quinta-feira, 30 de junho de 2011

20,13 (2006)

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20,13 de Joaquim Leitão tem um elenco bastante agradável naquela que é mais uma história do realizador português centrado no período da Guerra Colonial. Assim temos, entre outros, Marco d'Almeida (nomeado ao Globo de Ouro de Melhor Actor), Adriano Carvalho, Maya Booth, Carla Chambel, Ivo Canelas, Júlio César, Angélico Vieira, Pedro Varela e Cândido Ferreira.
Esta história decorre maioritariamente em Moçambique na noite de Natal de 1969 quando um pelotão português captura e detém um rebelde ao mesmo tempo que se cruzam histórias de amor quer proibidas quer não correspondidas e um ataque às tropas portuguesas por parte dos rebeldes.
Mas isto não pára por aqui. Joaquim Leitão que consegue, a meu ver, juntar interessantes e cativantes histórias no grande ecrã, com bons elencos e ao mesmo tempo tornar o seu cinema "comercial", prepara-nos também algumas surpresas que conseguem durante uma boa parte do filme estar escondidas ao contrário do que acontece em muitos filmes em que as percebemos muito rapidamente. Tudo isto graças não só à magnífica realizado de Joaquim Leitão que consegue uma vez mais entregar um filme a quem ninguém consegue ficar indiferente quer pela sua acção no tempo, quer pelo seu elenco repleto de caras que todos nós apreciamos ver ou, claro está, pelo brilhante argumento da autoria de Tino Navarro, Luís Lopes e do próprio Joaquim Leitão.
Após a detenção de um rebelde, um grupo de soldados portugueses regressam à sua base onde o aprisionam. À medida que conhecemos as diversas personagens percebemos rapidamente que existem algumas tensões não só entre elas como para com o próprio sentido da sua missão naquela guerra. O Alferes Gaio (Marco d'Almeida) é um dos que questiona o seu papel ali e percebemos que entre ele e o Capitão (Adriano Carvalho) existe um choque de mentalidades que será impossível de contornar.
Durante as festividades de Natal onde posso destacar dois momentos bastante bem conseguidos, ou seja, a canção Menina dos Olhos Tristes pelo seu lado emocional e claro o momento em que Esperança (Carla Chambel) e Vicente (Angélico Vieira) cantam esse marco de outros tempos Ele e Ela que percebemos assumir proporções maiores do que um simples momento de alegria e festejo. A partir daqui não só a sua noite como as suas vidas iriam modificar-se radicalmente.
Desta história não vou revelar mais. Em poucas palavras acho que está o suficiente dito para que quem leia este texto e ainda não tenha visto o filme sinta a curiosidade suficiente para o descobrir tal como eu fiz.
Resta-me então falar dos actores que compõem este excelente filme. Nas interpretações principais temos então Marco d'Almeida que dá vida ao Alferes Gaio, um militar dividido entre o seu sentido patriótico de dever e a busca pela verdade e pela justiça. Este papel que lhe valeu a única nomeação, até à data, aos Globos de Ouro, ilustra uma consciencialização que à altura parecia perdida e bem afastada das mentes daqueles que traçavam os destinos do país. Gostei francamente deste seu trabalho ao qual soube ainda valorizar mais ao dar-lhe não só essa tal consciência como também um lado mais duro e determinado que compõem assim a personagem perfeita para este filme que se quer ora dramático ora de acção.
Pelo outro lado temos o Capitão, magistralmente interpretado por Adriano Carvalho que aqui mostra o oficial que apenas cumpre sem questionar as ordens que lhe são dadas mas que ao mesmo tempo esconde um terrível, para as mentalidades de então, segredo que nunca ninguém poderia saber. O seu olhar apagado e distante mas repleto de uma emoção escondida são, de facto, geniais. Merececia também ele ter sido reconhecido por esta sua interpretação.
Há igualmente que destacar as duas únicas prestações femininas deste filme. Por um lado temos Maya Booth, Leonor a mulher do Capitão, a única que sabe o que está verdadeiramente por detrás daquele rosto cheio de segredos. A sua interpretação contida e desprovida de grandes manifestações de emoção, revela-nos que para além de um amor está uma grande amizade e dedicação àquele homem para quem ela não tem o significado que espera.
Do outro lado temos uma Carla Chambel (Esperança) que aqui interpreta a mulher do médico (Ivo Canelas), uma mulher que vive à margem de tudo e de todos, mesmo do local e da situação em que se encontra, por viver um amor não correspondido e um casamento que, por isso, vive em tumulto.
Este filme tem ainda alguns efeitos especiais visuais e sonoros que, não sendo os de Hollywood, estão para uma produção portuguesa bastante bons e francamente credíveis, o que me deixa bastante agradado. É bom perceber que se podem juntar elementos dramáticos e um filme que se quer mais sério com efeitos especiais que apenas o vão engrandecer nos momentos de maior acção.
Não me recordo se na altura em que esteve em cinema se obteve o público que seria de esperar. No entanto posso afirmar seguramente que este filme não fica atrás de nenhuma outra produção internacional quer pelo seu conteúdo quer pelo conjunto de actores que dele fazem parte e que, como tal, é só (mais) uma prova de que o cinema nacional tem pernas para andar e que como qualquer outro consegue criar e contar histórias que conseguem despertar o interesse a qualquer um de nós. Joaquim Leitão... venham mais!
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8 / 10
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quarta-feira, 29 de junho de 2011

When You Love Someone (2011)

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When You Love Someone de Miguel Sevivas é uma interessante curta-metragem nacional que tal como indica a própria leganda no youtube vive de uma contemplação não só da paisagem envolvente como nos mostra os dias de um jovem sem aquela por quem nutria o seu amor.
Com um trabalho de fotografia bastante bom, infelizmente não identificado nos poucos créditos finais que apresenta, e uma banda-sonora com temas bem inspiradores, também eles por identificar, esta curta é para um trabalho dito amador uma agradável surpresa pela credibilidade das imagens e das expressões que o seu jovem actor tenta transmitir.
À excepção da ausência de créditos que identifiquem, por exemplo, o técnico do trabalho de fotografia que acho bastante agradável na junção de luz e cor, esta produção está francamente positiva e interessante.
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6 / 10
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terça-feira, 28 de junho de 2011

Angélico Vieira

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1982 - 2011
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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Legend of the Guardians: The Owls of Ga'Hoole (2010)

