sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Speechless (1994)

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Sem Palavras de Ron Underwood conta com dois actores que, no ano da sua produção, estavam muito na moda: Michael Keaton que vivia então ainda a colher os frutos do seu Batman e Geena Davis que havia ganho há poucos anos um Oscar como Actriz Secundária e vivia também ainda o sucesso desse grande clássico que era Thelma & Louise.
Geena Davis, que aqui foi nomeada para o Globo de Ouro de Actriz em Comédia, interpreta Julia, uma mulher que elabora os discursos de um candidato político e que se apaixona por Kevin (Keaton) que tem a mesma profissão que ela mas... para o candidato rival.
Este filme usa um argumento já bastante visto e explorada e, em muitas situações, bem melhor do que aqui. Toda a história resume-se basicamente ao despertar da paixão entre estas duas personagens durante a campanha política que ambos exercem por candidatos diferentes.
Pelo caminho já sabemos o que sucede... Um conjunto extenso de mal entendidos típicos daqueles que sentem uma grande atracção um pelo outro e o questionar de se a paixão é verdadeira ou se não será apenas um esquema que "o outro" usa para saber informações escondidas, até ao ponto em que é escusado negar que aquilo que sentem um pelo outro é de facto real e forte demais.
Como disse... é uma fórmula que está extremamente gasta para se poder pensar que sobrevive sózinha sem mais nenhum "condimento" e aqui este aspecto é mais do que evidente. A própria química entre os dois actores protagonistas é quase nula limitando-se basicamente a representar aquilo que o guião lhes dita evidenciando assim que o filme está preso por uma linha muito fina.
Pouco mais há a dizer sobre este filme para além daquilo que já está dito. Aqueles que são fãs incondicionais de um destes actores podem achar este filme como algo mais interessante (por mim falo que gostei de rever Geena Davis num filme que não conhecia), mas o que é certo é que é bastante fraco para aquilo que estes dois actores em tempos remotos nos habituaram a ver de si.
Tal como o próprio título indica logo à partida... Sem Palavras...
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3 / 10
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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Portal: No Escape (2011)

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Portal: No Escape de Dan Trachtenberg é uma muito boa curta-metragem de ficção na qual uma mulher que acorda presa numa estranha sala consegue encontrar uma forma de fugir... ou não!
Com um excelente final e um trabalho de fotografia muito bom que criam uma muito evidente sensação claustrofóbica, esta curta consegue surpreender pela positiva e deixa-nos a desejar que tivesse muito mais tempo de duração.
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8 / 10
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Carnavale (2011)

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Carnavale de César de Sousa, Hugo Pereira e Vítor Raposo é uma interessante curta-metragem de ficção onde os dois intervenientes fazem umas quantas reflexões sobre o fim, sobre as pessoas que "nos" rodeiam e sobre as quase vãs e inúteis expectativas que se têm.
Por muito que concorde com algumas das reflexões sobre o estado de espírito vazio que de certa forma até compreendo, onde o "continuar" parece tão vazio como o parar de imediato... não posso deixar de fazer uma observação à palavra "começar"... Empezar em espanhol... Pequeno preciosismo meu que tenho uma costela espanhola e não à qualidade da curta em si (que se note)...
Fotografia interessante... um argumento bem trabalhado mas que podia ter sido um pouco mais explorado, já sei... para uma curta é sempre tudo mais limitado... sendo que, no entanto, consegue deixar um interessante gosto por vê-la.
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6 / 10
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terça-feira, 27 de setembro de 2011

CINEPORT 2011: palmarés

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PRÉMIO ANDORINHA CURTA

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MELHOR ANIMAÇÃO: VIAGEM A CABO VERDE, de José Miguel Ribeiro
MELHOR DOCUMENTÁRIO: ANGST, de Graça Castanheira
MELHOR FICÇÃO: DIRECTO, de Luís Alvarães e Luís Mário Lopes
MELHOR CURTA: OS OLHOS DO FAROL, de Pedro Serrazina
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PRÉMIO AQUISIÇÃO
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PRÉMIO RTP2 - ONDA CURTA: 42, 195 KM, de Júlio Alves
MENÇÃO ESPECIAL DO PRÉMIO RTP2 - ONDA CURTA: LAVAGEM, de Shiko e O ESTRANGEIRO, de Ivo M. Ferreira
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MENÇÕES HONROSAS: NÚMERO ZERO, de Cláudia Nunes e HOMEM – AVE, de Rafael Saar
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PRÉMIO ENERGISA: A FELICIDADE DOS PEIXES, de Arthur Lins
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JÚRI POPULAR: CASA 9, de Luiz Carlos Lacerda
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MENÇÕES HONROSAS: OFERENDA, de Ana Bárbara Ramos e OLHAR PARTICULAR, de Paulo Roberto
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PRÉMIO ANDORINHA LONGA
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REALIZAÇÃO: João Nuno Pinto, em AMÉRICA
ACTOR SECUNDÁRIO: Raul Solnado, em AMÉRICA
BANDA SONORA: Bernardo Sassetti, em COMO DESENHAR UM CÍRCULO PERFEITO
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The Fog (2005)

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O Nevoeiro de Rupert Wainwright é um remake do título homónimo da década de 80 realizado então por John Carpenter.
O filme, que não difere do original, conta-nos a história de uma cerimónia que vai homenagear os fundadores da pequena cidade costeira e, nesse exacto momento, ocorrem uma série de hediondos crimes que assolam a sua tranquilidade.
Aquilo que o pequeno grupo de protagonistas, composto por Tom Welling, Maggie Grace e Selma Blair vêm depois descobrir é que esses mesmos fundadores de quem são descendentes, elevaram a pequena cidade com base no crime, na traição e na morte de William Blake (Rade Serbedzija) aquele que era o seu real proprietário.
A partir daqui já sabemos o que sucede... Envoltos num misterioso nevoeiro as suas almas torturadas regressam para literalmente exterminar os descendentes dos fundadores da cidade e assim obterem a tão desejada vingança.
Este filme que por breves momentos consegue recriar alguns interessantes sustos fica, no entanto, a milhas marítimas da versão original que com muito menos meios, especialmente no que a efeitos visuais diz respeito, conseguiu recriar um verdadeiro clássico de terror que ainda me lembro de ver e de ficar praticamente colado ao sofá com medo daquilo que o televisor passava.
Talvez por esse mesmo aspecto de aqui o terror vir sob máscara de grandes efeitos especiais se perca muito daquele terror que de facto metia medo, ou seja, enquanto que aqui a dado momento vemos tudo, na versão original muito ficava à nossa imaginação e à sugestão que as imagens iriam aos poucos criar na nossa mente bem como, é óbvio, ao excelente trabalho de caracterização que havia e que aqui se perde, uma vez mais, em favor de efeitos especiais computorizados.
Muitas das situações são previsiveis e esperadas não só pelo facto de ser um remake como possivelmente também pelo facto de não ser suficientemente convincente, basta pensarmos no segmento em que Elizabeth (Maggie Grace) cai à água e descobre o diário de um dos fundadores da vila ou, pior ainda do que isso, o segmento perto do final em que o absurdo roça o desfecho de um filme que se quer de terror.
Assim, este remake perde bastante e foi, a meu ver, praticamente desnecessário mas no entanto há que admitir que os segmentos em que o nevoeiro surge e ameaça cobrir toda a cidade conseguem, ainda assim, provocar alguma sensação de pânico e claustrofobia mas não o suficiente para pensarmos sequer em colocar este filme ao nível do original.
Interessante e vê-se com bastante facilidade mas acaba por ser mais um daqueles filmes pipoca que se vão ver ao cinema e que depois se esquecem muito rapidamente. Para os fãs do género, e eu sei que sou um deles, desilude mais do que convence mas ainda assim serve pelo entretenimento.
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3 / 10
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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Call Girl (2007)

