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Melhor Filme: Keep the Lights On, de Ira Sachs
Menção Honrosa: Beauty, de Oliver Hermanus e She Monkeys, de Lisa Aschan
Melhor Actriz: Cláudia Ohana e Vanessa Giácomo, em A Novela das 8
Melhor Actor: Thure Lindhardt, em Keep the Lights On e Deon Lotz, em Beauty
Melhor Documentário: Jaurès, de Vincent Dieutre
Menção Honrosa: Olhe para Mim de Novo, de Claudia Priscilla e Kiko Goifman
Melhor Curta-Metragem: Along the Road, de Jerry Carlsson e Anette Gurnnasson
Prémio Pixer Bunker de Melhor Curta-Metragem Portuguesa: Bankers, de António da Silva
Prémio do Público Longa-Metragem: A Novela das 8, de Odilon Rocha
Prémio do Público Documentário: Vito, de Jeffrey Schwarz
Prémio do Público Curta-Metragem: Ce n'est pas un Film de Cow-Boys, de Benjamin Parent
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domingo, 30 de setembro de 2012
Douro Film Harvest 2012: os vencedores
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Food Films: Toast, de S. J. Clarkson.
Wine Films: Terra d'Oportunitats, de Roger Roca
.Curtas da Casa: Mulher Mar, de Filipe Pinto e Pedro Pinto
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Wine Films: Terra d'Oportunitats, de Roger Roca
.Curtas da Casa: Mulher Mar, de Filipe Pinto e Pedro Pinto
Frühstück? (2002)
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Pequeno-Almoço? de Alexander Pfeuffer é uma curta-metragem alemã que nos retrata um estranho trio amoroso onde Til (Tobias Schenke) é o alvo de interesse sexual e amoroso não só dos amigos que o rodeiam, homens e mulheres, como também dos ocasionais engates homossexuais que procura, sem pensar que bem perto dele pode estar a pessoa que o ame de facto, em prol de ocasionais encontros que o satisfaçam momentaneamente.
Sem grande argumento por explorar à parte das relações próximas que estão sempre desencontradas, acabando por se consolidar, ainda que por momentos, à mesa do pequeno-almoço, esta curta vive mais da temática específica em que se encontra do que propriamente da riqueza do seu conteúdo que, como disse, é escassa.
Ainda assim para os apreciadores do género consegue ser mais uma daquelas histórias de amor que, todos sabemos, estão desprovidas de sentimento e que nunca vão acabar bem... apenas vivem de momentos.
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3 / 10
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Festival Internacional de Cinema de San Sebastian 2012: os vencedores
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SELECÇÃO OFICIAL
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Concha de Oro Filme: Dans la Maison, de François Ozon
Prémio Especial do Júri: Blancanieves, de Pablo Berger
Concha de Plata Realizador: Fernando Trueba, por El Artista y la Modelo
Concha de Plata Actriz: Macarena García, por Blancanieves e Katie Coseni, por Foxfire
Concha de Plata Actor: José Sacristán, El Muerto y ser Feliz
Prémio do Júri Fotografia: Touraj Aslani, por Fasle Kargadan
Prémio do Júri Argumento: François Ozon, por Dans la Maison
Menção Especial do Júri: The Attack, de Ziad Doueiri
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Prémio KUTXA Nuevos Directores: Carne de Perro, de Fernando Guzzoni
Menção Especial: Parviz, de Majid Barzegar
Menção Especial: El Limpiador, de Adrián Saba
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Prémio Horizontes: El Último Elvis, de Armando Bo
Menção Especial: Era Uma Vez Eu, Verónica, de Marcelo Gomes
Menção Especial: Después de Lucía, de Michel Franco
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Prémio Serbitzu Saria: Pura Vida, de Pablo Iraburu e Migueltxo Molina
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Prémio do Público: The Sessions, de Ben Lewin
Prémio Filme Europeu: The Angels' Share, de Ken Loah
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Prémio Euskatel de la Juventud: 7 Cajas, de Juan Carlos Maneglai e Tana Schémbori
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Prémio TV Otra Mirada: Shesh Peamim, de Jonathan Gurfinkel
Menção Especial: The Attack, de Ziad Doueiri
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PRÉMIOS XI ENCUENTRO INTERNACIONAL DE ESTUDIANTES DE CINE
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Prémio Panavision: The Mass of Men, de Gabriel Gauchet
Participação no SHORT FILM CORNER de Cannes: The Mass of Men, de Gabriel Gauchet, Wedding Duet, de Goran Mihailov e I Think This is the Closest to How the Footage Looked, de Yuval Hameiri e Michal Vaknin
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PRÉMIOS CINE EN CONSTRUCCIÓN 22
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Prémio Cine en Construcción de la Industria: Gloria, de Sebastián Lelio
Prémio Norteado: Tanta Agua, de Ana Guevara e Leticia Jorge
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Prémios Cine en Movimiento 8: Le Veau d'Or, de Hassan Legzouli e Moug, de Ahmed Nour
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Prémio SIGNIS: Días de Pesca, de Carlos Sorin
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Prémio da Asociación de Donantes de Sangre de Gipuzkoa - Solidaridad / Elkartasun Saria: Le Capital, de Costa Gravas
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Prémio Sebatiane 2012: Joven & Alocada, de Marialy Rivas
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Donostia Carreira: Tommy Lee Jones, John Travolta e Ewan McGregor
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Prémio Especial 60º Aniversário: Dustin Hoffman e Olivier Stone
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SELECÇÃO OFICIAL
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Concha de Oro Filme: Dans la Maison, de François Ozon
Prémio Especial do Júri: Blancanieves, de Pablo Berger
Concha de Plata Realizador: Fernando Trueba, por El Artista y la Modelo
Concha de Plata Actriz: Macarena García, por Blancanieves e Katie Coseni, por Foxfire
Concha de Plata Actor: José Sacristán, El Muerto y ser Feliz
Prémio do Júri Fotografia: Touraj Aslani, por Fasle Kargadan
Prémio do Júri Argumento: François Ozon, por Dans la Maison
Menção Especial do Júri: The Attack, de Ziad Doueiri
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Prémio KUTXA Nuevos Directores: Carne de Perro, de Fernando Guzzoni
Menção Especial: Parviz, de Majid Barzegar
Menção Especial: El Limpiador, de Adrián Saba
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Prémio Horizontes: El Último Elvis, de Armando Bo
Menção Especial: Era Uma Vez Eu, Verónica, de Marcelo Gomes
Menção Especial: Después de Lucía, de Michel Franco
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Prémio Serbitzu Saria: Pura Vida, de Pablo Iraburu e Migueltxo Molina
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Prémio do Público: The Sessions, de Ben Lewin
Prémio Filme Europeu: The Angels' Share, de Ken Loah
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Prémio Euskatel de la Juventud: 7 Cajas, de Juan Carlos Maneglai e Tana Schémbori
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Prémio TV Otra Mirada: Shesh Peamim, de Jonathan Gurfinkel
Menção Especial: The Attack, de Ziad Doueiri
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PRÉMIOS XI ENCUENTRO INTERNACIONAL DE ESTUDIANTES DE CINE
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Prémio Panavision: The Mass of Men, de Gabriel Gauchet
Participação no SHORT FILM CORNER de Cannes: The Mass of Men, de Gabriel Gauchet, Wedding Duet, de Goran Mihailov e I Think This is the Closest to How the Footage Looked, de Yuval Hameiri e Michal Vaknin
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PRÉMIOS CINE EN CONSTRUCCIÓN 22
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Prémio Cine en Construcción de la Industria: Gloria, de Sebastián Lelio
Prémio Norteado: Tanta Agua, de Ana Guevara e Leticia Jorge
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Prémios Cine en Movimiento 8: Le Veau d'Or, de Hassan Legzouli e Moug, de Ahmed Nour
