terça-feira, 31 de julho de 2012

Carla Lupi

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1965 - 2012
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Gore Vidal

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1925 - 2012
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Quarantine (2008)

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Quarentena de John Erick Dowdle é o remake norte-americano do filme espanhol [REC] de Jaume Balagueró e Paco Plaza, onde um grupo de indíviduos fica retido num prédio de Los Angeles depois de um misterioso surto epidémico infectar alguns dos seus habitantes.
Na mesma noite uma equipa de jornalista efectua uma reportagem sobre o trabalho nocturno de um conjunto de bombeiros que, numa chamada de emergência são levados àquele prédio e ali encerrados com os seus moradores. Sem saberem do perigo que os espera são ali todos encerrados naquela que será uma turbulenta e muito sangrenta noite.
Isto é o melhor e a mais correcta descrição que consigo fazer sobre este filme. O efeito surpresa em relação ao filme original já não é nenhum e sabemos perfeitamente quando vai acontecer o quê. A única diferença em relação em prédio em Barcelona centra-se precisamente no facto de aqui os moradores terem de pertencer quase obrigatoriamente a um conjunto variado de étnias e nacionalidades que retratem um universo variado de populações que povoam os Estados Unidos e fazendo assim com que a audiência nas salas de cinema possa ser um pouco mais alargada. Temos hispânicos, afro-americanos, europeus de leste e os de origem europeia nórdica dando assim um mosaico "perfeito" que vá agradar a gregos e a troianos.
O desenrolar do filme, para quem viu [REC] torna-se, em muitos momentos, bastante aborrecido. Temos os acontecimentos a decorrem ao mesmo ritmo, com os mesmos sustos apenas inovados com a presença de um cão que está tão infectado como a menina de Medeiros do filme original e que potencia um momento que poderia ser interessante mas que acaba abafado e sem qualquer interesse. Já sabemos como é o público norte-americano sempre sensível a excessos de violência que mostrem muito sangue... pelo menos para com alguns filmes.
No entanto, e a estragar em doses industriais o suposto suspense que este filme deveria ter, aqui os infectados são do mais mal pensados e caracterizados possível. Não só parecem em diversas ocasiões terem uma máscara colocada na cara em vez de uma caracterização que os torne realmente medonhos, como ainda por cima quando presos dentro de um apartamento parece que andam a saltitar por cima dos móveis como se de macaquitos charrados se tratassem. Enquanto que na história de Balagueró e Plaza os infectados metem realmente medo, aqui quase que damos por nós a rir com os berros histéricos que dão a fingir que nos querem meter medo.
O mesmo acontece com Jennifer Carpenter que nesse grande O Exorcismo de Emily Rose tanto impressionou mas que aqui mais parece uma amadora que não sabe para onde se virar. Muito sem sal e sem qualquer tipo de protagonismo como aquele alcançado por Manuela Velasco, não só Carpenter é abafada por um filme mau como todo o elenco não consegue ter uma interpretação que se consiga destacar em todo o filme.
Como uma clara vontade de se destacar da película espanhola este Quarentena não só não o consegue como acaba por repetir tudo aquilo que já vimos, mostrando assim que só existe para tentar criar um filme tão rentável nos Estados Unidos como o [REC] havia sido em Espanha, perdendo não só toda a originalidade como o suspense e o efeito surpresa.
É, em suma, um filme que nos distrai mas que não tem qualquer interesse.
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3 / 10
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segunda-feira, 30 de julho de 2012

O Amor Não Escolhe Idades (2008)

O Amor Não Escolhe Idades de Jorge Cardoso é um dos primeiros telefilmes que a TVI produziu no âmbito dos Casos da Vida, um conjunto de histórias exibidas semanalmente baseadas em casos reais ficcionados para o formato.
Esta produção conta-nos a história de Alberta (Rita Salema), uma professora que estando sózinha sentimentalmente, desenvolve algumas fantasias eróticas com Jorge (Francisco Côrte-Real) um dos seus alunos.
Depois destas fantasias proibidas ganharem um novo alento quando as partilha com Idália (Sónia Brazão), que a incentiva a passar à prática, Alberta ganha coragem e põe todas as suas fantasias em prática que, tal como é esperado, mais tarde ou mais cedo se tornam públicas arruinando assim toda uma reputação contruída ao longo da vida.
Assumidamente suspeito sempre deste género de histórias pois acabam, quase sempre, por resvalar num campo muito perigoso ao transformar um actor ou actriz quarentão... cinquentão... num "papa-adolescentes". Raramente as histórias são tratadas com a devida sobriedade, e acabamos por assistir a um conto repleto de imagens mais ou menos eróticas que pretendem validar a imagem de um protagonista também ele mais ou menos apagado no tempo. Infelizmente é isto que aqui acontece. Não vou discutir os dotes representativos da actriz Rita Salema que em diversas interpretações já mostrou ser talentosa e dona de uma simpatia contagiante. No entanto questiono-me se esta interpretação, e em particular este argumento, foram devidamente explorados e justificados para credibilizar tanto a sua interpretação como, claro está, a personagem que desempenha. Depois de muito pensar concluo que não.
À excepção de uns quantos momentos em que a personagem "Alberta" demonstra algum peso na consciência pelos seus pensamentos, e que consegue assim mostrar que aquela é uma situação que lhe é desconfortável, todo o restante telefilme mais não é do que passar à prática os pensamentos lascivos que a mesma tinha não os contextualizando ou sequer dando um seguimento lógico. Alberta quer... Alberta tem.
Além de tudo isto temos um conjunto de clichés mais ou menos recorrentes onde uma "cougar" que já está farta de homens da idade dela que "não lhe dão o devido valor", apenas consegue tê-lo às mãos de alguém que tem idade para ser filho dela, tornando assim todo o filme num conjunto de momentos gratuitos, sexualmente falando, mas que nem isso soube explorar devidamente fazendo com que os seus actores quase estejam embaraçados por estarem ali naquele momento.
Em suma, este telefilme é, de uma ponta à outra, um conjunto de clichés e momentos perfeitamente dispensáveis que poderiam ter sido muito melhor explorados. Aquilo que aqui vemos é, no final, mal executado.
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2 / 10
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domingo, 29 de julho de 2012

Chris Marker

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1921 - 2012
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Santos Manuel

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1933 - 2012
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Bridge (2010)

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Ponte de Ting Chian Tey é uma curta-metragem de animação na qual quatro distintos animais, um urso, um alce, um guaxinim e um coelho, tentam atravessar uma ponte. Neste processo acabam por se tornar obstáculos uns aos outros sendo que os maiores e mais fortes exercem o seu poder sobre os mais pequenos como forma de os afastar do caminho.
Quem, e sob que circunstâncias, conseguirá atravessar aquela ponte?
Uma simpática e muito bem construída história sobre a vontade de alcançar um acordo (ou a sua falta) e sobre o quanto estamos dispostos a chegar a um compromisso para o qual todos os envolvidos podem, e devem, ceder num determinado momento.
Com algum humor à mistura e bonecos animados muito bem executados esta é uma curta-metragem que vale a pena ver.
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7 / 10
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sábado, 28 de julho de 2012

Relic (2012)

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Relíquia de Sam Jordan-Richardson e James Coughlin é uma curta-metragem britânica que nos mostra um mundo apocalíptico onde Scott, um jovem de quinze anos, sobrevive sózinho com a memória dos seus pais e irmão que percebemos terem morrido após um holocausto nuclear.
Numa luta diária pela procura de alimentos, Scott teme encontrar outros sobreviventes que possam colocar em risco não só a sua segurança como a sua sobrevivência. Existirão ou não outros por ali que, ao contrário dele, procuram mais do que simplesmente sobreviver?
Gostei particularmente do início desta curta-metragem, não só pela sua premissa que apesar de já vista parece promissora, mas fiquei francamente desiludido com o recorrente cliché de fuga constante de um desconhecido agressor que apenas teve como objectivo dar a conhecer alguns "toques" de parkour que o actor principal protagoniza, e muito particularmente com um final abrupto e pouco esclarecedor ou conclusivo sobre o destino destas personagens.
Ainda assim vale pelo interessante trabalho de fotografia que com as suas luzes e cores esbatidas e desfocadas aliadas ao próprio cenário de desolação e destruição conseguem (re)criar um interessante ambiente de um mundo que já morreu e aos poucos desaparece.
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5 / 10
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sexta-feira, 27 de julho de 2012