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Call Girl de António-Pedro Vasconcelos foi o filme sensação do ano e vencedor de três Globos de Ouro SIC/Caras para Filme, Actor para Ivo Canelas e Actriz para Soraia Chaves, naquela que é para mim a grande surpresa do filme.
Maria (Chaves) é uma call girl de luxo que é contratada por Mouros (Joaquim de Almeida) para fazer um trabalho especial... Seduzir Carlos Meireles (Nicolau Breyner) e poder fazer com este chantagem em nome de um negócio milionário de um grupo empresarial estrangeiro.
Aquela que poderia ser mais uma banal história do cinema português ganha aqui contornos muito interessantes e dirigidos com a mão exemplar de António-Pedro Vasconcelos que a transforma não só numa história dramática como também lhe dá muito bons contornos subtis de comédia e diálogos fluentes e bem interpretados que o conseguiu transformar num dos êxitos de bilheteira do nosso cinema.
Uma das personagens centrais é Carlos Meireles, que aqui ganha vida e alma pela mãe de Nicolau Breyner, numa excelente interpretação de um autarca com uma aparente vida pessoal estável e profissionalmente bem visto pela comunidade mas que esconde uma vida dupla. Meireles casado e pai, tem uma amante. Insatisfeito, deixa-se deslumbrar pelos dotes e encantos desta sedutora mulher que lhe é apresentada e Maria sabe bem como conseguir o que quer.
Nicolau Breyner faz com o seu excelente desempenho ter, por um lado, empatia com aquela personagem caricata e que é incapaz de fazer mal a uma mosca como, ao mesmo tempo, nos faz ter alguma repulsa pela facilidade com que se deixa corromper em nome de um amor por uma mulher que sabe estar muito fora do seu alcance mas que ali aparenta estar ao seu dispôr.
Soraia Chaves, no papel de Maria, é no entanto aquela grande surpresa deste filme. Já a tinha visto n'O Crime do Padre Amaro, mas ao mesmo tempo esperava por aquela grande interpretação que aqui se confirma. Vencedora do Globo de Ouro SIC/Caras e aquele desempenho pelo qual será durante muito tempo recordada, mais não fosse com o pequeno interlúdio de apresentação que tem com Nicolau Breyner, esta actriz consegue monopolizar todo o filme do início até ao seu final. Somos incapazes de não simpatizar com ela... percebemos que sempre teve sonhos e ambições bem grandes e que a única forma de os alcançar foi a troco de serviços e favores sexuais. Soraia Chaves encarna esta mulher na perfeição e a sua postura e diálogos são mordazes o suficiente para nos fazerem esboçar grandes e largos sorrisos.
A dinâmica criada entre Nicolau Breyner e Soraia Chaves é de facto muito boa, e todos os momentos que passam juntos são, sem excepção, deliciosos demais. Ela faz dele o que quer. Ela manda. Ela está no controle de todos os movimentos e acções. E são estes mesmos momentos que acabam por fazer com que o filme valorize bastante e fazer o público gostar de o ver. Queremos ver tudo daquela que acaba por ser uma relação de dominadora/dominado... e gostamos.
Como não há relação que não acabe em trio, aqui este é composto por Ivo Canelas que interpreta Madeira, o agente da Polícia Judiciária que investiga a suspeita de corrupção em que está envolvido Meireles e acaba por descobrir a ligação deste com Maria, a sua ex-namorada. Ivo Canelas que partilha a vitória do Globo de Ouro neste filme e no outro estrondoso êxito do ano O Mistério da Estrada de Sintra, é o actor com que todos nós simpatizamos. A pisar a linha entre manter a sua investigação imparcial e a saber que o seu coração está inclinado para Maria, não deixa de interpretar o agente que sabe que o seu lugar é do lado da lei antes e acima de tudo. Como sempre muito bom em qualquer interpretação que tenha.
A completar o elenco deste fantástico filme temos um conjunto enorme de actores onde se destacam José Raposo, José Eduardo, Maria João Abreu, Custódia Gallego, Ana Padrão e Raul Solnado num conjunto forte e sólido de secundários que apimentam toda a trama que se desenvolve em torno das três personagens principais.
António-Pedro Vasconcelos que partilha o guião com Tiago Santos, sai novamente vencedor com este filme que não só tem um bom argumento com personagens ricas, dinâmicas e bem construídas como também sabe como criar um filme que tem uma história ritmada e que cativa o interesse do público mostrando que o cinema português não está, felizmente, morto. Argumento este que achei bastante interessante não só pelo que agora referi mas também pelo facto de adaptar à linguagem cinematográfica a forma de falar que se ouve constantemente em qualquer local. Quero com isto dizer que a linguagem mais rude, e que sim é de facto muita ao longo de todo o filme, não está aqui embelezada para parecer bem e sair menos ofensiva. Se é para ser... pois que o seja. E é!
Este Call Girl, que acredito já ter sido visto pela maioria das pessoas mais que não fosse para comprovar se a Soraia Chaves é ou não boa actriz (é o argumento que mais vulgarmente me dão quando falo deste filme a alguém) vale de facto pelos eu conjunto; tem uma história aliciante e que acaba por ser sempre tão presente visto que trata em boa parte de um caso de corrupção, tem um conjunto de actores que dão o melhor de si e isso é de facto muito positivo e agradável, tem uma banda-sonora competente com um dos temas principais a ser cantado por Paulo Gonzo e é daqueles filmes da cinematografia nacional que consegue com uma fórmula até "simples" aproximar o público do grande ecrã falado em português.
Àqueles que ainda duvidam da capacidade de uma boa história ser contada na nossa língua, não deixe de ver este filme. Vale com toda a certeza o templo aplicado nele até porque pode parecer muito incialmente mas as suas duas horas de duração passam tão rápido que no final damos por nós a querer mais.
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"Meireles: O que é que você faz?
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Maria: Hum... Tudo."
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8 / 10
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domingo, 25 de setembro de 2011

Sangue do Meu Sangue no Festival Internacional de Cinema de San Sebastian

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Prémio TVE Otra Mirada - Menção Especial
Prémio FIPRESCI
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QueerLisboa 2011: palmarés

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Melhor Longa-Metragem: Rosa Morena, de Carlos Oliveira
Melhor Actor: Roberto Farias, em Mi Último Round
Melhor Actriz: Corinna Harfouch, em Auf der Suche
Melhor Documentário: I Am, de Sonali Gulati
Prémio do Público Curta-Metragem: Eu Não Quero Voltar Sózinho, de Daniel Ribeiro
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sábado, 24 de setembro de 2011

