domingo, 30 de dezembro de 2012

Linhas de Wellington (2012)

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Linhas de Wellington de Valeria Sarmiento, seleccionado para o Festival Internacional de Cinema de Veneza e possivelmente um dos filmes mais aguardados do ano e a maior produção de cinema portuguesa até à data.
Este filme recria assim os dias da terceira invasão francesa a Portugal pelas mãos do Marechal Massena (Melvil Poupaud) ao mesmo tempo que acompanha o enorme êxodo populacional que alguma vez fora registado no país como forma destas populações se refugiarem nas linhas de Torres Vedras, uma enorme estrutura defensiva contruída com o propósito de travar o avanço militar francês rumo a Lisboa.
Tendo a invasão francesa e a guerra como contexto de fundo, este filme acompanha no entanto as histórias e dramas pessoais de uma população civil em êxodo e as transformações radicais que as suas vidas sentiram não só devido às deslocações como também pelas perdas pessoais, independentemente da classe social a que, em tempos, haviam pertencido.
O magnificamente executado argumento de Carlos Saboga, que já havia colaborado em Mistérios de Lisboa de Raúl Ruiz que deveria ter assinado igualmente este filme, dá um perfeito olhar sobre o Portugal da época. Mergulhado em guerra, em êxodos populacionais que deixavam cidades completamente desertificadas, campos de cultivo sujeitos à prática da terra queimada, fome e consequente doença, morte e miséria física, mental e social, Portugal era uma pálida, e quase apagada, imagem do país opulento dos Descobrimentos que largos anos antes havia dado a conhecer novos mundos ao Mundo. É essencialmente este o Portugal que este filme quer retratar, num estranho mas muito interessante paralelismo como o país tal como o temos hoje e, em diversos momentos do mesmo encontramo-nos a pensar sobre o quão semelhante está a situação.
Se por um lado temos uma população empobrecida e com poucas luzes de esperança, não deixa de ser verdade que hoje estamos a atravessar um momento idêntico. Pouca esperança esta que não só é a nível económico como uma das inevitabilidades da guerra e hoje a continuamos a ter devido a outro tipo de guerra, a económico-financeira. A população encontra-se em êxodo para as famosas Linhas de Torres... pois hoje também a temos rumo a outras paragens que lhes forneçam uma segurança financeira que no país não se encontra. E quanto à famosa ajuda externa que anteriormente se revê nos magníficos "amigos" ingleses e hoje nas ditas organizações financeiras internacionais... bom, o que é certo é que esta ajuda revelar-se-ia bem cara e custosa de pagar, tal como daqui a uns anos (e já hoje) o sentimos. Quanto à miséria, fome, doença e analfabetismo... bom, esses são males que também hoje se começam a sentir aos poucos. Estranha, ou talvez mais oportuna, a presença deste filme nestes nossos dias em que os mesmos problemas, sob outras formas, dão novamente os seus "sinais de vida" e que Carlos Saboga sabe transpôr com alguma dose de ironia amarga para o grande ecrã.
Este não é portanto um filme sobre grandes batalhas e combates épicos que dizimaram o país. Esses são, como disse, secundários face àquilo que é verdadeiramente importante. Desse tipo de filme onde a batalha e a guerra ganham uma dimensão única e principal estamos já fartos de ver nas grandes produções norte-americanas que tantas e tantas vezes esquecem o drama humano. Aqui é a irremediável morte do país e do seu povo que parte rumo ao desconhecido deixando para trás, e para sempre, os seus espaços e as suas memórias, e que durante a sua viagem perdem também alguns daqueles que percorreram o seu mesmo caminho, que assume o protagonismo. É uma história sobre o sofrimento silencioso de um povo que aos poucos se limitou a definhar, desaparecer e morrer às mãos de uma guerra que foi não só territorial como também social. Uma guerra que não terminou no final dos conflitos mas que perdurou (e perdura) durante anos sem fim com a cobrança de avultados pagamentos que só eram saciados com o préstimo internacional que por sua vez, qual ciclo vicioso, exige também ele pagamentos de juros insuportavelmente elevados. É este o sofrimento de um país, e de um povo, que este filme tão bem consegue captar. Estaremos, depois disto, ainda tão interessados em ver uma batalha num campo cheio de mortos?
Estamos assim perante um filme que cruza várias histórias desde o comum civil ao militar, passando por uma nobreza agora quase falida e sem posses. Todos eles afectados à sua própria maneira por uma guerra sem sentido (como são todas elas), e completamente transformados pelas suas vivências individuais. A dar corpo, e algumas almas, a este filme temos um extraordinário elenco nacional e internacional onde se destacam Nuno Lopes como o "Sargento Francisco Xavier", um militar destacado que se apaixona por "Maureen", a mulher de um inglês morto em combate, interpretada por Jemima West.
