quarta-feira, 31 de maio de 2017

Fred J. Koenekamp

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1922 - 2017
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Premios Platino del Cine Iberoamericano 2017: os nomeados

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Foram hoje anunciados os nomeados aos Premios Platino del Cine Iberoamericano no Beverly Hills Hilton. Os Platino destinam-se a premiar o último ano cinematográfico da América Latina e Península Ibérica bem como os seus profissionais nas mais variadas áreas.
São os nomeados:
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Melhor Filme
Aquarius, de Kleber Mendonça Filho
El Ciudadano Ilustre, de Mariano Cohn e Gastón Duprat
El Hombre de las Mil Caras, de Alberto Rodríguez
Julieta, de Pedro Almodóvar
Neruda, de Pablo Larraín
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Melhor Primeira Obra
La Delgada Línea Amarilla, de Celso R. García
Desde Allá, de Lorenzo Vigas
Rara, de Pepa San Martín
Tarde para la Ira, de Raúl Arévalo
Viejo Calavera, de Kiro Russo
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Melhor Documentário
2016. Nacido en Síria, de Hernán Zin
Atrapados en Japón, de Vivienne Barry
Cinema Novo, de Eryk Rocha
Frágil Equilibrio, de Guillermo García López
Todo Comenzó por el Fin, de Luis Ospina
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Melhor Filme de Animação
Bruxarias, de Virginia Curia
La Leyenda del Chupacabras, de Alberto Chino Rodríguez
Ozzy, de Alberto Rodríguez e Nacho La Casa
Psiconautas, los Niños Olvidados, de Pedro Rivero e Alberto Vázquez
Teresa y Tim, de Agurtzane Intxaurraga
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Premio al Cine y Educación en Valores
El Acompañante, de Pavel Giroud
Esteban, de Jonal Cosculluela
El Jeremías, de Anwar Safa
A Monster Calls, de Juan Antonio Bayona
Rara, de Pepa San Martín
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Melhor Mini-Série ou Tele-Série Cinematográfica
Bala Loca (Chile)
Cuatro Estaciones en La Habana (Cuba/Espanha)
El Marginal (Argentina)
El Ministerio del Tiempo (Espanha)
La Niña (Colômbia)
Velvet (Espanha)
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Melhor Realizador
Kleber Mendonça Filho, Aquarius
Mariano Cohn e Gastón Duprat, El Ciudadano Ilustre
Juan Antonio Bayona, A Monster Calls
Pablo Larraín, Neruda
Pedro Almodóvar, Julieta
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Melhor Interpretação Masculina
Damián Alcázar, La Delgada Línea Amarilla
Alfredo Castro, Desde Allá
Eduard Fernández, El Hombre de las Mil Caras
Luis Gnecco, Neruda
Óscar Martínez, El Ciudadano Ilustre
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Melhor Interpretação Feminina
Juana Acosta, Anna
Sónia Braga, Aquarius
Angie Cepeda, La Semilla del Silencio
Natalia Oreiro, Gilda, No Me Arrepiento de Este Amor
Emma Suárez, Julieta
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Melhor Argumento
El Acompañante, Alejandro Brugues, Pierre Edelman e Pavel Giroud
El Ciudadano Ilustre, Andrés Duprat
La Delgada Línea Amarilla, Celso García
El Hombre de las Mil Caras, Alberto Rodríguez e Rafael Cobos
Neruda, Guillermo Calderón
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Melhor Montagem
La Delgada Línea Amarilla, Jorge Arturo García
Desde Allá, Isabela Monteiro de Castro
A Monster Calls, Bernat Vilaplana e Jaume Martí
Que Dios nos Perdone, Alberto del Campo e Fernando Franco
Sin Muertos No Hay Carnaval, Jorge García
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Melhor Fotografia
Boi Neon, Diego García
Cartas da Guerra, João Ribeiro
Las Elegidas, Carolina Costa
La Luz Incidente, Guillermo Nieto
A Monster Calls, Óscar Faura
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Melhor Música Original
Esteban, Chucho Valdés
Julieta, Alberto Iglésias
La Luz Incidente, Mariano Loiácono
A Monster Calls, Fernando Velázquez
Neruda, Federico Jusid
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Melhor Som
Cartas da Guerra, Ricardo Leal e Tiago Matos
Desde Allá, Waldir Xavier
Desierto, Sergio Díaz
El Hombre de las Mil Caras, Daniel de Zayas, César Molina e José Antonio Manovel
A Monster Calls, Peter Glossop, Oriol Tarragó e Marc Orts
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Melhor Direcção Artística
Cartas da Guerra, Nuno Gabriel de Mello
La Luz Incidente, Ailí Chen
La Mort de Louis XIV, Sebastián Vogler
A Monster Calls, Eugenio Caballero
La Reina de España, Juan Pedro de Gaspar
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Os vencedores serão conhecidos numa cerimónia a realizar em Madrid no próximo dia 22 de Julho.
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terça-feira, 30 de maio de 2017