Globos de Ouro 2012: um olhar a partir de Setembro

Uma vez que o cinema português já assistiu a mais algumas estreias cinematográficas, nada melhor do que fazer uma avaliação para aquilo que poderá suceder na próxima cerimónia. Assim tendo em conta as estreias ocorridas até à presente data:
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  • Águas Mil, de Ivo Ferreira
  • América, de João Nuno Pinto
  • Cisne, de Teresa Villaverde
  • E o Tempo Passa, de Alberto Seixas Santos
  • A Espada e a Rosa, de João Nicolau
  • O Estranho Caso de Angélica, de Manoel de Oliveira
  • A Morte de Carlos Gardel, de Solveig Nordlund
  • Quinze Pontos na Alma, de Vicente Alves do Ó
  • Viagem a Portugal, de Sérgio Tréfaut
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Vou também considerar o filme Sangue do Meu Sangue, de João Canijo, devido ao feedback que tenho tido do Festival Internacional de Cinema de San Sebastian onde neste momento o filme já venceu dois importantes galardões nomeadamente o Prémio FIPRESCI e o Prémio TVE - Otra Mirada que lhe garante distribuição na televisão nacional espanhola. Assim sendo:
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MELHOR FILME
América, de João Nuno Pinto
Quinze Pontos na Alma, de Vicente Alves do Ó
Sangue do Meu Sangue, de João Canijo
Viagem a Portugal, de Sérgio Tréfaut
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MELHOR ACTOR
Fernando Luís, América
Gonçalo Waddington, Águas Mil
Miguel Nunes, Cisne
Rui Morrison, A Morte de Carlos Gardel
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MELHOR ACTRIZ
Beatriz Batarda, Cisne
Maria de Medeiros, Viagem a Portugal
Rita Blanco, Sangue do Meu Sangue
Rita Loureiro, Quinze Pontos na Alma
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15.01.05 (2011)

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15.01.05 de Luís Rodrigues e Miguel Pereira Martins é uma curta-metragem portuguesa com uma premissa ligada ao sobrenatural que logo nos primeiros instantes promete.
Gostei particularmente dos momentos iniciais em que vemos os primeiros efeitos especiais e os tais seres de que as sucessivas entrevistas nos falam. Mais aprofundado em argumento e em duração e penso que poderia dar uma história bem interessante.
No entanto nem só de momentos positivos está esta curta feita e algumas entrevistas não só por não adiantarem muito mas também por, em alguns casos, serem demasiadamente repetitivas tornam-se um tanto aborrecidas.
O potencial de base existe e a originalidade da ideia também está presente, no entanto, quando posto em prática acaba por ficar a falhar um pouco. Vale no entanto pela originalidade e pelos aspectos técnicos que conseguem, para uma curta que julgo ser amadora, estar bastante positivos.
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4 / 10
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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Il Divo (2008)

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Il Divo - A Vida Espectacular de Giulio Andreotti de Paolo Sorrentino é um filme sobre o atribulado percurso do antigo primeiro-ministro italiano na sua ascenção sucessiva a chefe do governo através de uma impressionante e brilhante interpretação, vencedora do Donatello e do European Film Award, composta por Toni Servillo.
Este impressionante filme, que conseguimos facilmente perceber ser obra de um brilhante Sorrentino, começa por ter um excelente atractivo com a sua banda-sonora da autoria de Teho Teardo, também ela galardoada com o Donatello. Inovadora quanto baste e sinistra o suficiente para percebermos os exactos momentos em que devemos assistir com muita atenção às imagens que definem o comportamento daquele tão amado e tão odiado primeiro-ministro que por sete vezes ocupou a chefia do governo.
As imagens não deixam enganar. Estamos perante uma história que, não soubessemos ter sido real, pensaríamos que se tratava de um qualquer sonho muito alucinado que alguém estaria a ter. Mas assim foi a vida de Andreotti enquanto político e chefe de governo.
Andreotti (num magnífico registo de Toni Servillo) sempre pertenceu a um núcleo duro da vida política italiana. A sua vida recatada e de certa forma ausente de grande aparato ou mediatismo é aqui muito bem retratada na medida em que ao mesmo tempo que o vamos conhecendo, vemos também quem eram aqueles que estavam junto do seu núcleo mais próximo e de que forma isso serviu quer para ascender politicamente falando quer parações que o haveriam de lançar num enredo sem fim, quer fosse ele real ou não.
Acompanhamos com este filme a vida deste homem que foi acusado de ser um dos maiores cérebros da ligação ao crime em Itália quer através das suas supostas uniões com a Mafia quer por não ter auxiliado um dos seus grandes "aliados", o também antigo primeiro-ministro Aldo Moro, que fora morto às mãos do grupo terrorista italiano Brigadas Vermelhas.
Temos um pouco de tudo... às intrigas políticas que são praticamente constantes são associados momentos ficcionados de drama onde assistimos a pensamentos verdadeiramente assombrosos daquele homem que sempre aparentou uma calma e tranquilidade mas que na realidade escondia um verdadeiro vulcão. Exemplo disso é o seu discurso ao estilo de uma reflexão pessoal, onde num verdadeiro ataque de verborreia esclarece tudo e todos sobre aquilo que é. Simplesmente assombroso... sim, é a única palavra que me ocorre para descrever este momento.
Gostei igualmente do momento em que chega uma sua nova eleição como primeiro-ministro. A sua pequena viagem pelo palácio onde numa ampla e vazia sala um pequeno gato se coloca no seu caminho. Firme, não se podendo desviar, mantém-se imóvel até o pequeno animal sair do seu caminho. Isto é uma característica do homem que foi primeiro-ministro de Itália e que se mantém viva durante todo o filme. Verdade ou não, acreditemos ou não, este é o retrato do homem Andreotti. Pela paciência, pela persuação e sobretudo pelo enorme poder e dom da palavra que tinha conseguiu o que sempre quis e chegar onde chegou. Sem ver, ou ter, limites Andreotti estabelecia uma meta... e alcançava-a.
Não é um tradicional filme político onde vamos assistir a inúmeras sessões parlamentares onde os destinos da Nação são discutidos. Estes, se é que existiam acima das vontades pessoais, eram discutidos e tidos nos bastidores dos palcos reais. Este filme é sobretudo a ascenção e a queda de um homem que durante décadas de poder e de governação sempre foi um mistério, quase um mito, nas mentes de todos sem excepção. Mesmo daqueles que lidavam e privavam com ele, Andreotti sempre foi um verdadeiro mistério.
Assim, esta é a história de um homem. Um homem que governou. Um homem que mandou. Um homem que teve ligações, mais ou menos honestas ficará a nossa cargo de avaliar depois daquilo que vemos neste filme e do muito ou pouco que possamos conhecer da sua história pessoal e da História de Itália.
Além da brilhante banda-sonora que já referi ter sido vencedora do Donatello, tal como foi Servillo, este filme venceu ainda mais cinco Donatello's, nomeadamente Cabeleireiro, Fotografia, Caracterização (Vittorio Sodano também nomeado a Oscar), Efeitos Especiais e Actriz Secundária para Piera Degli Esposti aqui num registo interessante mas francamente muito secundário, num ano em que Servillo brilhou ainda noutro filme... esse sim sobre a Mafia... o tão falado Gomorra.
De registo são ainda os momentos em que os vários intervenientes são apresentados... quer aqueles que faziam parte do núcleo duro de Andreotti quer aqueles que saíram de cena muito rapidamente num conjunto bem imaginativo e elaborado de assassinatos. As suas imagens e apresentações são feitas de uma forma diferente e caricata que não é costume, nem sequer típico, ver num filme deste género. Gostei bastante de todo esse segmento inicial que dá uma dinâmica diferente e muito própria a todo o filme.
Diferente, muito bem realizado e interpretado este é um daqueles filmes que nos mostra o quão intimamente ligada está a construção da Itália moderna a um verdadeiro banho de sangue, de intrigas políticas, de corrupção e de Mafia pelos olhos de um homem que a comandou durante vários e longos anos.
Como disse mais atrás, este simplesmente brilhante filme é, acima de tudo, a história de um homem que sonhou e conseguiu mandar sem nunca deixar ninguém se aproximar em demasia mas que manteve todos, sem excepção, bem perto de si. Sobre os seus traumas, os seus pesadelos e sobre aquilo que atormentava a sua tão impávida expressão. Porque sim, todos os homens por muito calmos que aparentem ser têm algo que os atormenta... profundamente.
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"Giulio Andreotti: A good man's meanness is always very dangerous."
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9 / 10
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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Undead Cadenza (2011)