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Prémio SIGNIS: Días de Pesca, de Carlos Sorin
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Prémio da Asociación de Donantes de Sangre de Gipuzkoa - Solidaridad / Elkartasun Saria: Le Capital, de Costa Gravas
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Prémio Sebatiane 2012: Joven & Alocada, de Marialy Rivas
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Donostia Carreira: Tommy Lee Jones, John Travolta e Ewan McGregor
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Prémio Especial 60º Aniversário: Dustin Hoffman e Olivier Stone
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Festróia 2012: os vencedores
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MELHOR FILME – GOLFINHO DE OURO: A PARADA, de Srdjan Dragojevic
PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI – GOLFINHO DE PRATA: CRULIC, de Anca Damian
MELHOR REALIZADOR – GOLFINHO DE PRATA: Branko Schmidt, por Canibal Vegetariano
MELHOR ACTOR – GOLFINHO DE PRATA: Max Hubacher, por Adotado
MELHOR ACTRIZ – GOLFINHO DE PRATA: Amanda Pilke, por Porto Nu
MELHOR ARGUMENTO – GOLFINHO DE PRATA: Olivier Ringer e Yves Ringer, por Às Escondidas
MELHOR FOTOGRAFIA – GOLFINHO DE PRATA: Tuomo Hutri, por Porto Nu
GOLFINHO DE OURO CARREIRA: Alexandra Lencastre
PRÉMIO DO PÚBLICO: A PARADA, de Srdjan Dragojevic
MELHOR FILME – GOLFINHO DE OURO: A PARADA, de Srdjan Dragojevic
PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI – GOLFINHO DE PRATA: CRULIC, de Anca Damian
MELHOR REALIZADOR – GOLFINHO DE PRATA: Branko Schmidt, por Canibal Vegetariano
MELHOR ACTOR – GOLFINHO DE PRATA: Max Hubacher, por Adotado
MELHOR ACTRIZ – GOLFINHO DE PRATA: Amanda Pilke, por Porto Nu
MELHOR ARGUMENTO – GOLFINHO DE PRATA: Olivier Ringer e Yves Ringer, por Às Escondidas
MELHOR FOTOGRAFIA – GOLFINHO DE PRATA: Tuomo Hutri, por Porto Nu
GOLFINHO DE OURO CARREIRA: Alexandra Lencastre
PRÉMIO DO PÚBLICO: A PARADA, de Srdjan Dragojevic
PRÉMIO HOMEM E A NATUREZA: PEQUENO CÉU, de Lieven Corthouts
PRÉMIO PRIMEIRAS OBRAS: A GRALHA, de Boudewijn Koole
MENÇÃO ESPECIAL: OS DIAS QUE RESTAM, de Pia Streitmann
PRÉMIO FIPRESCI: BOA NOITE, MENINA, de Metod Pevec
PRÉMIO SIGNIS: ÀS ESCONDIDAS, de Olivier Ringer
PRÉMIO CICAE: PORTO NU, de Aku Louhimies
PRÉMIO MÁRIO VENTURA: 7 DA SORTE, de Claudia Heindel
PRÉMIO PRIMEIRAS OBRAS: A GRALHA, de Boudewijn Koole
MENÇÃO ESPECIAL: OS DIAS QUE RESTAM, de Pia Streitmann
PRÉMIO FIPRESCI: BOA NOITE, MENINA, de Metod Pevec
PRÉMIO SIGNIS: ÀS ESCONDIDAS, de Olivier Ringer
PRÉMIO CICAE: PORTO NU, de Aku Louhimies
PRÉMIO MÁRIO VENTURA: 7 DA SORTE, de Claudia Heindel
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sábado, 29 de setembro de 2012
Dawn of the Dead (2004)
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O Renascer dos Mortos de Zack Snyder é o remake da longa-metragem zombie de George Romero de 1978 onde após uma devastação planetária às mãos dos mortos que regressaram inexplicavelmente à vida, um conjunto de sobreviventes reune-se num centro comercial como sua última esperança de sobreviver aos terríveis e trágicos acontecimentos.
Uma enfermeira, um polícia, um vendedor e um jovem casal estão entre estes sobreviventes e todos eles, à sua maneira, tentam perceber o que se passou numa madrugada para ter modificado radicalmente o mundo que todos conheciam e que agora mais não é do que uma recordação, ao mesmo tempo que tentam barricar-se e pensar numa forma de irem para algum local onde poderão usufruir de maior segurança.
Como mesmo estando mal é possível ficar pior, os problemas e as dificuldades rapidamente surgem, especialmente quando eles encontram naquele centro comercial formas de voltar à sua rotina pré-apocalipse, resolvendo finalmente sair dali rumo a outras paragens.
Para um filme desta temática muito particular, é refrescante ver o conjunto de actores conhecidos que aderiu à "causa"... Sarah Polley, Ving Rhames, Jake Weber ou Mekhi Phifer são apenas alguns desses rostos. E igualmente interessante é verificarmos que mesmo para este género específico as suas interpretações conseguem não só ser repletas de emoção e acção mas, ao mesmo tempo, granjearem-nos com algum dramatismo e mágoa como reflexo dos dias de maior segurança e estabilidade que agora já não voltariam a ter. Os medos, as ansiedades e as recordações do que perderam e especialmente daqueles que já não voltarão a ver, conseguem ser dramaticamente inseridos nas suas interpretações que ganham assim alguma maior vitalidade e profundidade pouco típicas do género que está normalmente mais concentrado em criar a maior quantidade de sangue possível no mais curto espaço de tempo.
E este sangue existe... e muito, sempre acompanhado de magníficas caracterizações que realmente impressionam, de mortos-vivos que fogem ao tradicional e movimentam-se bem rapidamente para caçar o próximo naco de carne, que é como quem diz alguém que ainda respire, e também aquele que é, pelo menos que me lembre, o primeiro nascimento de um morto-vivo (passo a redundância), tudo isto ao ritmo de tentativas de racionalização dos actos destas personagens que, na sua maioria, chegam rapidamente aos comportamentos mais animalescos do ser humano que em circunstâncias ditas "normais" todos tentariam esconder e reprimir.
De todas as dezenas de filmes que já vi sobre esta temática, este consegue ser um dos poucos que impressiona pela sua qualidade e, não direi originalidade mas, competência com que é feito. Aqui sente-se que as personagens estão trabalhadas e é-lhes dada alguma personalidade que não se limita a ser de gritarem quando têm o primeiro susto. Todos eles representam algo da "antiga" sociedade agora em ruínas, tanto a nível social como humano, algo que falha na maior parte destes filmes sobre os mortos que regressam à vida. Todos eles caem, e mesmo aqueles que representam o melhor de todos nós sucumbem às investidas que surgem de todos os lados deixando-nos a pensar que nem o mais justo ou mais integro conseguirá sobreviver.
Intenso, forte e com o gore suficiente para nos deixar sempre num elevado estado de tensão este é, declaradamente, um dos melhores filmes do género dos últimos tempos. E isto mais positivo se torna se pensarmos que não passa (e não digo isto depreciativamente) de um remake de uma obra do grande mestre Romero.
.Uma enfermeira, um polícia, um vendedor e um jovem casal estão entre estes sobreviventes e todos eles, à sua maneira, tentam perceber o que se passou numa madrugada para ter modificado radicalmente o mundo que todos conheciam e que agora mais não é do que uma recordação, ao mesmo tempo que tentam barricar-se e pensar numa forma de irem para algum local onde poderão usufruir de maior segurança.
Como mesmo estando mal é possível ficar pior, os problemas e as dificuldades rapidamente surgem, especialmente quando eles encontram naquele centro comercial formas de voltar à sua rotina pré-apocalipse, resolvendo finalmente sair dali rumo a outras paragens.
Para um filme desta temática muito particular, é refrescante ver o conjunto de actores conhecidos que aderiu à "causa"... Sarah Polley, Ving Rhames, Jake Weber ou Mekhi Phifer são apenas alguns desses rostos. E igualmente interessante é verificarmos que mesmo para este género específico as suas interpretações conseguem não só ser repletas de emoção e acção mas, ao mesmo tempo, granjearem-nos com algum dramatismo e mágoa como reflexo dos dias de maior segurança e estabilidade que agora já não voltariam a ter. Os medos, as ansiedades e as recordações do que perderam e especialmente daqueles que já não voltarão a ver, conseguem ser dramaticamente inseridos nas suas interpretações que ganham assim alguma maior vitalidade e profundidade pouco típicas do género que está normalmente mais concentrado em criar a maior quantidade de sangue possível no mais curto espaço de tempo.