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Lenda dos Guardiões: As Corujas de Ga'Hoole de Zack Snyder é um absolutamente genial filme de animação deste realização que já nos presenteou com filmes como Sucker Punch ou 300.
Neste filme de animação cujas personagens são corujas temos a tradicional batalha que opõe o Bem ao Mal, e se pensarmos apenas por aqui não nos resta nada a que já não tenhamos assistido em inúmeros outros filmes nomeadamente os de animação.
A beleza que este transmite é, no entanto, a riqueza com que as suas personagens e todos os cenários para onde somos transportados nos dão. Não existe necessariamente um covil onde o Mal se encontra ou um paraíso onde o Bem se refugia mas sim extraordinárias paisagens naturais que mais parecem realmente verdadeiras e onde todas as personagens que compõem o filme se degladiam em aventuras e na esperada batalha final.
Tudo se resume quando uma jovem coruja é raptada com o seu irmão por um exército tenebroso que pretende manter o domínio sobre todas as criaturas hipnotizando todas as suas vítimas a fazerem parte do seu exército.
Mas, como outra não seria de esperar outra coisa, a nossa personagem principal não se deixa intimidar por este exército e tenta a sua sorte escapando e refugiando-se em Ga'Hoole, a ilha onde se encontram as velhas glórias de serviço prontas a uma luta final para manter a ordem e vingarem o passado.
Como em muitos filmes de animação, a acção é tanta que por vezes torna-se dificil acompanharmos o filme se não lhe estivermos a dar atenção mas, também verdade seja dita, que como todos os filmes de animação, se não conseguirmos ver tudo à primeira podemos sempre ver duas ou três vezes mais até ficarmos satisfeitos pois... não cansa.
E como se isso não bastasse, temos ainda a dar voz a estas excelentes personagens muitos nomes importantes do cinema como é o caso de Helen Mirren, Jim Sturgess, Hugo Weaving, Richard Roxburgh, Sam Neill, Anthony LaPaglia ou Abbie Cornish o que só nos mostra o peso pesado que o filme é ao conseguir concentrar grandes nomes do cinema australiano neste excelente filme de animação.
Finalmente há ainda que destacar a extraordinária banda-sonora da autoria de David Hirschfelder que na junção com as imagens quase reais que temos do filme dá-nos uma sensação de que não estamos a assistir a um filme de animação mas sim a um de imagem real... é sem dúvida uma sensação bastante agradável de se ter.
Assim, temos um filme que foge ao tradicional onde percebemos claramente que é um filme de animação para um que apesar de o ser foge ao convencional dando-nos algumas ilusões em contrário e que além disso tem uma excelente história para contar sobre como o Bem vence sempre apesar das inúmeras adversidades, aqui entra o cliché mas que acabamos por esquecer pois este é um verdadeiro delírio visual a que nenhum de nós consegue ficar indiferente.
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8 / 10
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domingo, 26 de junho de 2011

The Nanny Diaries (2007)

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Diário de uma Nanny de Shari Springer Berman e Robert Pulcini põe dois grandes nomes femininos no grande ecrã... Scarlett Johansson e Laura Linney secundadas por Alicia Keys, Paul Giamatti e Chris Evans neste filme que nos mostra as vivências de uma classe mais abastada de Nova York.
Annie (Johansson) recém licenciada e com incertezas sobre o seu futuro profissional onde sabe não querer uma vida de escritório consegue, por um mero acaso, uma entrevista como ama para uma família bem colocada financeiramente da cidade.
Começa então assim uma nova e completamente desconhecida etapa da sua vida onde irá pôr em prática os seus conhecimentos antropólogos, não num ambiente nativo longe do seu meio, mas nativo na sua própria cidade.
É aqui que Annie começa a lidar com Mrs. X (Linney), uma rica e desinteressada mulher de Nova York que tem como lema de educação não o conforto do seu filho e o seu desenvolvimento maternal mas sim tudo o que de mais caro e sofisticado fôr entregando os cuidados da criança a uma ama que passa quase a assumir o papel de mãe da mesma.
O simples facto destas duas excelentes actrizes fazerem parte de um mesmo filme é motivo suficiente para me fazer vê-lo no entanto devo confessar que o trailer fez-me pensar que iria assistir a uma qualquer comédia manhosa e que as ditas actrizes tinham "descido" um pouco na categoria de interpretações a que me tinham habituado. Surpresa tive quando percebi o quão enganado estava. Não se tratava de uma comédia, pelo menos não de uma comédia manhosa como inicialmente pensei, mas sim de um extraordinário filme dramático com os seus momentos mais alegres.
Johansson com a sua intepretação de uma jovem com uma vida inteira pela frente e indecisa sobre o que será o seu "dia de amanhã", onde para além de ter passado uma vida inteira a estudar pouco mais conhece do mundo que a rodeia, dá-nos um perfeito retrato de muitos de nós que paramos por momentos a seguir ao término dos nossos estudos. A sua vontade de conhecer o mundo aliada ao facto de pouco saber como reagir ao mais variado conjunto de situações tornam-na numa personagem quase real de quem muitos exemplos todos nós temos e conhecemos.
Por sua vez, Laura Linney, de quem confesso ser um admirador profundo, tem um desempenho inicialmente reprimido de uma senhora da alta sociedade com uma vida perfeita mas que por detrás de um sorriso sempre presente esconde uma realidade bem diferente. Uma realidade triste de uma vida reprimida e onde a constante necessidade de agradar aos outros impera.
Esta dupla cria uma perfeita química que inicialmente nos mostra o período de "namoro" mas que muito rapidamente entra no período de afastamento que tão bem irá caracterizar todo o restante filme. Funcionam na perfeição e, uma vez mais, mostram o seu calibre enquanto excelente actrizes que são.
Gostei deste filme, não só das interpretações como falei anteriormente, também do excelente argumento da autoria da dupla de realizadores em particular da forma como a personagem de Johansson descreve o ambiente em que se encontra não referindo as outras personagens pelo nome mas sim por uma letra criando aquilo que um investigador deve fazer, ou seja, o distanciamento do "objecto" estudado. Gostei igualmente da banda-sonora da autoria de Mark Suozzo que recria um ambiente da alta sociedade numa mescla com os temas actuais e urbanos criando por um lado um filme moderno e actual mas não deixando de lado o requinte e a sofisticação essenciais para os momentos em que a "alta" está em evidência.
É um filme que vale a pena... não por ser uma comédia, que dela tem pouco, mas por colocar em evidência dois mundos tão distintos e mostrar que nem tudo está perfeito por detrás de um sorriso que o aparenta ser. Há muito mais por encontrar e descobrir, entre aqueles que vindo de mundos ou meios socialmente diferentes e distintos, além daquilo que inicialmente nos é dado a conhecer. Diferente, com os seus bons momentos de drama mas com alguns toques de esperança, é um filme que deve ser visto e não relegado para segundo plano por ter um trailer que pode, à partida, dar uma ideia errada sobre aquilo que realmente é.
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"Annie Braddock: My desire to be an observer of life was actually keeping me from having one."
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8 / 10
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sábado, 25 de junho de 2011

Rock Monster (2008)

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Monstro de Pedra de Declan O'Brien é mais um daqueles brilhantes e manhosos filmes que a TVI se lembra de passar todas as sextas-feiras à noite que conta com igualmente brilhantes actores como Chad Michael Collins, Alicia Lagano, Jon Polito, Natalie Denise Sperl e Niki Iliev.
Passando ao que "interessa"... Jason (Collins) visita uma aldeia remota na Europa de Leste, terra dos seus antepassados, onde ao remover uma espada de uma pedra liberta um monstro de pedra que irá provocar o caos pelas redondezas.
E o filme é interessante? Sem qualquer pudor dou um redondo NÃO! Isto é, literalmente, do mais trágico que nos pode passar pelos olhos.
Começamos por ter um conjunto de actores (?) que dão o pior de si. Sim, é verdade... o pior. Porquê? Bom... por muito respeito que eu tenha pelos diversos actores que já vi actuar em centenas ou milhares de filmes, é-me impossível simpatizar ou ter palavras de bravura por pessoas que se limitam a revirar os olhos como se fossem lunáticos e, com isso, demonstrar que são os maus da fita. Sim sim... David Figlioli, esta é para ti.
Depois, é impressionante como no meio de tanta má representação e clichés atrás de clichés sobre a possibilidade de poderem ou não fazer frente a um monstro de pedra, o qual aproveito para dizer estar mais mal feito do que os meus desenhos da pré-primária, lá vem Alicia Lagano, uma das principais actrizes desta "festa", armar-se em mais durona e militarista do que qualquer general que por aí ande, verbalizando todo o tipo de parvoeiras sobre "gostar de armas grandes" (nem quero imaginar onde é que ela quer chegar com esta conversa), e depois chorar muito porque "ups... matou o amigo".
Outra coisa que me perturba profundamente é a capacidade que têm nestes filmes de colocar todos os figurantes, sempre Europeus de Leste, como se fossem pessoas imberbes e apenas capazes de reagir a um conjunto de grunhidos dados pelos "civilizadíssimos" norte-americanos que tentam comunicar com os ditos apenas por gestos e linguagem gestual. E no final, para piorar o que já é mau, acaba tudo divertido a dançar numa qualquer cave que serve de bar local ao som de ritmos que resultam de uma qualquer mescla celta e turca.
No final, mesmo já quando está tudo a dar o último sopro e pensamos que vai tudo morrer, o que dada a qualidade do filme não seria mau de todo, lá o herói da fita consegue através de um flashback manhoso, perceber como se mata o mostro e pronto... lá acabam todos eles novamente em festa. Isto tudo claro, não sem antes percebermos que haverá espaço para mais uma sequela a surgir nos ecrãs da TVI um destes dias.
O único aspecto positivo disto, se é que se pode considerar como tal, é a possibilidade que o filme nos dá de falar mal sem qualquer tipo de reservas e claro, ter dado possibilidade de um serão bem passado pois, apesar de tudo, estes filmes de tão maus serem... acabam por ser divertidos. Fora isto, todo o filme é uma nulidade pegada que nem deveria NUNCA ter visto a luz do dia.
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1 / 10
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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Harry Potter and the Sorcerer's Stone (2001)