Temos ainda a participação de Soraia Chaves como "Martírio", uma mulher da "vida", John Malkovich como o "General Wellington", num retrato de um homem cujo único propósito era vencer uma guerra e retratá-la com "dignidade e pouco sangue" as suas vitórias, não se preocupando com o drama humano que se fazia sentir um pouco por todo o país. Isabelle Huppert, Catherine Deneuve e Michel Piccoli como uma família francesa em Portugal que ainda vivendo uma certa opulência comparativa com a demais população, demonstra no entanto viver uma decadência física e psicológica fruto de uma guerra que os coloca como "invasores" num país onde há muito vivem.
Carloto Cotta, que se assume como uma figura determinante deste ano no cinema português ao interpretar personagens protagonistas em três interessantes e importantes filmes (Linhas de Wellington, Paixão e Tabu), e que aqui interpreta o "Tenente Pedro de Alencar", um jovem militar que acaba por se cruzar com a grande maioria das demais personagens, percorrendo e percebendo um pouco do drama de todos.
Temos ainda outro dos nomes forte do cinema português, Albano Jerónimo, numa interessante e forte interpretação de um "Abade" que se junta a uma resistência armada que caça franceses isolados e os massacre tão ou mais violentamente que estes o fazem aos indefesos portugueses.
E finalmente temos aquela que, juntamente com Cotta, detém uma das interpretações mais triunfantes deste filme, ou seja, a actriz espanhola Marisa Paredes que, não sendo surpresa nenhuma o seu enorme talento, nos comove com a sua sentida e perturbante interpretação como "D. Filipa Sanchez", uma espanhola que desde criança vive em Coimbra e se recusa a sair da sua casa onde, depois de auxiliar "Pedro de Alencar", sofre uma inesperada e terrível visita que irá marcar para sempre a sua frágil existência.
A unirem-se a este magnífico conjunto de actores temos ainda um vasto elenco secundário ou de participações especiais onde se destacam as presenças de Miguel Borges, José Afonso Pimentel, Adriano Luz, Maria João Bastos, Paulo Pires, Vicent Perez, Chiara Mastroianni, Rita Martins, Marcello Urgeghe, Filipe Vargas, João Arrais, Elsa Zylberstein, Joana de Verona, Victória Guerra, Manuel Wiborg, Diogo Dória ou Ricardo Aibéo, todos eles a contribuir quer para o desenvolvimento das personagens mais destacadas referidas anteriormente como principalmente para demonstrar que existem tantos outros dramas pessoais "escondidos" e que aumentam assim a crueldade de uma guerra que parecia insistir em não terminar.
E tecnicamente este filme é igualmente um marco digno de registo. Não só o seu evidentemente nobre guarda-roupa é digno de referência, pois afinal de contas estamos a falar de um filme de época, mostrando assim a opulência de uma classe nobre e a miséria de um povo cada vez mais empobrecido, como também consegue ser magnífico no retrato das fardas dos dois lados da guerra, evidenciando assim uma riqueza cultural bastante própria, como também há que referir os dois mais fortes aspectos técnicos do mesmo: em primeiro lugar a sua distinta banda-sonora, não épica mas marcante, da autoria de Jorge Arriagada, como principalmente a fotografia de André Szankowski que transforma o Portugal dos 1800's no local desprovido de vida que em tons cinza e castanho e com uma aparente ausência de luz (que só chega após a saída dos franceses) demonstra o resultado das terra queimadas e da fome que se fazia sentir. Graças a ela estamos perante uma ausência de vida que sem ter a morte "às claras", percebemos que ela está presente a cada momento.
Este será possivelmente um daqueles filmes que muitos irão colocar de lado por pensarem que um drama histórico e português será algo para o qual ainda não estão preparados para ver. No entanto, nada poderia ser mais falso. Não só o filme consegue ter uma fluência narrativa exemplar, fruto das inúmeras histórias que vamos acompanhando, como também a sua riqueza visual consegue seduzir-nos e fazer-nos desejar ver sempre um pouco mais. Não é um filme de guerra ou de batalhas, nem tão pouco de sangue e de efeitos especiais que só o iriam prejudicar. Este é sim um filme de histórias, de pessoas mais ou menos anónimas que atravessaram um difícil período nas suas vidas e na História de um país que se vinha a degradar e aos poucos a morrer. E este é um filme que tem a estranha compatibilidade com os dias de hoje onde sentimos novamente o país invadido sem ter uma presença estrangeira declarada, e o qual somos forçados a abandonar por nele não vermos, termos ou sentirmos qualquer esperança por um futuro que só nos apresenta um claro definhamento dos seus "filhos" e que por isto se torna num dos mais significativos filmes do ano.
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"D. Filipa Sanchez: Desta casa só saio morta!"
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8 / 10
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sábado, 29 de dezembro de 2012