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Undead Cadenza da Black Coat Entertainment (na falta de nome do realizador...) é uma curta-metragem com zombies a atacar por tudo quanto é lado.
Muito bem executada e com um trabalho de fotografia bastante bom, esta curta ambientada numa garagem, o que é perfeito para este estilo de filmes, só peca por um único aspecto... ser curta pois o seu potencial parece-me ser bastante e daria uma interessante longa-metragem de terror.
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6 / 10
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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Winter Night's Wish (2011)


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A Winter Night's Wish de Luís M. Ferreira é uma curta-metragem de ficção sobre a perda e potencial "reencontro" da pessoa amada.
Aquilo que destaco desde já desta curta é o seu magnífico trabalho de fotografia em especial relevância os momentos passados no jardim onde os focos de luz se enquadram na perfeição no escuro da noite recriando um clima algo sobrenatural. Quase uma dimensão de um purgatório onde as almas aguardam por passar a uma nova atmosfera.
Simples, interessante e bem pensada esta curta consegue ainda ter uma minimalista mas envolvente banda-sonora que ajuda a enfatizar mais o ambiente procurado.
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6 / 10
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terça-feira, 20 de setembro de 2011

La Dama y la Muerte (2009)

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A Senhora e a Morte de Javier Recio Gracia é uma curta-metragem de animação espanhola com produção de Antonio Banderas e que foi nomeada ao Oscar na sua categoria.
Esta divertida história que opõe a morte a um médico lutando os dois pela alma e vida de uma velha senhora deixa-nos inicialmente tristes como rapidamente a rir com saudáveis gargalhadas.
Mas como na vida manda quem a tem, esta velha senhora não iria deixar a sua vida ou a sua morte nas mãos de pessoas tão... interesseiras e centradas no seu próprio ego.
Extemamente divertida não deve ser deixada perdida ao acaso e como tal aqui a deixo para que a possam ver.
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8 / 10
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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

La Leyenda del Espantapájaros (2005)

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A Lenda do Espantalho de Marco Besas é uma extraordinária curta-metragem de animação narrada pelo actor espanhol Sancho Gracia que nos conta a história da vida de um espantalho abandonado por tudo e todos.
Muita bem conseguida em termos de narração da história, banda-sonora e as animações em si confesso que gostei particularmente do seu trágico final e da conclusão daí retirada. Nada melhor do que uma lenda para "desmistificar", dar uma vida própria ou até mesmo "explicar" os porquês de certos curiosos aspectos.
Recomendo vivamente que dispensem alguns minutos para ver esta curta premiada no Fantasporto e nomeada ao Goya na sua categoria pois vale com toda a certeza pela qualidade que ela apresenta.
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8 / 10
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domingo, 18 de setembro de 2011

Metropolis Ferry (2010)

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Metropolis Ferry de Juan Gautier é uma extraordinária curta-metragem sobre os enormes dramas associados à imigração ilegal.
Quando David (Sergio Peris-Mencheta) , Andrea (Olaya Martín) e Carlos (Pepe Lorente) regressam a Espanha depois de uma viagem por Marrocos ficam momentaneamente retidos no controlo fronteiriço onde vêem a detenção de um jovem imigrante ilegal e escutam o seu posterior espancamento.
Esta curta que retrata a difícil viagem e a detenção de muitos que tentam através de Espanha entrar no "sonho europeu", entrega-nos um interessante retrato da brutalidade que muitas vezes está inerente ao que se passa diariamente nestes locais. Muitos detidos pela violência e depois exaustos pelas intermináveis esperas a que são forçados nos postos de fronteira que quase assumem o lugar de um purgatório de onde nem se avança nem se retrocede.
Mas o aspecto mais interessante desta curta é exactamente aquele a que o europeu é sujeito... olhar para o lado e deixar a violência continuar ou olhar para as atrocidades que são cometidas em nome da segurança? E finalmente, talvez o mais importante de tudo... quando olhamos, será que adiantou algo?
Muito bom trabalho de Juan Gautier que nos faz estremecer face à injustiça e ao abuso de poder a que assistimos e para o qual não conseguimos controlar os nossos mais íntimos instintos.
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10 / 10
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sábado, 17 de setembro de 2011

Phenomena (1985)

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Phenomena de Dario Argento mestre do cinema de terror entrega-nos este filme onde Jennifer (Jennifer Connelly) uma jovem com uma invulgar capacidade de comunicar com os insectos, é enviada para um colégio interno na Suíça. Na localidade em questão, chamada a Transilânia dos Alpes, uma série de assassinatos ocorre e esta sua capacidade telepática talvez possa ajudar a resolver tão misteriosos crimes.
O filme está mais envolto na personagem de Connelly do que propriamente em qualquer outra questão. A sua personagem é praticamente a central e tudo o resto gira, no fundo, à sua volta. Mesmo a questão dos assassinatos pouco quase se adianta e, não fosse o seu "interesse" no assunto, pouco teríamos a pegar por esta ponta.
A curiosidade que tinha em volta deste filme prendia-se fundamentalmente com o facto de ser deste grande mestre italiano, e mundial, do cinema de terror e claro por ser com a participação de uma então muito jovem Jennifer Connelly que daqui seguiria depois para fazer outro filme da minha juventude chamado Labirinto.
O terror daqui proveniente é quase nulo e à excepção de algumas mortes um tanto ou quanto espalhafatosas, literalmente falando, e uma criança deformada de uma forma realmente medonha, o restante filme não consegue provocar uma reacção de medo ou sequer de tensão que faça justiça ao terror do qual Argento é de facto mestre.
Assim à excepção de uma muito breve caracterização feita a um jovem actor, o restante filme peca pela falta de momentos de tensão capazes de nos provocar repulsa ou de facto medo.
A banda-sonora é interessante apesar de não ser típica de um filme de terror mas sim de algo mais punk e alternativo, no entanto consegue reunir umas sonoridades apelativas se bem que algo descontextualizadas. Ainda assim do pouco que se consegue retirar deste filme que seja digno de um registo pela originalidade de estarem aqui inseridos.
A juntar-se a Connelly na interpretação temos, tal como Argento, uma das referências do cinema de terror, ou seja, Donald Pleasence que por estas alturas já tinha feito Halloween e se preparava para O Príncipe das Trevas, esse sim... medonho, que aqui interpreta o papel de um professor especialista em insectos que investiga tão estranhos assassinatos e que, como acaba por ser óbvio, estabelece uma forte empatia com Jennifer.
Àparte de ser um objecto de culto entre os amantes do cinema de terror este filme e ser uma referência neste género específico este Phenomena não é dos títulos que mais pode impressionar um espectador que goste de ter uns bons sustos enquando vê um filme. Ainda assim, para os apreciadores da obra de Argento este será com toda a certeza um filme a (re)ver.
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4 / 10
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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Borboleta (2011)