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Harry Potter e a Pedra Filosofal de Chris Columbus foi a saga revelação do início do milénio que deu a conhecer jovens estrelas como Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint juntando-os a grandes vultos do cinema britânico como Richard Harris, Maggie Smith, Alan Rickman, Fiona Shaw, Julie Walters, John Hurt e Robbie Coltrane.
Com um passado desconhecido e numa casa onde a sua família o obriga a todo o tipo de trabalhos domésticos, Harry Potter (Radcliffe) descobre através de Hagrid (Coltrane) que fora convidado por Dumbledore (Harris), para frequentar Hogwarts, um colégio de magia que o ensinará a desenvolver os seus dotes mágicos onde outrora haviam estado os seus pais.
Toda a sua existência modificar-se-à a partir deste momento onde não só conhecerá professores especialistas nas mais diferentes artes mágicas como também um conjunto de fiéis amigos que o irão acompanhar daí em diante.
No entanto não deixa de haver o lado mais negro da história no qual Harry fica a conhecer o verdadeiro e trágico passado dos seus pais e daquele que não pronunciando o seu nome (Voldemort... pronto... não resisti) e que mesmo não o conhecendo sabe que é o seu maior inimigo.
A minha apreciação global do filme não poderia ser melhor. É certo que não pertence ao meu género preferido de filmes mas, verdade seja dita, não deixa de ser também impossível não devorar estes filmes do princípio ao fim. Tem de tudo... De tudo mesmo... Interpretações de qualidade por um conjunto de actores que faria inveja a qualquer filme e realizador. Tem uma história coerente e repleta de mistério, acção e aventura que não deixa ninguém indiferente e, em termos técnicos é simplesmente brilhante.
John Williams, que aqui foi novamente nomeado para o Oscar de Banda-Sonora, compõe uma música digna sucessora de todos os seus anteriores registos. Todos os sons musicais que temos neste filme são excelentes retratos sonoros das imagens que nos são entregues.
As outras duas nomeações para Oscar que o filme teve foram igualmente merecidas. Uma para o set do filme que é simplesmente riquíssimo em todos os decors que compõe os cenários do colégio. Genial e visualmente rico também é o guarda-roupa de Judianna Makovsky que alia o imaginário do mundo mágico com alguns elementos de medieval e de uma Inglaterra vitoriana que se fundem harmoniosamente criando um vestuário não rico em cor mas em "presença".
As interpretações, principalmente as do trio de jovens mágicos, são francamente positivas. Qualquer um de nós, identifique-se ou não com o género, acaba por não conseguir resistir a todas estas aventuras pelas quais eles passam. De certa forma este filme acaba por ter o mesmo efeito que teve na passada década de 80 a trilogia do Indiana Jones onde todos sem excepção, de miúdos a graúdos, faziam filas intermináveis nas bilheteiras dos cinemas para assistir às intensas aventuras do célebre Indy. Aqui, a única diferença é que o "Indy" é um pré-adolescente que pratica magias mas toda a intensidade das suas aventuras mantém-se bem viva. Damos por nós literalmente a esperar que a continuação desta história esteja ao alcance de mudar o dvd para lhe podermos dar continuidade.
É inevitável destacar a presença de um lote de veteranos tão extenso como aquele que este filme, e os seus seguintes dos quais falarei a seu tempo, conseguiram reunir. Este bem como o seu sucessor, foram as únicas duas obras onde Richard Harris participou e nas quais deu vida, se bem que muito secundária, ao professor Dumbledore. Maggie Smith, a professor McGonagall, que estavamos habituados a vê-la em lides de convento, aqui dar o ar de sua graça como uma professora rígida mas com coração. Posso (e devo) ainda destacar o sempre intenso Alan Rickman (professor Snape), que para variar tem mais uma prestação onde é o mau da fita... mas passando o cliché... "ele é bom quando faz de bom e é óptimo quando faz de mau", e de outra forma não o iria querer num filme.
Resumindo e concluindo, temos aqui o primeiro de uma intensa saga cinematográfica que a todos agradou e que consegue ser, ao contrário do que muitos pensam, um filme que tanto agrada aos mais novos como aos mais velhos, e que tal como era previsto no início deste novo milénio, iria ser uma das que mais iria facturar.
Muito bom, e mesmo eu que não sou o fã número um confesso que quando os começo a ver dificilmente os largo a não ser no exacto último momento.
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7 / 10
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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Peter Falk

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1927 - 2011
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Rails & Ties (2007)

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Laços de Esperança de Alison Eastwood é um simpático drama com uma dupla de peso nos protagonistas... Kevin Bacon e Marcia Gay Harden.
Tom (Bacon) é um maquinista algo descontente com a vida, casado com Megan (Harden) recuperada de um cancro. Não têm filhos e a sua vida é vivida num silêncio cortante a que se foram habituando.
Um dia Tom no comboio onde servia como maquinista-chefe embate num carro que havia parado propositadamente na linha. Uma mulher morre mas Davey (Miles Heizer), o seu filho, sobrevive.
Aquilo que se passa em seguida é a passagem de Davey por um lar de acolhimento até que decide ir de encontro à casa do homem que, para ele, matou a sua mãe. Decidido a encontrar nele um homem horrível, uma ameaça à sua estabilidade e um inimigo, será que é isso que no final acaba por acontecer entre Davey e Tom?
Pelo contrário o que iremos ter é uma porta aberta por parte de Megan que vê em Davey o filho que nunca teve no seu casamento. Vê a criança que espera poder tomar conta e criar tal como se fosse do seu próprio sangue. E é aqui que entram as perguntas principais de toda esta história... A primeira que gira em torno das escolhas que fazemos ao longo da nossa vida e sobre a forma como elas a influenciam.
A segunda, e talvez aquela que consegue ser a mais importante... até que ponto é "nossa" família aquela que partilha o mesmo sangue ou aquela que nos cria e por quem criamos e estabelecemos laços de afectividade superiores a qualquer outra força?
Será mais "nossa" família aquela onde nascemos e que bem ou mal nos dá atenção... ou aquela que no percurso da "nossa" vida estabelecemos como sendo as pessoas junto das quais queremos viver e crescer?
Alison Eastwood, filha desse grande génio das emoções humanas que é Clint, tem para a sua estreia na realização uma obra não poderosa mas interessante. Aliás, eu diria mesmo que é um prenúncio de um caminho promissor de alguém que pretende dar continuidade a esse mesmo trabalho de relatar e contar boas histórias onde essas relações humanas sejam ponto fundamental.
Para isto Alison Eastwood já começou bem e com um duo de actores principais que faria invejar qualquer realizador. Tanto Kevin Bacon como Marcia Gay Harden dão um brilho especial às suas personagens. Bacon (Tom), de quem estamos habituados a ver interpretar o "mau" da fita, é aqui um homem amargurado pela vida cujos sonhos e ambições ficaram perdidos algures e cujo passar dos anos os fez não ultrapassar mas enterrar. Bacon não é o mau da fita. Antes pelo contrário. Aqui ele é simplesmente um homem a quem a vida não permitiu dar o melhor de si. E é com essa amargura e afastamento voluntário que fez da maioria das pessoas que o impediu sistematicamente de criar alguma espécie de laços à excepção daqueles que tem no seu casamento.
Por sua vez Marcia Gay Harden interpreta Megan, a mulher doce e afável que teve apenas um grande sonho na sua vida... ser mãe. Sonho esse que acabou por se pôr de lado, mas não esquecer, devido à sua gravemente debilitada saúde. O amor e a afabilidade presentes na sua personagem ganham um novo sentido quando ela conhece Davey, a tal criança sem rumo por ter perdido a mãe, mas que ela vê como o seu potencial filho do coração. Não será o seu desempenho maior enquanto actriz (Conhece Joe Black? sê-lo-à certamente), mas não deixa no entanto de mostrar a imensa capacidade afectiva que esta actriz consegue criar com as suas personagens muitas vezes reprimidas.
Um último apontamento positivo à banda-sonora do filme composta por Michael Stevens em parceria com Kyle Eastwood, mais um membro do clã, que uma vez mais incutem ao filme uma verdadeira atmosfera de sensibilidade e onde conseguimos claramente perceber que o que une estas diversas personagens é algo maior e que ultrapassa todas as adversidades... o amor.
Agrada-me encontrar estes pequenos filmes que passam quase despercebidos quer no mercado dvd quer nas televisões nacionais e que conseguem preencher na perfeição um serão cinematográfico no seu melhor nível. Totalmente recomendado para os apreciadores de um bom cinema dramático sem que, para isso, pensem que vão chorar baba e ranho.
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7 / 10
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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Jumping Ship (2001)