Paulo Rocha

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1935 - 2012
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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Life of Pi (2012)

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A Vida de Pi de Ang Lee, realizador já premiado com um Oscar, é um filme para o qual serve apenas uma simples palavra... mágico.
Neste filme acompanhamos a história de Pi Patel (Suraj Sharma), filho do dono de um zoológico em Pondicherry na India que face a uma crise financeira e por pouca prosperidade no país decide emigrar para o Canadá onde pretende vender todos os seus animais e começar aí toda uma nova vida.
No meio da viagem o navio em que viajam enfrenta uma forte tempestade no Pacífico, que resulta no naufrágio do mesmo e do qual saem, aparentemente apenas cinco sobreviventes. Pi, uma zebra, uma hiena, um orangotango e Richard Parker... um tigre.
Esta estranha tripulação que agora se encontra num pequeno bote salva-vidas terá agora não só de aprender a sobreviver na imensidão daquele Oceano como, principalmente, saber como sobreviver às constantes ameaças que parecem constituir uns para os outros.
É mais tarde, já como marido e pai de dois filhos que ao contar a extraordinária história da sua sobrevivência a um escritor, que Pi irá finalmente revelar todos os detalhes da sua longa e desgastante travessia pelo Pacífico que constituiu não só uma história de sobrevivência física como, principalmente, um verdadeiro teste aos limites da sua sobrevivência enquanto ser humano.
Se considerarmos que este é um filme de Ang Lee já temos meio caminho feito para esperar uma emocionante, e possivelmente comovente, história sobre a Humanidade. Por um lado sobre os seus limites e as suas provações, quase sempre colocadas pela sociedade ou pelo meio em que as respectivas personagens se inserem, e sobre a forma como um indivíduo em particular as enfrenta e as supera numa qualquer prova de resistência quer ela seja física ou emocional. Como cria o Homem laços que o liguem aos demais?
Esta pergunta poderia aqui ser respondida pelo "simples" facto de tudo ser explicado pela fé. A mesma fé que o jovem "Pi" descobriu quando, durante o seu crescimento e desenvolvimento, se "cruzou" com as várias fés que se faziam sentir na India ou nos conhecimentos que adquiriu. Quer fosse o islamismo, cristianismo, budismo ou judaísmo, o que liga realmente um homem aos demais? Àqueles com quem convive ou até mesmo àqueles que nunca irá ver na sua vida? O que o faz resistir, sentir, ver e viver através da maior provação com a qual alguém poderia ser confrontado?
No entanto, outra tão importante surge ao longo do filme, e que é de certa forma explorada mas não respondida, já bem perto do final quando o jovem "Pi" chega, finalmente ao seu destino. Porque será que em vez de celebrarmos as pequenas grandes coisas que temos durante toda a vida (principalmente enquanto as temos), nos limitamos a ignorá-las e que quando as perdemos definitivamente nos questionamos sobre a impossibilidade de lhes fazer "ver" o quão importantes eram?
Acabamos assim por pensar na vida, na morte, na perda, na dor e até mesmo na solidão que todas elas nos podem provocar e perceber assim que o tal "livro impossível de filmar" como tantos apregoaram vezes sem fim, conseguiu aqui ter uma magnífica e sentida adaptação ao cinema como só Ang Lee conseguiria filmar através do seu forte mas sentido olhar sobre aquilo que deveria realmente ser o mais importante... a alma humana. Essa mesma que pode ser frágil e sensível mas que no momento certo pode assumir uma força desconhecida que a faça seguir em frente e jamais desistir, tal como o brilhante argumento de David Magee nos consegue mostrar ao longo de todo este belíssimo filme.
Tal como procura toda a história mostrar, a alma humana, esta não poderia ter encontrado um melhor "rosto" do que aquele que o jovem Suraj Sharma lhe entrega. A sua sentida e emocionante interpretação, que acaba por ser quase dominante em todo o filme desde o início até ao final, tendo apenas alguns outros actores que em momentos específicos do filme também aparecem, faz-nos sentir que se dúvidas existissem sobre a existência ou não da alma de "alguém", elas seriam completamente dissipadas depois de ver toda a provação a que fora sujeito o seu "Pi". Curioso de início, desconfortável com aquela que seria a mais radical mudança a que a sua vida iria assistir, sobrevivente no meio de um ambiente hostil, desesperado com as provações de que seria alvo e, finalmente, esperançoso com o futuro que teve e que graças a si, apenas e só, conseguiu garantir para uma nova geração. Sim, a alma realmente existe, e ela não se encontra apenas em momentos específicos. Ela existe sempre estando, no entanto, escondida por nós de nós próprios, só se manifestando quando a sua própria sobrevivência se encontra ameaçada.
Se o argumento e a interpretação de Suraj Sharma são dois dos pontos fortes deste surpreendente filme, não deixa igualmente de ser verdade que outros são também de referenciar, nomeadamente aquele que acaba por agir como a segunda mais importante "personagem" do filme que é a emocionante banda-sonora de Mychael Danna que se assume como uma das potenciais nomeações a um Oscar que este filme poderá receber no próximo mês. Sempre presente em todos os momentos contribuindo na dose certa para o elemento dramático desta improvável viagem, esta banda-sonora é de escutar com atenção quase como se as imagens do filme nem estivessem no ecrã à nossa frente.
E seria quase impensável não referenciar outro dos pontos fortes deste filme, e provavelmente aquele onde irá certamente sair vencedor de um Oscar, que são os seus efeitos especiais que dão não só à tempestade uma dimensão verdadeiramente assustadora como a todo o ambiente seguinte a noção de que estamos realmente sózinhos num imenso Oceano que tanto se assume tranquilo como facilmente capaz de pôr fim a qualquer sonho ou esperança de sobrevivência.
Simplesmente emocionante pela aventura e acção... emotivo pela sua história de sobrevivência... dramático pelas suas trágicas revelações finais e um dos mais fortes e bem conseguidos filmes que o ano nos poderia entregar. Simplesmente imperdível.
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"Pi Patel: I suppose in the end, the whole of life becomes an act of letting go, but what always hurts the most is not taking a moment to say goodbye."
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9 / 10
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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

CinEuphoria e Cinema Bloggers Awards

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Depois de esta manhã terem sido anunciados os nomeados aos CinEuphoria 2013 na Competição Internacional e na Competição Nacional, eis que surge uma novidade para esta última.
O CinEuphoria junta-se, pela primeira vez, numa parceria com os Cinema Bloggers Awards para na cerimónia destes últimos a decorrer no Cineclube de Telheiras no dia 13 de Março de 2013 pelas 21e30, ser transmitida a curta-metragem vencedora na Competição Nacional.
Relembro que as dez nomeadas para o CinEuphoria de Melhor Curta-Metragem Portuguesa são Aqui Jaz a Minha Casa de Rui Pilão, Ensinamentos para a Vida Adulta de Ernesto Bacalhau, O Inferno de Carlos Conceição, Land of My Dreams de Yann Gonzalez, Nada Fazi de Filipa Reis e João Miller Guerra, Papel Amachucado de Leandro Barros e Lucas Afonso, Posfácio nas Confecções Canhão de António Ferreira, Purgatório de João Filipe Silva e Pedro Miguel Silva, Os Últimos Dias de Francisco Manuel Sousa e A Viagem de Simão Cayatte.
Os vencedores dos CinEuphoria serão revelados no próximo dia 13 de Janeiro de 2013, sendo que estas curtas-metragens são já vencedoras do CinEuphoria Top do Ano na sua categoria.
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CinEuphoria Prémios 2013: Competição Nacional: os nomeados