Tony Martin

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1913 - 2012
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Vaffanculo (2012)

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Vaffanculo de Nuno Filipe é uma curta-metragem que me deixou na expectativa desde o primeiro momento em que dela tomei conhecimento, graças ao seu tão explícito título. Se por um lado tinha uma intensa curiosidade para saber o que daqui vinha por outro tinha igualmente as minhas reservas pois quando o título causa choque... pode não ser necessariamente pelos melhores motivos.
Dois casais... um protagonista e outro mais escondido vivem um caso meramente sexual de troca de casais sem que saibam uns dos outros. Pelo meio da traição existem dois assassinatos cometidos pelo casal protagonista aos seus respectivos amantes. Sentimentos de culpa, raiva, ciúme e adultério que rapidamente dão lugar ao delírio e à paranóia, povoam o argumento desta curta.
Se por um lado o argumento desta curta, também da autoria de Nuno Filipe, é interessante, a sua execução está bem fragilizada. Começando pelos dois actores protagonistas... se por um lado ele se mostra demasiadamente "fora" do contexto quase como se nada se estivesse a passar à sua volta, ela é o seu oposto. Está por todo o lado num misto de histeria e desconcertação que fazem com que metade do que diga e do que tenta exprimir num over-acting de pouca qualidade se perca pelo caminho. A excessiva teatralidade da actriz dá total credibilidade à exxpressão "Less is more".
Como se isto não bastasse a interecção entre ambos roça algo amorfo... Sem vida e desprovido de naturalidade roça quase sempre a excessiva teatralidade mecânica como se se limitassem a debitar o texto sem qualquer pensamento nas palavras, e nas emoções, que se tentam transmitir. Exemplo perfeito disto estão os instantes seguintes ao primeiro assassinato onde ambos falam como se tivessem acabado de beber um café pela enésima vez.
O próprio argumento, que não dá muita margem de manobra à expressividade de ambos, deveria ter muito menos clichés sobre a relação falhada por um lado, e por outro sobre a casualidade de uns quantos encontros sexuais que vão colmatando a indiferença que o casal sente entre si.
Finalmente em aspectos técnicos há pouco de positivo a destacar... o som está mediano tornando a compreensão das falas dos actores quase incompreensível por momentos, e mesmo no que diz respeito à fotografia e luz (ou falta dela) tem bastantes falhas.
Esta curta consegue ter um argumento e história interessantes que não consegue, no entanto, encontrar uma execução digna daquilo que poderia ter sido. E mesmo o final onde deparamos com uma conclusão (desnecessária) daquilo a que assistimos, acaba por se tornar difícil de compreender o porquê de tal justificação. Tivesse a história decorrido com uma maior fluência e execução do fio condutor e esta seria perfeitamente dispensável... Já assim o é.
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2 / 10
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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Lupe Ontiveros

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1942 - 2012
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Veneza 2012: Filmes em competição no Festival Internacional de Cinema

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APRÈS MAI, de Olivier Assayas (França)
AT ANY PRICE, de Ramin Bahrani (EUA - Grã-Bretanha)
BELLA ADDORMENTATA, de Marco Bellocchio (Itália)
LA CINQUIÈME SAISON, de Peter Brosens e Jessica Woodworth (Bélgica, Holanda, França)
LEMALE ET HA’CHALAL, de Rama Burshtein (Israel)
È STATO IL FIGLIO, de Daniele Ciprì (Itália, França)
UN GIORNO SPECIALE, de Francesca Comencini (Itália)
PASSION, de Brian de Palma (França, Alemanha)
SUPERSTAR, de Xavier Giannoli (França, Bélgica)
PIETA, de Ki-Duk Kim (Coreia do Sul)
OUTRAGE BEYOND, de Takeshi Kitano (Japão)
SPRING BREAKERS, de Harmony Korine (EUA)
TO THE WONDER, de Terrence Malick (EUA)
SINAPUPUNAN, de Brillante Mendoza (Filipinas)
LINHAS DE WELLINGTON, de Valeria Sarmiento (Portugal, França)
PARADIES: GLAUBE, de Ulrich Seidl (Áustria, França, Alemanha)
IZMENA, de Kirill Serebrennikov (Rússia)
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Heavenly Appeals (2009)

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Recurso Celestial de David Lisbe é uma muito divertida curta-metragem de animação que nos conta a história de Raymond K. Hessle, um condenado a anos de tortura no Inferno que agora tem a sua oportunidade de tentar entrar no Paraíso.
No entanto, apesar do anjo encarregado do seu processo não lhe facilitar a vida, Hessle terá finalmente a oportunidade de provar o seu mérito para passar aquele tão cobiçado portão dourado.
Simples, divertida e com uma interessante premissa sobre as segundas oportunidades (ou falta delas), esta é uma curta-metragem que deve ser vista pela mensagem que dela guardamos no final.
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8 / 10
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quarta-feira, 25 de julho de 2012

The Curse of the Jade Scorpion (2001)

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A Maldição do Escorpião de Jade de Woody Allen é uma longa-metragem norte-americana onde o actor/realizador volta a participar enquanto intérprete dando vida a CW Briggs, um perito de seguros que, juntamente com Betty Ann Fitzgerald (Helen Hunt) a sua superiora na empresa, é hipnotizado por Voltan (David Ogden Stiers) e levado a assaltar as casas em que instalou alarmes para roubar as jóias aí existentes.
Poderá CW descobrir o verdadeiro criminoso e ilibar-se de um crime que não cometeu?
À semelhança das demais obras de Allen, além de dirigir The Curse of the Jade Scorpion também escreveu o argumento desta história dando vida a personagens repletas de pequenas neuroses que giram em torno de um protagonista (ele próprio), naquela que poderá facilmente ser considerada como uma personagem extensão do próprio Allen. "CW Briggs", personagem à qual da vida, dificilmente poderia ser confundida com outro que não o próprio Allen, não só por ser o centro de toda uma trama que parece não ter fim ou solução como apresenta todas as neuroses a que o cineasta já habituou o seu público e pequenas mas determinantes características como, por exemplo, ter todas as mulheres com quem contracena literalmente "aos seus pés". Se alguém iniciasse uma visualização deste filme sem saber quem era o seu realizador... certamente lá chegaria sem grandes ajudas.
Dito isto, o que é The Curse of the Jade Scorpion? Ambientado nos anos idos anos 40 com a piada de circunstância sobre o "alemão de bigode pequenino" a pairar no ar, o espectador sabe que se encontra numa Nova York ainda afastada da guerra e que ainda poderia perder o seu tempo com crimes e hipnoses a si associadas, enquanto que o resto do mundo vivia o seu grande drama ao qual, do outro lado do Atlântico, poucas atenções parecia receber. Aliás, se este filme pudesse em algo suscitar crítica a esses tenebrosos anos, essa residiria no facto de toda uma população (alemã) aparentar viver sobre a tal hipnose que ou os fazia ignorar o que acontecia pelas suas ruas ou então os levaria a cometer "sem consciências" a maior barbárie a que o século passado assistiu... Ambas as hipóteses são, como poderemos calcular, assustadoras demais para pensar que Allen foi assim tão longe.
De regresso a The Curse of the Jade Scorpion e esquecendo as hipóteses mirabolantes com que escreveu e dirigiu este filme, o que aqui temos afinal? Contrariamente ao inicialmente divulgado, The Curse of the Jade Scorpion é mais uma das inúmeras neuroses de Allen em funcionamento. Longe de qualquer humor capaz de nos fazer sorrir, esta história apresenta alguns actores com desempenhos sólidos para a longa-metragem em questão como por exemplo a já mencionada Hunt, Dan Aykroyd ou até mesmo Charlize Theron e uma improvável Elizabeth Berkeley com personagens secundárias mas que, pela força de um "necessário" e exigido protagonismo do realizador não conseguem desenvolvê-las e suplantar um neurótico Allen que obriga toda a produção a girar à sua volta com pouco conteúdo e incapaz de dinamizar uma história que até poderia ter algum potencial. Terá alguém, de facto, presenciado alguma comédia à custa do seu "CW"? Altamente improvável!
Com uma sólida composição técnica na direcção de fotografia de Zhao Fei e até mesmo a direcção artística, guarda-roupa e caracterização, aquilo que falta a The Curse of the Jade Scorpion é, no fundo, um protagonista capaz de dinamizar a atenção do espectador ou, por outro lado, um realizador capaz de se afastar da constante necessidade de expôr uma parte de si nas personagens que cria como se tudo no mundo fosse sobre o próprio. Encontramos potencial naquilo entregue pelos demais actores, e possivelmente com maior vontade de as conhecer do que ao próprio "CW" mas tendo todo o protagonismo e todas as acções ou direccionadas ou vindas do próprio... que espaço resta para os demais?
De um argumento que depende única e exclusivamente das suas acções e da sua presença, de personagens que giram à sua volta ou mesmo, no caso feminino, que parecem desejá-lo como se o mundo fosse terminar "amanhã", The Curse of the Jade Scorpion acaba por ser mais um devaneio "Alleniano" com muita parra... e pouquíssimo sumo. Salvem-se os secundários pois deles poderiam ter existido histórias interessantes... da afirmação da "Betty Ann" de Helen Hunt à insegurança do "Magruder" de Aykroyd passando pela sensualidade e sexualidade extrema da "Laura" de Charlize Theron sem esquecer a veia criminosa do "Voltan" de Ogden Stiers... todos eles poderiam ter feito um filme mais interessante e eventualmente com o tal humor que faltou a The Curse of the Jade Scorpion que apenas pode entusiasmar os mais acérrimos defensores de Woody Allen... esquecendo todos os demais cinéfilos.
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2 / 10
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terça-feira, 24 de julho de 2012