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Marinheiros de Água Doce de Michael Lange com a interpretação de Joseph Lawrence, Matthew Lawrence e Andrew Lawrence, um tiro de actores que são... realmente irmãos, é um simpático telefilme de aventura com a chancela Disney que se desenrola supostamente numa ilha deserta algures no Pacífico.
Michael (Joseph Lawrence) combina com o seu primo Tommy (Andrew Lawrence) umas férias de sonho na Austrália a bordo de um barco de luxo.
Como nem tudo pode ser assim tão idílico, mal chegam à Austrália Michael é assaltado sem saber por piratas que tentam saquear ricos turistas e o seu luxuoso barco não passe de um pobre pesqueiro comandado por Jake (Matthew Lawrence).
Durante a sua viagem e já desiludido com tudo o que o cercava sofrem o ataque dos piratas que se preparam para o raptar e pedir um enorme resgate, Michael e Tommy são abandonados por Jake numa ilha deserta que em nada irá tornar a sua viagem mais calma.
Estes filmes da Disney mais não têm que a função de mostrar um lado mais positivo da juventude que os protagoniza como forma de serem "modelos" daqueles que os vêem. Ideais de amizade, de voluntarismo, dignidade e o valor da vida são aqui exaustivamente apregoados. Mais ainda do que a própria história que se torna quase como secundária servindo apenas de suporte para que estes valores sejam assumidos como o principal do filme. Não que seja necessariamente mau mas... abafa um bocado a acção do filme que se quer ser o seu aspecto principal.
Temos então um filme juvenil, simples e sem grandes pretensões extra além de tentar ser um bom meio de entretenimento para aqueles que apreciam o género... e aí consegue sair pela porta grande. Interessante (dentro do género) mas não um brilhante filme.
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5 / 10
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terça-feira, 21 de junho de 2011

My Sister's Keeper (2009)

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Para a Minha Irmã de Nick Cassavetes é, sem qualquer reserva, um fabuloso drama familiar que tem nas suas interpretações principais Abigail Breslin, Cameron Diaz, Jason Patric, Alec Baldwin e Sofia Vassilieva.
Anna (Breslin) foi gerada pelos seus pais Sara (Diaz) e Brian (Patric) de forma a poder salvar a vida da sua irmã Kate (Vassilieva) que sofre de um cancro. No entanto, um dia resolve contratar Campbell (Baldwin), um advogado que a vai representar em tribunal após a sua recusa em continuar a auxiliar nos tratamentos da sua irmã.
Será que Anna está simplesmente farta de servir como cobaia ou estará por detrás desta sua estranha decisão algo mais que assombrará as vidas desta família para sempre?
Pelo título, quer o original quer o adaptado para Portugal, podemos claramente deduzir que a acção de Anna não é fruto de um qualquer egoísmo desconhecido nem tão pouco o resultado de um cansaço de exames médicos. Anna está sim a zelar por um interesse maior. O interesse pelo bem-estar da sua irmã que, a seu pedido, disse que terminasse os tratamentos como forma de ela própria poder descansar de anos e anos de quimioterapia que insistia em não resultar. Kate pedia a sua paz através de uma morte que estava anunciada independentemente da quantidade de tratamentos a que se sucessivamente se sujeitava.
Nick Cassavetes que tem aqui aquele que é possivelmente o seu melhor trabalho (não menosprezando nenhum dos outros que se note), em que não só conta uma história de amor, de amizade, de sacrifício e de uma forte ligação entre todas estas personagens, escolheu um elenco que se intercruza perfeitamente e dá vida a todo um forte conjunto de emoções.
Inicialmente poderiamos pensar que residiria nos actores mais consagrados essa mais forte carga emocional, no entanto, é nos actores mais jovens que ela se encontra. Diaz e Patric são seguros enquanto pais a braços não só com uma filha com uma doença terminal mas também com uma outra que se recusa a continuar a ajudar ao sofrimento da irmã (desconhecido para nós até bem perto do final do filme), no entanto, é nas jovens actrizes Abigail Breslin e Sofia Vassilieva que reside a maior e mais forte carga dramática.
Através dos olhos de Vassilieva temos toda uma juventude representada. A família, o sofrimento que a doença lhe causa e principalmente a sua adolescência e o primeiro amor que encontra (e perde) através das inúmeras sessões de quimioterapia.
Com Breslin temos a irmã que não sendo menos amada é relegada para segundo plano devido ao mesmo problema... a doença. Irmã esta que acaba por se tornar involuntariamente como a protagonista de toda esta trama repleta de inúmeros momentos dramáticos e suficientemente emocionais que não conseguem deixar ninguém indiferente.
A fotografia de Caleb Deschanel é um (mais um) dos pontos fortes deste filme. A sua luminosidade e capacidade de cativar os mais belos planos expressivos destes actores entrega ao filme uma carga dramática ainda mais forte do que aquela que a própria história já por si teria.
E não se pode esquecer a simples e emotiva banda-sonora de Aaron Zigman que consegue recriar através da sonoridade aquilo que os olhares das personagens pretendem a cada momento transmitir.
O que temos então como resultado final... Não é uma história de eutanásia nem sequer uma história passada num qualquer hospital onde assistimos a um sem fim de dolorosos tratamentos médicos que acabam por não resultar. Não. O que aqui temos é uma brilhante e belíssima história de amor no seio de uma família abalada por uma trágica doença que irá colher um dos seus e criar uma maior proximidade entre aqueles que lhe sobrevivem fortalecendo assim a sua união.
Temos então um excelente filme que passou de uma certa forma "ao lado" no circuito cinematográfico português e que por muitos foi considerado como mais um "puxa lágrimas". Lamento por aqueles que o olham com desdém pois esta foi uma das mais bonitas e comoventes histórias contadas no cinema no último ano. Imperdível.
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"Andromeda 'Anna' Fitzgerald: Most babies are accidents. Not me. I was engineered. Born to save my sister's life."
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10 / 10
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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Pedro Hestnes