E este sangue existe... e muito, sempre acompanhado de magníficas caracterizações que realmente impressionam, de mortos-vivos que fogem ao tradicional e movimentam-se bem rapidamente para caçar o próximo naco de carne, que é como quem diz alguém que ainda respire, e também aquele que é, pelo menos que me lembre, o primeiro nascimento de um morto-vivo (passo a redundância), tudo isto ao ritmo de tentativas de racionalização dos actos destas personagens que, na sua maioria, chegam rapidamente aos comportamentos mais animalescos do ser humano que em circunstâncias ditas "normais" todos tentariam esconder e reprimir.
De todas as dezenas de filmes que já vi sobre esta temática, este consegue ser um dos poucos que impressiona pela sua qualidade e, não direi originalidade mas, competência com que é feito. Aqui sente-se que as personagens estão trabalhadas e é-lhes dada alguma personalidade que não se limita a ser de gritarem quando têm o primeiro susto. Todos eles representam algo da "antiga" sociedade agora em ruínas, tanto a nível social como humano, algo que falha na maior parte destes filmes sobre os mortos que regressam à vida. Todos eles caem, e mesmo aqueles que representam o melhor de todos nós sucumbem às investidas que surgem de todos os lados deixando-nos a pensar que nem o mais justo ou mais integro conseguirá sobreviver.
Intenso, forte e com o gore suficiente para nos deixar sempre num elevado estado de tensão este é, declaradamente, um dos melhores filmes do género dos últimos tempos. E isto mais positivo se torna se pensarmos que não passa (e não digo isto depreciativamente) de um remake de uma obra do grande mestre Romero.
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7 / 10
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sexta-feira, 28 de setembro de 2012
David (2009)
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David de José Ramón Samper Bernad é uma curta-metragem espanhola cujo único aspecto positivo que lhe posso apontar é a magnífica escolha para a sua banda-sonora.
Nesta curta encontramos um homem que recorre às páginas de anúncios sexuais de um jornal, onde procura um jovem para um encontro ocasional. Uma vez encontrado combina um encontro que irá culminar com um confronto "silêncio" entre gerações. Um novo e perdido num submundo de onde dificilmente irá sair, e o outro já com uma certa idade e amargurado por a sua juventude ser apenas um pensamento perdido no tempo.
Independentemente dos diálogos não serem um requisito obrigatório para a transmissão de uma mensagem num filme, não deixa também de ser verdade que quando estes não existem, é necessário poder existir uma forma bem convincente para que a mensagem pretendida seja transmitida de forma a que o espectador com ela simpatize e se identifique.
Aqui apesar dela chegar ao espectador, torna-se impossível existir essa empatia pois é impessoal, fria e pouco expressiva. O actor mais jovem, estático e sem qualquer reacção, nem tão pouco vive a sua personagem de forma a que possa ser conotado apenas e só com o factor "dinheiro" que o levou àquela situação. Quanto ao mais velho, por sua vez, não consegue criar uma imagem convincente de que realmente se lembra da sua juventude, da perfeição do seu corpo e de algo que em tempos foi. De facto existe uma tentativa de mostrar a passagem dos anos e do tempo mas sem qualquer tipo de empatia transmitida para o espectador.
E tão depressa começa como termina (felizmente)... Fútil, decadente e sem grande conteúdo à excepção de ser mais incomodativa do que servir como uma referência sobre o facto de que tudo passa... especialmente o tempo e com ele a juventude.
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1 / 10
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Beatriz - Longa-Metragem Independente em Produção
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Beatriz é a primeira longa-metragem a ser produzida pela Paradoxon Produções e realizada pela dupla Hernâni Duarte Maria e Pedro Noel da Luz à qual o CinEuphoria se junta como parceiro para a divulgação da sua produção.
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Do elenco fazem parte os actores Sofia Reis, Alda Gomes, Inês Tarouca, Lourenço Seruya, Rafaela Palma e Nancy Wilde.
À dupla da realizadores, já premiados no CinEuphoria pela sua curta-metragem Faminto, junta-se uma equipa técnica que inclui Tiago Inácio como Primeiro Assistente de Realização e na Edição, Ricardo Batista como Segundo Assistente de Realização, Elsa Freixial como Assistente de Produção, Iolanda Afonso no Guarda-Roupa e Direcção Artística, Iládio Amado na Banda-Sonora e Efeitos Sonoros, Vanda Oliveira na Fotografia e Ana Rita Correia no Som.
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Beatriz cuja tagline promocional "Odeio-te... Mata-me... Nunca deveria ter nascido.", faz antever uma intensa história, será filmada em Vila do Bispo no Algarve conta também com outros parceiros para a sua produção e divulgação nomeadamente o site Filmes Portugueses, Conceição Maia Fotografia e Video, Supermercado Supersul Vila do Bispo, A Tasca do Careca, Moto Clube Os Corvos de S. Vicente Vila do Bispo e a Associação Cultural e Desportiva de Vila do Bispo.
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Ao longo dos próximos meses podem contar com o CinEuphoria para mais informações sobre a produção desta longa-metragem que deverá ter a sua estreia em 2013.
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quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Low Pass (2012)
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Low Pass de Ruben Jesus é uma curta-metragem portuguesa com alguma aproximação ao género fantástico onde um grupo de jovens é possuidor de capacidades sobre-humanas muito semelhantes à série Heróis que passou na televisão há algum tempo.
Estes jovens, cada um com diferentes capacidades que passam desde a produção de elevadas descargas de energia até à regeneração física quando alvo de ferimentos graves, começam a ser perseguidos por estranhos homens que os querem para algo que nos é desconhecido.
A falha maior, se assim se puder dizer, que esta curta-metragem apresenta reside no facto de ser curta demais para melhor explorar o seu argumento tornando mais consistentes alguns detalhes e respectivas personagens, denotando capacidade para ir um pouco mais além num género que é, até à data, ainda desconhecido no panorama nacional.
Quero com isto dizer que a mesma história numa longa-metragem e com a simplicidade eficaz que os respectivos efeitos especiais apresentam, teria potencial para a tornar num interessante filme que desbravaria terreno para o futuro do género cinematográfico em Portugal. Resumidamente... longa demais para uma curta... Curta demais para aquilo que deveria ser.
Tecnicamente precisa de alguns ajustes no que diz respeito ao som que dificulta a compreensão de alguns dos diálogos e também na câmara para não apresentar muita "turbulência" na imagem.
Ainda assim é uma curta interessante e que vale a pena ver não pela originalidade do argumento mas sim pela novidade que é no género e que, mais trabalhada e polida teria apresentado um resultado final mais forte e consistente.
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4 / 10
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quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Evacuation (2011)
Evacuação de Micah Mahaffey é uma curta-metragem norte-americana feita para um festival de escola secundária.
Dividida em três distintos segmentos que se interligam, esta história é iniciada com o seu próprio realizador a relatar o documentário que vai dirigir. No momento em que Micah inicia o seu projecto recebe o telefonema dos amigos com quem deveria ir acampar. Telefonema essa que é interrompido sendo quase de imediato seguido pelas sirenes de alerta que ecoam por todo o território.
O segundo segmento conta-nos exactamente o mesmo telefonema mas desta vez pela perspectiva dos amigos de Micah e finalmente o terceiro segmento mostra-nos uma família das redondezas e os seus comportamentos após passaram exactamente pelos mesmos estranhos acontecimentos e a agressiva intervenção daqueles que, julgamos ser, os provocaram ao mesmo tempo que percebemos existir um contexto onde um aparente ataque nuclear está em curso.
O segundo segmento é aquele que é provavelmente menos realista, não tanto pelos acontecimentos mas mais pelas circunstâncias finais e respectivos efeitos que não são suficientemente credíveis para serem levados a sério.
No entanto também não deixa de ser verdade que o primeiro interpretado por Micah Mahaffey e pela sua irmã bem como o último que aborda a dinâmica da família única perante uma situação limite onde tudo e todos são postos à prova consegue, considerando que é uma curta amadora, reunir um conjunto bastante razoável de elementos dramáticos que torna os respectivos segmentos credíveis que são embelezados por uma banda-sonora também ela convincente e apropriada para os diversos momentos desta curta.