Blessure (2009)

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Blessure de Johan Vancauwenbergh é uma curta-metragem belga que nos relata a história de um invulgar (ou talvez não) triângulo amoroso entre Tom (Steven Boen), Steven (Tom De Hoog) e a mulher deste Marie (Janne Desmet).
Quando Steven põe fim ao seu relacionamento extra-matrimonial com Tom, este resolve devolver todos os pertences do seu amante à mulher deste sem contar nada do que se passara entre ambos. No entanto Marie irá descobrir involuntariamente o que o marido fez durante o seu "me time".
Simples e bem filmada curta-metragem que nos relata um casamento, e verdadeiros sentimentos, atraiçoados numa história cujo argumento ainda é algo fora do comum. Não é brilhante devido à sua escassa duração, mas tinha potencial para poder ter sido um filme um pouco mais longo.
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7 / 10
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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Cool (2012)

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Cool de João Garcia, João Rodrigues e Francisco Manuel Sousa é uma curta-metragem que nos dá a conhecer Zé Barata (João Rodrigues), um agente especial da União Nacional de Cervejas que, como testemunho de passagem para o irmão mais novo Chico Barata (Francisco Rodrigues), recorda os seus próprios tempos de novato onde defrontou Jorge, o Terrível (Joaquim Nicolau).
Esta simpática e divertida curta-metragem recheada de um humor negro e bem conseguido consegue cativar-nos logo de início. Simpatizamos com aquelas tão caricatas personagens que, interpretadas por actores bem jovens, falam como se anos e anos sem fim já tivessem passado pelas suas vidas.
O humor não pára pelo comportamento do já "experiente" Zé Barata continuando pelo seu relato dos seus tempos de juventude, onde só a barba (ou a ausência dela) faz diferença, levando-nos a um ambiente quase tenebroso dentro daquela taberna onde os seus caricatos frequentadores dão um ar de graça simplesmente com a sua presença.
O duelo entre Jorge, o Terrível e Zé Barata é quase inarrável. Não sabemos se havemos de ficar espantados e surpreendidos ou se por sua vez devemos rir logo no momento. A dinâmica entre os dois actores está francamente deliciosa.
A igualmente brilhante fotografia de Pedro Bessa transforma a taberna num local quase proibido de se frequentar, constituindo assim um dos pontos positivos da curta-metragem que só peca pela sua muito escassa duração. Assumidamente queria ver mais.
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6 / 10
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domingo, 22 de julho de 2012

Treasure Guards (2011)

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Guardiães do Tesouro de Iain B. MacDonald é um telefilme de origem alemã com um elenco internacional que apesar de alguns rostos conhecidos não consegue alcançar o devido protagonismo. Não pela falta de qualidade daquilo que a história poderia ter sido mas sim pelo fraco dos meios que tem disponíveis.
Victoria Carter (Anna Friel) é uma arqueóloga que descobre numas escavações um pergaminho que lhe indica o paradeiro do selo do Rei Salomão que, segundo a lenda, lhe foi entregue por Deus.
Na companhia de Angelo (Raoul Bova) um representante do Vaticano e de Luca (Volker Bruch) partem em busca do tesouro não sem serem "acompanhados" por outra equipa liderada pelo pai de Victoria que fora raptado e obrigado a trabalhar contra vontade.
Quem conseguirá chegar primeiro ao selo do Rei Salomão?
Bom... se por um lado é justo dizer que este género de filme de aventuras e alguma acção que tem como pano de fundo um tema histórico consegue facilmente atrair as atenções de qualquer cinéfilo, pois nem só de filmes ditos mais "sérios" o cinema é feito, por outro lado percebemos muito cedo que aqui não vamos ter algo que seja digno de um registo positivo.
Das interpretações que pouco "calor" têm limitando-se a banais clichés típicos e vulgares no género, nem a interpretação de Raoul Bova escapa à banalidade como um homem derrotado pelo amor que dedica a sua vida à propagação da fé e dos ideais católicos. E isto já para não falar numas quantas personagens que, apesar de serem secundárias, não têm qualquer contributo relevante para o filme limitando-se a ser quase como um "tapa-buracos" cuja única e exclusiva função é encher um pouco o filme levando-o a não ter espaços mortos durante a sua narrativa.
E o mesmo se pode dizer do argumento. Banal e sem sal sabemos perfeitamente onde e quando vai suceder o quê, onde não nos surpreende pela positiva e até mesmo quem é afinal o vilão de serviço que apesar da sua grande amabilidade e voluntariedade em descobrir o tesouro revela abertamente que nada de bom poderá sair daquela sua personagem. Essencialmente é um filme sem o dinamismo necessário para o género.
Resumidamente numa frase, é o tipo de filme de domingo à tarde que mesmo sabendo ser fracota gostamos de ver pois entretém e faz passar o tempo mas que nada de memorável nos irá apresentar.
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4 / 10
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sábado, 21 de julho de 2012

Franka Stain (2012)

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Franka Stain de Riccardo Di Gerlando é uma curta-metragem italiana feita apenas por pessoas com necessidades especiais.
A história dá-nos a conhecer uma mulher que imagina um mundo distante e onde todos os individuos que ali habitam são diferentes. Muito semelhantes às personagens dos contos de ficção e terror ao estilo de, como o próprio nome indica, Frankenstein que aqui é Franka Stain.
Um homem em busca do seu amor perdido resolve, através das investigações do seu falecido tio Victor, trazê-lo de volta à vida. Para tal embarca numa viagem desde o seu castelo até a uma gelataria num cemitério onde os resultados das cremações são transformados em deliciosos gelados com os sabores e aromas daqueles que partiram. Daí devem continuar viagem para o Bar Bara, onde uma mulher com este nome se encarrega de terminar o feitiço que faz consumar o regresso dos entes queridos.
Cheio de pequenos momentos de divertida e inocente comédia, o mote principal desta simpática curta-metragem é apenas um... o amor. Sentimo-lo logo de início com as primeiras e sensíveis imagens de uma rosa que, sem sabermos para quê, vai sendo desfeita aos poucos. O porquê só o sabemos no exacto final e reparamos que no meio de uma fértil imaginação que transporta aquela mulher para um qualquer outro lugar, o seu pensamento está, no entanto, apenas com um propósito.
Excelente, e também de referir, o trabalho de fotografia que transforma a imaginação num cenário a preto e branco como um claro reflexo de algo desejado mas não obtido.
Simpática, divertida e com boas doses de sensibilidade e humor é uma curta-metragem que vale a pena ser vista pela sua mensagem que nos mostra que o amor (ou a sua necessidade) está ao alcance de todos.
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6 / 10
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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Ted (2012)