Molly Peters

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1942 - 2017
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Shortcutz Viseu - Sessão #93

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O Shortcutz Viseu regressa com a Sessão #93 num contexto de parceria estabelecida com a Associação de Estudantes da Escola secundária Alves Martins e o Carmo'81.
Assim esta Sessão Especial será exclusivamente dedicada aos estudantes da escola - mas também ao público em geral - onde serão exibidas algumas das curtas-metragens que passaram pelas sessões regulares do Shortcutz Viseu.
Desta forma, e no próximo dia 31 de Maio - quarta-feira - o Shortcutz Viseu irá decorrer a partir das 21e45 na Escola Secundária Alves Martins, na Avenida Infante D. Henrique.
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domingo, 28 de maio de 2017

Festival Internacional de Cinema de Cannes - Selecção Oficial 2017: os vencedores

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Foram há instantes revelados os vencedores dos prémios da Selecção Oficial da 70ª edição do Festival Internacional de Cinema de Cannes.
São os vencedores:
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Palma de Ouro: The Square, de Ruben Östlund
Grande Prémio: 120 Battements par Minute, de Robin Campillo
Prémio do Júri: Nelyubov, de Andrey Zvyagintsev
Palma de Ouro - Curta-Metragem: A Gentle Night, de Qiu Yang
Menção Especial: Katto, de Teppo Airaksinen
Realizador: Sofia Coppola, The Beguiled
Actor: Joaquin Phoenix, You Were Never Really Here
Actriz: Diane Kruger, Aus dem Nichts
Argumento: Yorgos Lanthimos, The Killing of a Sacred Deer e Lynne Ramsay, You Were Never Really Here
Caméra d'Or: Jeune Femme, de Léonor Serraille
Prémio do 70º Aniversário: Nicole Kidman
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sábado, 27 de maio de 2017

Festival Internacional de Cinema de Cannes - Prix FIPRESCI 2017: os vencedores

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Foram hoje divulgados os prémios atribuídos pela Federação Internacional de Críticos Cinematográficos (FIPRESCI) durante a 70ª edição do Festival Internacional de Cinema de Cannes que termina amanhã dia 28 de Maio.
São os vencedores:
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Selecção Oficial: 120 Battements par Minute, de Robin Campillo
Un Certain Regard: Tesnota, de Kantemir Balagov
Quinzena dos Realizadores/Semana da Crítica: A Fábrica de Nada, de Pedro Pinho
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Gregg Allman

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1947 - 2017
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Festival Internacional de Cinema de Cannes - Cinéfondation 2017: os vencedores

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O júri da secção Cinéfondation da 70ª edição do Festival Internacional de Cinema de Cannes presidido pelo realizador Cristian Mungiu anunciou hoje os seus prémios oficiais tornando-se estes alguns dos potenciais nomeados a Oscar na próxima edição.
São os vencedores:
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Primeiro Prémio: Paul est Là, de Valentina Maurel
Segundo Prémio: Heyvan, de Bahram Ark e Bahman Ark
Terceiro Prémio: Deux Égarés sont Morts, de Tommaso Usberti
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Festival Internacional de Cinema de Cannes - Un Certain Regard 2017: os vencedores

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O júri da secção Un Certain Regard da 70ª edição do Festival Internacional de Cinema de Cannes presidido pela actriz Uma Thurman anunciou hoje os seus prémios oficiais.
São os vencedores:
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Prix Un Certain Regard: Lerd, de Mohammad Rasoulof
Prémio do Júri: Las Hijas de Abril, de Michel Franco
Realizador: Taylor Sheridan, Wind River
Interpretação: Jasmine Trinca, Fortunata
Prémio à Poesia do Cinema: Barbara, de Mathieu Amalric
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sexta-feira, 26 de maio de 2017