Também considero um dos elementos positivos desta curta a forma como são contados os três segmentos. As três histórias são apresentadas de uma forma diferente e original que não precisa de recorrer a flashbacks ou acções sobrepostas que fariam perder a dinâmica e o ritmo da acção. Cada uma a seu tempo e explicada com os seus próprios detalhes.
Não sendo este um trabalho profissional ou com recursos muito elaborados consegue, ainda assim, ser bastante credível e muito bem conseguido para o tempo que teve para ser realizado.
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6 / 10
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terça-feira, 25 de setembro de 2012
European Film Academy: European Achievement in World Cinema
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A actriz Helen Mirren já galardoada com um EFA e um Oscar entre outros prémios pelo filme A Raínha, será a homenageada este ano com o European Achievement in World Cinema pela Academia Europeia de Cinema.
Este prestigiante prémio celebra assim a carreira da actriz que não só é um importante nome no cinema Europeu como também a nível mundial onde se destacou com memoráveis interpretações entre as quais se destacam Cal, A Loucura do Rei George ou A Dívida e até títulos mais comerciais como O Rapto da Sra. Tingle.
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European Film Awards 2012: nomeados a Filme de Animação
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A Academia Europeia de Cinema nomeou para este ano três filmes de animação para competir ao EFA na respectiva categoria. E são eles:
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Alois Nebel, de Tomás Lunak
Arrugas, de Ignacio Ferreras
The Pirates! In an Adventure with Scientists, de Peter Lord
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Os vencedores em todas as categorias serão conhecidos a 1 de Dezembro numa cerimónia a realizar em La Valetta em Malta.
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segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Keel (2003)
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Keel de Gabrielle Russell é uma interessante curta-metragem britânica que junta dois jovens numa pequena casa de barco onde ambos fumam e falam sobre uma potencial viagem para longe dali. Existe um amor no ar que sem ser à partida correspondido também não aparenta ser negado ou repudiado, tornando-o assim incerto, inseguro e não assumido.
Ambivalente é também o significado dado à quilha (keel) que dá nome à curta e que tanto se refere àquela onde se encontram os dois, a do barco, como à constelação de que falam na sua já "psicotrópica" conversa.
Acima de tudo esta curta preza pela simplicidade e não mediocridade. Da história, das interpretações e mesmo do seu ritmo aprofundando um sentimento terno entre as suas personagens.
No entanto já não tão simples é a excelente fotografia da autoria de Kamaljeet Negi que coloca as duas personagens do filme não só únicas nele como aparentemente únicas em todo o mundo. Vários são os momentos em que são privados de total clareza do espaço em que se encontram ou mesmo daquilo que os rodeia. Podem, tal como diziam na sua conversa, estar a milhões de quilómetros de um planeta Terra que aparentemente nós, enquanto espectadores, pouco saberíamos ser ou não verdade.
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8 / 10
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domingo, 23 de setembro de 2012
La Guerre est Déclarée (2011)
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Declaração de Guerra de Valérie Donzelli foi um dos filmes nomeados para a edição dos César deste ano e um dos filmes surpresa que estrearam nas salas de cinema nacionais.
Roméo (Jérémie Elkaïm) e Juliette (Valérie Donzelli) conhecem-se numa festa. Para lá da potencial tragédia que os seus nomes adivinham, percebemos pelos seus olhares que algo de bom irá acontecer a ambos. Depois de um fulgurante romance Juliette engravida. Têm um filho... Adam, que cedo denota alguns problemas de crescimento e de capacidades motoras. Adam tem um tumor cerebral e o seu prognóstico não é o mais favorável.
É a partir deste momento que a sua verdadeira provação enquanto pais, casal, família e principalmente amigos será colocada à prova.
A surpresa inicial deste filme é, logo à partida, o estilo em que é filmado. Se por um lado temos uma vertente documental que nos ilustra não só os primeiros passos na relação entre Roméo e Juliette recheados de festas, loucura e boas vibrações que culminam com o nascimento do seu filho, também não deixa de ser verdade que rapidamente percebemos que esta mesma "documentação" de factos nos está a transportar para um lado mais negro e mais negativo daquilo que são as relações entre os indivíduos e principalmente destes quando têm a seu cargo uma nova vida. Por outro, não nos podemos desligar do facto de aqui nos estar a ser contada uma história. Uma história de amor entre duas pessoas. Delas para com o seu filho. Para com a sua família, e principalmente na sua sobrevivência após anos de sacrifício e de dor sabendo que o fruto do seu amor poderia, a qualquer momento, desaparecer.
Temos então uma história contada ao estilo de "docu-romance" que contém ainda a maior particularidade de todas... esta não é uma qualquer história comovente ficcionada num momento mais inspirado. Esta é a história real de Jérémie Elkaïm e de Valérie Donzelli, que assinam o argumento, sobre o seu filho que foi realmente vítima de um tumor cerebral que o entregou nos primeiros anos de vida às camas de um hospital e a diversas operações.
A estrutura comovente sem puxar à lágrima fácil sobre os problemas pelos quais o casal passou, evocam na sua maioria esta vertente mais documental. Percebemos aquilo pelo qual estamos a passar mas ao mesmo tempo não nos comovemos facilmente porque entendemos pelo que nos é transmitido que esta não é uma história de perda. É sim uma história de sacrifício, de dor e de mudanças, mas sobretudo uma história de conquista, de vitória e de uma diferente forma de união alcançada no final da maior das provações possíveis. É, acima de tudo, uma história de amor. Amor que se tem, que se perde, que se renova.
Se por um lado poderemos achar que a história se tornaria mais comovente com outros actores, devido a um qualquer distanciamento dos mesmos da história para com a qual poderiam não ter grandes afinidades, não deixa também de ser verdade que aqui o que se pretende não é uma comoção fácil mas uma compreensão de que por muito dura que seja, a batalha poderá ser vencida. Donzelli, que se destaca não só como realizadora e argumentista mas também como a actriz principal do papel que foi seu na dita vida real, mostranso a dor e a angústia de uma mãe jovem que se vê a par da maior das provações que a sua vida alguma vez lhe poderia mostrar. Comovente sim. Mas não de uma lágrima fácil. Acompanhamos a sua luta sem fim, de pedra e cal, forte e com a determinação de que tudo fará pelo seu filho.
E o mesmo se pode dizer sobre Jérémie Elkaïm que é talvez aquele que tem uma maior transformação. De jovem de poucas responsabilidades a pai preocupado que sofre na maior parte do tempo em silêncio, mas que no momento de maior suposta alegria mostra a sua real fragilidade, dando "voz" àquela velha linha da canção... "silêncio no meio de tanta gente". Aqui sim, o momento mais comovente de todo o filme.
Mas não se pense que este filme é uma tragédia. Nem tão pouco um conjunto de lágrimas que vertem sem parar. Longe disso. É sobretudo, e como já referi, uma história de amor. De entrega. De sentimentos e de cumplicidades que primeiro os pais, depois a família e os amigos partilham entre si em nome de uma jovem criança que iniciou o seu próprio percurso de vida.
Temos os nossos momentos mais comoventes sim, mas eles são quase sempre doseados, e muito bem, de situações mais ligeiras, de algum humor e até mesmo de uma loucura que é inerente à jovem idade que Donzelli e Elkaïm tinham (e têm).
Declaração de Guerra, numa alusão à época em que a história se iniciou com a invasão do Iraque em 2003, é também uma declaração de guerra à morte, ao cancro, à tristeza, à dor e sobretudo à mágoa que raramente existe nesta história. É sim uma declaração de força e de energia que no final nos faz sentir, apesar de todo o seu conteúdo, bem. Sentimo-nos bem pela força das suas expressões, dos seus momentos e sobretudo pela força que fez desta história trágica um caso real de sucesso.
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8 / 10
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sábado, 22 de setembro de 2012
Hybrid (2012)
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Hybrid de Ruben Jesus é uma curta-metragem portuguesa de ficção científica que peca por ser tão curta. O argumento, também da autoria de Ruben Jesus, transporta-nos para um momento onde a presença extra-terreste é uma certeza na Terra.
Acompanhamos um rapaz que parece estar fugido destes mesmos invasores que o procuram incansavelmente pelas suas características que escondem poderes muito úteis para um eventual domínio do planeta.