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Ted de Seth MacFarlane é provavelmente um dos filmes que mais antecipei ver este Verão. Agora que já o vi posso confirmar que tinha boas razões para tal.
John é um miúdo de um bairro periférico que não tem amigos. Todos o repudiam... mesmo aqueles que são normalmente alvo de pancadaria dos mais fortes. Quando chega o Natal e os pais lhe oferecem um urso de peluche quase tão grande como ele próprio, John encontra ali o amigo que nunca teve e onde sente poder depositar toda a sua confiança e desabafos. John encontrou o seu amigo perfeito que deseja poder falar-lhe tal como ele faz. Por vezes há desejos que se concretizam e Teddy ganha misteriosamente vida tornando-se assim no amigo que John sempre quis ter.
Com o passar dos anos seria de esperar que John (Mark Wahlberg) se tivesse tornado num homem independente e adulto e que o seu amigo de infância fosse apenas uma miragem na sua memória mas, pelo contrário, Teddy, agora Ted (Seth MacFarlane) continua ainda a ser o melhor amigo de John mesmo que Lori (Mila Kunis), a sua namorada lhe diga que tem de ser finalmente independente de um urso de peluche e seguir em frente com a sua vida.
Ted é um filme que poderia facilmente cair no absurdo e no ridículo e ser um dos maiores flops dos últimos tempos arruinando assim uma muito bem conseguida, e gerida, carreira de Wahlberg. No entanto, não só o actor tem uma interpretação completamente feita à sua medida como existe uma intensa química entre a sua personagem e um urso de peluche que tem, curiosamente, a interpretação (se assim se pode chamar) do filme. Digamos que Ted, e o muito mérito que a expressiva voz de Seth MacFarlane tem, são a alma do filme. A química existente entre ambos é absoluta e conseguem criar verdadeiros momentos de boa disposição e humor mesmo que para isso tenham de puxar ao mais ordinário mas que aqui estão perfeitamente bem enquadrados e todos nós queremos ver e ter muito mais... e o que é certo é que nenhum de nós vai olhar para o tapete das compras na caixa do supermercado da mesma forma... muito menos para o gel de banho... e mais não digo!
Mark Wahlberg tem uma excelente interpretação. Se durante a maior parte do filme temos um homem adulto com comportamentos de uma criança pequena, o que é certo é que ao mesmo tempo consegue alternar para um registo adulto e com comportamentos ditos normais da sua idade. Não sendo possivelmente a interpretação da sua carreira, não deixa igualmente de ser verdade que esta será uma daquelas pela qual será recordado. Não lhe vai dar um Oscar mas a nomeação ao Globo de Ouro... não sei não...
Mila Kunis que aqui interpreta Lori, a namorada de John, consegue ser o elemento lúcido do trio, e criar a ligação adulta à vida de John. Uma interpretação bem mais ligeira do que a que teve em Cisne Negro mas, ainda assim, firme e que demonstra que esta actriz irá realmente ter uma carreira promissora. Destaque ainda para a interpretação secundária de Giovanni Ribisi com a sua assustadora(mente) disfuncional interpretação como o homem que cresceu a desejar ter um Teddy e que educou um igualmente disfuncional filho que consegue fazer tremer o mais corajoso dos homens. Os seus segmentos finais são no mínimo hilariantes. E também para Sam. J. Jones, mítico actor desse "mau" clássico Flash Gordon que aqui volta como uma versão drogada e plastificada... dele próprio.
Para lá das óbvias obscenidades que iremos ter ao longo de TODO o filme, verdade seja feita à verdadeira mensagem que este pretende alcançar. A amizade verdadeira e a cumplicidade existente entre dois seres que aqui se assumem como um humano e um urso de peluche que ganhou vida, mas independentemente de serem o que forem, é o que está por detrás de todas as acções. Este filme mostra-nos de uma forma mais ou menos real, dependendo dos momentos em causa, o crescimento de dois indivíduos e de como a sua amizade pode transformá-los nos mais variados momentos. Até mesmo a forma como ambos podem crescer à cista dessa mesma amizade. Como ela pode ser verdadeira e incondicional e especialmente como a verdadeira amizade que uma pessoa sente por outra pode ser ao ponto de abdicar da sua própria felicidade.
Possivelmente poucas pessoas vão pensar nisto quando vão estar a ver este filme. Menos ainda se calhar aqueles que pensam nisto depois de sair da sala de cinema mas, acima de qualquer obscenidade que nos faça rir e "gargalhar", o que é certo é que esta é uma das mais bem conseguidas histórias de amizade, contada através da comédia, feita nos últimos tempos.
Simplesmente delirante.
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"John e Ted: When you hear the sound of thunder
Don't you get too scared.
Just grab your thunder buddy
And say these magic words:
"Fuck you, thunder!
You can suck my dick!
You can't get me thunder
'Cause you're just God's farts!""
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8 / 10
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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Aristides de Sousa Mendes - O Cônsul Injustiçado (1995)

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Aristides de Sousa Mendes - O Cônsul Injustiçado de Teresa Olga foi o mais revolucionário documentário sobre a vida do Cônsul de Bordéus que ao passar mais de trinta mil vistos naquela cidade francesa salvou dos campos de extermínio e da morte milhares de cidadãos.
Digo revolucionário porque até à data a sua obra era pouco conhecida fora da própria área e, mesmo esta, pretendia esquecer tão nobre atitude por pertencerem ao meio muitos nomes que fizeram parte do corpo diplomático de "outros tempos". Acrescento ainda que foi quase um acto de ousadia a realização deste documentário. Aristides de Sousa Mendes obteve um estatuto quase intocável com a divulgação do seu nome. Por um lado algo que havia estado tantos e tantos anos escondido estava agora ao alcance do conhecimento de todos. Quem quis e viu tinha agora a certeza que não havia sido só Oskar Schindler a salvar milhares das garras do extermínio nazi e que, curiosamente, um desses salvadores falava português... a sua língua.
Através de imagens da época e de uma extensa mas muito bem elaborada pesquisa documental e histórica, este documentário escrito pela então jornalista da RTP, Diana Andringa, obteve quase um estatuto de culto entre o género, quer pela sua excelência quer pela já referida curiosidade que despertou em muitos portugueses. Eu fui um deles.
A diplomacia, especialmente a diplomacia de valores que anos mais tarde seria referência na academia, que centrava a sua atenção sobre aqueles que desafiam a autoridade e os seus superiores, pondo em evidência (e em clara importância) os valores da dignidade, da vida humana e sobretudo dos Direitos Humanos, obtiveram uma importância tal que vários foram os nomes que seriam falados nos anos seguintes, graças à "agora" conhecida brava acção de Sousa Mendes.
O documentário preza ainda pela coerência e destacada investigação histórica que abriu portas a novos trabalhos sobre tão esquecidos arquivos e documentação, revelando a extrema importância que é em salvaguardar tão rico património que este Homem deixou de legado para as gerações futuras mas que, pelas circunstâncias do regime que perdurou em Portugal, se mantiveram esquecidos durante anos e anos. Preza também pelo destaque dado à Casa do Passal, residência do diplomata, e que se encontrou (e se calhar ainda encontra) durante anos na mais perfeita degragação e esquecimento, como se esta representasse o apagar da sua memória em vez de se trabalhar para a sua elevação a um Museu pela sua obra.
Este é, sem qualquer margem para dúvida, um documentário que deveria fazer parte obrigatória do ensino em Portugal pois só transmitindo a sua obra é que a sua memória irá perdurar. A todos aqueles que tiverem a oportunidade de ver este documentário (que passa tantas vezes na RTP Memória) não deixem de o ver.
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10 / 10
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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Plague (2009)