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FILME
Aqui Jaz a Minha Casa
Assim Assim
Ensinamentos para a Vida Adulta
Florbela
O Inferno
Linhas de Wellington
Nada Fazi
Tabu
Os Últimos Dias
A Viagem
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ACTOR
Pedro Barroso, E Amanhã
Ivo Canelas, Assim Assim e Florbela
Vítor Correia, Estrada de Palha
Orlando Costa, Ensinamentos para a Vida Adulta e A Viagem
Pedro Diogo, Posfácio nas Confessões Canhão
Rodrigo Perdigão, Rafa
José Carlos Pereira, Noiva Precisa-se
Ricardo Sá, O Inferno
Fernando Taborda, Humilhados e Ofendidos
Leandro Vale, Aqui Jaz a Minha Casa
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ACTRIZ
Isabel Abreu, Assim Assim
Joana Belo, Os Últimos Dias
Dalila Carmo, Florbela
Soraia Chaves, Linhas de Wellington
Joana Costa, Além de Ti
Paula Guedes, Land of My Dreams
Teresa Madruga, Tabu
Ana Moreira, Tabu
Paula Neves, Noiva Precisa-se
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ACTOR SECUNDÁRIO
Martim Barbeiro, O Inferno
Ricardo Castro, Noiva Precisa-se
Carloto Cotta, Tabu
Albano Jerónimo, Florbela
Pedro Lacerda, Assim Assim
Paulo Rocha, Noiva Precisa-se
Pedro da Rosa, A Armada - Bastidores da Verdade
Carlos Santos, Operação Outono
Bruno Simões, Noiva Precisa-se
Nuno Távora, O Pacto
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ACTRIZ SECUNDÁRIA
Cleia Almeida, Assim Assim
Ana Brandão, Assim Assim
Custódia Gallego, Posfácio nas Confecções Canhão
Lucinda Loureiro, Ensinamentos para a Vida Adulta
Diana Nicolau, E Amanhã
Sara Prata, O Pacto
Sofia Reis, Além de Ti
Joana Santos, Assim Assim
Liliana Santos, O Pacto
Laura Soveral, Tabu
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REALIZADOR
Rui Pilão, Aqui Jaz a Minha Casa
Sérgio Graciano, Assim Assim
Ernesto Bacalhau, Ensinamentos para a Vida Adulta
Rodrigo Areias, Estrada de Palha
Vicente Alves do Ó, Florbela
Filipa Reis e João Miller Guerra, Nada Fazi
António Ferreira, Posfácio nas Confecções Canhão
Miguel Gomes, Tabu
Francisco Manuel Sousa, Os Últimos Dias
Simão Cayatte, A Viagem
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CURTA-METRAGEM
Aqui Jaz a Minha Casa
Ensinamentos para a Vida Adulta
O Inferno
Land of My Dreams
Nada Fazi
Papel Amachucado
Posfácio nas Confecções Canhão
Purgatório
Os Últimos Dias
A Viagem
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REALIZADOR DE CURTA-METRAGEM
Rui Pilão, Aqui Jaz a Minha Casa
Arkadiy Kulchinskiy, The Path
Ernesto Bacalhau, Ensinamentos para a Vida Adulta
Carlos Conceição, O Inferno
Filipa Reis e João Miller Guerra, Nada Fazi
António Ferreira, Posfácio nas Confecções Canhão
Fábio Gonçalves, Princesa
João Filipe Silva e Pedro Miguel Silva, Purgatório
Francisco Manuel Sousa, Os Últimos Dias
Simão Cayatte, A Viagem
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ACTOR EM CURTA-METRAGEM
Júlio Alves, O Reino
Orlando Costa, Ensinamentos para a Vida Adulta e A Viagem
Pedro Diogo, Posfácio nas Confecções Canhão
Lee Fuzeta, O Reino
José Pedro Gomes, Os Vivos Também Choram
Agostinho Magalhães, Perdoa-me
Rodrigo Perdigão, Rafa
Ricardo Sá, O Inferno
Fernando Taborda, Humihados e Ofendidos
Leandro Vale, Aqui Jaz a Minha Casa
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ACTRIZ EM CURTA-METRAGEM
Joana Belo, Os Últimos Dias
Rita Blanco, A Bruxa de Arroios
Margarida Carpinteiro, A Viagem
Custódia Gallego, Posfácio nas Confecções Canhão
Paula Guedes, Land of My Dreams
Maria Leite, Ensinamentos para a Vida Adulta
Lucinda Loureiro, Ensinamentos para a Vida Adulta
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ARGUMENTO
Assim Assim
A Dança de Sísifo
Ensinamentos para a Vida Adulta
Florbela
Land of My Dreams
Nada Fazi
Noite
Survivalismo
Tabu
A Viagem
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FOTOGRAFIA
Ensinamentos para a Vida Adulta
Estrada de Palha
Florbela
Land of My Dreams
Linhas de Wellington
North Atlantic
The Path
Posfácio nas Confecções Canhão
O Reino
Tabu
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BANDA-SONORA
Assim Assim
O Cônsul de Bordéus
Estrada de Palha
Florbela
Land of My Dreams
North Atlantic
Operação Outono
Posfácio nas Confecções Canhão
Tabu
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GUARDA-ROUPA
O Cônsul de Bordéus
Cool
Estrada de Palha
O Estrondo
Florbela
Linhas de Wellington
Operação Outono
O Reino
Tabu
A Vingança de Uma Mulher
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DIRECÇÃO ARTÍSTICA
A Bruxa de Arroios
Cool
Estrada de Palha
Florbela
Linhas de Wellington
Posfácio nas Confecções Canhão
Tabu
A Vingança de Uma Mulher
Os Vivos Também Choram
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MONTAGEM
Artur
Assim Assim
O Cônsul de Bordéus
Estrada de Palha
Florbela
Linhas de Wellington
Nada Fazi
Operação Outono
Tabu
Os Últimos Dias
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CARACTERIZAÇÃO
Aqui Jaz a Minha Casa
Balas & Bolinhos - O Último Capítulo
A Bruxa de Arroios
E Amanhã
Estrada de Palha
Florbela
Linhas de Wellington
Operação Outono
O Reino
Os Vivos Também Choram
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EFEITOS ESPECIAIS SONOROS OU VISUAIS
Ajuda-me
Anquanto la Lhéngua fur Cantada
Banana Motherfucker
A Bruxa de Arroios
A Dança de Sísifo
Florbela
The Headless Nun
Hybrid
Land of My Dreams
Linhas de Wellington
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ELENCO
Assim Assim
Florbela
O Inferno
Land of My Dreams
Linhas de Wellington
Nada Fazi
Noiva Precisa-se
Operação Outono
Posfácio nas Confecções Canhão
Tabu
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CARTAZ
Além de Ti
A Bruxa de Arroios
Estrada de Palha
Florbela
O Reino
Survivalismo
Tabu
Os Últimos Dias
A Viagem
A Vingança de Uma Mulher
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TRAILER
Assim Assim
Estrada de Palha
Florbela
Operação Outono
A Teia de Gelo
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CinEuphoria Prémios 2013: Competição Internacional: os nomeados