Festival Internacional de Cinema de Cannes - Quinzena dos Realizadores 2017: os vencedores

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Foram hoje divulgados os vencedores dos troféus entregues na Quinzena dos Realizadores da 70ª edição do Festival Internacional de Cinema de Cannes que termina no próximo Domingo, dia 28 de Maio.
São os vencedores:
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Prémio Art Cinema: The Rider, de Chloé Zhao
Prémio Europa Cinemas Label: A Ciambra, de Jonas Carpignano
Prémio SACD: Un Bon Soleil Intérieur, de Claire Denis e L'Amant d'Un Jour, de Philippe Garrel
Prémio Illy - Curta-Metragem: Detour a Genoa City, de Benoît Grimalt
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José Manuel Castello Lopes

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1931 - 2017
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Premios Fugaz - al Cortometraje Español 2017: os vencedores

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Foram ontem anunciados os vencedores dos Prémios Fugaz entregues à curta-metragem espanhola, cuja primeira cerimónia se realizou na Cineteca Madrid e cujo grande vencedor foi Como Yo Te Amo, de Fernando García-Ruiz Rubio.
São os vencedores:
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Curta-Metragem: Como Yo Te Amo, de Fernando García-Ruiz Rubio
Realizador: Carlos Solano, Extraños en la Carretera
Direcção de Produção: Javier Sanjuán, Como Yo Te Amo
Actor: Luis Callejo, Vida en Marte
Actriz: Isabel Gaudí, Tiempos Muertos
Argumento: Julián Merino e Karin Wolf, The App
Montagem: Andrés Talegón, Como Yo Te Amo
Fotografia: Guillem Oliver, Sputnik
Guarda-Roupa: Ana Llorca, Sputnik
Fugaz Homenaje: Miguel Rellán
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Festival Internacional de Cinema de Cannes - Semaine de la Critique 2017: os vencedores

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Foram ontem revelados os vencedores da 56ª edição da Semaine de la Critique do Festival Internacional de Cinema de Cannes.
São os vencedores:
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Grand Prix Nespresso: Makala, de Emmanuel Gras
Prix Révélation France 4: Gabriel e a Montanha, de Fellipe Gamarano Barbosa
Prix Découverte Leica Cine - Curta-Metragem: Los Desheredados, de Laura Ferrés
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Prix Fondation Gan à la Diffusion: Gabriel e a Montanha, de Fellipe Gamarano Barbosa
Prix SACD: Ava, de Léa Mysius
Prix Canal+ - Curta-Metragem: Najpiekniejsze Fajerwerki Ever, de Aleksandra Terpinska
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quarta-feira, 24 de maio de 2017

Perdidos (2017)