Em primeiro lugar o que mais me surpreendeu neste trabalho foram, apesar de escassos, os seus muito bem executados e enquadrados efeitos especiais visuais que são, para um filme português pouco habitual, uma novidade pela positiva. E o mesmo poderei dizer da fotografia que com uma claridade não trabalhada (julgo) dá um certo aspecto do filme se desenrolar num qualquer outro planeta.
Menos positivo, mas apenas pelo enquadramento, está a inserção do flashback que deveria ser visto logo de início e não durante o desenrolar da acção, para assim ter um melhor enquadramento dando também uma maior fluência ao filme.
Interessante e bem executado é apenas pena que não tenha tido maior duração para um mais completo desenvolvimento não só da história como principalmente da sua personagem principal, também ela interpretada pelo próprio realizador.
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6 / 10
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sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Golden Hair (2012)
Golden Hair de Safyaan Oppal é uma curta-metragem britânica que nos retrata os amores e desamores entre dois jovens quando um deles é incapaz de assumir a sua homossexualidade à família.
Poderia em parte esquecer a temática já demasiadamente (re)vista e a falta de originalidade no argumento se encontrasse outros aspectos nesta curta que fossem francamente positivos. No entanto, desde a realização deveras amadora à mais que óbvia falta de química entre os actores que a representam, tanto do par principal como dos actores que representam a família de um deles, tudo é francamente insípido e sem qualquer fogo que nos faça perceber que ali existe de facto uma história.
Tal como a vemos... também a esquecemos e os quinze minutos parecem longos demais para que absolutamente nada aconteça.
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2 / 10
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quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Suspiros & Café (2009)
Suspiros & Café de Gabriel Dib e Diogo Sinhoroto e com argumento de Carol Barros é uma curta-metragem brasileira que descobri recentemente e na qual temos dois intérpretes. Ela fala sobre os seus sentimentos e a vontade que tem de tê-lo por perto. Ele, por sua vez, escuta serenamente tudo o que ela tem para lhe dizer. Até um momento francamente revelador onde ficamos a pensar se aquela inesperada coincidência não carrega alguma verdade.
Se os primeiros instantes desta curta podem ser algo incomodativos, não deixa igualmente de ser verdade que o seu inesperado desfecho consegue surpreender-nos e deixar-nos com alguma curiosidade de que esta curta pudesse ter algum tempo mais de duração e esclarecer-nos sobre essas mesmas dúvidas que irão persistir.
Interessante pela potencialidade do seu argumento e que deixa em aberto um qualquer desfecho que lhe poderemos dar enquanto espectadores.
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5 / 10
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quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Banana Motherfucker (2011)
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Banana Motherfucker de Fernando Alle e Pedro Florêncio foi a curta-metragem galardoada com uma Menção Honrosa na edição de 2011 do MOTELx e que se pode dizer ser acima de tudo uma verdadeira homenagem ao cinema de terror e suspense.
Um conjunto de técnicos de filmagem deslocam-se para uma pequena povoação algures na América do Sul com o propósito de encontrar um antigo cemitério. Uma vez lá chegados e perturbado o descanso eterno dos mortos, aquilo que irá recair sobre esta equipa, e sobre o mundo, está longe de ser pacífico e os mortos irão castigar os vivos com a mais terrível das pragas.
Repleto de homenagens a grandes clássicos do cinema de terror e de suspense que passam pelo King Kong com a expedição pela selva para a realização de filmagens, pelo Pesadelo em Elm Street com a famosa cena da banheira, até pelo Aracnofobia através da célebre "viagem" que a casca da banana faz da América do Sul para Portugal, pelo Tubarão com a cena da praia, aos Salteadores da Arca Perdida graças ao tão maléfico banana split que faz derreter as caras das suas vítimas ou até mesmo ao Aliens quando a dita casca revolve finalmente atacar.
As homenagens são de facto muitas desde o princípio até ao final desta intensa curta-metragem e mesmo que as esqueçamos por momentos, o argumento da autoria de Pedro Florêncio não nos dá descanso com as inúmeras investidas que aquelas bananas assassinas fazem à Humanidade. E cada uma pior que a outra.
Num ritmo quase alucinante de gritos e muitas gargalhadas com o sempre presente banho de sangue que faz inveja a muitos filmes gore, este Banana Motherfucker, muito à semelhança dos anteriores titulos desta dupla, consegue misturar, digamos que, harmoniosamente o terror e a comédia ao som de uma banda-sonora de Luís Henriques que não deixa ninguém indiferente e que dá ela própria um ambiente muito característico à curta.
Talvez não chegue a atingir o estatuto de culto que a curta Papá Wrestling atingiu mas esta será sem qualquer margem para dúvida, uma fiel herdeira do estilo e suspeito que dará continuidade ao género lançando a dupla de realizadores, actores e argumentista em verdadeiros mestres do género.
Um conjunto de técnicos de filmagem deslocam-se para uma pequena povoação algures na América do Sul com o propósito de encontrar um antigo cemitério. Uma vez lá chegados e perturbado o descanso eterno dos mortos, aquilo que irá recair sobre esta equipa, e sobre o mundo, está longe de ser pacífico e os mortos irão castigar os vivos com a mais terrível das pragas.
Repleto de homenagens a grandes clássicos do cinema de terror e de suspense que passam pelo King Kong com a expedição pela selva para a realização de filmagens, pelo Pesadelo em Elm Street com a famosa cena da banheira, até pelo Aracnofobia através da célebre "viagem" que a casca da banana faz da América do Sul para Portugal, pelo Tubarão com a cena da praia, aos Salteadores da Arca Perdida graças ao tão maléfico banana split que faz derreter as caras das suas vítimas ou até mesmo ao Aliens quando a dita casca revolve finalmente atacar.
As homenagens são de facto muitas desde o princípio até ao final desta intensa curta-metragem e mesmo que as esqueçamos por momentos, o argumento da autoria de Pedro Florêncio não nos dá descanso com as inúmeras investidas que aquelas bananas assassinas fazem à Humanidade. E cada uma pior que a outra.
Num ritmo quase alucinante de gritos e muitas gargalhadas com o sempre presente banho de sangue que faz inveja a muitos filmes gore, este Banana Motherfucker, muito à semelhança dos anteriores titulos desta dupla, consegue misturar, digamos que, harmoniosamente o terror e a comédia ao som de uma banda-sonora de Luís Henriques que não deixa ninguém indiferente e que dá ela própria um ambiente muito característico à curta.
Talvez não chegue a atingir o estatuto de culto que a curta Papá Wrestling atingiu mas esta será sem qualquer margem para dúvida, uma fiel herdeira do estilo e suspeito que dará continuidade ao género lançando a dupla de realizadores, actores e argumentista em verdadeiros mestres do género.
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7 / 10
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terça-feira, 18 de setembro de 2012
Drowning (2009)
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Drowning de Craig Boreham é uma curta-metragem australiana que marcou presença em vários festivais de cinema pelo mundo e que nos conta a história de Mik (Miles Szanto) um rapaz que se encontra numa situação complicada da sua vida após o suicídio do seu irmão mais velho, e que encontra em Dan (Xavier Samuel), o seu melhor amigo, o único conforto da sua vida e que percebemos ser a sua paixão secreta.
No entanto o conforto que até então tinha é abalado quando Dan inicia uma relação com Phaedra (Tess Haubrich) de quem Mik revela ter claros ciúmes...
Não é uma curta propriamente inovadora no que diz respeito ao seu argumento e conteúdo mas consegue ainda assim reter alguma cumplicidade entre as duas personagens principais que revelam que a amizade pode sobreviver a pequenos precalços e provações que os poderiam ter afastado.
Simpática sem ser novidade, e ainda com um grande estigma e cliché de muitos filmes do género que retratam a homossexualidade como uma tragédia sem fim e que graças a ela até o suicídio se transforma numa solução ou resposta.
A versão disponibilizada não está na íntegra mas é a mais completa encontrada online.
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5 / 10
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segunda-feira, 17 de setembro de 2012
American Mary (2012)
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American Mary de Jen Soska e Sylvia Soska foi o filme da sessão de encerramento da edição deste ano do MOTELx e uma grande e refrescante surpresa.