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Praga de Matt Simpson e Joseph Avery é mais uma das inúmeras curtas-metragens que encontramos online sobre uma praga zombie que devasta o planeta deixando um conjunto muito reduzido de sobreviventes.
Vilhelms (Joseph Avery) é um refugiado letão em Inglaterra que tenta ter finalmente uma vida normal, deixando para trás um passado de tráfico de armamento. É quando chega ao seu novo país e tenta construir uma vida normal que uma estranha praga dá vida aos mortos que procuram carne humana para se alimentarem. Ninguém está a salvo, questionando-se assim a hipótese de existir ou não lugar às segundas oportunidades.
Aquilo que torna esta curta-metragem não uma obra original mas sim algo de destaque é a própria filmagem. Normalmente estamos habituados a ver este género de filme como contado no próprio momento em que a acção decorre. Aqui, no entanto, temos uma obra onde aquilo a que assistimos é uma recordação e memória de um passado mais ou menos recente. Não só os momentos de reflexão de Vilhelms isso nos indicam, como também as próprias cores esbatidas e jogos de luzes presentes fazem com que as imagens que nos são apresentadas nos lembrem uma velha fotografia cuja imagem se tem perdido no tempo.
Quanto ao argumento, escrito por Matt Simpson, não encontramos grandes elementos inovadores, afinal o género que representa também não o permite mas consegue, no entanto, criar uma atmosfera que nos leva a pensar se existirá ou não esperança para um futuro, não só para aquela personagem em concreto mas também para a própria Humanidade que se vê afectada por tal calamidade.
Apesar de não ser propriamente original consegue ser uma interessante curta-metragem que preza pela sua qualidade quer de argumento quer filmica e constitui assim uma obra que merece ser visionada.
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7 / 10
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terça-feira, 17 de julho de 2012

Shame (2011)

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Vergonha de Steve McQueen foi a segunda colaboração do realizador inglês com Michael Fassbender, após o estrondoso Hunger, e que deu ao actor alemão a Coppa Volpi de Veneza, a nomeação ao BAFTA, ao Globo de Ouro e a inúmeros outros prémios confirmando-o assim (se é que ainda era necessário) como um dos grandes talentos cinematográficos do momento, e que veio para ficar.
Brandon (Fassbender) tem uma boa e organizada vida profissional e um bom apartamento em Nova York. No entanto tem um enorme segredo que aos poucos o vai consumindo. Brandon é viciado em sexo e o seu único propósito diário é acordar e encontrar uma forma de alcançar o próximo orgasmo. Seja com alguém no escritório, alguém que vê passar na rua, o importante é que este seu segredo seja diariamente saciado.
Toda a sua vida e organização são abalados quando reaparece na sua vida Sissy (Carey Mulligan), a sua irmã de quem percebemos estar separado há bastante tempo e também com pouca vontade de a rever. É esta chegada que irá acabar com a aparentemente perfeita e bem organizada vida de Brandon e o lançar no espiral de decadência que aparenta não ter um fim.
Um filme com este tipo de argumento poderia facilmente cair no absurdo de se tornar num filme apenas e só sobre sexo. No entanto, estando por detrás dele alguém como Steve McQueen e na interpretação principal esse que se pode chamar seguramente de gigante da interpretação como é Michael Fassbender, nada poderia cair no absurdo ou ser banalizado. Assim, também de uma forma algo simplista poderia dizer que este filme é essencialmente sobre as necessidades básicas de cada um. Poderia ser sobre a procura de abrigo, de comer, mas aqui a necessidade é o sexo. Não o sexo sob uma perspectiva de procriação mas simplesmente o sexo pelo sexo. Não há afecto, não há intuito de procriar mas sim o sexo que algures no tempo foi procurado como fonte de prazer e que é agora uma obrigação e a forma de obter a próxima "trip" de satisfação, tornando-se naquilo que se pretende ser o mote principal desta história... a dependência.
Tal como um drogado que procura substâncias ilícitas para alcançar o seu paraíso, ainda que momentâneo,  Brandon levanta-se da cama cada manhã com o único intuito de obter mais um orgasmo. Pode ser com alguém que encontrou na rua, no metro, no bar onde vai depois do trabalho ou até mesmo no escritório onde passa os seus dias frente a um computador onde apenas procura tudo o que se relacione com sexo. Este é o seu objectivo de vida... a sua dependência.
Dependência esta que não tem qualquer tipo de limites. Todos os meios lhe servem para a satisfazer. Sejam prostitutas, engates fortuitos em bares ou discotecas gay, cibersexo, revistas pornográficas ou até a imaginação e sugestão que alguém que encontra lhe provoca. Todos os meios são válidos para a satisfazer, variando apenas a forma de o concretizar de facto, o que a torna cada vez menos secreta pelo que constatamos quando o seu computador de trabalho é levado para reparação.
É esta mesma dependência que de certa forma o proibe de ter relacionamentos significativos com outras pessoas. Tem poucas pessoas que possa considerar como amigos e mesmo esses pertencem àquele pequeno núcleo que convive em bares apenas para um potencial engate de ocasião, acabando também eles por se tornarem num veículo para satisfazer a sua dependência mesmo que apenas por breves instantes.
Em oposição a Brandon temos Sissy, a sua irmã (interpretada por Mulligan). Uma jovem mulher que ao contrário de Brandon pretende ser alvo de afecto de todos aqueles que conhece. Sissy pretende que alguém a ame, que trate dele, que lhe dê atenção, carinho e afecto. A sua necessidade de ter alguém a seu lado faz com que se relacione facilmente com as outras pessoas, acabando por apresentar tal como Brandon uma dependência que apenas difere da dele no propósito final. Enquanto ele não pretende saber o nome ou quem é a pessoa com quem se deita, Sissy pretende ter alguém a seu lado que a ame.
A relação entre os irmãos Brandon e Sissy poderá, se analisarmos, ser explicativo da sua actual condição. Percebemos que os limites e as barreiras do normal relacionamento entre ambos não existe. A exposição à nudez, os muito breves instantes em que existe algum afecto bem como alguns dos diálogos entre ambos dão a perceber que o seu passado está ensombrado. Nunca nos é revelado nenhum detalhe, afinal não é sobre isso que o filme trata, mas percebemos que acontecimentos incestuosos ou de abuso sexual enquanto menores, poderiam explicar, por exemplo, a mutilação a que Sissy se sujeita. Algo no passado está, sem qualquer margem para dúvidas, directamente ligado com estas dependências de sexo (Brandon) e de afecto (Sissy).
Estes acontecimentos passados podem ser mais facilmente identificados no comportamento de Sissy... a mutilação a que se sujeita desde muito jovem, o relacionamento que quase chega a ser incestuoso com Brandon que chega ao ponto de querer dormir com ele, a constante necessidade de uma ideia de afecto venha lá ele de onde vier revelam-nos que algures no seu passado está algo por explicar. No entanto, mesmo em Brandon existem sinais como o nunca atender ou responder aos inúmeros telefonemas da sua irmã e a sua fria relação quando se encontra na sua presença. Tal como ela diz... eles não são maus... vêm sim de um lugar mau...
Se pensarmos bem neste filme, ninguém além destes dois actores poderia ter dado vida a estas personagens. De Michael Fassbender já noutras ocasiões referi o seu enorme potencial e capacidade de encarnar as mais intensas personagens e histórias. Ecléctico e sempre intenso, quem o viu em Hunger sabe que o seu potencial não tem limites e que com ou sem Oscar (acreditem que ele ainda irá ganhar uns quantos), o seu talento jamais poderá ser questionado. Ele é bom... Ele é MUITO BOM. Fassbender é o rosto perfeito para encarnar um Brandon atormentado. Sim, ele vive atormentado. A sua vida está longe de ser perfeita como aparentemente poderiamos pensar. Nada do que ele faça ou ninguém com quem ele esteja tem outro propósito que não satisfazer incansavelmente a sua dependência. O sexo é aqui para Fassbender o que a bebida foi para Nicolas Cage há largos anos num brilhante Leaving Las Vegas... o veículo perfeito para a sua auto-destruíção. Aqui o sexo já não é prazer... é uma obrigação a ser satisfeita tal como o era o alcoól no referido filme para Cage. Ambos sabem o que precisam... Ambos sabem onde tê-lo... Ambos sabem que o que querem os vai destruir. A única aparente diferença é o final destas personagens nos seus respectivos filmes. Fassbender e McQueen "encontraram-se" naquela que será uma muito longa (espero) e inspiradora parceria cinematográfica.
E ninguém melhor do que Carey Mulligan para ser a sua actriz protagonista. Mulligan é o perfeito rosto inocente que procura um porto seguro. A sua vontade de ser amada, muito à semelhança do que já acontece em Drive onde a parte deste filme se afirma novamente como uma das actrizes do momento, são francamente ternas e reveladoras de uma fragilidade imensa expressa não só pelas suas palavras mas principalmente pelas suas expressões e gestos.
McQueen volta a ter ao seu serviço Sean Bobbitt, o mesmo director de fotografia de Hunger, que aqui recria através dos contrastes de luz e cor, dois ambientes perfeitamente distintos. Se por um lado temos o apartamento de Brandon com cores desprovidas de vida (logo sentimento) onde o branco percorre todo o espaço, por outro temos exteriores em rua ou outros espaços onde a cor predomina, demonstrando que a vida continua a percorrer todos os outros espaços onde outras pessoas existem de facto, não se limitando a viver uma vida de obrigação e dependência.
Shame, será um filme incompreendido por muitos, ignorado por outros tantos principalmente pela sua franqueza na exposição nua e crua de um assunto ainda tão tabu como o sexo (que o é), especialmente se considerarmos que por detrás dele está uma incansável busca anónima e sem qualquer tipo de sentimento. O facto de ser abordado como uma dependência, tal como se de uma droga se tratasse, coloca-o num patamar de "substância proibída" que em última análise levará aquele que o procura num estado de total de decadência e degradação. No entanto, tal como todas as dependências, também esta tem as suas tentações. Esta, por sua vez, encontra-se literalmente em todos os lugares e recantos disponível para todos aqueles que a querem. Não se esconde... oculta-se, mas está ali... sempre ali.
McQueen entrega-nos outro grande filme com duas excelente interpretações que nos fazem esperar pelo seu próximo trabalho, também ele com Fassbender em parceria com Brad Pitt, Twelve Years a Slave. Deste Shame só me resta dizer que é de longe um dos melhores filmes do ano.
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"Sissy: We're not bad people, we just come from a bad place."
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10 / 10
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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Zombey (2011)