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Perdidos de Sérgio Graciano é a mais recente longa-metragem do realizador de Assim Assim (2012), Njinga, Raínha de Angola (2013) e do recentemente estreado Uma Vida à Espera (2016) aqui numa adaptação livre de Open Water 2: Adrift (2006), de Hans Horn onde Ana (Dânia Neto) e o marido Jaime (Diogo Amaral), Daniel (Afonso Pimentel) e a nova namorada Margarida (Catarina Gouveia), Laura (Dalila Carmo) e Vasco (Lourenço Ortigão), um grupo de amigos que se reúne para celebrar o aniversário deste último, se encontram inadvertidamente numa situação limite quando, depois de se lançarem à água, percebem que a escada de regresso ao barco não se encontra lá.
Perdidos em alto mar sem ninguém que os socorra, os dramas e a tensão psicológica começam a manifestar-se deixando-os dependentes de uma esperança que parece tardar.
Ainda que manifestamente um opositor aos remakes - afinal, não existem tantas e tantas histórias que merecem ser reveladas e contadas?! -, especialmente quando estes se revelam através do cinema português que tem de si originalidade suficiente para não se resumir a repetir aquilo que já foi feito, este Perdidos revelava logo de início alguns elementos que apelavam à minha atenção; a realização de Graciano que já entregou provas suficientes da sua obra tanto no cinema como na televisão, o argumento (adaptado) de Tiago R. Santos e claro, o conjunto de actores que se destacam nas inúmeras produções televisivas que tantos de nós seguem diariamente. Dito isto, será assim tão importante estarmos perante um remake - o primeiro de uma obra internacional - no cinema português?! Não, nem por isso.
A história aqui segue muito daquilo que qualquer espectador mais atento terá visto em Open Water 2: Adrift (2006), e a dinâmica criada tanto no espaço como os diversos intervenientes acaba por - à escala e ao contexto - seguir os mesmos propósitos da obra mencionada. Desta forma, o que nos poderá ligar directamente a este filme de Graciano? Simples... os seus actores.
Convencidos que ficamos - muito cedo até - de que esta história não irá divergir em muito da longa-metragem alemã de 2006, o espectador segue de forma mais atenta as dinâmicas (re)criadas entre os actores deixando-se seduzir pelas aparentes histórias (ainda) por contar que, lentamente, vão sendo reveladas. A primeira dessas dinâmicas prende-se com o casamento de "Ana" e "Jaime". À data pais de um jovem bebé, o casal revela passar por uma crise cuja origem não é  perceptível. Percebemos que "Ana" sofre de depressão pós-parto e que aparenta estar relativamente distante do seu filho. Percebemos que "Jaime" tenta salvar o casamento mantendo um silêncio ruidoso sobre aquilo que o afecta mas, ao mesmo tempo, conseguimos antever que o mesmo não irá durar durante muito mais tempo talvez porque neste encontro com os amigos da sua mulher esteja presente o seu ex-namorado de adolescência pactuando ambos, no entanto, com a imagem de um casal feliz que não deve ficar abalada durante este fim-de-semana que se avizinha "perfeito".
A segunda das dinâmicas aqui presentes passa pela relação de amor não confessado entre "Laura" e "Vasco" que a diferença de idades parece (para ele) ter sido um entrave subconsciente para confirmar o que sentia. "Poderá uma mulher mais velha gostar de um miúdo?" deixa ele escapar pelas suas palavras algures no tempo revelando(-lhe) que afinal sempre esteve apaixonado por ela. Entre um conjunto de piadas, brincadeiras e humor, ambos deixam escapar que sempre existiu uma empatia e atracção que - até então - não fora devidamente confirmada mas que no futuro próximo... "porque não?!"...
Finalmente existe "Daniel"... aquele que, por entre o grupo, sempre teve tudo o que quis... dinheiro, mulheres e objectos - deixando escapar a noção de que todos são praticamente o mesmo -, e que sempre se distanciou de tudo quando o teve como adquirido. É por ele que todos estão novamente juntos e ainda que lhe reconheçam a capacidade de os mobilizar... todos deixam escapar uma certa animosidade para com ele. No fundo, agem como aquele amigo que todos têm mas que na prática pouco se preocupam com ele... Melhor... com ele preocupam-se na medida proporcional àquilo que ele sempre revelou das relações - sentimentais e de amizade - que desenvolvera com todos os demais.
É então que perante este cenário não tão idílico como se deixa inicialmente transparecer que todos se preparam para o tal fim-de-semana em alto mar onde a diversão e as memórias confirmam a união que todos nutrem... ou talvez não...  e até que ponto se deixaram, afinal, distanciar daqueles jovens que, em tempos, haviam sido e conhecido.