Este filme conta-nos a história de Mary (Katharine Isabelle), uma brilhante estudante de medicina que tem o sonho de poder ser uma das maiores cirurgiãs do mundo. Aplicada mas distante, Mary executa os seus estudos nos frangos lá de casa, à medida que tenta ultrapassar e sobreviver às suas constantes e cada vez mais crescentes dificuldades económicas.
A única solução que parece ser viável no imediato para Mary é o striptease... Dinheiro fácil por um curto espaço de tempo durante algumas noites... pode ser que o futuro seja mais positivo. É durante uma "audição" com Billy (Antonio Cupo), o dono de um bar, que Mary se vê confrontada com uma oportunidade milagrosa, e supostamente ocasional que a irá tirar dos problemas que não param de surgir, através das operações ilegais aos quais muitos recorrem para transformar o seu corpo naquilo que consideram ser a "perfeição".
Mas nem tudo lhe iria correr bem quando alguns dos seus professores têm os seus próprios planos para a vida de Mary que iria sair bem mais marcada do que os seus "pacientes"...
Para a sessão de encerramento de um festival como o MOTELx não se poderia esperar um melhor filme. Sem ser absolutamente grotesco, pelo menos não à custa das operações que sabemos serem efectuadas neste filme sem que, no entanto, nenhuma delas seja totalmente explícita, este filme consegue ser macabro ao ponto de se retirar a inocência a alguém simplesmente porque existe o poder para o fazer. É esta essencialmente a linha de "evolução" pela qual a "Mary" de Katharine Isabelle atravessa.
E esta interpretação é fenomenal. A actriz mostra, inicialmente, um ar quase angelical. De uma simples estudante que tenta fazer a sua vida e sobreviver sem preocupar aqueles que a rodeiam, lançando-se num caminho que não sendo o mais aconselhável não deixa de ser digno mas que, de repente e devido a um acto maldoso se transforma numa mulher pronta para eliminar aqueles que se põem no seu caminho... e de forma grotesca. Se começa como anjo... termina como uma exterminadora e vingadora femme fatale que não se inibe de punir todos aqueles que lhe retiraram a sua dignidade. Se há filmes com alma, pelo menos os realmente bons têm sempre uma, Isabelle é sem qualquer margem para dúvidas, a deste filme. A sua interpretação não irá a nenhum Oscar visto que este não é tradicionalmente o tipo de filme que chega a esse patamar mas, no entanto, não deixa de ser uma com um potencial extremo que nos faz desejar que este filme possa ser muito mais longo do que aquilo que é.
Mas nem tudo é "mau". Se por um lado Mary ganha a sua vida a transformar a dos outros (literalmente falando), e se ela própria é alvo de uma radical mudança no seu comportamento, não deixa de ser verdade que esta história também vence por abordar a mais improvável história de amor que nunca se chega a cumprir entre Mary e Billy. Ele deseja-a e está disposto a tudo para a ter... Ela ama-o mas confirmar este amor seria abdicar da sua vida e do seu sustento que não trazem garantias de segurança para ninguém... nem mesmo para os seus abusadores que agora são as suas vítimas. Isabelle e Cupo formam o mais improvável par amoroso mas ao mesmo tempo um daqueles que nós queremos e esperamos que resulte pois percebemos que seria explosivo.
O argumento de Jen e Sylvia Soska só falha, se assim se poderá dizer, num aspecto. Para um filme de terror que tem todo o potencial para ser um pouco mais gore e bastante mais explícito, as imagens que temos a respeito das operações só são, na sua maioria, fruto da nossa própria imaginação. Temos pouco feedback sobre aquilo que é feito, até já ser uma confirmação, e a pouco assistimos no momento. Falha (?) ou será apenas uma forma de perceber quão distorcida pode ser a mente do próprio espectador ao imaginar o que "Mary" faz não só aos seus clientes como principalmente às suas vítimas?
Igualmente bem positivo está todo o trabalho que diz respeito à sua elaborada caracterização que não só dá a alguns dos seus actores impressionantes transformações físicas permitindo-nos questioná-las sobre até que ponto são ou não "simples" efeitos ou realmente condições físicas já adquiridas.
Este talvez não seja o filme mais forte de todo o festival, nem tão pouco um dos mais dotados de "terror" propriamente dito mas, no entanto, não deixa de ser um dos mais impressionantes filmes do festival e um dos que consegue não só impressionar pela sua condição real (relação dominação-dominado) que em tantas circunstâncias acontece de facto, como consegue fazer da sua actriz uma nova "vingadora" no cinema que não deixando a sua componente sensual consegue ser bem mortífera e impiedosa e também por um excelente e impressionante trabalho na transformação da mais aparentemente "normal" pessoa num frequentador de um qualquer submundo que muitos desconhecem. E tudo isto ao "som" de uma improvável história de amor que sem se cumprir na realidade não deixa de emanar uma química muito ardente do início até ao final.
E a todos os que tiverem oportunidade... Não o ignorem.
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8 / 10
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A Bruxa de Arroios (2012)
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A Bruxa de Arroios de Manuel Pureza é a curta-metragem que saiu vencedora da edição deste ano do MOTELx e que conta com a interpretação principal de uma actriz bem querida do público que se chama Rita Blanco.
Quando uma mulher (Blanco) chega a casa, aparentemente de um cansativo dia de trabalho, encontra o seu marido a ler o jornal algo que, aliás, faz constantemente como se a sua vida dependesse disso. Farta dos seus silêncios e da vida entediante que parece levar, ela começa a recolher pequenos objectos do marido... uns fios de cabelo... uns pedaços de unhas... até que resolve fazer uns muito saborosos bolinhos que poderão ser fatais para aquela relação.
Vários são os aspectos que seduzem quase de imediato nesta curta. Em primeiro lugar logo a interpretação principal a cargo dessa grande actriz que é Rita Blanco. Dotada de um carisma muito especial que a coloca num patamar quase intocável, Blanco consegue mesmo nas interpretações mais "sérias" (como aqui se pretende de certa forma), tornar-se numa actriz familiar. É quase impossível não a querer por perto mesmo que ela nos faça, literalmente, explodir a cabeça. Aquela impaciência e vontade de uma qualquer vingança que tão bem consegue retratar através do seu olhar são únicos. Esta interpretação em A Bruxa de Arroios é a Rita Blanco no seu melhor.
É igualmente impossível não realçar todo o ambiente em que a trama se desenvolve. Aquela casa repleta de cor por todos os lugares e com um ambiente que o torna quase num verdadeiro "covil da bruxa", quente e acolhedor, tornam-no no mais insuspeito dos lugares com leves (ou talvez não) parecenças com o típico lar tradicional português. E afinal, com um casal aparentemente tão pitoresco e "normal" que se esconde por detrás de uma igualmente vida normal, quem desconfiaria que se esconde uma bruxa? Até dos bolinhos por ali feitos parece emanar um aroma particular que nos seduz que, no entanto, todos sabemos não ser de comer mas aos quais não poderemos resistir.
Gostei igualmente do detalhe em que os diálogos (?) do marido são retratados pelas pequenas notícias que o jornal anuncia. No fundo, este casal já não comunica. Pelo menos não da forma que a mulher pretende, e é exactamente isso que a tem feito ficar farta do seu marido ao ponto de o querer ver desaparecer de vez do mapa terrestre.
Finalmente, há que dizê-lo, torna-se genial o segmento final no qual onde depois de sermos introduzidos num ambiente tão pitoresco, apesar das suas aparentes tensões, somos levados a um momento perfeitamente gore onde quase as nossas próprias entranhas saltam.
Inovador, bem conseguido e doseando perfeitamente a comédia, o terror e o suspense, esta curta quase foi uma vencedora anunciada desde o primeiro momento. Francamente boa e a todos os que tiverem oportunidade... não a percam.
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8 / 10
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Babycall (2011)
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Babycall de Pål Sletaune foi um dos últimos filmes que vi no MOTELx este ano. Esta longa-metragem de produção norueguesa com a estrela sueca em ascenção Noomi Rapace, prometia ser um filme intenso para este último dia.
Anna (Rapace) é claramente uma mulher atormentada. Em processo de mudanças para um novo apartameno com o seu filho que fora vítima de maus-tratos por parte do pai de quem andam ambos fugidos, Anna tenta aos poucos adaptar-se a toda uma nova vida.