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1962 - 2011
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Ryan Dunn

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1977 - 2011
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domingo, 19 de junho de 2011

Moneyball... umas ideias

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Brad Pitt
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Bennett Miller
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Steven Zaillian + Aaron Sorkin
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História baseada em factos verídicos
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patriotismo
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baseball
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trailer convincente
=
OSCAR de Melhor Actor
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sábado, 18 de junho de 2011

Frank McKlusky, C.I. (2002)

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As Aventuras de Frank McKlusky de Arlene Sanford é daquelas experiências que ou se amam ou se odeiam.
Frank McKlusky (Dave Sheridan) é um investigador de uma companhia de seguros (toda ela muito disfuncional) que, do dia para a noite, se vê envolvido num importante caso para descobrir e desvendar uma enorme teia de conspiração.
Como se não lhes bastasse as confusões profissionais que tem ainda lhe é adicionada uma igualmente disfuncional vida familiar onde a sua mãe (Dolly Parton que parece nunca mais envelhecer mas que se torna muito rapidamente numa estátua de cera sem sequer se aperceber) não lhe permite sair de casa sem todo o tipo de protecções corporais e o seu pai (Randy Quaid) vive num estado vegetativo devido a um acidente que havia tido anos antes.
O filme em si nada tráz de novo. Nem um enredo com reviravoltas que nos deixam a pensar, nem sequer aquelas interpretações fantásticas que conseguem elevar o filme a outro nível. No entanto, verdade seja dita, que consegue ser um filme suficientemente bom para nos fazer rir com um sem número de situações não só absurdas como completamente ridículas.
Quanto aos actores que fazem registos seguros dentro do género, não posso deixar de destacar a prestação de Chyna (Joanie Laurer que em tempos adoptou o nome de Va-Chyna.... venha de lá a piadola), que tem feito carreira no mundo do wrestling e que aqui dá um ar de sua graça entre imitações rascas, baratas e assumidamente sexuais, ao tentar imitar Madonna e a Catwoman a cada plano diferente em que aparece. Por muito rasca que seja verdade seja dita que dá dos momentos mais cómicos de todo o filme.
De resto e além de ser daqueles filmes fraquinhos de quem ninguém se irá recordar depois de o ter visto, pois apenas vivem e sobrevivem à custa da "brejeirice", o que é certo é que diverte e para passar um bom bocado vale a pena vê-lo.
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5 / 10
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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Globos de Ouro 2012: previsões para a cerimónia do próximo ano

Uma vez que a cerimónia deste ano já passou tendo premiado Mistérios de Lisboa, um dos maiores sucessos do cinema nacional, nas três categorias, chegou agora altura de começarmos a analisar o cinema estreado desde Janeiro último e pensarmos os filmes que podem ser nomeados. Assim temos já estreados:
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  • 48
  • Águas Mil
  • América
  • Budapeste
  • Com Que Voz
  • Complexo Universo Paralelo
  • E o Tempo Passa
  • A Espada e a Rosa
  • O Estranho Caso de Angélica
  • Quinze Pontos na Alma
  • Viagem a Portugal
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MELHOR FILME
48
O Estranho Caso de Angélica
Quinze Pontos na Alma
Viagem a Portugal
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MELHOR ACTOR
Fernando Luís, América
Gonçalo Waddington, Águas Mil
Marcello Urgeghe, Quinze Pontos na Alma
Ricardo Trêpa, O Estranho Caso de Angélica
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MELHOR ACTRIZ
Isabel Ruth, Viagem a Portugal
Joana Seixas, Águas Mil
Maria de Medeiros, Viagem a Portugal
Rita Loureiro, Quinze Pontos na Alma
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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Lifted (2006)

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Rapinado de Gary Rydstrom é uma curta-metragem de animação nomeada ao Oscar na respectiva categoria que nos transporta para uma casa no meio do campo. À excepção do seu único ocupante não temos absolutamente mais nada.
De repente somos transportados para o exterior da casa onde vemos que ela está agora a ser sobrevoada por uma nave espacial que transporta dois extra-terrestres. Um deles o mestre. Calmo e paciente tenta ensinar o discípulo sobre como comandar a nave em futuras missões e poder raptar humanos.
Aquilo a que assistimos de seguida é uma quantidade de cómicas situações onde o inexperiente aluno quase vandaliza o corpo do humano tornando esta missão quase impossível de realizar.
E... preparem-se para o literalmente estrondoso final.
A Pixar ultrapassa uma vez mais a sua própria qualidade ao produzir mais uma extraordinária e bem divertida curta-metragem de animação onde os limites simplesmente não se impõem.
É imperdível e para os interessados em a terem podem adquirir o dvd do Ratatouille onde esta curta vem como um dos extras.
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8 / 10
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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Endless (2011)

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Endless de Matt Bloom é uma extraordinária curta-metragem de terror e ficção que decorre inteiramente num wc onde trinta segundos são conta em câmara lenta durante nove minutos.
Aqui luta-se, literalmente, com unhas e dentes naquela que é uma tentativa de sobrevivência a todo o custo mas que não acaba da melhor forma.
Sem me adiantar muito na história apenas tenho a referir a excelência com que esta curta é filmada e os magníficos efeitos especiais que lhe dão um toque pessoal extraordinário. É sem dúvida um dos melhores trabalhos do ano e um ponto bem positivo já estar disponível online.
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8 / 10
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terça-feira, 14 de junho de 2011

Back Room (2000)

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Back Room de Guillem Morales é uma curta-metragem espanhola onde o mote principal é o engate homossexual num qualquer bar. O intuito apenas um... sexo. Sexo anónimo e descomprometido onde os rostos são pouco importantes desde que o corpo faça o serviço.
O dois aspectos que considero mais interessantes desta, por vezes, tão explícita curta-metragem são, em primeiro lugar, o facto do fotografia quase ausente de luz expressar de forma tão brilhante o propósito do espaço e dos objectivos. É esta ausência de luz que reflete de forma perfeita o anonimato que se prende com os propósitos sexuais daqueles que ali se encontram. Poucas caras são identificáveis e exceptuando os movimentos mais explícitos tudo o resto se torna quase imperceptível.
O segundo aspecto positivo que daqui destaco é o trabalho de câmara que acompanha quase de forma persecutória e sufocante alguns dos actores ao ponto, de igual forma genial, escutarmos não os diálogos que possam ter (que também são escassos), mas sim os seus próprios pensamentos enquanto se sujeitam a invulgares momentos de prazer sexual.
Interessante pela execução técnica e não tanto pelas interpretações (pouco contidas) que tem.
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7 / 10
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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Festróia 2011: vencedores

