosa é uma curta-metragem passada nos últimos dias da queda do Terceiro Reich e com a entrada dos russos na capital alemã.
No que diz respeito a direcção artística.. o espaço envolvente e a forma como tenta retratar uma época, é de tirar o chapéu à produção pois encontra-se francamente boa para uma curta-metragem. No entanto este aspecto positivo "treme" um pouco quando, de repente, Eva (Sara Vicente) entrega os filhos à sua empregada (Eunice Correia) para os levar para a Suíça e encontramos no local onde se encontram "Valmor", uma clara alusão ao prémio de arquitectura entregue ao espaço onde decorreram as filmagens. Um pequeno GRANDE erro de edição que não deveria ter passado ao lado.
Finalmente quanto às interpretações há algo que me deixa algo... desconcertado. Em primeiro lugar é o facto de todos os actores parecerem, literalmente, jovens demais para interpretações que se querem tão... maduras. Ok, fazem o que lhes é pedido mas... fica lá aquela ideia que não é totalmente credível. Em segundo lugar é a dicção dos nomes alemães que não é de todo correcta e deveria estar um pouco mais trabalhada.
Com um pouco mais de cuidado esta curta tinha sido muito boa. Assim não sendo má apresenta algumas falhas algo evidentes.
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4 / 10
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domingo, 27 de março de 2011

Sweepers (2010)

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Sweepers de Justin Davey é uma curta-metragem de acção onde dois agentes contratados para eliminar a filha do primeiro-ministro australiano mudam de ideias visto que um deles pretende reatar a ligação sentimental que o une àquela mulher.
A história tem uns quantos lugares comuns já vistos em muitos filmes do género apenas conseguindo distinguir-se das demais pelo seu interessante e bem elaborado final.
A fotografia do filme da autoria de Justin Davey é francamente boa mas, no entanto, perde-se com a realização do mesmo com os excessivos movimentos de câmara que nos fazem perder muitas das expressões dos actores.
As intenções estão lá mas a concretização desta curta fica um pouco à margem daquilo que poderia ser esperado. Interessante mas não chega a cumprir aquilo que nós esperamos dela.
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4 / 10
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sábado, 26 de março de 2011

O Deserto de Dante (2010)

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O Deserto de Dante de Chico Alice Peres, também autor do argumento em parceria com Luís Zhang é uma excelente história sobre uma criança que se refugia num mundo imaginário para esquecer os maus tratos que sofre em casa por parte da mãe.
Os adultos que rodeiam a sua limitada existência entram no seu imaginário de uma forma que assustaria qualquer um. Todos... menos um. O seu subconsciente refugia-se num cavaleiro e em Dante, o cavalo que a transporta para um deserto imaginário onde se encontra em segurança porque os seus sonhos, esses... levam-na para um imaginário sombrio e assustador tão ou mais medonho que a realidade vivida com a sua mãe.
Boas interpretações numa história coerente, assustadora e infelizmente mais real do que aquilo que muitos de nós teimam em pensar esta curta é ainda abrilhantada com a fotografia sombria e de tons fortes e escuras da autoria de Marco Marques e a banda-sonora com uns toques suaves mas suficientemente marcantes compõem o ambiente tenso e algo desesperante que se espera.
Muito boa curta e altamente recomendada para os apreciadores de um tipo de cinema mais pesado que pelos vistos rende e bem em qualidade no panorama português.
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8 / 10
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sexta-feira, 25 de março de 2011

Drag Me to Hell (2009)

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Até ao Inferno de Sam Raimi tornou-se num alvo de curiosidade instantâneo de todos aqueles que admiram a obra deste realizador do fantástico que já nos prendeu com as interessantes e surreais obras como é o caso de A Noite dos Mortos Vivos onde o terror e a comédia grosseira e macabra se entrecruzam numa linha muito ténue (se é que existente).
Neste Até ao Inferno, a junção tanto do terror como da comédia macabra voltam a ser a imagem de marca que tão bem caracteriza o realizador e que igualmente bem nos deixam não só a vontade de rir como de repulsa por aquilo a que assistimos.
Com esta história "travamos" conhecimento com Christine (Alison Lohman), uma jovem e simpática funcionária de um banco que pretende conseguir aquela tão ambicionada promoção e poder garantir um nível de vida melhor.
O seu patrão indeciso entre ela e o seu colega (que a própria vai ensinando) diz-lhe que tem de ser mais dura e conseguir tomar atitudes mais determinadas para poder estar em consideração para tal posição.
Christine determinada tem pela frente a sua grande prova de fogo com Sylvia Ganush (Lorna Raver) que com uma postura muito humilde e em desespero lhe pede que reconsidere a penhora à sua casa. É com ela que Christine resolve tornar-se firme e sem tanta sensibilidade como até então aparentava e assim mostrar que é tão válida como qualquer outro para assumir aquele lugar de chefia.
Aquilo que Christine não sabia é que Sylvia tinha outros planos para ela, e que não iria desistir enquanto não a conseguisse literalmente, arrastar até ao Inferno através de uma praga que lhe iria lançar.
Aquilo que há de essencialmente muito positivo a reter deste filme são os momentos entre Sylvia Ganush e Christine que são não só assustadores devido ao extraordinário trabalho de caracterização que a actriz Lorna Raver (Ganush) tem, mas também pelo facto de a interacção entre estas duas actrizes conseguir ser em muitos momentos simplesmente... nojenta e asquerosa. E digo isto não pelo facto de estarem mal feitas mas por em diversas ocasiões me fazer lembrar muito vivamente momento em que a Linda Blair n'O Exorcista se lembrava de vomitar o próprio intestino...
Estes mesmos momentos que são, não só os mais incomodativos do filme como também aqueles que conseguem criar realmente aquele ambiente de "terror" que é tão esperado neste género.
Por outro lado temos algo muito característico em muitos dos filmes de Raimi, e que acaba por se tornar num factor que dá uma certa ligeireza ao terror, que é a comédia que surge nos momentos mais "inapropriados". Aqui temos isso bem presente na sessão espírita onde, não só já bastava ver uma cabra possuída (sim, literalmente... uma cabra), ainda tinhamos de ver um humano possuído e a dançar sapateado em pleno ar... Fred Astaire step aside...
Quanto ao final, algo esperado e que não irei revelar, acaba por ser o único aspecto do filme que me desiludiu por maior... Esperava uma qualquer reviravolta que marcasse o filme ainda mais pela positiva, ao contrário de um desfecho que antes de acontecer já nós percebemos o que se vai passar. É com o final que o filme acaba por ter um pouco a "perder" pois perde aquilo que poderia torná-lo num dos grandes filmes do género... o efeito surpresa.
Ainda assim é um óptimo exemplar do terror grotesco e do suspense que não se deve perder... E para o confirmarem encontram aqui o trailer do filme.
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7 / 10
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quinta-feira, 24 de março de 2011

