Avatar de James Cameron foi o filme que fez sensação e bateu todos os recordes de bilheteira em 2009 e era também o filme mais aguardado da temporada de prémios de cinema.
Cameron que não realizava um filme desde o ido ano de 1997 com o tão famoso Titanic, regressava assim às lides da realização com este filme que foi mantido em segredo durante muito e muito tempo aguçando assim a curiosidade de todos os críticos e cinéfilos mundiais.
Avatar, que conta com a participação de Sam Worthington, Zoe Saldana e Sigourney Weaver nos principais papéis conta a história de Jake Sully (Worthington), um militar paraplégico que é enviado para o planeta Pandora (que nome tão sugestivo) habitado pelo povo Na'vi com um aspecto físico gigante e muito próprio naquilo que se pode caracterizar como tendo feições felinas e corpo humano que se revolta incansavelmente contra a presença dos "aliens" (os humanos) que não desistem de explorar ao máximo os recursos naturais do seu planeta.
Através da criação de uma figura semelhante à dos Na'vi mas comandado por Sully, este integra-se no seio da população nativa de início com o intuito de os espiar mas com o passar do tempo esta integração passa não só por partilhar dos seus objectivos e forma de vida como também pela possibilidade de amar Neytiri (Saldana), uma Na'vi com que Jake se identifica.
Escusado será dizer que este facto não só trará problemas a Jake por parte dos restantes Na'vi que não o encaram como um deles como também junto dos humanos que agora o encaram como um traidor que se deixou influenciar pela cultura que tinha como intuito espiar e influenciar para que permitissem a continuidade da exploração dos recursos naturais de Pandora.
Aqui nada é feito ao acaso. O próprio nome do planeta abre portas a um cliché mais que óbvio. Abrem-se os segredos de Pandora e vêm com eles os segredos que podem levar à própria destruição daqueles que o abrem. Bem dito, bem feito...
É certo e sabido logo à partida que no final de contas o invasor (os humanos) não irão sair vencedores de uma batalha em que são "questionados" os segredos de Pandora e a sua harmoniosa forma de estar e de viver. Por isso, demore mais ou menos tempo mas já estamos preparados para a previsibilidade que este pequeno grande factor constrói e que irá, durante o filme, confirmar.
Outro aspecto que a meu ver joga e jogou contra este filme foi a grande campanha de marketing que... ok... resultou em termos de bilheteira, mas que por isso mesmo e pela curiosidade gerada à sua volta e depois não cumprir com aquilo que "prometeu" fez deste filme, que não é mau, tornar-se numa desilusão por se esperar muito e muito mais dele.
Aliado a isto está também o factor 3D. Não me vou perder aqui em conjunturas e explicações porque também a nível técnico pouco, muito pouco, percebo. Mas como espectador tenho como é óbvio uma opinião sobre a grande polémica que se gerou e vai gerando em torno desta "nova" modalidade de fazer cinema. Se pensam que ganham com isto.... Pensem de novo.... Para aquilo que me diz respeito bem como para a maioria das pessoas que conheço e que são apreciadoras de cinema, ver um filme com uns óculos manhosos apenas e só para ter a impressão que está "tudo" a passar-se "ali ao lado" é de facto constrangedor. Não tem piada... não cativa... não desperta qualquer tipo mínimo de interesse para poder ir ver o filme. Prefiro esperar pelas versão "normal" do mesmo e depois aí sim ir vê-lo. Só uma opinião claro...
Quanto à história em si.... todos aqueles rios e rios de comentários sobre as potenciais mensagens que o filme tenta passar... Sejamos honestos... que filme é que não tenta passar uma mensagem ou contar uma história que possa preocupar um pouco mais aqueles que o fazem? Sim, as mensagens "verdes" ecologistas estão de facto lá... o respeito pelo planeta e pelos seus recursos que não devem ser explorados até à exaustão. Os povos indigenas que protegem os muitos ou poucos recursos que podem ter no seu espaço. O facto de quem será de facto o "invasor", onde é claramente apontado o dedo aos humanos que estão ali num planeta distante e estranho a explorar e a ocupar. E finalmente, porque de facto já é demais, o próprio povo Na'vi com os seus cânticos à Mãe-Natureza, ou uma forma dela, que em muito se assemelham os rituais africanos mostrando uma clara ligação à também Mão-África e aos abusos de que esse continente tem sido vítima desde há largas centenas de anos. Clichés atrás de clichés... eles estão lá todos e em boa forma.
Finalmente no que diz respeito às interpretações, é agradável ver Sigourney Weaver de regresso a um estrondodo êxito de bilheteira pois esta actriz merece estar sempre na linha de cima... Só é pena que o seu papel não seja mais protagonista e noutro tipo de filme, muito ao estilo do Aliens, onde aí sim brilhou com luz própria e num filme que não desiludiu ninguém. Quanto a Sam Worthington até consegue ter algum conteúdo quando faz o seu papel humano... como Na'vi... bom, digamos que parece mais um cartoon do que propriamente o papel de um actor "transformado"... e o mesmo serve para Zoe Saldana que apenas a vemos como um "boneco".
Dito isto... passemos aos aspectos positivos do filme. Os técnicos pois claro. É impossível negar que em termos de efeitos especiais este filme está e é sem qualquer dúvida, pioneiro. Está lá tudo... planetas flutuantes, animais gigantescos e medonhos, naves espaciais e equipamentos médicos e miliatres que podem fazer "sonhar" qualquer um que pertença a essas respectivas áreas, e por isso foi sim um justo vencedor do Oscar na respectiva categoria. Aqui seria impossível batê-lo.
Tal como na fotografia da autoria de Mauro Fiore que dá um aspecto simplesmente magnífico ao filme... Basta consideramos a explosão de cor e de luz que todo ele tem e não será preciso dizer absolutamente mais nada.
Nomeada a oito Oscars... Vencedor de três... falta apenas referir a estatueta de Direcção Artística que também venceu este ano e à qual também não se pode apontar o dedo pois em aspectos técnicos o filme está realmente muito bom.
Finalmente e apenas como nota de observador e de espectador... Este filme venceu este ano os Globos de Ouro de Melhor Filme Drama e de Melhor Realizador... Senhor James Cameron... se estiver a ler isto (lol) não volte a fazer as figuras tristes que fez, em que até embaraçou os actores que o acompanharam ao palco, onde pediu um aplauso dos demais participantes na cerimónia para... note-se... eles próprios... É muito mau ser condescendente para com pessoas que muito possivelmente têm carreiras mais marcantes e importantes que a sua... mas isto claro... é apenas a minha opinião.
Tecnicamente falando Avatar é um filme interessante e consegue até conquistar-nos com as suas inúmeras sequências de acção que de facto entretêm. Como um dos melhores filmes de sempre... bom... teria de percorrer muito até lá chegar... E com isto não quero DE TODO dizer que apoio a sequela... pois de facto um destes... CHEGA!!!
"Jake Sully: I was a warrior who dreamed he could bring peace. Sooner or later though, you always have to wake up."
7 / 10
Sem comentários:
Enviar um comentário