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Zombey de Jack De La Mare é uma bem disposta curta-metragem britânica que, como o próprio nome indica, perpetua o cinema zombie. E sim, digo bem disposta pois foge um pouco às contínuas mortes dramáticas, aliando-as aqui a um grande sentido de humor. Nunca chegamos a ter medo ou assustarmo-nos com nada, antes pelo contrário, a tensão é aqui do início ao fim dissipada com algum humor nonsense.
Um grupo de amigos foge de uma recente praga zombie e refugia-se numa escola primária que, não para nosso espanto, está infestada com os mortos vivos que assumem aqui várias "personalidades". Desde estudantes a professores passando pelos administrativos e pessoal de limpeza todos aqui são o resultado devastador (ou talvez não) desta epidemia.
Os momentos são sempre fruto de alguma boa disposição e percebemos claramente que desde técnicos a actores não estão à espera de ser glorificados com este trabalho o que faz com que a sua beleza resida exactamente neste aspecto. Se este trabalho fosse para levar a sério, certamente as críticas negativas iriam "chover". Assim aquilo que aqui temos é um bom resultado de entretenimento que nos conseguem quer prender quer distrair ao longo de pouco mais de quarenta minutos onde o humor completamente desprovido de sentido é rei e senhor. E resulta.
Animada e realmente bem disposta esta curta-metragem deve ser vista mais que não seja pelo conjunto de artimanhas efectuadas por este tão singular grupo de sobreviventes que recorre a tudo o que tem à mão (mesmo que seja absurdo) para sobreviver.
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6 / 10
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domingo, 15 de julho de 2012

Celeste Holm

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1917 - 2012
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Festival Internacional de Curtas-Metragens de Vila do Conde 2012: vencedores

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COMPETIÇÃO INTERNACIONAL
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Grande Prémio “Cidade de Vila do Conde”: A STORY FOR THE MODLINS, de Sergio Oksman
Animação: TRAM, de Michaela Pavlatova
Documentário: A COMUNIDADE, de Salomé Lamas
Ficção: WITHOUT SNOW, de Magnus von Horn
Vila do Conde Short Film Nominee: MANHÃ DE SANTO ANTÓNIO, de João Pedro Rodrigues (European Film Awards 2012)
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COMPETIÇÃO EXPERIMENTAL
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Prémio Experimental: ARCANA de Henry Hills
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COMPETIÇÃO VIDEO MUSICAL
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Prémio Canal 180: I FINK U FREEKY - DIE ANTWOORD, de Roger Ballen
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COMPETIÇÃO CURTINHAS
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Prémio Mar Shopping: O DESESPERO DA LARANJA, de John Banana
Menção Honrosa: LUMINARIS, de Juan Pablo Zaramella
Menção Honrosa: FLAMINGO PRIDE, de Tomer Eshed
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COMPETIÇÃO NACIONAL
Melhor Filme: OS VIVOS TAMBÉM CHORAM, de Basil da Cunha
Menção Honrosa: A CIDADE E O SOL, de Leonor Noivo
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COMPETIÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL
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Prémio do Público “Mateus Rosé Sparkling”: LES ENFANTS DE LA NUIT, de Caroline Deruas
Prémio RTP2 Onda Curta: OS VIVOS TAMBÉM CHORAM, de Basil da Cunha, FLAMINGO PRIDE, de Tomer Eshed, PYTHAGASAURUS, de Peter Peake, SILENT, de L. Rezan Yesilbas, TRAM, de Michaela Pavlatova
PRÉMIO CANAL + (Espanha): KALI, O PEQUENO VAMPIRO, de Regina Pessoa
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COMPETIÇÃO TAKE ONE!
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Prémio Smiling, Prémio Instituto Português do Desporto e da Juventude, Prémio Restart, Prémio Agência da Curta Metragem e Prémio RTP2 Onda Curta: DO MUNDO, de Manuel Guerra
Menção Honrosa: MUPEPY MUNATIM, de Pedro Peralta
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15º VIDEORUN RESTART
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1º Lugar
Prémio Canon e Prémio Instituto Restart: UM ÚLTIMO OLHAR, de Helder Faria, Luis Sergio, Michell Silva
2º Lugar: 20 X 3 = ZERO, de Andrea Gomez, Didac Gilabert, Teresa Santos
3º Lugar: VINTE VER, de Filipe Lima Barbosa, André Gil Dínis, Pedro Mota, Gonçalo Loureiro, Fernando Machado
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sábado, 14 de julho de 2012

Stable Minds (2010)

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Stable Minds de Klay Abele é uma curta-metragem que decorre num mundo pós-apocalíptico e que tenta reflectir sobre a condição humana onde os sobreviventes são poucos.
Desde uma escassa apresentação que nos dá a entender que um vírus mortal que teve a sua origem em África e que dizimou o planeta até algumas parcas dissertações sobre os dilemas da moral em tempo de crise, a palavra-chave desta curta é apenas e só uma... escasso. Tudo aqui é uma miragem do que poderia ter sido uma boa curta e, excepção feita ao competente trabalho de fotografia que torna todo o ambiente tão frio como se pretende num mundo a morrer, o demais é perfeitamente banal e já visto em dezenas de outras curtas-metragens melhor conseguidas.
Valha, ainda assim, o esforço e boa vontade com que o realizador fez este trabalho.
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3 / 10
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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Sage Stallone

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1976 - 2012
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Richard D. Zanuck

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1934 - 2012
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Magic Mike (2012)