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FILME
Amour
Blancanieves
Cloud Atlas
Detachment
Florbela
Laurence Anyways
Polisse
Poulet aux Prunes
Ruggine
Shame
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ACTOR
Mathieu Amalric, Poulet aux Prunes
Adrien Brody, Detachment
Michael Fassbender, Prometheus e Shame
Joeystarr, Polisse
Valerio Mastandrea, Ruggine
Denis Ménochet, Je Me Suis Fait Tout Petit
Melvil Poupaud, Laurence Anyways
Matthias Schoenaerts, De Rouille et d'Os e Rundskop
Philippe Torreton, Présumé Coupable
Luis Tosar, Mientras Duermes
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ACTRIZ
Dalila Carmo, Florbela
Suzanne Clément, Laurence Anyways
Marion Cotillard, De Rouille et d'Os
Marina Foïs, Polisse
Keira Knightley, Anna Karenina
AnnaLynne McCord, Excision
Emmanuelle Riva, Amour
Meryl Streep, The Iron Lady
Tilda Swinton, We Need to Talk About Kevin
Charlize Theron, Snow White & the Huntsman e Young Adult
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ACTOR SECUNDÁRIO
Antony Cupo, American Mary
Joseph Gordon-Levitt, The Dark Knight Rises
Dwight Henry, Beasts of the Southern Wild
Hernán Mendoza, Después de Lucía
Ezra Miller, We Need to Talk About Kevin
Bruno Simões, Noiva Precisa-se
Jim Sturgess, Cloud Atlas
Filippo Timi, Ruggine e Vallanzasca, Gli Angeli del Male
Antonio de la Torre, Grupo 7
Ben Whishaw, Cloud Atlas
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ACTRIZ SECUNDÁRIA
Doona Bae, Cloud Atlas
Halle Berry, Cloud Atlas
Anne Hathaway, The Dark Knight Rises
Betty Kaye, Detachment
Tracy Lords, Excision
Carey Mulligan, Shame
Valeria Solarino, Ruggine
Timnit T., Terraferma
Maribel Verdú, Blancanieves
Karine Viard, Polisse
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DUPLA
Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva, Amour
Ivo Canelas e Joaquim Horta, Assim Assim
Ivo Canelas e Dalila Carmo, Florbela
Mario Casas e Antonio de la Torre, Grupo 7
Melvil Poupaud e Suzanne Clément, Laurence Anyways
Matthias Schoenaerts e Marion Cotillard, De Rouille et d'Os
Michael Fassbender e Carey Mulligan, Shame
Mark Wahlberg e Seth MacFarlane, Ted
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REALIZADOR
Michael Haneke, Amour
Pablo Berger, Blancanieves
Tony Kaye, Detachment
Xavier Dolan, Laurence Anyways
Maïwenn, Polisse
Vincent Garenq, Présumé Coupable
Jacques Audiard, De Rouille et d'Os
Daniele Gaglianone, Ruggine
Steve McQueen, Shame
Emanuele Crialese, Terraferma
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ARGUMENTO
Amour
Argo
Beasts of the Southern Wild
Cloud Atlas
Detachment
Poulet aux Prunes
Ruggine
Shame
Sueño y Silencio
We Need to Talk About Kevin
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BANDA-SONORA
Beasts of the Southern Wild
Blancanieves
Cloud Atlas
The Dark Knight Rises
The Hobbit: An Unexpected Journey
Hugo
Poulet aux Prunes
De Rouille et d'Os
Terraferma
This Must Be the Place
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FOTOGRAFIA
Amour
Blancanieves
Danse Macabre
Excision
The Hobbit: An Unexpected Journey
Hugo
Moonrise Kingdom
Poulet aux Prunes
Shame
Snow White & the Huntsman
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GUARDA-ROUPA
Abraham Lincoln: Vampire Hunter
Anna Karenina
Apollonide: Souvenirs de Maison Close
Blancanieves
Cloud Atlas
The Hobbit: An Unexpected Journey
Hugo
Moonrise Kingdom
Poulet aux Prunes
Snow White & the Huntsman
.
MONTAGEM
Anna Karenina
Beasts of the Southern Wild
Cloud Atlas
The Dark Knight Rises
L'Exercice de l'État
The Hobbit: An Unexpected Journey
Poulet aux Prunes
Prometheus
Ruggine
Shame
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CARACTERIZAÇÃO
Albert Nobbs
American Mary
Blancanieves
Cloud Atlas
Excision
The Hobbit: An Unexpected Journey
Moonrise Kingdom
Poulet aux Prunes
Présumé Coupable
Ruggine
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DIRECÇÃO ARTÍSTICA
Albert Nobbs
Anna Karenina
Apollonide, Souvenirs de Maison Close
Blancanieves
Cloud Atlas
Florbela
The Hobbit: An Unexpected Journey
Hugo
Poulet aux Prunes
Snow White & the Huntsman
.
EFEITOS ESPECIAIS SONOROS OU VISUAIS
Abraham Lincoln: Vampire Hunter
Cloud Atlas
The Dark Knight Rises
The Hobbit: An Unexpected Journey
Hugo
The Hunger Games
Life of Pi
Prometheus
Snow White & the Huntsman
War Horse
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FILME DE ANIMAÇÃO
Fado do Homem Crescido
Ice Age: Continental Drift
Kali, O Pequeno Vampiro
ParaNorman
Rise of the Guardians
Sem Querer
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DOCUMENTÁRIO
Donos de Portugal
É na Terra não é na Lua
pt.es
S9 David Grachat
Zombies: A Living History
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ELENCO
Argo
Blancanieves
Cloud Atlas
Detachment
The Hobbit: An Unexpected Journey
Magic Mike
Moonrise Kingdom
Polisse
Poulet aux Prunes
Ruggine
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CURTA-METRAGEM
33 Giri
Aqui Jaz a Minha Casa
Danse Macabre
Ensinamentos para a Vida Adulta
Help Me
Humilhados e Ofendidos
North Atlantic
Purgatório
Os Últimos Dias
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ACTOR EM CURTA-METRAGEM
Alejandro Albarracin, Nuestro Propio Cielo
Orlando Costa, Ensinamentos para a Vida Adulta
Agostinho Magalhães, Perdoa-me
Rodrigo Perdigão, Rafa
Marco Pingiotti, 33 Giri
Fernando Taborda, Humilhados e Ofendidos
Leandro Vale, Aqui Jaz a Minha Casa
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ACTRIZ EM CURTA-METRAGEM
Joana Belo, Os Últimos Dias
Margarida Carpinteiro, A Viagem
Paula Guedes, Land of My Dreams
Maria Leite, Ensinamentos para a Vida Adulta
Lucinda Loureiro, Ensinamentos para a Vida Adulta
Sofia Valero, Nuestro Propio Cielo
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CARTAZ
Anna Karenina
Blancanieves
Detachment
Después de Lucía
Excision
Polisse
Poulet aux Prunes
Shame
Snow White & the Huntsman
Terraferma
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TRAILER
Blancanieves
Cloud Atlas
The Dark Knight Rises
Florbela
The Hobbit: An Unexpected Journey
Life of Pi
Prometheus
Ruggine
Snow White & the Huntsman
Terraferma
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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Survivalismo (2011)