Pandorum (2009)

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Pandorum - Universo Paralelo de Christian Alvart tem como actores principais Dennis Quaid que agora anda numa onda de ficção científica e sobrenatural e Ben Foster naquele que é possivelmente o único papel que lhe conheço em que não faz de vilão de serviço.
O filme que conta ainda com Cam Gigandet e Antje Traue decorre num futuro longínquo onde devido ao planeta Terra estar a dar o seu último fôlego, um conjunto de pessoas decide embarcar numa viagem em direcção a um novo planeta em tudo semelhante à Terra para aí dar continuidade à espécie.
É quando Bower (Foster) e depois Payton (Quaid) acordam e não se recordam de quem são, onde estão ou qual o seu propósito que tomam conhecimento com uma ainda pior realidade... A nave onde viajavam não só parece estar parcialmente em ruínas como eles têm uma companhia bem diferente daquela com que iniciaram a viagem e da qual vão ter de se proteger caso queiram sobreviver.
Aquilo em que este filme consegue ser realmente bom é na capacidade que tem em nos transmitir uma enorme sensação de claustrofobia. O cenário, passado praticamente todo dentro daquilo que é a nave que transportou os últimos sobrevivemtes da Terra, é no mínimo sufocante. E esta sensação adensa-se quando descobrimos quem são os demais passageiros que fazem parte da tripulação e quando tomamos conhecimento do seu aspecto no mínimo... hediondo.
O trabalho de caracterização feito para os novos habitante da nave é francamente bom, e algo nojento sejamos realistas, mas também a caracterização dos principais actores é muito boa dando-lhes uma imagem verdadeiramente gasta e com ar fatigado que apenas se adensa à medida que o filme atinge o seu final.
O argumento da autoria do realizador Christian Alvart e Travis Milloy apesar de interessante e conseguir supreender para o final quando descobrimos o que realmente aconteceu, não deixa no entanto de pecar por não conseguir tornar a história ainda mais intensa ao ponto de conseguir pregar verdadeiros sustos ao espectador. A história, que não deixa de ser recorrente ao apelar aos últimos dias do planeta Terra é, no entanto, vencedora quando nos dá a conhecer não só o desfecho do planeta Terra como dos passageiros da nave que rumou a outro mundo e também do verdadeiro local onde agora se encontram.
Não é de terror e também não será o melhor filme de ficção científica de todos os tempos. Nem sequer fica lá perto. No entanto não deixa de ser uma interessante história sobre a sobrevivência do Homem e da sua sanidade bem como da sua vontade de viver e de dar continuidade à espécie num mundo que lhe é totalmente desconhecido.
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7 / 10
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quarta-feira, 23 de março de 2011

Master and Commander: The Far Side of the World (2003)

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Master and Commander: O Lado Longínquo do Mundo de Peter Weir foi o filme que reuniu pela segunda vez Russell Crowe e Paul Bettany numa história que decorre em alto mar na época dos grandes Impérios Napoleónico e Britânico.
É neste contexto que assistimos à vida diária do Surprise, um navio ao comando do Capitão Jack Aubrey (Crowe) que tem como missão encontrar e dominar o Acheron, nacio francês que pretende chegar ao Pacífico e assim estender o domínio de Napoleão nos mares.
Após um primeiro contacto onde o Surprise foi literalmente surpreendido (bonito isto), o Acheron mostra realmente quem tem o domínio e o poderio dos mares... Resta então a Aubrey tentar reconquistar a confiança, agora abalada, dos seus homens e tentar virar o jogo em seu favor.
Se bem que é do período áureo de Russell Crowe, também é verdade que é do seu melhor período o filme mais fraco. Se compararmos este filme com O Informador, Gladiador ou Uma Mente Brilhante, percebemos claramente que aqui falta um bocado o fulgor que Crowe apresentou nos outros filmes. Reflexo disso foi também a sua ausência das nomeações à grande maioria dos prémios, nomeadamente ao Oscar.
No entanto este filme tem alguns pontos bem positivos, e a esses ninguém os pode criticar. O primeiro é o magnífico trabalho de fotografia de Russell Boyd que consegue criar um ambiente muito particular em torno da vida em alto mar e também ao conseguir criar uma distinção bem clara entre o horizonte que separa o céu do mar. Muito positivo mesmo este trabalho que foi justamente distinguido com o Oscar na sua categoria.
Este filme toca também no aspecto de que nem só as batalhas podem quebrar o espírito do Homem. Muitas vezes são as batalhas travadas entre os próprios Homens que conseguem domar e quebrar o espírito humano. A desconfiança e o isolamento inerentes à vida em alto mar davam a estas homens a sensação de suspeita sobre tudo, e todos, o que pudesse à partida parecer diferente. Temos isso presente no síndrome de Jonas tão bem explicado no decurso da história pessoal de um dos oficiais e da sua relação entre os restantes homens na embarcação.
No entanto nem tudo era mau. Poucas, mas boas, eram as alegrias que se conseguiam retirar destas viagens que pareciam não ter um fim à vista. Para Maturin (Bettany) o médico e explorador de serviço, a ideia de poder viajar e conhecer novas espécies ou novos locais ainda intocados pelo Homem eram os factores essenciais que o faziam mover nestas viagens.
Há pouco havia dito que este era provavelmente o filme mais fraco do período em que Russell Crowe estava em alta. Talvez não seja o mais fraco mas sim o mais reflexivo. Aquele que se centra mais em conhecer as acções do Homem em tempo de crise e de isolamento. Como ele reage perante as constantes adversidades que surgem tão rapidamente como muda o estado do mar.
Assim, visto isto pelo final... Temos um interessante e reflexivo filme com intensas sequências de batalhas navais e rico num trabalho de fotografia mas que perde um tanto pelas interpretações medianas que, apesar de bem executadas, não enchem por inteiro o filme.
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7 / 10
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Elizabeth Taylor

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1932 - 2011
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terça-feira, 22 de março de 2011

Devil (2010)