Neste moroso processo conhece Helge (Kristoffer Joner), funcionário de uma loja de electrodomésticos onde Anna compra um aparelho para poder ouvir o filho durante a noite. A clara simpatia que une Anna e Helge será posta à prova com o desenrolar dos acontecimentos que nos irá mostrar um lado escondido e perturbado de Anna para o qual não estávamos à espera.
Este intenso e perturbador thriller não só é adensado com a sua quase sufocante história como é abrilhantado pela presença da grande actriz que é Noomi Rapace. Não só acaba de sair de um dos filmes mais antecipados do ano como é o caso de Prometheus, como também é recente a sua participação na trilogia a que deu vida à igualmente intensa "Lisbeth Salander", Rapace está em pleno estado de graça. Aqui confirma-o. A vida sufocada e aprisionada que dá a esta sua "Anna", são a força de um filme que desconhecemos onde irá parar, independentemente de logo no seu início termos alguns indicadores do que poderá estar a acontecer. Desconcertante ao ponto de quase parecer paranóica, Rapace assusta-nos com os seus comportamentos em prol da descoberta do que se poderá estar a passar naquele tão luminoso mas sombrio bloco de apartamentos.
A violência, quer física quer psicológica ou ambas entre si ligadas, é quase um ponto certo num filme nórdico. A ausência de sentimentos em favor de uma rigidez quase militarista estão presentes em tantos e tantos argumentos e este, escrito pelas mãos do próprio realizador, não é excepção. Há um limite que separa acontecimentos estranhos e violentos que podem transformar a vida de uma criança, e através de si da sua mãe, que os leva a procurar e alcançar uma vida nova, daqueles que mesmo quando essa separação ocorre julgamos nós para melhor, nos continuam a dar um claro olhar sobre a forma como essa mesma violência se perpetua, neste caso, na criança e por parte de ambos os pais. Um sobre o qual temos conhecimento mas nunca vemos e por outro quando aquele que protege continua com a sua excessiva vigilância um mau-trato psicológico.
Quando o "babycall" que dá título a este filme entra em acção, não só nos dá uma imagem sobre aquilo que acontecia de certa forma na vida antiga de Anna como também aquilo que continua a acontecer a outros, mostrando que por muito que se fuja de um acontecimento traumático, este pode continuar a atormentar o "nosso" caminho quando não é devidamente resolvido, impossibilitanto assim a sua resolução.
Rapace consegue com esta sua interpretação conter todos estes elementos em diversos momentos. Por um lado é protectora e salvaguarda o bem-estar do seu filho ao ponto de não permitir que ninguém além dela o veja mas, quando esta atenção é excessiva, acaba por infligir uma violência psicológica sobre a criança... atormentada, confusa e preocupada com os acontecimentos que insistem em adensar o clima quase "paranormal" que a deixam a pensar se estará ela própria a enlouquecer ou se não será toda uma conspiração em seu torno. Possui uma intepretação densa e conflituosa tanto externa como internamente e que toma a pulso o filme do início até ao seu perturbador final.
Por sua vez Joner representa o lado mais sentimental e controlado deste filme. Menos denso e bem menos intenso pois aqui quase não temos lugar para o sentimento. Eles, a existirem, têm de ser contidos (e quase reprimidos) face à complicada situação que aquela família parece atravessar, e que culminará num (in)esperado final que pode não surpreender mas justifica muito daquilo a que estivemos a assistir durante a sua exibição.
Não esperem monstros pois não os vamos ver. Não esperem sangue pois tão pouco se justifica... Esperem frio como o próprio clima nórdico, intenso como um bom thriller deve ser e misterioso como se quer de uma história que antevemos ter um trágico e surpreendente final, Babycall foi uma agradável surpresa para o último dia deste MOTELx que continua a apostar em filmes interessantes e muitos deles fora de um circuito comercial não podendo assim alcançar todo o público que merecia.
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7 / 10
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Silêncio (2012)
Silêncio de Hélio Valentim e Ricardo Ferreira foi uma das curtas nomeadas ao Prémio MOTELx de curta de terror portuguesa, e que constituiu uma agradável surpresa.
Quando um pescador desembarca ao final da tarde, percebemos pela sua expressão cansada, e com a face queimada devido aos vários dias que passou no mar, que anseia pelo corpo de uma mulher e por uma noite de prazer carnal.
Depois de alguma procura, não muito exaustiva, que o arrasta pelo submundo da prostituíção, encontra aquela que o irá satisfazer e que realmente o agrada. Só que a noite é longa e as surpresas inesperadas.
Digo surpresa pois sem ser uma das curtas que tinha programado ver, consegui assistir a um bom trabalho pela parte desta dupla de realizadores e que julgo ser um trabalho interessante para se poder habilitar ao prémio final ou, na ausência deste, a uma menção especial.
Tiago Soares, o actor principal, é dotado de uma característica bem interessante que é o seu olhar. Consegue através dele transmitir um conjunto de expressões e pensamentos e dessa forma, perceber que aquilo que o espera não será apenas uma noite ocasional.
Destaque ainda para o trabalho de fotografia que transforma toda a curta em algo muito tenebroso pela sua quase ausência de luz mas que, ainda assim, não nos distrai de todos os importantes detalhes que circundam cada recanto. Pelo contrário, sentimo-nos bem alerta de tudo aquilo que é realmente importante perceber, especialmente todos os momentos que vão culminando para a intensidade dos momentos de desejo carnal.
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7 / 10
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MOTELx 2012: vencedores
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Depois de cinco intensos dias de grandes filmes que passaram pelo MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, chegou o momento final onde foram finalmente revelados os vencedores da cerimónia deste ano.
À justíssima atribuíção do prémio carreira ao mestre do cinema de terror Dario Argento que também marcou presença na edição deste ano do festival, juntava-se a revelação daquela que seria a melhor curta-metragem portuguesa de terror cuja escolha recaiu sobre A Bruxa de Arroios de Miguel Pureza que irá assim competir ao Mèlies d'Or no Festival Internacional de Cinema de Terror em Sitges. Foi ainda atribuída uma menção especial à curta O Reino de Paulo Castilho.
Para finalizar só me resta dar, à semelhança do que se passou na edição de 2011, os parabéns à excelente organização, acompanhamento dado a todos por parte da equipa tanto do MOTELx como do próprio Cinema São Jorge e aguardar agora pela edição do próximo ano. Como disse um dos próprios organizadores... dizem que o mundo acaba em 2012... em 2013 lá nos encontramos novamente.
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Melhor Curta de Terror: A Bruxa de Arroios, de Miguel Pureza
Menção Especial: O Reino, de Paulo Castilho
Garra Carreira: Dario Argento
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domingo, 16 de setembro de 2012
Inbred (2011)
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Inbred de Alex Chandon foi mais um dos filmes que passou pelo MOTELx numa sessão que se revelou bem composta.
Kate (Jo Hartley) e Jeff (James Doherty) deslocam-se com quatro jovens delinquentes para uma pequena localidade rural no interior do Reino Unido onde pretendem incutir-lhes algum valor pelo trabalho ao mesmo tempo que os penalizam pelos seus pequenos crimes sociais.
Se inicialmente acharam o local desolador e afastado de tudo e todos, não deixou de ser igualmente complicado quando os poucos habitantes que aquela localidade tinha os olharam de lado e provocaram os primeiros incidentes, tudo se desmoronou quando perceberam quais os reais interesses daquela tão estranha população.
Este consegue ser o tipo de filmes que realmente assustam. Esqueçam os fantasmas, as possessões demoníacas ou os mortos-vivos. Aqui o mal, o verdadeiro mal, é perpetrado por pessoas ditas "normais" como qualquer um daqueles que cruza o seu caminho. Normais... ou quase. Ao longo deste filme, e apesar de não ser abertamente explicado, percebemos que esta pequena comunidade de "esquecidos" se tem reproduzido entre si naquilo que é o resultado macabro de um longo conjunto de laços consanguineos.