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Survivalismo de José Pedro Lopes é uma interessante curta-metragem portuguesa que nos transporta para um armazém abandonado onde encontramos um homem amarrado e com uma corda ao pescoço. Desconhecendo os motivos que o levaram até àquele exacto momento, este homem que inicialmente se revolta pela sua deficiente condição, cedo a recusa apenas para nos revelar mais tarde os seus próprios porquês que a todos nos irão surpreender.
Os instantes iniciais desta curta-metragem são por um lado interessantes porque nos colocam numa situação de surpresa visto que desconhecemos o que terá levado aquele homem até ali, como também de expectativa pois aguardamos algo que nos indicie os momentos seguintes.
Se inicialmente o argumento de José Pedro Lopes consegue cativar e fazer-nos criar uma certa "empatia pela vítima" devido ao seu desespero que nos revela que quanto mais se revolta mais a corda aperta, não deixa também de ser verdade que se revela um pouco tremido quando a "vítima" finalmente se revela, numa aparente (apenas) tentativa de dar um significado àquilo que ali se passa.
É, no entanto, quando percebemos o verdadeiro espaço em que nos encontramos que todas essas explicações fazem finalmente sentido e transformam o final desta curta-metragem num interessante twist que consegue dar-lhe a credibilidade que esperamos e criar a intensidade que esperamos de um trabalho de suspense que a todos acabará por satisfazer.
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7 / 10
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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

How the Grinch Stole Christmas (2000)

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Grinch de Ron Howard que conta com a participação de Jim Carrey na personagem principal cujo nome "baptiza" este filme, e que nos conta a história natalícia de Whoville, uma terra mágica existente dentro de um floco de neve exclusivamente habitada pelos Who, um povo bem alternativo cujo único objectivo na vida é a referida época festiva e tudo o que envolve a sua (levada ao exagero) celebração.
No entanto, como nem tudo pode ser perfeito e onde uma "ovelha-negra" é sempre desejada, os Who também têm a sua na "pessoa" do Grinch (Carrey), uma criatura hedionda e por todos repudiada por ser "diferente", que detesta o Natal bem como toda aquela estranha população que a todo o custo tenta prejudicar, mais não seja nas suas adoradas celebrações e alegres festejos.
Numa época em que se deve amar o próximo e integrar todos na comuunidade, tanto os Who como o Grinch mantêm-se separados... mas Cindy Lou Who (Taylor Momsen) tudo fará para que acabem definitivamente os preconceitos que todos criaram entre si voltando a ser esta, uma comunidade unida como manda o próprio espírito da época que todos têm como o centro do seu universo.
Depois de vermos este filme compreendemos na perfeição como mais ninguém, para além de Jim Carrey, poderia ter dado vida a esta estranha e excêntrica personagem como é o "Grinch". Carrey que todos nós poderemos assumir como um mestre na arte do exagero das composições das mais diversas, mas sempre excêntricas, personagens, tem aqui mais uma que, correndo o risco da utilização de um cliché, lhe assenta que nem uma luva. Carrey é a excentricidade em forma de pessoa. Exagerado e quase maníaco, mas sempre com uma dose elevada de bom humor e disposição que é, na prática, a alma de todo o filme, Carrey revela também uma dose de escondida humanidade que transformam a sua personagem do inicial revoltado a alguém que desesperadamente espera ser integrado num meio ao qual, afinal, também pertence. Mais ninguém, senão ele, tem a capacidade de encarnar este tipo de personagens (por vezes rejeitadas) e conseguir, no final, sair por cima sendo "identificável" no seu desempenho toda uma evolução interpretativa e a tal "alma" que se espera que um bom actor entregue ao corpo ao qual dá vida podendo o espectador encontrar mais em quem é retratado do que aquilo que os primeiros momentos insistem revelar... Afinal, nem tudo é como tendencialmente insiste parecer... É aqui, tal como noutras interpretações do género, que mostra a sua genialidade e os "porquês" - "he's a what... not a who" - de não cair no esquecimento por parte do espectador... as suas composições são hoje (e serão no futuro) eternas e eternizadas.
Do restante elenco onde se destacam nomes como Jeffrey Tambor como "Augustus Maywho", o eterno inimigo do "Grinch", ou Christine Baranski como "Martha May Whovier", a razão da disputa sentimental de ambos, destaca-se a presença de uma muito jovem Taylor Momsen como "Cindy Lou Who", aquela que não desiste de provar que afinal sim, o Natal existe e deve ser sempre para todos e revelando que é a falta de apenas um dos seus elementos para condicionar todo o propósito do verdadeiro festejo e do significado da palavra central... Natal. E no meio de tantas personagens humanas, seria quase impossível falar deste filme sem referir o magnífico "desempenho" que o pequeno "Max", o cão e único verdadeiro amigo - e aquele que brevemente funciona como a sua inesperada consciência e, como tal, vítima dos seus caprichos - do "Grinch" entrega e este filme. Simplesmente divino!
Mas, no entanto, apesar de How the Grinch Stole Christmas possuir todo um conjunto de interessantes e dinâmicos elementos que passam pelo já referido elenco a toda uma composição artística que levam o espectador para um cenário e universo diferentes e francamente alternativos, esta longa-metragem não consegue atingir o estatuto de culto que outras da mesma temática conseguiram alcançar. Sem ser um filme brilhante, e apesar de conseguir transmitir directamente ao coração dos mais sensíveis a sua pertinente mensagem natalícia sobre o que significa realmente a época, é no campo caracterização que saiu vencedora de um Oscar atribuído a Rick Baker e a Gail Rowell-Ryan, bem como na respectiva direcção artística e guarda-roupa, também elas alvo de nomeações aos Oscar que esta longa-metragem atinge de facto o seu ponto alto. Mas, ainda que How the Grinch Stole Christmas possua este conjunto de factores positivos e dignos de um merecido registo, no final permanece uma dúvida quase existencial para o espectador na medida em que equaciona até que ponto esta seja uma daquelas longas-metragens que mais tarde irá recordar como um marco dos contos natalícios. É claro que recordaremos o "Grinch" de Carrey assim como a narração pela voz de Anthony Hopkins estará para sempre na nossa memória... Recordaremos o pequeno "Max" e eventualmente todo o semi-esquizofrénico universo destes (sabemos) minúsculos seres mas... ao mesmo tempo... naquele momento em que nos decidimos a ver um conto de Natal na televisão... será esta a nossa opção primeira? Será esta sequer uma opção?
No final, a questão será apenas uma (ou mais)... Apesar da mensagem que How the Grinch Stole Christmas se propõe transmitir... estará aqui presente a verdadeira essência da alma natalícia? Conseguiremos nós espectadores criar empatia, emoção e um qualquer tipo de identificação com esta história demasiadamente acelerada para que nos relacionemos directamente com ela? Que Carrey é eterno, já todos nós o sabemos... no entanto, também o será o seu "Grinch"?
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5 / 10
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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Charles Durning