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O Demónio de John Erick Dowdle que conta com Chris Messina no principal papel, dando-lhe uma vez mais destaque nesta crescente carreira, é um filme de suspense com contornos sobrenaturais que, não sendo uma especialidade do género e contendo muitos lugares comuns, não deixa de ser interessante e bem feito.
Depois de um suicídio, que antecipa a chegada do "dito cujo" à Terra, cinco pessoas vêem-se presas num elevador de um arranha-céus. Aí um a um começa a aparecer morto sem que os outros percebam que é o assassino. Estas mortes são igualmente "testemunhadas" por Bowden (Messina), um detective descrente em tudo e todos após o acidente de automóvel que vitimou a sua mulher e o seu filho sem que nunca se tivesse conseguido encontrar o culpado. Até agora...
O filme está, como disse, com alguns bons momentos de suspense sem que, no entanto, eles sejam levados até ao ponto onde poderiam ser perfeitos. Temos uma ou outra situação mais bem conseguida mas que é repentinamente parada para não assistirmos realmente ao que acontece. Facto este que "corta" muito contra nosso gosto os verdadeiros momentos de tensão que poderiam ser alcançados.
Retirando alguma sensação de claustrofobia alcançada com o filme especialmente por ser quase na íntegra passado dentro de um elevador onde ocorrem misteriosos assassinatos, ele sobrevive essencialmente à custa de alguns clichés já muito esbatidos noutros filmes que se centram exclusivamente na redenção do Homem em tempos de crise e na admissão dos seus pecados. Facto este que salvará o último mártir (que não o foi em tempos) das mãos e da condenção eterna do Diabo.
Diabo este que, se prestarmos atenção, conseguimos muito facilmente identificar quem é nos primeiros momentos do filme. Acaba por se tornar óbvio demais. Mas ainda assim, quando ele finalmente se revela, consegue ser um bocado intimidante.
Vale a pena ver pois para a sua curta duração e acção limitada no espaço consegue ser um filme interessante e bem conseguido. Não é no entanto inovador em nenhum aspecto limitando-se apenas a sobreviver daquilo que já vimos em tantos outros filmes do género.
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6 / 10
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Artur Agostinho

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1920 - 2011
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segunda-feira, 21 de março de 2011

MONSTRA 2011

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MONSTRA - Festival de Animação de Lisboa
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De 21 a 27 de Março de 2011
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domingo, 20 de março de 2011

Dance Flick (2009)

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Marados da Dança de Damien Dante Wayans é um daqueles filmes que são estranhos demais para sequer se fazer um comentário, mas... lá se vai tentar.
Thomas Uncles (Damon Wayans Jr.) gosta de dançar e participa em muitas "batalhas" de dança. Ferido no orgulho depois da última perda reconsidera a sua paixão. Megan White (Shoshana Bush) adora ballet, no entanto depois da morte da sua mãe decide também ela abandonar a dança e entrar numa escola de ensino regular.
A partir daqui já sabemos a linha que irá guiar este filme... Thomas e Megan conhecem-se, apaixonam-se e retomam o seu sonho de dançar como se de ar para respirar se tratasse.
Depois desta descrição podemos pensar que estamos num filme romântico lamechas e que além da história de amor nada mais irá suceder. Não podíamos estar mais enganados. Aquilo que aqui temos é sim uma história de comédia... mas não é uma comédia qualquer. É um daqueles filmes que desde que começa até que termina tem como o seu único objectivo escarnear um conjunto de filmes muito tipificados. Desde os romances de liceu aos filmes raciais passando pelas comédias sensação, aqui tudo sem excepção é alvo de ridicularização.
Muito ao estilo do Scary Movie, este Marados da Dança faz do seu único objectivo tornar ridículos todos os momentos cinematográficos do ano em que estreou. E o pior é que não são quaisquer momentos... são sim aqueles que todos nós recordamos de outros filmes e que gostaríamos de preservar como interessantes mas que aqui são, por sua vez, do mais disparatados aos mais grosseiros que alguma vez poderíamos sequer imaginar.
De argumento este filme não tem nada. Não tem um fio condutor ou sequer se preocupa em contar uma história. Aqui a única preocupação latente é apenas e só o facto de poder gozar e escarnear com os outros filmes... nada mais. A sua concretização depende do quão mais grosseiro se torna o momento... Quanto maior fôr mais "graça" tem e por sua vez mais eficaz foi.
A única palavra que de repente me lembro para poder caracterizar este filme é apenas e só uma... grotesco. Por muito cómicos que alguns dos momento sejam, existe no seu âmago apenas um objectivo... o grotesco. A vontade de nos revoltar o estômago ou de criar situações disformes e absurdas onde os actores apenas se limitam a andar por ali a fazer figuras menos dignas é imensa e, como tal, além de um ou outro momento de comédia mais bem conseguido, este filme é uma perfeita nulidade.
Vê-se, lá nos rimos muito ocasionalmente e no final temos ou uma leve impressão de não ter sido nada de jeito ou então já nem sequer nos lembramos de como tudo aquilo começou.
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2 / 10
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sábado, 19 de março de 2011

How Do You Know (2010)