Estas pessoas, lideradas por aquele que se poderá facilmente chamar de "pai de todos", e que aparenta ser o único dito "normal" por aquelas bandas, não o é ao revelar-se como a verdadeira mente do crime. É ele que não permite estranhos no seu espaço, e que assim tem educado todos os outros que são seus fiéis seguidores... Mesmo aqueles que parecem, à partida, inofensivos comparando com o resto da população.
E eles, todos sem excepção, conseguem através das mais cruéis e sádicas torturas, não só sodomizarem aqueles estranhos de passagem como pior do que tudo, encontrarem nas mesmas a sua única forma de diversão e de entretenimento que é, no fundo, encarado como um espectáculo que tanto anseiam. E é nesta exacta altura que se encontram os momentos gore que inundam o ecrã em verdadeiros, e literais, banhos de sangue. Desde mutilações, membros decepados, tortura física (a mais constante) e psicológica, perseguições e cabeças que rebentam, temos de tudo um pouco... e algo mais. Este filme tem momentos que conseguem ser francamente incomodativos mas todos, sem excepção, acompanhados de uma ligeireza mórbida que transforma a morte violenta em algo banal e quase natural às mãos daqueles que a perpetuam. E aquela canção que o testemunhe...
Não há nenhuma interpretação que se destaque das outras e, há excepção de Jo Hartley que se pretende tornar na verdadeira mulher de armas que consegue derrotar tudo e todos, todos os outros conseguem interpretações regulares à medida do seu "lado" no filme... os delinquentes acabam por se tornar nos "bons" da fita e nas verdadeiras vítimas, e aqueles que poderiam ser à partida o elo mais fraco... são aqueles capazes de perpetrar as maiores vilanias aos mais distraídos.
Interessante ao criar algum suspense, não muito pois é de início ao fim muito ligeiro, e também por ter agradáveis momentos de comédia mesmo no meio de tanto sangue e tripas explosivas... literalmente falando.
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7 / 10
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O Reino (2012)
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O Reino de Paulo Castilho é uma das curtas-metragens em competição no MOTELx e que nos transporta para tempos idos da História onde dois homens defendem as fronteiras do reino.
Enquanto ambos debatem sobre se já mataram alguém e o seu discurso parece cada vez mais isolado de uma perspectiva humana, fruto da sua solidão, o verdadeiro terror (se assim lhe podermos chamar) surge quando essa mesma solidão e isolamento limitam a percepção do "outro".
Quem será o verdadeiro inimigo? Aquele "alguém" que nunca foi avistado por ninguém ou será que esse inimigo é aquele com quem passamos todas as horas do dia e cujos comportamentos começam involuntariamente a interferir com o nosso próprio espaço? Pior... será o inimigo aquilo que "eu" penso do "outro"? Ou será essa mesma pessoa a única ligação que existe para com a restante Humanidade, por muito distante ou desconhecida que ela seja? Será esta a única ligação que existe para conhecer o próprio "eu"?
Interessante curta-metragem que reflete sobre as ligações e relações sociais e como estas afectam a própria (sobre)vivência do Homem enquanto tal e que ainda assim consegue conter alguns momentos mais ligeiros devido às interpretações de Lee Fuzeta e Júlio Alves (aqui Verme), os dois actores que com os seus discursos incutem uma certa ligeireza ao tema encarnando para o bem e para o mal o que o Homem de facto é.
Destaco ainda a fotografia também da autoria de Paulo Castilho que graças aos seus tons pálidos e áridos transforma todo o ambiente como se um filme pós-apocalíptico se tratasse, desprovendo quase totalmente de qualquer sinal de vida tudo aquilo que rodeia estes dois actores.
Uma das curtas mais fortes presentes até ao momento no MOTELx e que não me espantaria se saísse com alguma menção de honra do mesmo.
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8 / 10
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sábado, 15 de setembro de 2012
Livide (2011)
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Livide de Alexandre Bustillo e Julien Maury foi um dos filmes que mais antecipei ver na edição deste ano do MOTELx e que, ao mesmo tempo, um dos que menos me impressionou.
Lucy (Chloé Coulloud) é uma jovem que enfrenta um novo trabalho em apoio domiciliário à antiga professora de dança, a Sra. Jessel (Marie-Claude Pietragalla), agora bem idosa, acamada e em coma no seu grande casarão isolado e cheio de memórias do passado.
Quando Lucy descobre em conversa que a Sra. Jessel poussui dentro da sua casa um tesouro de valor incalculado, e ao partilhar o segredo com amigos, todos combinam entrar naquela casa e descobri-lo para uso próprio. Aquilo que não esperavam é que fossem descobrir no interior daquela casa uma força maior que os iria ali prender.
Comecei por dizer que o filme não me impressionou, o que reafirmo, mas os motivos não se prendem de imediato com o filme em si mas com a sua projecção que foi abruptamente interrompida quando nos é revelado algo que já tinhamos percebido... a cópia enviada não era a final mas sim uma ainda por editar. Dito isto, ao vermos o filme percebemos que estamos a ver um conjunto de vultos que em muitas ocasiões nem percebemos bem quais são os seus movimentos, atitudes e gestos. Percebemos vagamento pela banda-sonora de fundo que a situação é de tensão mas do filme em si... pouco vamos sabendo.
Depois da interrupção da projecção a "luminosidade" do filme melhora um pouco... começamos a perceber realmente como é aquela misteriosa casa e onde é que cada um dos intervenientes se encontra bem como as suas expressões aos cada vez mais notórios perigos que enfrentam.
Mas o pior estava para vir quando quase no desfecho deste filme deparamos com todos os processos de filmagem que não deveríamos ter visto. Os cabos... as câmaras... os holofotes e os cenários claramente ainda por tratar e que aqui mais espelham (como o próprio realizador presente na sessão referiu quando se desculpava de algo que não tinha culpa) aquilo que poderia ter sido um excelente making-off para uma futura edição em DVD. A projecção deste filme estava assim consolidada como um verdadeiro desastre.
Do pouco de bom que se viu há a destacar o ambiente visualmente rico onde tudo está no devido local dando assim àquela casa um aspecto fantasmagórico e claustrofóbico que, com a cópia correcta para visionamento, teria dado um impacto bastante razoável ao filme, assim como a caracterização e guarda-roupa que no lado moderno é eficaz mas no que diz respeito ao característico da professora de ballet e respectivas alunas nota-se bastante competente.
A pontuação que dou, bem como o respectivo comentário que faço, são claros reflexos das deficiências que rondaram a exibição deste filme. Em circunstâncias normais não sei se seria diferente mas... dado o que tive não poderia ser outra. Percebe-se que existe a vontade de fazer um interessante filme de terror e suspense mas... o objectivo (nestas condições) não foi conseguido.
Aqui mesmo que quisesse falar da competência dos aspectos técnicos ser-me-ia complicado pois... até eles estavam por tratar retirando assim toda a componente de apreciação que lhes poderia ser feita.
.Mas o pior estava para vir quando quase no desfecho deste filme deparamos com todos os processos de filmagem que não deveríamos ter visto. Os cabos... as câmaras... os holofotes e os cenários claramente ainda por tratar e que aqui mais espelham (como o próprio realizador presente na sessão referiu quando se desculpava de algo que não tinha culpa) aquilo que poderia ter sido um excelente making-off para uma futura edição em DVD. A projecção deste filme estava assim consolidada como um verdadeiro desastre.
Do pouco de bom que se viu há a destacar o ambiente visualmente rico onde tudo está no devido local dando assim àquela casa um aspecto fantasmagórico e claustrofóbico que, com a cópia correcta para visionamento, teria dado um impacto bastante razoável ao filme, assim como a caracterização e guarda-roupa que no lado moderno é eficaz mas no que diz respeito ao característico da professora de ballet e respectivas alunas nota-se bastante competente.
A pontuação que dou, bem como o respectivo comentário que faço, são claros reflexos das deficiências que rondaram a exibição deste filme. Em circunstâncias normais não sei se seria diferente mas... dado o que tive não poderia ser outra. Percebe-se que existe a vontade de fazer um interessante filme de terror e suspense mas... o objectivo (nestas condições) não foi conseguido.
Aqui mesmo que quisesse falar da competência dos aspectos técnicos ser-me-ia complicado pois... até eles estavam por tratar retirando assim toda a componente de apreciação que lhes poderia ser feita.
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