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1923 - 2012
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Jack Klugman

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1922 - 2012
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Cloud Atlas (2012)

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Cloud Atlas de Tom Tykwer, Andy Wachowski e Lana Wachowski foi desde bem cedo o filme que mais antecipei ver durante todo o ano. Não só o argumento repleto de histórias interligadas me parecia fascinante como também o conjunto de actores onde se destacam Tom Hanks, Halle Berry, Susan Sarandon, Hugo Weaving, Jim Sturgess, Ben Wishaw ou Jim Broadbent era motivo mais que suficiente para pensar nele como O filme do ano.
A obra de David Mitchell agora adaptada ao cinema, centra todo o seu enredo numa "simples" premissa: tudo está interligado... o passado, o presente e o futuro. Desde uma viagem pelo Pacífico e o diário de bordo escrito por um dos seus passageiros às cartas de amizade e amor escritas por um compositor ao seu amante e amigo passando pelos sinistros acontecimentos em torno de uma central nuclear, uma clone revoltosa numa Coreia futurista ou até mesmo os dias de uma tribo num Hawaii pós-apocaliptico. Tudo está definitivamente interligado entre si.
Temos então uma primeira acção do filme que nos transporta até meados do século XIX onde estão para ser assinados contratos que estabelecem a continuidade da mão-de-obra escrava para as plantações do sul dos Estados Unidos. Temos um segundo momento no qual a acção se desenrola já no século XX, por volta dos anos 20 e 30, onde é vivido um romance proibído, e interrompido, entre um escritor e um músico que pretende escrever a grande obra pela qual será recordado (e que não será mais do que a prova do seu próprio amor). Um terceiro segmento coloca-nos nos anos 70 do século XX onde, o escritor já dotado de alguma idade encontra uma repórter de investigação a quem entrega valiosos documentos de uma central nuclear com sérios riscos para a segurança humana. Pelo meio temos um escritor e agente literário que apanhado no meio dos seus próprios esquemas e artimanhas, é enviado pelo seu irmão para um lar de idosos bem agressivo do qual parece não conseguir escapar, e onde reflete sobre aquilo que deixou por cumprir no seu passado.
Os dois momentos finais deste filme centram-se já no futuro ao sermos transportados para uma nova Coreia onde todos os testemunhos do passado são já uma miragem quase esquecido nos subterrâneos da cidade de Seul onde é descoberta uma não menos estranha conspiração sobre o que se passa por detrás dos olhares menos atentos e finalmente, o último momento deste filme que nos transporta para um mundo pós-apocalíptico onde a população definha aos poucos tanto às mãos de doenças que noutros tempos (os nossos) seriam de fácil resolução mas que agora os vitimizam tão rapidamente como os grupos armados e violentos que aos poucos espalham o terror.
Assistimos assim a um conjunto variado de momentos e acções individuais através da História que, de uma ou outra forma, através das consequências que originam irão afectar de forma determinante não só o presente como também o futuro, demonstrando assim a importância individual de cada um deles.
Depois de um trailer francamente convincente e que é capaz de atrair as atenções dos mais descrentes, este filme seduz-nos a cada minuto que passa. O argumento, também ele escrito pelo trio de realizadores, não só constitui um desafio em si como é também ele rico ao ponto de em cada uma destas histórias que se interligam, capaz de criar um próprio filme. Quer seja passado no século XIX, na actualidade ou num futuro que nenhum de nós conhece, não deixa de ser verdade que se pensarmos em cada uma destas histórias isoladamente, facilmente percebemos que todas elas são capazes de individualmente criar o seu próprio enredo com muito por onde poder explorar.
Dito isto, se pensarmos então em criar um elo de ligação entre todas elas de forma a conseguir dar-lhes a devida continuidade é, com toda a certeza, um golpe de mestre. O potencial existente apenas na premissa de que um acto do passado pode influenciar todo um futuro é, no mínimo, apelativo. Todos nós pensamos na hipótese de que se a dada altura tivessemos escolhido outro rumo, ou tomado outra decisão, que a vida de todos poderia ser diferente, então este é o filme ideal para se ver. E por detrás de todas estas histórias estão ainda premissas, sentimentos ou ideais que acabam por fazer parte da vida de todos... o amor, a liberdade, a dedicação, a justiça ou algo tão simples como poder viver melhor do que o legado que nos foi confiado de geração em geração como clara contraposição ao conformismo, à clausura, à tirania e à opressão. No fundo, momentos e formas de vida que, de uma ou outra forma, acabam por fazer parte (sem excepção) de todos nós.