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Tens a Certeza? de James L. Brooks, realizador de grandes comédias dramáticas tais como Laços de Ternura ou Melhor é Impossível, filmes galardoados com alguns dos mais importantes Oscars nos seus respectivos anos.
Nesta história temos duas personagens centrais. Lisa (Reese Witherspoon) e George (Paul Rudd). Lisa é uma atleta profissional que devido à sua idade está prestes a ser afastada da competição. No seu caminho cruza-se George que se vê envolvido no meio de um processo de desfalque que não sabe quem ou como foi provocado e também Matt (Owen Wilson) que tal como ela é também atleta e com quem desenvolve uma relação de amizade e de namoro.
Lisa vê-se então envolvida numa dupla relação... quer de amizade com George (que começa a gostar dela mais do que se de uma simples amiga se tratasse), quer sentimental com Matt.
George por sua vez vida o momento mais negro da sua vida em que é afastado da empresa criada por Charles (Jack Nicholson) o seu pai, e que vem mais tarde a descobrir ser o responsável pelo desfalque, vive o abandono pela sua namorada e redescobre o amor em Lisa, a quem começa a admirar e a gostar da sua companhia cada vez mais.
Neste filme que tende a ser mais uma comédia dramática, tal como a grande maioria dos filmes feitos por James L. Brooks, temos novamente uma história feita de ricas personages. Uma história que reflete sobre as vidas humanas e sobre as adversidades que por elas passam, mas especialmente sobre os bons e invulgares momentos que decorrem nesses períodos. As crises, os dramas... As pessoas que nos abandonam em tempo de crise... Aquelas que justificam verdadeiramente o sentimento de amizade... E especialmente aquelas que se conhecem e que dão todo um sentido a uma vida. É essencialmente isto que acontece nestas histórias sobre pessoas e que James L. Brooks sabe tão bem contar através do poder das imagens.
Muitos são os momentos cómicos neste filme. Mais ainda do que as situações dramáticas, e mesmo são contados com um ligeiro toque de comédia que nos faz ter esperança sobre o que virá a seguir.
Das sólidas interpretações típicas das personagens criadas por James L. Brooks, tenho a destacar aquela que mais me surpreendeu e a que acho ser das mais fortes de todo o filme que é Annie, a interpretada por Kathryn Hahn, que aqui interpreta a fiel assistente e amiga de George que mesmo nos momentos mais complicados se situa sempre ao seu lado. E a comprovar a sua solidez enquanto personagem temos o brilhante momento em que Annie tem finalmente o seu filho. Aqueles minutos seguintes na maternidade são absolutamente geniais.
Sendo este filme algo diferente das obras anteriormente referidas de Brooks, há que referir aquilo que em concreto o distancia delas. Não tão sentimental como Laços de Ternura, e muito menos sobre as esquizofrenias de umas quantas personagens como aquelas que temos em Melhor é Impossível, este filme retrata-nos a adaptação que as pessoas têm a relacionar-se mais facilmente com aqueles que não lhes apresentam grande intensidade em viver mas sim com aqueles que optam simplesmente por sorrir e adaptar-se ao que acontece. Temos disto exemplo Lisa, a personagem interpretada por Witherspoon, que mais facilmente dá credibilidade a Matt que lhe apresenta um mundo "fácil" do que a George que é o símbolo de como viver pode ser passar por problemas.
Em contrapartida temos Annie (Hahn) que mesmo com dificuldades e sem grandes projectos de vida pretende simplesmente viver. Viver de bem consigo, com a sua consciência... com o homem que ama e com o seu filho.
É esta a principal mensagem que este simpático e comovente filme nos transmite. Qual a certeza de cada um de nós? Viver segundo aqueles padrões que são socialmente "perfeitos" onde temos de tudo mas onde passamos ao lado da verdadeira felicidade ou, em altenativa, viver com menos bens e aparências mas junto daqueles que realmente nos amam?
How do you know... Tens a certeza... Tanto no original como no título adaptado para português englobam o essencial que se deve reter deste filme. How do you know.. Como sabes... Como se sabe que aquilo que se tem é aquilo que nos fará feliz.
Continuando a genialidade e a fidelidade às suas grandes personagens, Brooks assina uma vez mais um excelente filme sobre as pessoas e sobre as suas emoções e comportamentos. Filme este que quem quer passar um bom momento de divertimento e de boa disposição através de vários conceitos bem sérios, não deverá perder.
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"George: We are all just one small adjustment away from making our lives work."
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8 / 10
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sexta-feira, 18 de março de 2011

30 Days of Night: Dark Days (2010)

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30 Dias de Escuridão: Dias Sombrios de Ben Ketai é a continuação, muito menos conseguida, do brilhante filme de terror 30 Dias de Escuridão que contou com a participação de Josh Hartnett.
Digo menos conseguida pois logo à partida notamos que os momentos que supostamente deveriam ser mais tensos e de maior terror são praticamente inexistentes e, os poucos que existem, não conseguem criar nem o impacto visual nem o psicológico que o filme original conseguiu provocar.
Além do facto das sequelas serem tradicionalmente mais fracas que o filme original, salvo raríssimas excepções claro, contribuiu para que este filme ficasse mais fraco o facto da sua acção ser deslocada de um local realmente afectado por uma escuridão de trinta dias, isolado no meio de um Alasca coberto de neve, para uma Los Angeles solarenga e completamente descontextualizada de toda a mitologia envolvente às histórias de vampiros.
Aqui limitamo-nos a acompanhar uma das sobreviventes da primeira história (que já é interpretada por uma outra actriz, ou seja, Kiele Sanchez) que procura vingar as mortes causadas na sua cidade natal e principalmente a do seu marido Eben (já não sendo também Hartnett a interpretá-lo).
Nesta sua luta encontram-na três outros sobreviventes de outros massacres e juntos procuram capturar a raínha dos vampiros no meio dos infindáveis túneis subterrâneos, deixando assim os ditos sem qualquer sentido de organização e orientação.
À excepção de um trabalho de fotografia razoável de Eric Maddison que consegue criar uns poucos, muito poucos, momentos mais fiéis ao contexto e uma caracterização dos ditos vampiros que não foge à temática original mas que, ainda assim, se nota muito mais amadorismo do que na história inicial (que se notem aqueles dentes colocados à pressão que mais parecem disfarces de Carnaval), pouco mais no filme consegue reunir uma simpatia ou consenso de grande profissionalismo.
Como se tudo isto já não prejudicasse aquela que foi uma das histórias de terror que na minha opinião é das mais bem conseguidas dos últimos tempos, ainda é neste filme recuperado um daqueles elementos que tem de estar religiosamente presente nos filmes de terror mais rascas... o sexo. Completamente despropositado e sem qualquer lógica plausível (a tensão poderia lá estar sem ser realmente confirmada), e talvez o filme ganhasse alguma credibilidade mais... aceitável.
De resto, este filme serve apenas para dar continuidade a mais uma saga sem fim de histórias que se vão desenrolar... ou não tivessemos nós o fim previsível que este filme tem e que, de certa forma nos fará ver o que daqui vem ao mesmo tempo que afirmamos a pés juntos que apenas e só o filme inicial tem a qualidade que desejamos realmente ver.
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3 / 10
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quinta-feira, 17 de março de 2011

Michael Gough

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1917 - 2011
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quarta-feira, 16 de março de 2011

Just (2007)

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Just de David Maurice Gil é uma curta-metragem de ficção onde a homossexualidade surge intimamente ligada a encontros de uma noite que não só em nada resultam como está sempre latente a temática da traição e da infidelidade.
Esta curta além de não apresentar nada de novo no que diz respeito à sua história, terminando até com aquilo que era absolutamente previsível, tem umas interpretações algo fracas dando a sensação de que não só estão a verbalizar o texto que decoraram como o fazem, além disso, com pouco empenho e convicção.
Muito fraquinha e só escapa o trabalho de fotografia que, dentro do género, não está mau de todo.
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2 / 10
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terça-feira, 15 de março de 2011

Beerfest (2006)