Sem revelar grandes detalhes, pois afinal... são esses que todos querem ver na realidade, o argumento de Perdidos torna-se mais frágil naquilo onde poderia realmente distanciar-se da longa-metragem na qual se inspira, ou seja, conseguir aprofundar a dinâmica entre as suas personagens bem como os conflitos internos que cada uma delas parecem revelar. Dito de outra forma, se todos nós acompanhamos aquela primeira metade de Perdidos conscientes que existem histórias por detrás da história de cada um deles, a segunda metade desta longa-metragem apenas revela que todos esses enredos foram preparados sem que, na prática, fossem cozinhados como o espectador esperaria. Assim, e para lá do "acidente" que catapultaria cada um deles para um fim mais ou menos trágico - cada um dentro do seu próprio desespero -, aquilo que o espectador recebe no final é, no fundo, toda uma dose de trabalho de actor que dentro das possibilidades da sua "realidade" se torna possível trabalhar para a dinâmica de perdidos... em alto mar.
É quando confrontados com uma potencial morte que todos acabam por revelar as suas paixões (ao outro), a sua fidelidade (a um casamento) ou até mesmo um desprezo por aquilo que a imagem do outro representa (sobre "Daniel"). É face ao desespero final onde a morte finalmente se anuncia que se deixa perceber que nem tudo o que aparentava estar perdido o está de facto. Que nem tudo o que parece perfeito... afinal o é ou mesmo que nem todas as esperanças e desejos de um amor até então não confessado estão finalmente perdidas... pelo menos não no tal sentimento vivido mas sempre silenciado.
Perdidos é talvez isto... a vontade de compreender que apesar de perdidos em alto mar, a sua vida foi sim perdida muito tempo antes com pequenos caprichos de uma vida que se distanciou de objectivos, de propósitos ou até mesmo de ambições dando tudo como um facto adquirido que, com o tempo, se desvaneceu numa onda de desinteresse. No entanto, para ver esta linha narrativa mais explorada e, como tal, com um trabalho mais intenso sobre a exploração das respectivas personagens, teria sido interessante ver mais do passado de cada um ou, pelo menos, que aquela primeira metade da longa-metragem de Sérgio Graciano tivesse explorado mais a dinâmica de cada uma destas personagens, da sua ideia de vida não cumprida e claro... daquilo que cada um esperava poder vir a ser a mesma... reflectida num parco fim-de-semana de festa e celebração.
Ainda que Perdidos se assuma como uma longa-metragem competente, bem dirigida e com um trabalho de direcção de fotografia dinâmica que capta o melhor desse tal fim-de-semana de festa entregando à luz do sol reflectida nas águas do Atlântico aquilo que ela de facto tem de melhor (a sua imensa luz) - bravo Alexandre Samori -, é a pouco dinamização das histórias de cada uma das suas personagens que mais falta faz para tornar este filme maior e distanciar-se da sua obra de inspiração e do quão vaga ela na prática o é.
Positiva é ainda a entrega de um desempenho protagonista a Dânia Neto que se afirma muito bem como a mulher dividida entre um passado de certa folia e o seu papel como recente esposa e mãe, e todo um apontamento positivo a Diogo Amaral, Lourenço Ortigão e Catarina Gouveia (gostei, gostei e gostei) que conseguem uma simpatia inserção no contexto cinematográfico revelando que há muito mais por explorar para além das eternas novelas. E se por um lado Afonso Pimentel tem aqui o dito "protagonista" que necessitaria, no entanto, de muito mais exploração - novamente a dicotomia entre um passado e um presente que têm ambos, à sua medida, o seu "quê" de trágico - é Dalila Carmo que, uma vez mais, transmite todo um magnetismo que se desejaria ter sido mais explorado... percebemos o porquê de um afastamento dos amigos - de "Vasco" com quem desenvolve uma relação de amor e protecção - e de uma constante viagem pelo mundo mas, ao mesmo tempo, existe todo um mundo de uma tristeza que o seu olhar transmite sem que, no entanto, sejam realmente revelados. Belíssimo trabalho de cada um dos actores a nível individual e colectivo mas que, fosse o filme só um fim-de-semana de "confissões" mútuas... e teria sido um resultado bem mais intenso e por vezes até mais dinâmico.
De uma forma geral Perdidos assume-se como o filme que se propõe.... O filme "desastre" sem que este realmente suceda com um final relativamente esperado mas que poderia ter sido mais convincente e demarcado da obra original. Vale portanto como um simpático filme entretenimento onde se percebe a dedicação de cada um mas... podia ter sido mais... francamente mais.
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6 / 10
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Roger Moore