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Borboleta de João Marco, de quem aguardo pela sua longa-metragem Além de Ti, é uma simpática e sensível curta-metragem que me despertou algumas diferentes leituras sendo a primeira delas a respeito da relação algo "fria" entre as duas personagens. Ela procura-o mas Ele sente-se indiferente à sua presença. Procura a distância que pode haver entre ambos.
A segunda leitura que lhe faço é a respeito da perda... Ao perdê-la num acidente, aí Ele sente realmente a importância que Ela tinha na sua vida.
Finalmente o desaparecimento d'Ele. Percebemos que está doente e (poderei estar errado), mas o final da curta deixa-me a sensação de que também ele se extinguiu. Sensação essa que é intensificada naqueles momentos finais quando Ele a reencontra e em que a própria intensidade da luz dentro do apartamento aumenta, tornando o ambiente mais alvo.
Devaneios meus talvez...
Gostei do facto de não serem necessários praticamente diálogos (à excepção de uma ou duas falas da actriz) para podermos conseguir compreender o quão estas duas personagens se estavam a distanciar uma da outra. Por vezes é através dos silêncios que se conseguem transmitir as maiores mensagens e penso que aqui isso resultou bastante bem.
João Marco que aqui assina não só a realização desta curta como também o argumento, banda-sonora e uma edição muito pessoal e intimista (e que eu desconhecia na totalidade) transformando-a numa interessante obra da qual muitos já me haviam falado positivamente e que agora confirma serem elogios bastante apropriados.
Por aqui aguardarei a estreia da longa...
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7 / 10
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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

E Portugal selecciona para os Oscars...

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José e Pilar
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de Miguel Gonçalves Mendes
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O Lenhador Assassino II (2011)

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O Lenhador Assassino II de Rúben Ferreira é a continuação da curta que há algumas semanas disponibilizei e comentei aqui.
Normalmente suspeito sempre das sequelas pois habitualmente elas tendem a piorar na qualidade, no entanto aqui o suspense bem como a introdução de alguns momentos mais cómicos conseguem manter a qualidade inalterada.
A história segue as "aventuras" deste tão sanguinário lenhador que aqui perde um pouco o protagonismo em favor dos outros actores da história. No entanto tenhamos paciência pois tenho a certeza que ele nos virá brindar com mais banhos de sangue.
Perde o protagonismo o lenhador mas.. há sempre um mas... não posso deixar de referir o jovem actor Paulo Cardoso, que aqui interpreta a personagem Coelho, que com o seu ar "pintas" e as suas tiradas no sítio certo na altura certa conseguem dar alguma comédia a esta curta e abrandar um pouco o suspense sentido na primeira parte. A sua interpretação, ainda que amadora e em que se nota algum nervosismo, consegue ser um dos pontos altos e de destaque desta simpática curta-metragem.
Outro ponto positivo que tenho de destacar são alguns dos momentos de acção... Os efeitos causados pela ira daquele lenhador nomeadamente quando captura o Coelho estão de facto muito bem conseguidos e a banda-sonora consegue estar melhor e mais bem colocada do que na curta original.
Apenas deixo um pequeno apontamento para o som que em certos momentos torna um pouco mais dificil a percepção de alguns diálogos dos actores.
Ao Rúben Ferreira não deixo conselhos nenhuns... Tenho a certeza que ele ainda nos vai surpreender com o regresso do Lenhador Assassino e com mais uns quantos banhos de sangue.
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"Coelho: Se esse lenhador me aparece à frente, eu derreto-o!"
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6 / 10
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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Shadows (2011)

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Sombras de Nuno Dias é daquelas surpresas estrondosas que o panorama nacional de curtas continua a entregar sem cessar.
Ela (Rita Martins, de quem não me canso de falar bem pelo seu enorme potencial) vagueia por uma planície quando vislumbra um homem a cair no chão. O seu primeiro instinto é ver o que ele transporta e não propriamente ver se existe alguma réstia de vida naquele homem. O que vê agrada-a e rapidamente tenta desaparecer quando percebe que aquele homem estava a ser seguido por Ele (Ruben Garcia).
Ela foge... aparentemente consegue... até ao momento em que ele surge novamente. Lutam... E o resto têm de ver...
Esta curta que já vi por duas vezes é francamente interessante. A fotografia é logo o primeiro dos aspectos a considerar pois é ela muitas vezes que impede os actores e a história de brilharem. Aqui tudo está bem colocado. Especialmente os momentos passados à noite que com a quantidade de luz suficiente não nos deixa perder com outros detalhes pouco relevantes para a história. Ali seguimo-la até ao fim.
A interpretação de Rita Martins está àquilo que sempre espero dela... o melhor. A sua expressividade é excelente e conseguimos perceber e sentir os seus pensamentos a todo o momento.
O desfecho desta extraordinária curta não poderia ser melhor e não consigo deixar de tecer um paralelismo entre a sua situação e a do homem que ficou na planície... Acabam os dois da mesma forma... sem ajuda... aqueles que testemunham o seu fim ficam indiferentes à sua situação.
Ao realizador Nuno Dias... se esta curta é dos primeiros trabalhos... não posso deixar de esperar pelos próximos pois com esta... promete. Venham mais e rapidamente!
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9 / 10
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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Stake Land (2010)