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MELHOR FILME – GOLFINHO DE OURO: TIRZA, de Rudolf van den Berg, Holanda/Bélgica
PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI – GOLFINHO DE PRATA: SÓ ENTRE NÓS, de Rajko Grlic, Croácia/Sérvia/Eslovénia
MELHOR REALIZADOR – GOLFINHO DE PRATA: Oleg Novkovic, por MUNDO BRANCO, Sérvia/Alemanha/Suécia
MELHOR ACTOR – GOLFINHO DE PRATA: Nebojsa Glogovac, por A MULHER COM O NARIZ PARTIDO, de Srdjan Koljevic, Sérvia/Alemanha
MELHOR ACTRIZ – GOLFINHO DE PRATA: Florence Loiret Caille, por O PEQUENO QUARTO, de Stéphanie Chuat e Véronique Reymond, Suíça/Luxemburgo
MELHOR ARGUMENTO – GOLFINHO DE PRATA: Julio Rojas e Matias Bize, por A VIDA DOS PEIXES, de Matias Bize, Chile/França
MELHOR FOTOGRAFIA – GOLFINHO DE PRATA: Pini Hellstedt, por ODISSEIA NA LAPÓNIA, de Dome Karukoski, Finlândia
PRÉMIO DO PÚBLICO: MAMÃ GÓGÓ, de Fridrik Thor Fridriksson, Islândia
PRÉMIO HOMEM E A NATUREZA: SEVERN, A VOZ DAS NOSSAS CRIANÇAS, de Jean-Paul Jaud, França
MENÇÃO ESPECIAL: PRINCESA, de Arto Halonen, Finlândia
MENÇÃO ESPECIAL: EU CONSIGO, de Susana Pilgrim, Alemanha/Itália
PRÉMIO PRIMEIRAS OBRAS: O ABANDONADO, de Adis Bakrac, Bósnia
MENÇÃO ESPECIAL: PRETO E BRANCO, de Ahmet Boyacioglu, Turquia
MENÇÃO ESPECIAL: Para Magdalena Poplawska, pelo desempenho no filme ENTRE DOIS FOGOS, de Agnieszka Lukasiak, Polónia/Suécia
PRÉMIO FIPRESCI: CABELO, de Tayfun Pirselimoglu, Turquia/Grécia
PRÉMIO SIGNIS: O PEQUENO QUARTO, de Stéphanie Chuat and Véronique Reymond, Suiça/Luxemburgo
MENÇÃO ESPECIAL: RIDÍCULO, de Audrey Najar and Fréderic Perrot, França
PRÉMIO CICAE: O SUSSURRO, de Heidi Maria Faisst, Dinamarca
PRÉMIO MÁRIO VENTURA: O PAPEL MAIS DIFÍCIL, de Olivier Refson, Reino Unido
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domingo, 12 de junho de 2011

S.C.U.M. (2010)

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S.C.U.M. de Pedro Rodrigues é capaz de ser o filme português mais violento que vi até à presente data. Num registo que ronda uma mescla de Irreversible, Brincadeira Perigosas e Saw, este S.C.U.M., é de longe um filme difícil de ver para os mais sensíveis.
Três figuras com cabeça de porco e corpo de homem divertem-se a mutilar corpos humanos para comer e pelo caminho violarem também (e sim, temos uma cena de violação pelo meio que não se vendo na íntegra tem momentos explícitos demais).
Tudo lhes corre bem nos seus planos até ao dia em que um misterioso homem lhes entra no covil transformando-se de imediato num lobisomem que... bom, o resto têm de ver até porque o significado do título filme só o captamos no exacto final apesar de pensarmos (e até se adequa) que SCUM é algo ao estilo de escumalha... E é neste exacto momento que depois de tão longa e tortuosa experiência conseguimos dar um sorriso esquecendo o terror que "vivemos".
Que nos revolta as entranhas é óbvio que sim, mas não deixa de ser dos mais extraordinários e bem elaborados retratos do cinema de terror nacional que aqui atinge o seu expoente máximo daquilo que vi até à data.
Os pontos positivos são demais... Desde o argumento de Filipa Paes, passando pela própria realização, interpretações violentas, a direcção artística de Rui Pina e o excelente trabalho de fotografia de David Valadão esta curta é, de longe, dos trabalhos mais bem elaborados do cinema fantástico nacional e pergunto-me até que ponto não iria se fosse uma produção de outro país com muito maior visibilidade. Até a assustadora valsa suína consegue ser um ponto forte... e assustador.
Assumidamente... muito, muito boa se bem que para os mais impressionáveis não será de todo recomendado que a vejam...
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10 / 10
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sábado, 11 de junho de 2011

Mad Dog and Glory (1993)

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Uma Mulher Entre Dois Homens de John McNaughton tem aquilo que se pode chamar de um elenco de luxo onde se destacam Robert De Niro, Bill Murray e Uma Thurman secundados por David Caruso e Kathy Baker.
Mad Dog (De Niro) é um solitário polícia sem alguém que lhe dê amor e atenção. Certo dia ao entrar numa loja de conveniência, após tentar resolver um crime, salva Frank Milo (Murray) um mafioso local que lhe fica eternamente grato e como tal vai querer recompensá-lo "emprestando-lhe" os serviços e companhia de Glory (Thurman).
É desta relação que inicialmente nasce pela obrigação que acabará por resultar numa amizade e em amor entre ambos, algo que não sendo previsto irá causar a ira de Milo mostrando então a sua violenta personalidade.
Este filme que juntou aqui um trio protagonista de luxo consegue ter alguns momentos engraçados sem que, no entanto, atinja um potencial digno de o tornar num filme bom dentro do género. Tem ali momentos que roça o mais dramático ao mostrar um polícia solitário que vive uma vida quase mecânica sem conseguir despertar sentimentos que procura. Tem um mafioso que esconde uma personalidade macabra e violenta em stand-up comedy como se isso lhe servisse como uma qualquer forma de terapia, e claro, temos a bela inocente que abdicou do seu bem-estar em nome da segurança de um irmão que nunca chegamos a ver mas, análise final seja feita, temos aqui três dinâmicas bem importantes e relevantes que de certa forma acabam por nunca ser devidamente exploradas ficando tudo muito "aflorado" por cima. Sabemos que estes aspectos estão lá mas nunca chegam a ser desenvolvidos para tornar estas personagens mais dinâmicas e por sua vez mais interessantes.
Assim, e à excepção de alguma empatia por estas personagens que passa principalmente pela simpatia e paixão que os actores nos deixam devido a outros tantos desempenhos que nos têm dado ao longo das suas já extensas carreiras, este filme acaba por passar de um conjunto de grandes e boas intenções que na prática acabam por não se concretizar.
Vale então a pena ser visto quase unica e exclusivamente por ser um trabalho com actores que admiramos... de outros filmes.
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5 / 10
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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Somers Town (2008)

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Somers Town de Shane Meadows reune uma vez mais o realizador com o jovem actor Thomas Turgoose numa história que mais uma vez foca uma geração britânica perdida, semelhante ao que já tinha sido retratado no filme This Is England.
Por um lado temos Tomo (Turgoose) que embarca numa viagem de Nottingham para Londres na esperança de fazer algo de diferente pela sua vida. Por outro temos Marek (Piotr Jagiello) um jovem adolescente polaco que vive apenas com Mariusz (Ireneusz Czop) o seu pai que trabalha na construção dos caminhos-de-ferro, em busca de uma vida melhor.
E esta acaba por ser a matriz do filme... a busca de uma vida melhor que dia após dia encontra novos entraves para a sua prosperidade e chegada a um bom porto.
As desilusões quer sociais quer sentimentais e mesmo as familiares. A solidão inerente a cada uma destas personagens e a vontade constante de conseguirem alcançar algo de diferente e melhor estão, em todo o filme, presentes.
E é com base não só nesta mesma solidão que a amizade entre Tomo e Marek nasce, mas também na paixão crescente para com Maria (Elisa Lasowski), um empregada de café vinda de França que preenche os corações de ambos.
Este filme que não sendo mau não chega aos calcanhares de This Is England, anterior obra do realizador Shane Meadows, filmado totalmente a preto e branco à excepção dos momentos finais do filme (e perceberemos o porquê de assim ter sido feito), dá-nos um retrato algo "negro" das gerações do presente (e do futuro) e daquilo que de bom e de mau as espera.
Interessante do ponto de vista social, e do olhar de sobrevivência que nos dá destas mesmas novas gerações não é, no entanto, aquele filme choque com foi o outro anteriormente referido. Não deixa, ainda assim, de ser um interessante olhar de como podem surgir amizades entre pessoas que são, socialmente, tão díspares e distantes como Marek e Tomo.
Agradável, com interpretações sólidas e com um notável trabalho de fotografia da autoria de Natasha Braier, Somers Town é um filme que não devemos deixar passar ao lado.
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6 / 10
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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Jorge Semprún