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Beerfest de Jay Chandrasekhar é uma hilariante e grandiosa demais comédia a quem ninguém consegue ficar indiferente... seja de que perspectiva fôr... Quer pelas suas piadas, quer pelas situações originadas ao longo do filme ou até mesmo pelas interpretações tresloucadas e levadas ao limite, este filme é um claro vencedor do género.
Tudo se desenrola a partir do momento em que um grupo de americanos amantes de cerveja se deslocam a um concurso daqueles que a bebem por desporto num local muito ao estilo do Fight Club... mas sem pancadaria. Aqui encontram-se com um grupo de alemães, profissionais no que toca a beber a respectiva, que os humilha e acusa de roubo de uma antiga receita de uma cerveja milagrosa...
Bom, escusado será dizer que a partir daqui passamos literalmente todo o filme a ver o maior número de situações sem qualquer nexo e totalmente absurdas mas que por serem feitas com uma genialidade e comédia francamente boas conseguem não só ter a nossa atenção como de facto nos divertirem.
O grupo de actores onde se destacam nomes como Jürgen Prochnow, Cloris Leachman e Mo'Nique em prestações secundárias ou até o próprio Jay Chandrasekhar, funciona de uma forma tão coesa que todas as personagens são indispensáveis para o funcionamento das demais. Nada ou ninguém estão despropositados neste filme.
O argumento da autoria de Jay Chandrasekhar, Paul Soter, Kevin Heffernan, Steve Lemme e Erik Stolhanske é um puro delírio do maior número de absurdos possíveis de concentrar num único filme. E é exactamente isso que o faz funcionar. São delírios e situações muito "fora" que resultam em brilhantes momentos de comédia e de distracção. Que o confirmam a tortura da cerveja... As experiências feitas com a mesma para o melhor funcionamento... do cérebro... e tantos, tantos outros momentos que são absurdos demais para alguém se lembrar sequer deles.
Ninguém, mas ninguém mesmo, pelo menos uma vez neste filme foi incapaz de soltar uma gargalhada genuína. Isto é simplesmente impossível.
Eu, que normalmente suspeito sempre destas comédias feitas quase que para tapar buracos numa qualquer parede imaginária, não fui capaz de lhe resistir e assumo sem qualquer complexo que este filme é, dentro do estilo, uma pérola. Distrai, tem uma história divertida e sem dúvida imaginativa e com um conjunto de actores insuspeito e que provavelmente não imaginariamos a fazer parte desta história mas que, por algum milagre, fazem. Puro e divertido entretenimento que não deve passar ao lado de nenhum verdadeiro amante de boa, e sem qualquer limite, comédia.
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7 / 10
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segunda-feira, 14 de março de 2011

The Courageous Heart of Irena Sendler (2009)

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A História de Irena Sendler de John Kent Harrison é um interessante e algo emocionante telefilme sobre a activista polaca que salvou a vida a cerca de 2500 crianças do gueto de Varsóvia durante a ocupação nazi da Polónia.
Percorremos as vicências Irena Sendler, aqui interpretada pela actriz Anna Paquin, no seu percurso inicial enquanto ajudava no melhor que podia as família judias que se encontravam presas no gueto da capital polaca bem como o seu posterior percurso em que ajudou a retirar crianças, orfãs e não só, de dentro dos seus muros, entregando-as a famílias cristãs polacas e oferecendo-lhes assim uma oportunidade de sobreviver aos incalculáveis horrores que devastaram vidas sem fim.
Assistimos aos caminhos e esconderijos utilizados, aos esquemas inventados para que inúmeras crianças pudessem ser levadas para lá dos muros que as prendiam bem como alguns dos problemas por que passou nomeadamente a sua prisão por oficiais da Gestapo que não só a torturaram como a iriam assassinar.
Este filme, que não é nenhuma A Lista de Schindler nem tem pretensões a sê-lo, consegue cativar a nossa atenção do primeiro ao último minuto através da interessante e heróica história de sobrevivência e de humanitarismo que alguns indivíduos conseguem exaltar dentro de si.
Com uma banda-sonora composta por Jan P. Kaczmarek, já vencedor de um Oscar, e uma interpretação de Anna Paquin que lhe valeu uma nomeação ao Globo de Ouro, este filme tem o seu ponto mais alto mesmo no final quando assistimos a imagens verdadeiramente emocionantes da própria Irena Sendler e escutamos as suas sábias palavras.
Não será um dos melhores filmes de ou sobre o Holocausto mas que não deixa no entanto de ser um bom olhar sobre esta conturbada época que tantos massacrou e martirizou. E não deixa também de ser um interessante olhar sobre a vida desta mulher que é um verdadeiro exemplo de dignidade e de uma defensora activa dos Direitos Humanos.
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7 / 10
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domingo, 13 de março de 2011

Rottweiler (2004)

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Rottweiler de Brian Yuzna é o exemplo perfeito daquilo a que eu gosto chamar de terror rasca. Com isto não quero dizer que o filme é mau ou que esteja mal feito, pelo contrário. Este filme tem muitas potencialidades nomedamente a de nos conseguir realmente assustar independentemente dos meios e recursos utilizados para tal efeito sair com sucesso.
A história deste filme decorre numa Espanha futurista onde as redes de emigração ilegal abundam e onde são controladas por grandes senhores que vivem da exploração daqueles que tentam fugir.
Um dia um jovem casal, Dante (William Miller) e Ula (Irene Montalà) infiltram-se num dos barcos que transportam clandestino apenas como um "desafio" às suas capacidades. Desafio este que irá transformar as suas vidas de uma forma radical, especialmente quando, depois de separados, Dante é perseguido por um Rottweiler sedente de sangue e pelo seu bárbaro dono.
Interpretações à parte que são, na sua grande maioria, pobrezitas muito devido ao facto de ser um filme espanhol onde os actores falam em inglês, algo que toda a gente sabe me deixa renitente com aquilo que vejo por considerar que as interpretaçoes ficam algo "opacas", a história em si é interessante.
Apesar de ser um filme de suspense/terror típico onde há um vilão e uma (ou várias) vítimas (com o ocasional momento de nu integral como acontece em todos os filmes do género), a história de Alberto Vázquez Figueroa e o argumento da autoria de Miguel Tejada-Flores toca em alguns assuntos sensíveis nomeadamente o flagelo da imigração ilegal no sul da Europa, aqui concretamente o caso de Espanha, e as redes mafiosas que extorquem todos os rendimentos destas pessoas que procuram uma vida melhor, bem como os problemas de adaptação que de seguida têm nas sociedades que os recebem.
Tirando isto, e não sendo um bom filme dentro do género, não deixa de ser interessante de se ver e consgue mesmo criar alguns momentos mais tensos e agonizantes. Afinal de contas se pensarmos naquelas mandíbulas do rottweiler... mete respeito.
Com interpretações fraquinhas (destaco no entanto a participação de Ivana Baquero d'O Labirinto do Fauno), mas interessante... bem construído... e com momentos de bom entretenimento, vale sempre a pena considerar este filme para uma noite de cinema de terror.
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3 / 10
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sábado, 12 de março de 2011

Daybreakers (2009)