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Stake Land de Jim Mickle filme de encerramento do MOTELx 2011 é muito mais do que um simples filme de terror com vampiros.
Martin (Connor Paolo) e Mister (Nick Damici) viajam por uma paisagem desolada por um apocalipse sócio-económico e que transformou boa parte da população numa praga de vampiros sedentos de sangue humano para sobreviver.
Mas não são só os vampiros que ameaçam a segurança dos que se aventuram em viagem. Vários gangs raciais e grupos armados espalham também eles o terror de forma a manterem o controlo sobre grandes áreas terrestres e assim ameaçarem a passagem daqueles que querem chegar ao Canadá, o Novo Eden como é agora chamado.
Este filme que era para mim aquele que mais aguardava de toda a programação do MOTELx 2011 foi uma agradável surpresa em todas as frentes. Em primeiro lugar porque esperava acima de tudo mais uma história da caça e fuga aos vampiros que dominavam o planeta de uma forma sanguinária e aquilo que tive foi o oposto. Esta história relega os vampiros quase para um segundo plano evidenciando antes a componente humana das relações entre aqueles que sobrevivem e esperam algo mais para as suas vidas. Para aqueles que sonham e ambicionam algo de melhor.
As dinâmicas que as várias personagens criam são de facto excelentes e quase nos esquecemos que existe um perigo à espreita para pensarmos apenas que numa dura situação onde o mundo que conheceram um dia já não existe e agora têm de criar novos laços e ligações com pessoas que numa situação normal nem sequer quereriam cruzar o mesmo caminho. E ali estão eles unidos num apoio que rapidamente se transforma num alicerce semelhante àquele que encontramos numa família.
A dinâmica e a química existente entre estas personagens e estes actores consegue ser bastante credível e convincente como se de uma "road-trip" pós-apocalíptica se tratasse na realidade.
A dar corpo e alma a estas personagens temos um conjunto de actores mais ou menos desconhecidos onde a cara mais "cinematográfica" é a de uma muito transformada Kelly McGillis de quem todos se devem recordar do Top Gun e d'Os Acusados, a interpretar uma freira num mundo sem religião capaz de salvar as almas dos mais crentes.
No entanto há sim uma alma neste filme através de Connor Paolo que interpreta "Martin", o rapaz que assistiu à morte dos seus pais e irmão às mãos de um vampiro, consegue ser aquele que une este grupo de estranhos ao longo da viagem que fazem por uns Estados Unidos devastados. As suas reflexões sobre o mundo em que agora vivem e as transformações a que se viram sujeitos são dignos de transportar para este filme de terror uma carga dramática que em muitos aspectos nos pode deixar a nós espectadores pensar no quão idênticas são algumas das situações a que assistimos, retirando obviamente o lado fantasioso de vampiros que andam à caça do próximo pescoço.
Para um filme de terror, suspense e clima pós-apocalíptico ele está com interpretações grandes e superiores à grande maioria daquelas a que assistimos neste género específico de filme.
Não posso igualmente deixar de referir o excelente desempenho de Michael Cerveris como líder de um grupo sem religião e muito menos moral que destrói, corrompe e elimina todos aqueles que lhes fazem frente numa razia não só psicológica como física. E não pense o comum espectador que este filme vê dele pouco... As surpresas só terminam quando os créditos começam...
A banda-sonora, em muitos segmentos semelhante a várias passagens d'A Estrada, é brilhantemente composta e enquadrada por Jeff Grace que não se limita aos lugares comuns de um filme de terror mas fá-los evoluir para um conjunto de sonoridades reflexivas e emotivas.
Mas nem só de graciosidade ou reflexão este filme é feito. Na sua essência é, claro está, um filme de terror e é nessa perspectiva que também o temos de encarar. E também aqui não falha. Todos os momentos que podemos começar a achar de agradáveis e que mostram o lado humanos dos "homens" é abalado quando menos esperamos, e os vampiros de que todos fogem, rapidamente aparecem para dar um ar da sua (pouca) graça.
A devastação criada não só pela tal crise não anunciada que devastou o planeta como é também agora provocada por uma população vampirizada é perfeitamente reflectida nos cenários devastados pelos quais toda a acção do filme decorre. Cenários desolados, casas abandonadas, bloqueios de estrada e a falta de ligações a lugares ou pessoas são recorrentes durante todo o filme.
Para mim este original filme consegue de uma forma harmoniosa unir dois géneros distintos sem que um se sobreponha ao outro. Existe momentos e espaço para os dois. Drama e terror. Humanos e vampiros. Esperança e morte. Tudo em doses bem equilibradas conseguem fazer deste um dos melhores filmes de terror a que assisti em muito tempo sem com isso cair nos lugares comuns do terror onde apenas predominam um conjunto de mortes e sangue sem que seja baseado ou fundamentado com uma história profundamente humana. Simplesmente genial.
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9 / 10
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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Wake Wood (2011)

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Wake Wood de David Keating, um dos filmes que passou no último dia do MOTELx 2011, conta-nos uma história diferente daquilo que temos normalmente como terror.
Este filme, como o próprio realizador presente durante a projecção do filme fez questão em dizer, trata em primeiro lugar sobre a perda. A perda de um filho e aquilo que os seus pais estariam dispostos a fazer para poder passar umas últimas horas, minutos ou até mesmo segundos com o seu filho ou sua filha e poder nesses breves instantes dar-lhe todo o amor do mundo.
Patrick (Aidan Gillen) e Louise (Eva Birthistle) é isso que prentendem. Alguns últimos instantes com Alice (Ella Connolly), a sua filha que fora violentamente morta por um cão que o seu pai tentava tratar. Desesperados e a tentarem construir uma vida nova noutra localidade, uma oferta muito tentadora apodera-se deles... Viverem mais três dias com a sua filha. O que irá acontecer depois deles aceitarem é algo para o qual não estavam preparados.
Como disse David Keating muito bem ao apresentar este seu filme prende-se com o facto de que nenhum pai está preparado para viver para além do seu filho. Todos estão preparados, apesar de não ser um assunto em que se pense racionalmente, para partir deste mundo primeiro do que aqueles que viu nascer. O sentimento de perder um filho deve ser de tal forma devastador que para o "remendar" qualquer progenitor estaria disposto a tudo para voltar a ter o seu filho nos braços. Esta apresentação fez-me recordar algo que em tempos li, já não recordo onde, sobre o facto de um filho perder o pai tem um designação "orfão"... No entanto, um pai que perde o seu filho é algo de tal forma devastador que nem uma palavra para o designar tem.
Dito isto, e depois de uma breve reflexão sobre o assunto, resta então passar àquilo que faz mover este filme... o terror. E ele está muito bem presente durante uma boa parte do filme. A parte séria prende-se, claro está, com o que comentei umas linhas atrás enquanto que a parte fantasiosa prende-se com todo o restante filme, no qual, após uma decisão daqueles pais de trazerem de volta a sua filha através de um ritual deveras misterioso e o qual não vou aqui referir, percebem que por desrespeitarem algumas regras (elas existem para serem respeitadas mas por algum motivo todos tendem a não o fazer), percebem que aquele ser que ali têm com o rosto da sua filha mais não é do que a próxima encarnação do mal. E pior... é um mal com um rosto de anjo que é como quem diz o mais mortífero de todos.
O ambiente muito negro faz valer a publicidade que se gerou à volta deste filme relativamente ao facto de ser o primeiro filme com o "selo" Hammer, que faz regressar a velha "máquina cinematográfica" de histórias de terror que durante muitos anos impressionou uma legião extensa de fãs e que aqui regressa de forma genial e com grande vigor. Temos um ambiente tendencialmente negro, assustador, pesado e para ajudar a recriá-lo... sempre com o elemento floresta perto de uma pequena e isolada localidade onde todos se tentam refugiar, e claro, mistério por perto (todos nós sabemos como uma boa floresta fica sempre bem no meio de um filme de terror onde as diversas personagens se podem perder enquanto tentam fugir de algo que os persegue.
É certo que o mal pode não resistir e ser derrotado por aqueles que cá ficam e mostram ter sempre muitos recursos para lhe sobreviver. Mas é igualmente certo que esse mal não se deixa cair sem fazer uns quantos espalhafatosos estragos e levar algumas pessoas do reino dos vivos atrás. E é também certo que é muito bem sucedido nesta tarefa e claro.. sempre, mas sempre, com a última grande surpresa que nos consegue assustar.
Interessante, competente e respeitador das regras do "velho" cinema britânico de terror este filme é uma agradável surpresa não só pela sua componente humana e com quem muitos se podem de certeza identificar como também pelo seu lado de terror negro e com muito poucos "sentimentos" que faz do mais inocente o mais cruel.
Muito bem realizado e mais um dos bons filmes que este interessante festival de cinema lisboeta trouxe aos seus fãs.
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8 / 10
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European Film Awards 2011: pré-seleccionados

