Lázaro de David Cruces, Alba Dominguez e Concha Silveira (Portugal) é uma curta-metragem experimental que centra o espectador no imaginário de um espaço onde todo um conjunto de múltiplas funções convergem. A morte, a vida e o tempo são noções e momentos que ali se concentram como se de um arquivo se tratasse.
Ainda que tentada uma certa mensagem filosófica que una a figura bíblica à noção devida e morte aqui representada pelos animais (embalsamados) que deambulam pelos instantes desta curta-metragem, a realidade é que este Lázaro se perde com a própria "experimentação" a que a própria obra se propôs.
Com uma mensagem subliminar sobre a representação que todos os seres vivos têm (para o futuro), num presente onde podem em boa medida ser apenas "mais um", todos se perdem quando a morte - destino certo para todos os seres vivos - "bate à porta" mantendo-se esta como o eterno tabu, de e sobre o qual, todos se esquivam sobre a sua presença e realidade anulando assim a sua desmistificação perpetuando num ciclo vicioso o mistério que lhe está associado. Como uma dica ao conto bíblico, uma vez mais, este filme termina com uma despedida do espírito que nunca morre... ressuscita e renova-se a cada nova etapa permanecendo alegoricamente como uma eternidade para um futuro que é, a cada etapa, incerto e, também ele, experimental.
Perdido num certo misticismo e na alegoria bíblica, este Lázaro acaba por ser mais uma experimentação fílmica de técnicas, de luzes e de enquadramentos do que propriamente uma obra com um propósito narrativo coerente libertando-se da sua auto-avaliação e deixando para o espectador todo um julgamento livre e incerto. Enquanto objecto de estudo (para quem o construiu) poderá ser uma obra relevante e de aprendizagem... para o público, será provavelmente uma obra que se esgota nos seus primeiros instantes e que certamente terá uma dificuldade em permanecer e tornar-se duradoura.
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2 / 10
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