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Daybreakers - O Último Vampiro de Michael Spierig e Peter Spierig conta com um dinâmico elenco onde se destacam nomes como Ethan Hawke, Sam Neill e Willem Dafoe, num filme que além do magnífico trabalho visual não adianta em grande coisa ao tema que tem.
Neste filme temos o retrato de um mundo onde a população é maioritariamente vampira e onde os poucos humanos que existem não só se encontram à beira da extinção como também são a única fonte de alimento que os vampiros têm. Como tal vivem escondidos e a fugir de uma captura que os tornará, literalmente, alimento num talho.
É neste contexto que Edward (Hawke) trabalha tendo como finalidade a obtenção de uma cura que evite a morte dos humanos às mãos dos vampiros. Um dia conhece Lionel (Dafoe) um outrora vampiro e agora humano recuperado que luta pela sobrevivência de um punhado de humanos enquanto tentam resistir aos ataques cerrados de Charles (Neill) um vampiro dono de uma poderosa indústira de sangue que mantém vivos os milhões de vampiros que povoam a Terra.
Visualmente rico graças ao excelente trabalho de fotografia da autoria de Ben Nott que não só dá um ar mais carregado e nocturno a uma Terra desprovida de vida durante a luz do sol como também cria um cenário mais sombrio e sóbrio em tudo o que rodeia as vivências diárias do grupo predominante.
No entanto, por muito positivo que seja este aspecto, e que o é, não deixa também de ser verdade que este filme perde-se literalmente em pequenos enredos paralelos que em nada ajudam à credibilidade do filme como por exemplo o facto de existir um grupo de vampiros marginais que ao mesmo tempo que é interessante saber da história deles esta acaba por não ser realmente explorada, exceptuando em uma ou duas ocasiões utilizadas apenas como justificativas de... outros pequenos enredos.
No entanto, verdade seja dita, é de aplaudir as brilhantes sequências de perseguições e especialmente os momentos finais do filme em que é finalmente revelada a cura contra a "doença vampírica" e em que assistimos àqueles que são possivelmente os momentos mais violentos do filme, dignos de registo de uma época que estará também ela a assistir ao seu final.
Apenas a título de curiosidade, é de registar a quantidade de filmes que vão saindo nos últimos tempos sobre o fim dos tempos, sejam eles os da Humanidade, os de um grupo, de uma classe, ou apenas de um qualquer aspecto que alguém se lembra de recriar... Nesta medida é interessante de ver e de pensar no que se passa à nossa volta.
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6 / 10
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sexta-feira, 11 de março de 2011

CinEuphoria: 2º Aniversário

CinEuphoria
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Aniversário
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Um obrigado a todos aqueles que com as suas mais de 10 mil visitas vão partilhando este percurso comigo.
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quinta-feira, 10 de março de 2011

quarta-feira, 9 de março de 2011

Pride and Glory (2008)

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Orgulho e Glória de Gavin O'Connor é um thriller policial centrado numa família de polícias de Nova York que se encontram a braços com uma história que envolve a corrupção, a verdade e a lealdade.
Neste filme acompanhamos a família Tierney. Uma família de polícias de Nova York habituados a ser o braço forte da lei e os defensores da justiça.
Quando Ray Tierney (Edward Norton) é destacado para desvendar um crime, acaba por descobrir uma extensa rede de corrupção na qual poderá estar envolvido Jimmy Egan (Colin Farrell), o seu cunhado, e da qual Francis Sr. (Jon Voight)  e Francis Jr. (Noah Emmerich) respectivamente o seu pai e o seu irmão, sempre desviaram o olhar.
É neste contexto que Ray terá de escolher entre aquilo que é correcto ou ceder às pressões e também ele desviar os olhares e as atenções da corrupção que se alastra sem parar.
Neste filme, que tem um argumento que a ser honesto já foi filmado vezes e vezes sem conta, aquilo que assenta como o seu ponto forte é realmente o seu elenco que tem nomes como Edward Norton, Jon Voight, Colin Farrell e que no seu conjunto com os demais secundários que o constituem se torna num grupo consistente, coeso e com fortes interpretações bem ao estilo daquilo que já tão bem conhecemos.
Assim quer o argumento (que não nos trás nada de essencialmente novo) quer os actores funcionam de uma forma bastante coesa e apesar de já termos visto esta história um sem número de vezes em tantos outros filmes, acabamos por simpatizar com ela e deixarmo-nos levar por este filme e pelas intensas sequências de acção que nos conseguem prender ao ecrã.
Assim para um bom conjunto de actores que desempenham uma história já conhecida de todos e que a eles se juntam um conjunto significativamente grande e bem feito de sequências tensas e que colocam as personagens num ambiente bem tenso, este filme consegue funcionar bastante bem.
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7 / 10
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terça-feira, 8 de março de 2011

Any Way the Wind Blows (2003)

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Para Onde o Vento Sopra de Tom Barman era um daqueles filmes de que já ouvira falar bem (ao mesmo tempo que ouvia relatos de ser um filme "estranho"), e considerando ser mais um exemplar Europeu, a minha curiosidade estava ao rubro.
Já sabia ser um filme que se centrava em várias histórias e que a uma dada altura estas se cruzam. Sabia que muita da crítica elevava este filme como um dos melhores do ano no cinema Europeu e, como tal, estava com alguma expectativa para com o que iria ver.
No entanto, e como sempre suspeito, quando as expectativas são altas e a crítica fala muito bem de um dado filme das duas uma... ou é de facto um daqueles filmes que ficará para sempre na nossa memória, ou então um daqueles que rapidamente queremos esquecer.
Este é daqueles que não me importo de esquecer. É certo que em termos de banda-sonora, da autoria do próprio Tom Barman, o filme está praticamente irrepreensível e consegue cativar-nos na maioria dos temas (há sempre uns quantos de que não gostamos mas não se torna relevante), e também que no que diz ao trabalho de fotografia da autoria de Renaat Lambeets, este filme consegue ter um dos seus pontos mais elevados captando muito bem a atmosfera da cidade de Antuérpia onde a acção se desenrola.
Mas de resto o filme apenas se centra em contar, ao de leve, as vidas bastante inadaptadas de um conjunto de pessoas e de um em particular que parece acumular os males e desencantos de todos os outros enquanto tentam, ao mesmo tempo, reflectir e teorizar sobre esses mesmos males do mundo.
Pessoalmente não me impressionou assim em nada de concreto. Vê-se.. poderia ter uma muito menor duração que faria melhor efeito e contava exactamente o mesmo e, não aborrecia tanto quando chegasse a hora e meia de filme.
Resumidamente mais não é do que umas tentativas para filmar uns quantos planos interessantes e floreá-los com uma banda-sonora com alguma qualidade pelas ruas de uma das mais importantes cidades belgas... Dito isto... Bom... Está tudo dito...
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3 / 10
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segunda-feira, 7 de março de 2011

Sacrifices of the Heart (2007)