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Magic Mike de Steven Soderbergh tornou-se num filme amado e odiado antes sequer de estrear. Amado por uns por ser o filme em que o seu actor principal iria mostrar mais do que os seus dotes representativos, e odiado por outros por esse motivo mas também por ser realizado pelo homem que entregou Traffic e Erin Brokovich que era o mesmo que dizer... estava a descer os padrões de qualidade.
Se por um lado uns se enganaram será justo dizer que os outros também. Nem Soderbergh está a baixar os padrões de qualidade do seu cinema, simplesmente aqui mudou um pouco o registo, também é justo dizer que se esperam ir ver algo mais "gratuito" estão bem enganados.
Mike (Channing Tatum) de dia trabalha na construção e à noite é stripper num bar onde causa sensação entre as inúmeras mulheres que vão assistir ao seu espectáculo. No seu trabalho diurno conhece o desajustado Adam (Alex Pettyfer) que tenta sobreviver à custa de trabalhos ocasionais que encontra mas não tendo, para nenhum deles, a devida vocação.
A vida de Adam dá uma inexplicável reviravolta quando Mike o torna no seu protegido e o lança no seu primeiro espectáculo de striptease que, apesar da sua falta de jeito, lhe dá o sucesso e o dinheiro que ele tanto procura.
Longe de ser um filme gratuito e sem jeito este Magic Mike, à semelhança do que acontece com os já referidos títulos assinados por Soderbergh, é acima de tudo um conto sobre a vida de algumas pessoas inadaptadas e desajustadas que encontram num estilo de vida alternativo, não incorrecto mas sim diferente daquele a que estavam habituados a ter, o seu próprio estilo de vida.
A questão principal que aqui se coloca é como (sobre)viver num mundo onde as portas se vão fechando sucessivamente às nossas próprias vontades e ambições? Resignar e aceitar o mundo tal como ele é ou libertarmo-nos dos nossos estigmas e pontos proibídos e abraçar as oportunidades que nos aparecem à porta?
E esta sobrevivência não se baseia apenas na de Adam. É principalmente através de Mike que assistimos a essa luta por se afirmar. Se inicialmente temos um Mike disposto a fazer do striptease a sua forma de vida, não deixa igualmente de ser verdade que apenas o fez como forma de um dia poder ter o seu próprio negócio de construção. E esta luta pela sua própria sobrevivência não fica por aqui. Mais tarde com Adam, tenta igualmente manter-se vivo ao escolhê-lo como seu "discípulo" e dar assim continuidade ao negócio que o popularizou.
A dar vida a "Mike" temos um perfeito Channing Tatum que aqui não só deposita muita alma como dá literalmente o corpo ao manifesto. Todos nós já sabemos que o seu início de carreira foi igual à personagem que interpreta, e que o próprio filme teve a sua dose de autobiográfica, e como tal temos o actor a mostrar algo que é, de certa forma, um pouco de si. Sóbrio e competente, mesmo nos momentos mais ousados do filme, Tatum consegue não cair numa qualquer vulgaridade e mostrar que nas mãos do realizador certo é mais do que uma "cara bonita" que entretém o público feminino mais ou menos jovem. Não irá a Oscar como aconteceu com Julia Roberts em Erin Brokovich mas arrisco dizer que este é, apesar da sua temática, o filme de viragem na carreira do actor.
Destaque ainda para Alex Pettyfer que nesta sua interpretação de um jovem apagado pelas circunstâncias e rumo que a sua vida levou consegue mostrar o exacto oposto da personagem de Tatum. Enquanto um leva este estilo de vida para alcançar um objectivo que de outra forma lhe é negado, Pettyfer encarna a postura da pessoa que na falta desses mesmos objectivos se deixa deslumbrar pelo dinheiro e vida fácil que percebemos ser de curta duração.
De certa forma esta dupla de actores complementam-se e conseguem mostrar dois bem distintos lados do mesmo estilo de vida. Um usa-se dela.. o outro deixa-se por ela usar.
Seria no entanto impossível falar deste filme sem referir aquele que se torna central em cada cena em que participa... Matthew McConaughey. "Dallas", a sua personagem, tem tanto de delicioso como de malicioso. Se por um lado é o eterno bem disposto dono do bar que abraça aqueles homens como se fossem da sua família por outro, nos momentos mais (in)oportunos bem lhes lembra que eles não são mais do que seus meros funcionários e fonte de rendimentos. Tem de cómico e divertido tanto como de obscuro e matreiro, esta poderá ser a interpretação que lhe valerá uma nomeação a um Oscar.
E temos assim este Magic Mike que, à semelhança das outras obras do realizador, se centra na viagem de descoberta pessoal das suas personagens que tentam desesperadamente encontrar o seu lugar no mundo, o seu espaço, os seus seres queridos e sobretudo uma validação dos seus actos. Validação essa que nunca chegará pela aprovação dos outros mas sim pela auto-aprovação que se encontra escondida e oculta por entre os acções que se realizam para sobreviver. Pelo caminho, temos uma viagem que atravessa dificuldades, amizade, droga, sexo, roubo, atritos e uma grande consciencialização que também a idade passa por aqueles que muito rapidamente a esquecem.
Longe de ser um filme profundo onde as reflexões sobre a vida assumem um lugar decisivo, é no entanto um filme onde a consciencialização da própria vida bate com muita força, e muito depressa, à porta daqueles que se lembram de se esquecer dela.
Acima de tudo é divertido e bem disposto e termina tal e qual como esperamos que termine. Sem surpresas mas com um caminho difícil até lá chegar. Soderbergh não desilude pelo filme que fez, antes pelo contrário, consegue mantê-lo alguns patamares acima do seu congénere Showgirls tocando nos mesmos temas sem roçar brutalmente a vulgaridade, e mantendo toda a viagem de ascenção, queda e normalização de uma vida num ritmo que, apesar das circunstâncias, pode ser familiar a qualquer um de nós.
E quanto àqueles que pensam ir ver neste filme nada mais do que um conjunto de danças mais ou menos eróticas com muita carne à mistura... hey... isto não é porno...
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7 / 10
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quinta-feira, 12 de julho de 2012

The Cold Light of Day (2012)

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À Fria Luz do Dia de Mabrouk El Mechri foi um dos filmes aguardados devido à participação de dois dos actores que já há algum tempo precisavam de um belo destaque para revitalizar as suas adormecidas carreiras. Falo claro está de Bruce Willis e Sigourney Weaver que em tempos movimentaram verdadeiros batalhões de fãs às salas de cinema.
Quando Will (Henry Cavill) visita os pais Martin (Willis) e Laurie (Caroline Goodall) em Espanha, deixa para trás uma vida agitada nas finanças que pode a qualquer momento ruir. Percebemos que a relação entre pai e filho não são as melhores mas avizinham-se umas férias de mar e de tranquilidade até ao momento em que Will recebe um telefonema em que percebe que perdeu tudo.
Depois de um pequeno acidente no barco em que Will se ausenta tudo muda rapidamente. Quando regressa ao barco descobre que todos desapareceram e sem qualquer tipo de explicação. Ao tentar avisar a polícia perceber que algo de muito grave aconteceu e que por detrás do estranho desaparecimento da sua família algo de muito mais grave está escondido mas que só ele poderá resolver.
É de reparar logo de início que com a presença de dois actores com uma carreira tão estabelecida no cinema eu pouco, muito pouco aliás, me referi a eles. A verdade é que eles durante todo o filme têm uma prestação tão secundária quanto a atenção que eu aqui lhes dediquei.
Bruce Willis com esta sua muito contida e reservada interpretação nem parece o actor que deu vida a John McLance na saga Die Hard. Não só aparece muito misterioso e apagado como a sua presença no filme, toda ela somada, não deve ultrapassar os cinco minutos de duração. Tudo o que viermos a saber dele acaba por ser um relato daquilo que aqueles que com ele "conviveram" revelam para criar a sua própria personagem. Basicamente qualquer actor menos "preparado" poderia tê-lo feito e Willis aqui assume-se apenas como um nome sonante para dar alguma maior credibilidade ao filme em questão.
Já Sigourney Weaver que aqui se assume como a mente criminosa da história, apesar de ter uma interpretação um pouco mais duradoura, não assume o potencial que a sua personagem poderia ter. Nem tão pouco está com a garra a que estamos habituados a vê-la limitando-se a disparar uns quantos tiros e a fazer cara de má sempre que aparece.
Aqui o protagonismo chega por parte daquele que se deveria assumir como a "estrela emergente" que é o caso de Henry Cavill. O actor que se arrisca demasiadamente a ficar rotulado como intérprete de filmes de acção, e pouco mais, tem aqui todo o protagonismo do filme. Pouco se aproxima do drama mas sim de uma interpretação feita ao sabor do minuto, sempre ele recheado de instantes de acção e de pensamento rápido, Cavill encarna bem, ou pelo menos dentro do possível, aquilo que dele é esperado. Corre, gesticula, leva muito murro e pontapé, volta a correr e no final de tudo além de estar todo partido consegue sobreviver a tanto problema que nem ele próprio deve ter percebido de onde chegou.
Crédito seja igualmente dado à actriz espanhola Verónica Echegui que de repente assume o protagonismo num filme que lhe pode abrir portas para um mercado cinematográfico mais abrangente, não pelos dotes da sua interpretação que, para o género, estão dentro do desejável, mas porque tal como referi anteriormente, muitos irão ver este filme pelos nomes sonantes e mediáticos que o acompanham.
Apesar de ser um filme com alguma intensidade e que nos consegue prender ao ecrã pela sua fluidez e ritmo acelerado, este não é o filme no qual queremos ver estes actores. Eu pelo menos gostava de ver a Sigourney Weaver num filme dramático mais "pesado" e "denso" que mostrasse que ela é capaz de muito mais, e não num filme onde quase parece quererem mostrar que ela ainda está para as curvas e que consegue dar uns quantos tiros. Alguém que se lembre dela por favor para um Aliens feito à sua medida... ou outro A Noite da Vingança.
Acabamos por gostar do filme porque é do género que nos consegue distrair enquanto o vemos e têm algumas boas e interessantes sequências de acção que conseguem cumprir bem aquilo que representam mas, ao mesmo tempo, sabemos perfeitamente ao acabar de o ver que não é "aquele" filme que vamos recordar durante muito tempo. É, em suma, um interessante filme de acção com uma história já algo batida e, em certos momentos, até previsível.
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6 / 10
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quarta-feira, 11 de julho de 2012