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Almanya - Willkommen in Deutschland, de Yasemin Samdereli
América, de João Nuno Pinto
The Artist, de Michel Hazanavicius
As If I Am Not There, de Juanita Wilson
Attenberg, de Athina Rachel Tsangari
Ave, de Konstantin Bojanov
Balada Triste de Trompeta, de Álex de la Iglésia
Beli Beli Svet, de Oleg Novkovic
Cirkus Columbia, de Danis Tanovic
Cirkus Fantasticus, de Janez Burger
Drei, de Tom Tykwer
Eldfjall, de Rúnar Rúnarsson
Elena, de Andrey Zvyagintsev
Essential Killing, de Jerzy Skolimowski
Le Gamin au Vélo, de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne
Habemus Papam, de Nanni Moretti
Haevnen, Susanne Bier
Halt auf Freier Strecke, de Andreas Dresen
Le Havre, de Aki Kaurismäki
Hitganvut Yehidim, de Dover Kosashvili
The King's Speech, de Tom Hooper
Lidice, de Petr Nikolaev
Loverboy, de Catalin Mitulescu
Majki, de Milcho Manchevski
Melancholia, de Lars Von Trier
Neds, de Peter Mullan
Noi Credevamo, de Mario Martone
Oslo, 31. August, de Joachim Trier
Ovsyanki, de Alexey Fedorchenco
Pa Negre, de Agustí Villaronga
La Petite Chambre, de Stéphanie Chuat
Les Petits Mouchoirs, de Guillaume Canet
La Piel que Habito, de Pedro Almodóvar
Play, de Ruben Östlund
Prezit Svüj Zivot, de Jan Svankmajer
Rundskop, de Michaël R. Roskam
Sala Samobójcòw, de Jan Komasa
Svinalängorna, de Pernilla August
También la Lluvia, de Icíar Bollaín
Tilva Ros, de Nikola Lezaic
Tirza, de Rudolf van den Berg
Tomboy, de Celine Sciamma
A Torinoi Lo, de Béla Tarr
Die Unabsichtliche Entführung der Frau Elfriede Ott, de Andreas Prochaska
We Need to Talk About Kevin, de Lynne Ramsay
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MOTELx 2011... the end...

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Finalizada que está a edição deste ano do MOTELx, apenas aqui venho deixar umas breves palavras sobre a edição deste ano do festival, a primeira vez que aqui o CinEuphoria o cobre de um ponto de vista mais "profissional".
Um grande, justo e merecido destaque à excelente organização e acompanhamento daqueles que chegam meio perdidos a este certame. Há que reconhecer que a informalidade resulta de facto e que a disponibilidade e apoio por parte daqueles que pertencem à organização foi de facto muito boa e positiva e que me deixa vontade para que chegue muito rapidamente a edição do próximo ano.
O segundo aspecto a referir foi a brilhante escolha de fazer uma retrospectiva ao trabalho de Eli Roth e de, claro, ter a presença do mesmo durante o festival. Penso que de muitas possíveis escolhas esta foi de facto muito acertada e que deixou qualquer cinéfilo apaixonado pelo género bastante satisfeito.
Em terceiro e último lugar há que deixar uma clara, evidente e igualmente justa referência à extraordinária selecção de filmes que foram exibidos em qualquer uma das selecções que consguiram primar pela excelente qualidade.
E falando em filmes era obviamente indispensável referir aqueles que na cerimónia de encerramento saíram vencedores. Refiro-me como é claro às curtas-metragens nacionais onde Conto do Vento de Cláudio Jordão e Nelson Martins, uma brilhante animação, venceu o prémio de Melhor Curta-Metragem de Terror Portuguesa e Banana Motherfucker de Pedro Florêncio e Fernando Alle recebeu uma Menção Honrosa.
Excelente festival em todos os aspectos... só tenho a acrescentar que no próximo ano lá estarei.
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domingo, 11 de setembro de 2011

Andy Whitfield

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1974 - 2011
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Conto do Vento (2010)

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Conto do Vento de Cláudio Jordão e Nelson Martins foi a vencedora do MOTELx 2011 como a Melhor Curta-Metragem Portuguesa de Terror e um prémio justo e merecido.
Esta original curta conta-nos a história de uma mãe acusada de bruxaria que é queimada num estilo de auto-da-fé e da sua filha que é acusada do mesmo anos mais tarde após se ter isolado da restante comunidade. Digo original porque toda esta história nos é contada pelo vento. Exactamente... pelo vento.
É esta força da Natureza que nos mostra como era a vida desta mãe e desta filha e do seu afastamento de uma sociedade preconceituosa que as excluia e perseguia.
Os dois realizadores entregam-nos não só uma curta de animação bastante original pela sua história como principalmente pela forma como é filmada onde assistimos aos acontecimentos pelos "olhos" do vento que envolve todo o cenário e as respectivas personagens.
Durante o MOTELx não tinha assistido a esta curta e hoje quando a vi pela primeira vez após ter recebido o respectivo prémio confesso que é daqueles filmes que conseguem facilmente conquistar o seu público pela excelência da sua concepção.
Aos dois realizadores desta excelente curta-metragem só posso dar os meus parabéns e deles espero pelos próximos trabalhos pois após ter assistido a esta só posso esperar mais e melhor.
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8 / 10
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Haikai Diamante (2011)

Haikai Diamante de André da Conceição Francioli era uma das curtas-metragens portuguesas em competição no MOTELx 2011 para a Melhor Curta Metragem de Terror.
Esta história leva-nos para o interior de uma floresta onde encontramos um homem em fuga. Depois de percorrer a mesma pára... e começa a regorgitar algo que será digno de um dos momentos mais... nojentos (sim, pode aplicar-se esta palavra) que tenho visto nos últimos tempos em cinema.
Algo mística e com um digno trabalho de fotografia que cria um ambiente perfeitamente misterioso e sinistro, esta curta não vai muito mais longe do que isso remetendo a narração/voz-off para uns monólogos que acabam igualmente por pairar no vago.
Muito interessante na atmosfera que pretende e consegue recriar mas um pouco vago e nulo nas restantes perspectivas.
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3 / 10
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The Shrine (2010)