O conjunto de actores não poderia ser melhor. Tom Hanks como um médico nos 1800's, um cientista em 1973 ou um homem amedrontado num futuro longinquo, acaba por deter uma das interpretações mais centrais e longas de todo o filme que, tal como a história, liga diversas personagens perdidas no tempo. Igual a si próprio Hanks detém naturalmente a interpretação principal do filme sendo que é de maior destaque em alguns desses momentos (passado e futuro principalmente), o mesmo sucedendo com Halle Berry que participando em todas as épocas em que o filme se desenrola assume um maior protagonismo no "presente" com a sua repórter "Luísa Rey", ou no futuro onde encarna claramente uma espécie humana mais evoluída e informada.
No entanto não sou capaz de referir Jim Surgess ou Ben Wishaw como os dois actores que mais me impressionaram com as suas interpretações em todo o filme. Sturgess conseque cativar qualquer um com o seu "Adam" abolicionista nos 1800's ou com o seu desempenho como o superior "Hae-Joo Chang" que numa Coreia já ela devastada por uma qualquer catástrofe, e que pelo bem da Humanidade se deixa levar pelo coração e pelo amor, como os únicos verdadeiros garantes da sobrevivência da mesma. Já no que diz respeito a Wishaw (que felizmente repete a sua genialidade às mãos de Tykwer), tem um emocionante e sentido desempenho enquanto "Robert Frobisher", o apaixonado e atormentado músico homossexual que vive no drama de ter escolhido terminar a sua sinfonia para aquele que ama sem que, no entanto, este possa estar perto de si e que, uma vez terminada a mesma, este não a possa disfrutar a seu lado mostrando assim a prova do se eterno amor.
Se as interpretações deste fantástico conjunto de actores são excelentes, não menos o é toda a edição do filme a cargo de um brilhante trabalho de Alexander Berner, e que seria na minha opinião um dos mais justos Oscars atribuídos neste próximo ano. Um filme com um enredo que se interliga em diversos períodos temporais e com um conjunto de personagens tão rico e diversificado só poderia resultar se os elos de ligação entre todos eles fossem fortes. Aqui além de o serem, prezam ainda pela capacidade de conseguir alternar entre os vários espaços temporais sem que dê a ideia ao espectador de que estamos a viver histórias diferentes. A acção "salta" dos 1800's para 1973 e daqui para lá de 2100 com uma naturalidade filmica que nos dá quase sempre a impressão de que estes momentos estão realmente a ser vividos com uma sequência cronológica natural e não com o desfazamento de décadas ou gerações. Tão rapidamente nos encontramos em 1973 como segundos depois somos transportados para um futuro apocalíptico ou daqui para o século XIX sem que a acção e os acontecimentos se percam pelo caminho. Pelo contrário, eles parece que realmente estão a ocorrer naquele exacto momento como um desenlace natural do momento a que assistimos imediatamente antes.
A banda-sonora do filme é, também ela, épica. Reinhold Heil, Johnny Klimek e Tom Tykwer criaram um conjunto de acordes e melodias que nos inspiram e tornam este filme num momento tão grandioso como a própria sinfonia composta por "Robert Frobisher" (Ben Wishaw), dando não só o sentimento necessário para que um filme crie alguma identificação com o seu público como também para que ele se torne numa alma que consiga perdurar ainda durante bastante tempo.
E a mesma genialidade se consegue encontrar na fotografia da autoria de John Toll e Frank Griebe que transforma as cores e luzes do passado num advento de esperança, as do "presente" em algo assustadoramente ténebre e as do futuro num espaço desprovido de rumo e de esperança onde o medo é já uma constante que se apoderou dos corações dos Homens.
Este Cloud Atlas não será certamente um filme que possa ou que irá agradar a todos. Pelo contrário, é mais provável que desagrade pelo conjunto quase interminável de momentos que parecem, à partida, por cumprir e que se sucedem a um ritmo alucinante. A atenção que precisamos dispender para ver este filme não se pode quebrar e desde que o começamos a visionar temos de seguir todos os momentos da história sem que nos falhe nenhum pois é um facto que não é um filme convencional onde a linha temporal e cronológica se suceda naturalmente. Aqui passado, presente e futuro estão, de facto, interligados e todos os momentos independentemente da época em que tenham ocorrido estão intimamente ligados aos demais fazendo com que o que acontece "agora" no ecrã seja realmente o momento precedente do que irá acontecer "depois", mesmo que este seja temporalmente a centenas de anos de distância... Confuso? Não é, garanto.
É um filme emocionante, trágico e com momentos da História passada que não deveriam ser esquecidos. Por vezes cómico e por outras sentimental que irá geral paixões e certamente alguns ódios mas que no final não irá deixar nenhum de nós indiferente e saberemos que assistimos para o bem (ou para o mal) a um dos filmes mais marcantes do ano e seguramente dos últimos anos, e filme este que não ficarei espantado se no próximo ano ficar nomeado para algumas das categorias técnicas nos prémios da Academia.

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"Sonmi-451: Our lives are not our own. We are bound to others. Past and present. And by each crime and every kindness we birth our future."
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