Sacrifícios do Coração de David S. Cass Sr. é um pequeno telefilme que conta com a participação de Melissa Gilbert (ex-menina de Uma Casa na Pradaria) e que foca temas como o afastamento da família e o Alzheimer.
Gilbert interpreta aqui Kate Weston, uma mulher que abandonou a sua terra natal e a sua família anos depois de ter descoberto o corpo da sua mãe depois desta se ter suicidado. Como a sua morte nunca foi falada ou sequer resolvida entre a família, Kate segue para a grande cidade onde se torna uma reputada mas distante advogada.
Um dia, e a pedido do seu irmão, regressa a casa onde depara com um pai quase estranho e que sofre de Alzheimer. Esta será então a oportunidade perfeita para saldar as dívidas que tem para com o seu passado e especialmente (re)conhecer o pai que é para ela um estranho antes que ela própria se torne numa estranha para o pai.
Este pequeno e simpático telefilme não será uma obra de arte do género nem prima por interpretações que nos transportem para um qualquer lugar transcendete. No entanto toca nestas temáticas interessantes e que são realidades que qualquer família pode atravessar.
Ken Howard, que aqui interpreta Thane Weston, pai de Kate, bem como Melissa Gilbert têm interpretações seguras e dinâmicas. Fortes e seguros levam este telefilme a bom porto e conseguem dar de si o suficiente para que o telefilme seja credível sem ser lamechas, seguro sem recorrer a grandes choradeiras que o tornariam meloso e desinteressante.
Não será realmente uma obra-prima mas é um telefilme seguro de "si" e que consegue ser um bom veículo que nos entrega uns bons momentos de descontracção e reflexão sobre a importância do valor da família.
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6 / 10
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domingo, 6 de março de 2011

Dead & Buried (1981)

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Reencarnações de Gary Sherman pertence àquela corrente cinematográfica fantástica e que praticamente toda a gente adora... o terror.
Este filme que não tem no seu elenco actores de grande renome à excepção de um James Farentino e de Robert Englund, aquele que viria a ser Freddy Kruger, actor principal de uma das maiores sagas de terror de sempre... Pesadelo em Elm Street.
Dan Gillis (Farentino), polícia de uma pequena cidade norte-americana, começa a investigar uma súbita onda de assassinatos macabros que decorrem na pacata cidade.
À medida que a sua investigação avança maiores são as suspeitas sobre várias pessoas da própria vila e, algumas delas, bem mais próximas dele do que pensava. No entanto, o mais assustador de todas as descobertas são os reais motivos dos crimes e o que levou a serem cometidos.
Independentemente da qualidade narrativa do filme, que não é má considerando o género e os meios, verdade seja dita que aquilo que temos de imediatamente destacar é o magnífico trabalho de caracterização feito, como não poderia deixar de ser, por aquele que é considerado um génio desta arte e que já esteve por detrás de muitos grandes filmes, ou seja, Stan Winston, já premiado pela AMPAS não só nesta categoria como também na área de Efeitos Especiais Visuais.
A provar isto está toda a sequência de recuperação de um cadáver feminino "feita" por William Dobbs (Jack Albertson), o médico patologista da cidade, onde assistimos a recuperação de um cadáver desfigurado literalmente até ao "osso" e a sua reconstrução. Brilhante... francamente brilhante.
Verdadeiramente grotesca em muitas situações, momentos há neste filme que ao olharmos para certas caras temos de facto que fechar os olhso e fazer de conta que aquilo vai passar em breve. Não se trata de nada gore ou muito assustador mas sim a roçar o nojento e desagradável. Aquelas caracterizações que nos metem realmente asco e é aí que reside muito do assustador que este filme tem.
Este filme é perfeito para aquelas longas noites em que decidimos fazer ciclos de cinema de terror. Tem de tudo. Suspense, o efeito "asco", sequências onde por muito que as "vítimas" tentem fugir... o mal está sempre ali ao lado.
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5 / 10
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Fantasporto 2011: vencedores

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SECÇÃO OFICIAL DE CINEMA FANTÁSTICO
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PRÉMIO MELHOR FILME – Grande Prémio Fantasporto: Two Eyes Staring, de Elbert Van Strien (Holanda)
PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI: A Serbian Film, de Srdjan Spasojevic (Sérvia)
MELHOR REALIZAÇÃO: I Saw the Devil, de Kim Jee-won (Coreia do Sul)
MELHOR ACTOR: Axel Wedekind, em Iron Doors, de Stephen Manuel (Irlanda)
MELHOR ACTRIZ: Seo Yeong-hie, em Bedevilled, de Jang Cheol-so (Coreia do Sul)
MELHOR ARGUMENTO: Elbert van Strien e Paulo van Vliet, em Two Eyes Staring (Holanda)
MELHORES EFEITOS ESPECIAIS: La Herencia Valdemar II: La Sombra Prohibida, de José Luís Alemán (Espanha)
MELHOR CURTA METRAGEM: Brutal Relax, de David Muñoz (Espanha)
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SECÇÃO OFICIAL 21ª SEMANA DOS REALIZADORES
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PRÉMIO MELHOR FILME DA 21ª SEMANA DOS REALIZADORES – Prémio Manoel de Oliveira: The Housemaid, de Im Sang-Soo (Coreia do Sul)
PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI: Miyoko, de Yoshifumi Tsubota (Japão)
MELHOR REALIZADOR: Carancho, de Pablo Trapero (Argentina)
MELHOR ARGUMENTO: Miyoko, de Yoshifumi Tsubota (Japão)
MELHOR ACTOR: Lee Jung-Jae em The Housemaid (Coreia do Sul)
MELHOR ACTRIZ: Jeon Do-yeon em The Housemaid (Coreia do Sul)
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SECÇÃO OFICIAL ORIENT EXPRESS
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PRÉMIO MELHOR FILME ORIENT EXPRESS: I Saw the Devil, de Kim Jee-won (Coreia do Sul)
PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI ORIENT EXPRESS – Prémio International Film Guide (IFG): Enemy at the Dead End, de Park Soo-Young (Coreia do Sul)
PRÉMIO DA CRÍTICA: Rabies (Kalevet), de Aharon Keshales e Navot Papushado (Israel)
PRÉMIO DO PÙBLICO: The Extraordinary Adventures of Adèle Blanc-Sec, de Luc Besson (França)
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HOMENAGEM
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Super Bock – 25 anos de patrocínio ao Fantasporto
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PRÉMIOS CARREIRA
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João Meneses (Portugal)
Maria de Medeiros (Portugal)
Mick Garris (EUA)
Paulo Trancoso (Portugal)
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sábado, 5 de março de 2011

Nothing But Trouble (1991)