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1923 - 2011
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terça-feira, 7 de junho de 2011

Maricón (2005)

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Maricón de Roberto Castón é uma curta-metragem espanhola que começa no quarto de um homem. Este de ar rude e agressivo acorda de madrugada e rapidamente sai de casa. Rapidamente percebemos que está numa missão... numa caça por uma noite de prazer anónimo que espera conseguir sem grandes preocupações.
Tal como tantas outras curtas-metragens de temática homossexual, esta não prima pela diferença. Histórias de amor reprimido ou de falta de aceitação (como é aqui o caso) que se evidenciam apenas pela relação sexual anónima, pura e dura que termina com um acto de violência, umas vezes física e outras psicológica como aqui se evidencia, por parte daquele que não se aceita para com aquele que assume a sua sexualidade sem problemas.
Além de um momento sexual mais explícito que é pouco comum nos filmes do género, esta curta expõe os prazeres escondidos e reprimidos que na calada da noite são expostos, mesmo que não aceites nos instantes seguintes.
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5 / 10
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segunda-feira, 6 de junho de 2011

The Tree of Life (2011)

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A Árvore da Vida de Terrence Mallick foi o grande vencedor da Palma de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Cannes este ano tornando o furor à sua volta cada vez mais intenso.
Um filme com a presença de Brad Pitt e Sean Penn e com o nome do realizador da A Barreira Invisível atrás das câmaras eram motivo suficiente para conseguirem despertar o interesse de qualquer um. No entanto, se dúvidas ainda persistissem, o estrondoso trailer apresentado, que sem qualquer pudor afirmo ser dos melhores que vi nos últimos anos, era o factor decisivo para dissipar qualquer reticência que houvesse para com este filme. Os ingredientes para o tornarem indispensável estavam decididamente firmados.
Não temos uma história dita "convencional" com este filme. Ao irmos vê-lo ao cinema, não podemos esperar encontrar um filme "alinhado" com um princípio onde nos são devidamente apresentadas as personagens ou onde a história se desenrola de uma forma dita tradicional. Não iremos ter igualmente um filme onde as personagens vão dialogando e apresentando a sua essência através de grandes e elaborados discursos sobre aquilo que são ou pensam.
Isto sim é um filme de Terrence Mallick e como tal temos sim um filme diferente. Nada que espante se tivermos em consideração outras obras deste realizador nomeadamente a já referida A Barreira Invisível onde conhecemos as personagens através dos seus pensamentos, medos e ansiedades.
Assim sendo, sobre o que pensam estas diversas personagens? Acompanhamos essencialmente Jack (Hunter McCracken) na sua juventude e o seu primeiro contacto com o mundo que o rodeia. As suas experiências pessoais fundamentadas com os ensinamos de Humanidade da sua mãe (Jessica Chastain) e do olhar frio e rude do seu pai (Brad Pitt). A inocência e a sua consequente perda. Os valores de família, de respeito, de obediência e de um futuro potencialmente planeado que terá de ser forçosamente cumprido independentemente das adversidades que se encontrem pelo caminho.
Como encara Jack o mundo não só dentro da sua casa como também fora dela onde tem de interagir com outros adolescentes e como isso o irá transformar na sua vida adulta (interpretado por Sean Penn). Como vê o jovem Jack a austeridade do seu pai e de que forma consegue isso limitar a relação que tem com ele.
Ao mesmo tempo que estas vivências são por nós presenciadas, tempos também a sua equivalência à formação do mundo. Com uma comparação quase perfeita, temos a rudeza com o que o planete foi criado às diversas adversidades pelas quais passam os elementos desta família. O nascimento, a morte, a perda, a dor, a descoberta, a humildade e a revelação. Tanto para o planeta como para a família. Assim, temos o circulo perfeito... planeta e família.
É à medida que assistimos à evolução da criação (planeta) que assistimos à perda da inocência de Jack (na família), parte devido à rudeza do seu pai e parte devido às descobertas que estão inerentes ao seu crescimento.
Esta é essencialmente uma história sobre a formação não só de um planeta e de todas as adversidades pelas quais teve de passar mas também as da formação de uma família onde desde a perda à redenção, todas as demais sensações e sentimentos são experienciados e vividos. O amor, a raiva, a ira, o ódio e especialmente a redenção encontrada no final... mesmo no final.
Todos os actores, sem qualquer excepção, são exímios e perfeitos nas suas interpretações. De Brad Pitt é quase "escusado" falar pois a cada interpretação com que nos presenteia ele excede-se. Nesta interpretação, que estava inicialmente prevista para Heath Ledger, Pitt comprova ser um dos grandes actores desta época. A sua interpretação dura e sofrida de um pai com grandes ambições por cumprir que projecta no seu filho mais velho, e que com isso se torna rude e por vezes violento, é um dos melhores (e muitos) desempenhos que este actor teve até à data. Depois de ver este filme é quase impossível pensar noutro actor para lhe dar "vida".
O mesmo se aplica à actriz Jessica Chastain, a mãe que dá corpo e alma à encarnação da Humanidade e do amor que dão vida à vida. Os seus olhos fazem transparecer que nem só de rudeza ou de violência se consegue conquistar o mundo. Há também, e se calhar ainda com mais força, o amor. O amor que cada indivíduo pode entregar a outro e com isso poder gerar mais vida. O carinho... o afecto... a amizade.
E finalmente... seria impossível não falar no fabuloso Hunter McCracken que é essencialmente a alma deste filme. É através dos seus olhos que tudo vivemos e experienciamos. A sua viagem pela descoberta do mundo e a sua consequente perda de inocência à medida que o descobre são definitivamente avassaladoras e de uma enorme entrega e redenção e mostram que este jovem actor terá, se quiser, uma muito forte e promissora carreira. Não fosse este filme tão filosófico (se assim lhe quisermos chamar) e McCracken teria aqui uma empatia muito grande por parte da Academia e uma potencial nomeação a Oscar de Melhor Actor.
Em termos técnicos o filme é igualmente grandioso e exuberante. No que diz respeito à banda-sonora da autoria de Alexandre Desplat, que aqui vai novamente ser nomeado e vamos lá ver se não leva finalmente o respectivo Oscar, nada mais se pode dizer além de que é francamente grandiosa e preenche-nos de uma forma imensa o espírito enquanto assistimos às brilhantemente filmadas imagens que surgem no ecrã.
Imagens estas que com um magnífico, também ele, trabalho de fotografia da autoria de Emmanuel Lubezki, também ele uma segura nomeação ao Oscar, conseguem recriar uma harmonia perfeita entre luz, imagem e movimento. Mais um aspecto irrepreensível que brilha neste estrondoso filme.
Depois de dúvidas, ilusões e desilusões e mesmo crises de fé e na sua própria existência... tudo, quando acaba, encontra um caminho... o tal caminho que em vida se procurou mas que só a morte trouxe... a paz... a tranquilidade e a redenção. A Árvore da Vida... é a própria vida e o amor pelo qual ela se guia.
Este é seguramente um dos melhores filmes de sempre... e seguramente um dos melhores do ano. Filme este que em nada me espantaria ser um dos fortes nomeados aos Oscar 2012 e uma segura aposta para Filme Estrangeiro para os prémios da Academia Portuguesa de Cinema.
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"Mrs. O'Brien: The only way to be happy is to love. Unless you love, your life will flash by."
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10 / 10
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sábado, 4 de junho de 2011

The Exam (2005)

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O Exame de Chris Schwager é uma curta-metragem australiana onde a comédia impera. Três estudantes que tiraram a noite para a diversão e para o alcoól adormecem e esquecem que têm um exame no dia seguinte. Quando finalmente acordam, e depois de uma série de entraves que vão com toda a certeza impedi-los de chegar a horas, lembram-se de telefonar ao professor e encontrar desculpas para adiar o exame.
A surpresa está quando o professor realmente aceita as suas desculpas e adia o exame. Será? Vale a pena ver esta interessante curta-metragem que apesar de um argumento algo previsível por parte das acções dos estudantes está muito original na história do professor que ganha aqui uma dimensão muito própria.
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7 / 10
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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Different (2004)

