Dorothy de Eros Romero é uma curta-metragem de ficção australiana que nos apresenta uma história sinistra e de desfecho imprevisível.
"Um palhaço é suposto ser divertido", é o que escutamos numa narração enquanto assistimos ao interior desolador de uma pequena sala onde se encontram três almas. Uma criança relativamente desfigurada acompanhada de uma mórbida boneco e dois homens com aquilo que aparenta ser o que sobra da pintura facial de um palhaço.
Se num contexto normal aquilo que nos assustaria seriam os palhaços, não é menos verdade que aqui a figura mais sinistra é a daquela criança que insisti em que os dois homens cumpram os seus estranhos caprichos.
É quando nos preparamos para assistir a uma história que pensamos já conhecer que somos surpreendidos com a misteriosa presença de Dorothy.
O realizador e argumentista Eros Romero cria aqui um ambiente demasiadamente sinistro que cativa qualquer fã do género de terror/suspense que se preze. A bizarria do local e das estranhas personagens que involuntariamente (ou não) o compõem, dão o mote para o espectador se sentir inserido num espaço onde ironicamente percebemos que a lucidez já desapareceu há muito.
Preso num purgatório que facilmente poderia ser a sua própria mente enlouquecida, "Boo" (Darrell Plumridge) é um homem atormentado por um passado em vida do qual já não se recorda até conhecer os caprichos não só daquela criança como também os de "Dorothy" que parece ter os seus próprios planos.
Apesar de sinistra e, como tal, competente para o género, é fácil perceber que Dorothy é uma curta-metragem com um potencial por cumprir. Forte na dinâmica que recria durante a sua escassa duração e que nos leva bem perto do abismo da loucura é, no entanto, um filme que poderia ter ido mais longe quer nessa mesma loucura como principalmente na violência psicológica que a sua trágica conclusão deveria ter provocado. Os elementos estão lá mas, no entanto, não são aproveitados e explorados ao seu máximo sem que, justiça seja feita, prejudique em absoluto o seu conteúdo... Pelo contrário, o único defeito aqui é não ter ido mais longe ultrapassando a sua própria barreira da loucura.
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7 / 10
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