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O Altar de Jon Knautz foi o único filme do MOTELx que ia ver sem saber o que me esperava. Escolhi vê-lo apenas como forma de preencher um dia para o qual nada tinha programado. A apresentação feita remetia-nos para influências e inspiração em variados filmes, nomeadamente O Exorcista. Apesar da minha curiosidade suspeitei um pouco considerando que "filmes inspirados em..." normalmente dão sempre um resultado bastante duvidoso e com muitas lacunas que só estragam é ainda mais um filme do que propriamente lhe darem alguma credibilidade.
Quanto ao filme propriamente dito, este começa com o violento rapto e desaparecimento misterioso de um jovem americano numa aldeia remota da Polónia.
É então que Carmen (Cindy Sampson), uma repórter, decide investigar este caso e perceber porque motivo desaparecem pessoas naquela mesma localidade há vários anos. Desafiando a sua colega Sara (Meghan Heffern) e Marcus (Aaron Ashmore) o seu namorado com quem tenta restabelecer a sua ligação sentimental.
Uma vez chegados à tão bizarra localidade onde todos parecem retirados de um cenário antigo e por onde a civilização ainda não passou deparam com uma estranha névoa no meio da floresta que, com o espírito curioso que têm, decidem investigar. Nessa mesma névoa, na qual se vêem obrigados a entrar após fugir a uma implacável perseguição por alguns dos rufias da aldeia, encontram uma estranha estátua que irá para sempre modificar os seus destinos.
Este filme que comecei por achar duvidoso e de fraca qualidade vai, aos poucos, aumentando o nosso gosto por ele. Inicialmente duvidamos e estranhamos. Achamos mesmo que está mal intepretado e que vai ser daquele tipo de filmes dos quais desistimos mal os começamos a ver mas, no entanto, aqui o que acontece é exactamente o contrário. Aquilo que achamos dele inicialmente transforma-se. Aos poucos vamos gostando da intriga que se apodera de nós e queremos, tal como eles, perceber o que se passa naquela tão estranha localidade que parece perdida e parada no tempo.
Mal Carmen entra naquela tão estranha névoa e encontra a estátua eu percebi logo do que se tratava e aí sim, as influências d'O Exorcista foram suficientemente óbvias. A estátua que elas ali encontram é, nada mais nada menos do que Pazuzu, o demónio que iria possuir a, à altura, tão jovem Linda Blair. O que mais me impressionou neste momento não foi a névoa nem tão pouco encontrarmos uma estátua perdida no meio de uma floresta mas sim o facto de essa mesma estátua, sem que nós nos apercebamos disso, ganhe vida e faça notar que sabe que está ali alguém a "admirá-la". Este momento é, de longe, um dos mais intimidantes durante todo o filme.
A partir daqui nada mais seria o mesmo durante o resto do visionamento. Se até aqui apesar de repleto de acção nenhuma tinha assustado... com esta pequena grande transformação a única coisa que não poderíamos esperar agora eram momentos de calmaria.
Confesso sem qualquer pudor que o momento na floresta com a dita estátua foi para mim algo de incomodativo e pensei que a partir daqui o filme iria tornar-se assustador. Não poderia estar mais... certo! Aqueles vinte minutos finais em que ficamos a perceber como funciona toda aquela povoação e especialmente o que se passa entre Carmen, Marcus e aquela família de três à casa dos quais a repórter e o seu namorado vão dar é no mínimo medonho... É aqui que a semelhança entre este filme e O Exorcista se torna mais evidente não só pelos comportamentos... como pela pequena fatiota que Carmen usa e também pelo ataque de verborreia que tem e a caracterização muito bem realizada que me trouxeram de novo à memória a tão saudosa menina Linda Blair.
No mínimo foi um susto e senti-me quase a colar à cadeira onde me encontra pois de facto a tensão foi a partir dali... MUITA!!!
A transformação deste filme que passa de algo "mal feito" para um interessante e bem pensado filme de terror é evidente. Todo o ritmo, história e mesmo as interpretações que eram inicialmente mais fraquitas compensaram e bem com o passar do tempo tornando este num dos melhores filmes de terror que vi nos últimos tempos, chegando mesmo a compará-lo à sua fonte de inspiração já aqui várias vezes referida como também ao mais recente [REC].
Chegado o final e dou por mim a pensar que mesmo nos momentos em que parece ser mais amador, este filme está realmente muito bem pensado e que conseguem, de certa forma, enganar-nos e iludir-nos de que vamos assistir a algo mais "fraquito". Não poderiamos estar mais enganados e aquilo que nos espera é realmente um forte e muito intenso filme de terror que nos revela que as primeiras impressões, não só do filme como dos seus intervenientes, podem por vezes estar muito enganadas e que aquilo que pensamos ser a raíz do mal mais não é do que a única forma de o manter afastado dos olhares mais curiosos de uma civilização que não se encontra preparada para certas... realidades. E que se destaque também a forma como o mal é exterminado, aqui muito bem retratado em tão interessante e original cartaz... e mais não digo.
Forte, intenso, com um bom argumento, caracterização e um ambiente tenebroso muito próprio, este filme tem ainda a curiosidade de ter no meio dos seus actores... um português... Paulino Nunes que encarna um dos "medonhos" habitantes daquela tão amaldiçoada aldeia.
Aconselho vivamente este filme... e aos mais nervosos... que se preparem...
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8 / 10
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9/11 The Day That Changed the World (2011)

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11/9 - O Dia em que Mudou o Mundo é um extraordinário documentário sobre o dia mais filmado e fotografado de toda a História. Dia esse que mudou para sempre todas as perspectivas que poderíamos ter sobre o mundo e pessoas que nos rodeiam.
Este documentário além de nos mostrar algumas imagens novas numa montagem perfeita de segmentos de vários outros documentários, consegue ainda testemunhos e entrevistas de alguns dos intervenientes daquele tão trágico dia.
Aqui não existem relatos sobre possíveis teorias da conspiração nem tão pouco sobre o que poderá ou não ter acontecido. É um documentário que relata apenas os factos que todos nós infelizmente conhecemos à medida que é acompanhado por interessantes relatos sobre as experiências pessoais que pessoas como Rudolph Giuliani ou Laura Bush, entre outros, tiveram.
Muito bem realizado, montado e com uma banda-sonora tocante e comovente, este documentário é um elemento histórico que não devemos perder.
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10 / 10
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sábado, 10 de setembro de 2011

Veneza 2011: palmarés

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SECÇÃO OFICIAL
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Leão de Ouro: Faustde Aleksander Sokurov
Leão de Prata Realizador: Shangjun Cai, Ren Shan Ren Hai
Prémio Especial do Júri: Terraferma, de Emanuele Crialese
Coppa Volpi Actor: Michael Fassbender, em Shame
Coppa Volpi Actriz: Deanie Yip, em Tao jie
Prémio Marcello Mastroianni: Shôta Sometani e Fumi Nikaidô, em Himizu
Osella Fotografia: Robbie Ryan, Wuthering Heights
Osella Argumento: Yorgos Lanthimos e Efthimis Filippou, em Alpis
Leone del Futuro - Premio Venezia Opera Prima “Luigi De Laurentiis”: Là-bas, de Guido Lombardi
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ORIZZONTI
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Premio Orizzonti: Kotoko di Shinya Tsukamoto
Prémio Especial do Júri: Whores’ Glory, de Michael Glawogger
Prémio Orizzonti Mediometraggio: Accidentes Gloriosos di Mauro Andrizzi e Marcus Lindeen
Prémio Orizzonti Cortometraggio: In attesa dell'avvento, de Felice D'Agostino e Arturo Lavorato
Menções Especiais: O Le Tulafale, de Tusi Tamasese, All The Lines Flow Out, de Charles Lim Yi Yong
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CONTROCAMPO ITALIANO
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Premio Controcampo (longa-metragem): Scialla!, de Francesco Bruni
Premio Controcampo (curta-metragem): A Chjàna, de Jonas Carpignano
Premio Controcampo Doc (documentário): Pugni chiusi, de Fiorella Infascelli
Menções Especiais: ao documentário Black Block, de Carlo Augusto Bachschmidt, a Francesco Di Giacomo pela fotografia de Pugni chiusi
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Leão de Ouro Carreira: Marco Bellocchio
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Jaeger-LeCoultre Glory to the Filmmaker Award 2011: Al Pacino
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Prémio Persol 3D per il più creativo cinema stereoscopico dell'anno: Zapruder Filmmakers Group (David Zamagni, Nadia Ranocchi, Monaldo Moretti)
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Prémio L'Oréal Paris per il cinema: Nicole Grimaudo
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