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Diferente de Tyrrell Shaffner é cuma curta-metragem de ficção que altera de certa forma os padrões estabelecidos como "normais", tornando aqui a homossexualidade como aquilo que é "normal" e retratando-o num liceu do interior dos Estados Unidos onde o baile de finalistas tem uma importância maior no seio dos jovens adolescentes.
O argumento, que é interessante pelo ponto de vista paralelo que pretende dar, perde-se um tanto com as interpretações muito estereótipadas que dele resultam acabando por perder não só a sua originalidade como também o efeito surpresa que daí poderia ter resultado.
Ainda assim, consegue funcionar como um ponto de vista diferente (ou talvez não tanto) sobre o como seria se fosse "diferente".
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4 / 10
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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Mona Lisa (1986)

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Mona Lisa de Neil Jordan foi o filme que valeu a única nomeação ao Oscar de Melhor Actor a Bob Hoskins bem como a Palma de Ouro em Cannes, o BAFTA e o Globo de Ouro Drama bem como um sem fim de prémios na mesma categoria.
Com este curriculum e considerando que é uma obra de Neil Jordan, escusado será de dizer que é o tipo de filme que desperta o interesse a qualquer um e, como tal, assim que o vi à venda a um preço mais do que acessível lá lhe deitei a mão.
George (Hoskins) depois de sair da prisão procura um novo trabalho e, o único que consegue, leva-o de novo para o submundo do crime onde já não tem a mesma importância que tinha antes da sua detenção. Passa então a ser motorista e protector de Simone (Cathy Tyson), uma misteriosa mulher que conduz para variados hóteis onde esta satisfaz as mais diversas perversões alheias.
É então que um dia Simone pede a George que encontre uma sua antiga parceira e amiga e por quem, vimos mais tarde perceber, ter uma paixão secreta e por quem está disposta a fazer de tudo.
Enquanto tenta encontrar a amiga de Simone, George restabelece ainda a ligação perdida com a sua filha adolescente e com alguns poucos amigos que lhe sobraram da sua antiga vida marginal. Aquilo que não esperava era desenvolver por Simone algo mais do que uma simples amizade.
O veredicto depois de ver este filme é que foi fogo de vista a mais para a história que me foi apresentada.  De toda a extensa filmografia de Neil Jordan este é provavelmente o filme que me deixou pouco convencido (se é que algo).
As histórias, maioritariamente marginais, que o cinema de Jordan nos tem dado ao longo dos últimos anos faz-nos desejar sempre um pouco mais tanto a nível das interpretações dos actores como, especialmente, dos argumentos que eles representam e dão vida. Aqui falta-nos algo. Não esperamos finais felizes, pelo menos não de uma forma absoluta, mas o rápido desenvolvimento e conclusão da história consegue ser insuficiente para aquilo que dela esperamos.
Hoskins dentro daquilo que o filme é, não desilude. A sua interpretação de um homem desiludido com a vida, com as pessoas e com o seu possível futuro que procura apenas o apoio e o amor de alguém com quem partilha as suas noites é, de facto, bom. Bom, mas não brilhante. Hoskins convence mas não identifico este desempenho que tantos troféus lhe deu, como sendo aquele pelo qual irá ser recordado. Longe disso. Competente é. Convincente no entanto não chega a ser.
Um dos factores mais interessantes deste filme é a dualidade entre dois mundos perfeitamente distintos mas que, pela força das circunstâncias acabam por estar intimamente ligados. O submundo do crime, da droga e da prostituição onde vale tudo e onde cada um faz por si próprio tendo como seu total oposto o mundo da opulência, do luxo e dos hóteis de elevado gabarito. Aqui a junção destes dois mundo tão distintos entre si está perfeita ao ponto de nós enquanto espectadores estarmos em determinadas ocasiões totalmente alheados de como saltitamos entre um e outro quase sem percebermos.
Vale a pena ver como fruta da sua época, do seu tempo e especialmente por ser do realizador que é e interpretado pelo actor que muitos de nós passámos a admirar desde os tempos de Roger Rabbit. De resto é um filme que acaba por se tornar perfeitamente dispensável.
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5 / 10
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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Lean on Me (1989)

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Confia em Mim de John G. Avildsen com Morgan Freeman é um filme cuja história se centra num tema dominante... a dignidade.
Tudo começa com uma breve apresentação de uma aula de Joe Clark (Freeman) que através de uma forma mais radical de ensino, incute nos seus alunos o gosto e o prazer pelo conhecimento, numa escola que era tida como exemplo para a educação.
Após alguns desentendimentos com a direcção e o conselho escolar que o levaram ao afastamento da mesma regressamos, largos anos depois, à mesma escola que é agora um exemplo, pela negativa, daquilo que uma escola não deverá ser.
Cabe então a Clark e aos seus métodos tidos como "pouco ortodoxos", dar uma volta qualitativa não só à escola como também ao seu corpo docente e principalmente ao estilo de estudo (e de vida) dos alunos que a compõem para uma vez mais voltar a ser a escola de referência que outrora havia sido.
O tema que de início pode parecer já gasto considerando a quantidade de filmes que já o debateu mas, no entanto, este consegue ter um francamente positivo factor... Morgan Freeman. É certo e já sabido que a minha admiração por este actor não tem limites e se o nome dele aparece no cartaz eu irei certamente ver, mas não deixa de ser verdade que à medida que vamos vendo o seu desempenho no filme admiramos a força e a alma que ele coloca na personagem que defende. E isso é, para mim, um importantíssimo aspecto que me faz gostar de o ver a dar o melhor de si.
A sua interpretação enquanto Joe Clark é uma, entre muitas, das suas mais fortes e emblemáticas. O carisma que este actor erradia na sua prestação é no mínimo convincente ao ponto de  ficarmos completamente embrenhados em todo e qualquer momento da sua prestação no filme.
O argumento em si, da autoria de Michael Schiffer, pode não trazer nada de novo é uma verdade. Todos os tópicos desde o insucesso escolar que está intimamente ligado à pobreza adjacente de grande parte daquela população estudantil, os bairros degrados onde vivem repletos de famílias disfuncionais que acabam por se reflectir na perfeição na escola que se torna rapidamente degradada e um mercado de marginalidade e droga. Tudo está lá presente. Até o professor que desafia tudo e todos e que realmente se preocupa com os seus alunos. No entanto há aqui algo, repito que muito se deve a Freeman, que cativa para que encontremos algo de diferente neste filme. Algo que nos faz pensar que ainda há esperança no sistema de ensino e naqueles que o representam... os professores. A energia que ransborda faz-nos ter algo que as próprias personagens já "perderam" há muito... a esperança. A esperança no ensino, no meio onde vivemos, nas hipóteses que temos e sobretudo, o mais importante, esperanças nas pessoas com quem nos vamos cruzando ao longo da nossa vida.
É verdade que destes filmes há muitos, mas também é verdade que bem feitos não são assim tantos... E daqueles que podemos dizer ter feito alguma diferença, quer pelo seu realismo ou pelas interpretações dos actores que deles fazem parte... esses, menos são ainda. Este Confia em Mim com o grande actor que nos presenteia sempre com bons desempenhos é um daqueles que não se devem deixar perder. Pena é que para o podermos rever em dvd temos de recorrer ao mercado... espanhol, visto que cá por Portugal não acharam que este filme fosse "digno" de edição...
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"Joe Clark: We sink, we swim, we rise, we fall - We meet our fate together."
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8 / 10
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