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Loucuras em Valkenvânia de Dan Aykroyd é uma daquelas comédias (que em nada o são), que nunca deveria ter visto a luz do dia.
Com a participação de um grupo reputado de actores onde se destacam Chevy Chase, Dan Aykroyd (que realiza, interpreta e escreveu o argumento), John Candy e Demi Moore, este filme roça de muito perto a pobreza e o mau gosto.
Chris (Chase), Diane (Moore) e mais dois amigos aventuram-se numa road trip que acaba mal. Depois de ultrapassarem um sinal stop numa qualquer terra da parvónia são detidos por Dennis (Candy) que os leva à presença de Alvin Valkenheiser (Aykroyd), um sádico juíz que se encarrega de fazer desaparecer estranhos na sua pequena terreola que governa de uma forma despótica a partir da sua bizarra mansão.
Dentro daquela mansão onde vivem este grupo (e mais uns quantos) de personagens bizarras e cada uma mais estranha que a anterior, acontecem todo o tipo de situações estranhas mas que de cómico ou de interessante não têm absolutamente nada.
Este filme começa por ser pobre em termos de interpretações do seu conjunto de actores que mais parecem andar às aranhas ou mesmo a tentar perceber o conteúdo das suas personagens que é, vamos assumir, pobre, fraco e desinteressante.
Chevy Chase anda por ali numa prestação fraca e sem qualquer graça. Noutros filmes por pouco que faça conseguimos rir da desorientação com que nos brinda mas aqui... é uma tragédia que de comédia nada tem. Demi Moore, saída de um brilhante desempenho em Ghost assume aqui um "apagão" generalizado. É daqueles filmes que aposto gostar de ver fora da sua carreira (como eu o compreendo).
Se há alguma coisa positiva a referir sobre este filme... muito honestamente e depois de voltas e voltas que dei à cabeça.... não há. Exceptuando o facto de quem não conhecer o filme poder gostar de o ver, considerando os actores que dele fazem parte, mas rapidamente percebe que isto mais não é do que um ponto baixo da carreira destes actores... E a confirmá-lo temos as várias nomeações aos Razzies que o filme conquistou...
Resumindo tudo isto numa pequena palavra... Nulidade... Nulidade absoluta e perfeita.
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2 / 10
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sexta-feira, 4 de março de 2011

Mon oncle (1958)

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O Meu Tio de e com Jacques Tati no papel de Monsieur Hulot, filme vencedor do Oscar de Filme Estrangeiro em 1959 transporta-nos para um mundo que se avizinhava moderno e depende de todo o tipo de maquinarias e ritmos programados para o qual nem todos estavam preparados ou interessados em pertencer.
Vindo da sua modesta casa e de visita à sua família Hulot (Tati) descobre que a sua irmã, cunhado e sobrinho vivem num paraíso ultra-moderno onde para tudo existe um interruptor ou uma qualquer funcionalidade disponível.
No entanto, aquilo que a sua família não sabe (ou não quer) é que existe muito mais para além dos seus apetrechos mecanizados, nomeadamente as relações entre humanos e especialmente entre a família que deveriam, essas sim, ser valorizadas para além de qualquer bem material.
Tendo ou não ganho um Oscar (importante à sua medida) e contra a opinião de muitos puristas que possivelmente não irão gostar desta minha observação, acho  este filme extremamente complicado de assistir e menos ainda de o apreciar.
É certo que um filme não precisa de ter grandes diálogos existencialistas para poder transmitir uma mensagem digna de captar a nossa atenção mas, no entanto, passar o filme praticamente todo apenas com música para ilustrar os momentos que vamos presenciando é, no mínimo, desgastante.
Que o filme tem a sua mensagem, como anteriormente referi, tem. Que tem os seus momentos engraçados, sem dúvida que sim. E consegue entregá-los ao espectador de uma muito simples e eficaz forma que os torna deveras deliciosos mas... ao mesmo tempo... uma boa parte do filme consegue ser difícil de digerir não só pela duração "excessiva", como também pela ausência de soms à excepção, claro está, daqueles provocados pela música e por uma ou outra acção que alguma das personagens tenha.
Não que seja um filme mau, mas não será também um filme que me deixe completamente satisfeito e alegre por assistir na medida em que muitos dos longos e longos minutos de exibição foram, para mim, algo complicados de digerir.
Mas teve os seus momentos bons e agradáveis... Aquelas sequências iniciais com os cães são deliciosas de assistir... Uma ou outra trapalhada com Hulot dão realmente vontade de sorrir. Apenas não se trata de um filme que, globalmente, me tenha deixado impressionado ou sequer com vontade de o repetir.
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6 / 10
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quinta-feira, 3 de março de 2011

Iklimler (2006)

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Climas de e com Nuri Bilge Ceylan na principal interpretação leva-nos ao universo de um casal turco composto por um professor universitário algo distante da sua muito mais jovem mulher.
Durante umas férias que o casal passava e devido às suas constantes alterações de humor e de disposição, ambos decidem separar-se para poderem viver as suas vidas separadamente.
Com esta separação pouco mais sabemos de Bahar (Ebru Ceylan) até Isa (Nuri Bilge Ceylan) querer novamente encontrá-la depois de umas quantas "visitas" a uma amiga do passado que iria satisfazer as suas necessidades mais carnais.
Chega o dia em que Isa vai ao encontro de Bahar e com este acontecimento percebemos que o amor que sentia pela sua mulher estava agora desvanescido.
À excepção de um excelente trabalho de Gökhan Tiryaki que transmite uma enorme beleza das diversas paisagens e regiões turcas que marcam presença no ecrã, este filme é, para mim, algo muito dificil de digerir.
De resto este tipo de filmes que tentam ser contemplativos de coisa nenhuma e que dão basicamente grandes doses de moleza e de sono deixam muito a desejar. É certo que falar de amor, ou da falta dele, pode dar grandes e eternas histórias que ficam para além da época em que os filmes são feitos. No entanto, é preciso cativar com um argumento, com diálogos, com frases que nos fiquem na memória ou com olhares que sejam mais fortes do que as próprias palavras. Aqui, no entanto, a única comparação que podemos fazer entre o amor destas duas personagens é com o próprio clima, como o título do filme. Inicialmente uma relação morna, quase já apagada de sentimento, tal como uma amena tarde de Verão e, mais no final, tal como o Inverno, já desprovido de qualquer sensação ou calor, fria e indiferente à espera daquilo que já havia acontecido... o fim.
Lamento a minha desinteressada opinião a respeito deste filme mas honestamente não lhe consigo encontrar qualquer tipo de interesse e nem tão pouco me gera empatia para com a sua história e personagens. Foi simplesmente uma história difícil de ver e mais ainda difícil de digerir.
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 (apenas pelo magnífico trabalho de fotografia) --> 3 / 10
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