[REC]³ Génesis (2012)

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[REC]³: A Origem de Paco Plaza é o terceiro título da saga que nos transporta para um ambiente completamente diferente daquele que conhecemos. Enquanto nos dois primeiros filmes a acção decorre naquele tão tenebroso prédio de Barcelona durante uma madrugada, aqui somos levados para umas alucinantes vinte e quatro horas de um casamento e respectiva boda onde, como já será de esperar, tudo vai correr mal... muito mal.
Clara (Leticia Dolera) e Koldo (Diego Martín) são o casal perfeito. Jovens e apaixonados vivem um para o outro. O seu passo natural é o casamento para o qual convidam todos os seus familiares e amigos. Depois de um animado casamento todos se dirigiram para a boda onde comer, beber e dançar seriam a forma perfeita de homenagear aquele perfeito casal. Este é o dia mais feliz das suas vidas.
Ainda que lhe dêem pouca ou nenhuma atenção, afinal estão num casamento onde as bebedeiras são mais que normais, alguns estranhos acontecimentos começam a suceder a um ritmo alucinante e percebemos que algo está prestes a começar.
Sem darmos conta a infecção alastra por aquele casamento como um fogo e no meio de tanta confusão e agitação perdemos a noção (por mais pequena que seja) de quem está afinal infectado ou a tentar fugir deles. O pânico é a partir deste momento geral e os sobreviventes, ao que cedo iremos perceber, são muito poucos.
Apesar de na sua essência a história ser em muito semelhante à dos dois anteriores filmes, não podemos deixar de realçar alguns detalhes diferentes que aqui ganham vida. Este filme retrata os acontecimentos prévios àquilo que iremos ver nos outros dois títulos. Esta é, como o próprio nome indica, a história que deu origem aos trágicos acontecimentos do prédio de Barcelona. No entanto ainda não está clara a verdadeira origem daquele vírus, ou possessão demoníaca, se bem que a menina de Medeiros e alguns outros acontecimentos durante a boda dão uns indícios daquilo que realmente se passa por detrás de todo este enredo e que suspeito teremos um convincente desfecho no próximo [REC] Apocalipse e que será, pelo menos assim tudo o aponta, o último título desta tão macabra saga.
Outro interessante aspecto que este título nos revela é um maior desenrolar da acção ao ar livre. Temos alguns momentos o segundo título em que temos momentos em exteriores mas nada que ponha os infectados em campo aberto. Aqui, pela primeira vez, é o que sucede. Para o terceiro título, mas temporalmente o primeiro, deparamos com um surto infeccioso ainda sem contenção, permitindo assim aos infectados percorrerem um vasto território livres para capturar todos aqueles que lhes façam frente.
Uma outra inovação que este filme nos dá é que ao contrário dos dois primeiros títulos, a gravação do que se passa deixa de ser em tempo real para mescla de tempo real/câmara na mão para o tradicional filme de terror em que a história nos está a ser relatada. Estamos num casamento... Para além do típico câmera que está a gravar toda a cerimónia, temos também um conjunto vasto de pessoas que com os seus telemóveis e câmaras portáteis gravam, também eles, todo o casamento e boda à medida que ele decorre. Além de uma única perspectiva dos acontecimentos teremos, talvez nesse agora tão aguardado título, um relato do que se passou contado pelas diversas câmeras que ali se encontravam. Mais realista ou não, terá o seu interesse ver o que sucedeu à medida que um grupo de infectados entrou pela boda e aterrorizou todos os convidados.
Finalmente outro aspecto inovador que este filme nos dá a conhecer é a existência pela primeira vez na saga de uma verdadeira heroína. A "Clara" de Leticia Dolera está para a saga [REC] aquilo que Sigourney Weaver esteve para a saga Aliens. Ela com muito medo, mas só com ele sobrevive a coragem, enfrenta aquele bando de infectados com uma moto-serra como se não houvesse dia de amanhã (e na volta não haveria mesmo). O aparecimento desta heroína era um dos factores essenciais para transformar este conjunto de filmes numa verdadeira saga, algo que Manuela Velasco não conseguiu, sendo apenas a vítima perfeita dos dois primeirs títulos.
Algo me faz suspeitar que a madrugada na qual decorre esta boda é a mesma, temporalmente falando claro está, do primeiro filme, colocando a infecção em dois lugares distintos e fazendo assim com que ao efectuar a reportagem aos bombeiros a "nossa" Manuela Velasco não soubesse ainda de tão misteriosos acontecimentos. Talvez a própria Jennifer fosse uma das convidadas deste casamento que tão surpreendentemente "sobreviveu" ao sucedido... Afinal todos nós sabemos o que sucedeu àquele autocarro cheio de crianças...
Algo me faz suspeitar que a caracterização deste filme da autoria de David Ambit, Kevin Carter, Juan Olmo e Patricia Reyes terá, também ela, uma nomeação aos Goya do próximo ano. Seria minimamente justo considerando a transformação que muitos destes actores tiveram e que os torna, no mínimo, medonhos.
Destaco ainda a química perfeita entre o par protagonista. Leticia Dolera e Diego Martín são encantadores. Quando os acontecimentos se iniciam esperamos e desejamos que pelo menos eles consigam aqui escapar dos infectados e que os possamos ver no próximo filme. As suas imagens do passado que vemos no decorrer das gravações que os seus amigos fizeram são no mínimo uma esperança de que algo de bom pode, e deve, acontecer... Mas só para quem fôr ver o filme é que saberá o que realmente acontece, pois de mim não levam grandes informações a esse respeito...
Finalmente e para encerrar este comentário destaco ainda a poderosa fotografia de Pablo Rosso que transforma o dia mais feliz da vida daquele casal, e de certa forma da vida de todos os convidados (ou pelo menos assim parece) de algo perfeito e celestial repleto de luz e alegria, num sinistro e macabro espaço onde a escassez de luz confunde quem é quem. Exemplo perfeito é o estado de sítio em que fica o salão e o túnel onde Clara vai finalmente colocar os pontos nos is.
Se forem tão entusiastas desta saga como eu já esperam o quarto e último (?) título para terem todas as respostas às vossas perguntas satisfeitas. Até lá a única coisa que posso acrescentar é que se gostaram dos dois primeiros títulos vão com toda a certeza gostar também deste. Apesar do estilo da narrativa ser um pouco diferente... não vai desiludir ninguém. Apenas vai aguçar o apetite para o próximo título onde como o próprio indica... teremos o Apocalipse.
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"Clara: El dia más feliz de mi vida!"
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8 / 10
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