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1927 - 2017
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terça-feira, 23 de maio de 2017

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segunda-feira, 22 de maio de 2017

O Dia em que as Cartas Pararam (2017)

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O Dia em que as Cartas Pararam de Cláudia Clemente é um telefilme português produzido no âmbito de um programa de cooperação audiovisual da CPLP - Comunidade de Países de Língua Portuguesa.
Nos anos 60, António (Pedro Frias) é destacado pelo regime para seguir Aurora (Ágata Pinho), suspeita de ser opositora do mesmo, até Paris. É então que, durante o Maio de '68, os dois então jovens se apaixonam e desenvolvem uma relação que, no entanto, é subitamente terminada quando têm de regressar à cidade do Porto.
Nos anos seguintes a relação apenas perdura através das cartas que António escreve a Aurora mas, no entanto, esta nunca as chega a ler. Poderão as suas vidas continuar?
Baseado no romance A Casa Azul da autoria da própria realizadora, O Dia em que as Cartas Pararam é portanto um filme com um cunho assumidamente pessoal e uma reflexão de um período conturbado da história do país que é ainda - e infelizmente - pouco explorado. O que escondem mais de quarenta anos de uma ditadura que está ainda tão "silenciada" e quase esquecida na memória de toda uma nova geração?
Aqui a autora, realizadora e argumentista leva o espectador a uma viagem sobre uma relação dita impossível entre um membro do regime e uma jovem que, oposicionista ou não, por ele se apaixonou dando corpo a uma vivência quase impossível pela força da vida por ela desejada e que era, por ele, improvável de viver. No seio da mentira, da omissão e do desencontro, existe toda uma história e uma continuidade deste amor proibido que ficaria por revelar. É com base nesta premissa que a história de "António" e "Aurora" continua agora através de "Laura" e "Rita" (interpretadas por Linda Valadas), duas jovens que separadas pelo espaço e pelo seu próprio auto-conhecimento partilham toda uma raíz e origem comum sendo ambas o resultado do amor daquela relação outrora proibida. Gémeas e sem conhecerem a existência da "outra", apenas as personagens mistério que as acompanham poderá justificar e comprovar que existe algo mais para lá do seu quase anonimato.
A forma como esta história está aqui contada priva o espectador de um conhecimento mais profundo e até mais dramatizado do contexto das personagens aqui tidas. O Dia em que as Cartas Pararam como uma clara alusão ao momento em que os dois amantes apaixonados deixaram de contactar um com o outro - fruto do próprio clima vivido nos idos anos '60 -, pedia que não só se conhecem mais das histórias destas personagens que com o passar dos anos viram o seu pensamento e o seu próprio físico ser marcado com e pelo desgosto, pela perda e sobretudo pela não concretização de um amor sentido. "Aurora" (agora Ana Bustorff), é uma mulher marcada por essa perda. Marcada pela desilusão e pelo afastamento mais ou menos deliberado do fruto do seu amor - apenas é acompanhada por uma das suas filhas desconhecendo a realidade da outra que ficou distante noutro país -, e os seus dizeres revelam um certo alheamento do juízo perfeito. Reclusa dos seus próprios pensamentos e da certeza de um abandono que não era da sua vontade, "Aurora" limita-se a passar pelos dias sem que quase seja perceptível que ela própria existe num mundo que não parou de avançar.
Ainda que todas estas histórias de diferentes personagens ocorram quase em simultâneo com os devidos distanciamentos espaço-temporais, O Dia em que as Cartas Pararam é um filme fácil para ser seguido pelo espectador ainda que, no entanto, este desejasse um maior desenvolvimento não só das personagens como da própria história que não tem a espera continuidade e exposição das motivações de todos. Afinal, sabemos que estamos no período ditatorial português pela forma como tudo é encenado mas não tomamos conhecimento da liberdade de '74 ou tão pouco dos motivos que, então, supostamente não lhes colocariam barreiras que, no entanto, existiam até aos nossos dias. Desta foram, e ainda que O Dia em que as Cartas Pararam seja um simpático telefilme que recupera o imaginário do pré-ditadura e algumas das suas nuances, é também justo afirmar que as mesmas não recebem o tratamento especial e devida exploração que seriam desejados mantendo apenas implícito que as boas famílias existiam e queriam(-se) longe das garras do regime.
Assim, e como pontos assumidamente positivos deste temporalmente limitado telefilme são, por exemplo, o cruzamento de histórias distanciadas pelo espaço e pelos anos mas que partilham um início comum mostrando que existem tantas histórias por contar e por "saldar" o seu próprio passado e ainda, uma feliz aparição de uma sempre genial Ana Bustorff ao universo cinematográfico onde tanta falta faz. A sua composição enquanto uma "Aurora" perdida no tempo e nos seus pensamentos daria, por si só, todo o conteúdo para uma longa-metragem centrada única e exclusivamente nos seus dias agora passados num espaço de repouso.
Simpático e interessante pelo seu contexto, O Dia em que as Cartas Pararam fica, no entanto, distante da grande longa-metragem que poderia ter sido limitando-se a exibir todo um potencial narrativo e de construção de personagens ficando, por sua vez, apenas pela mostra dos mesmos como se quisesse cativar o interesse do espectador mas privando-o - pelas limitações de apoio ao telefilme - da tal grande e esperada história.
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5 / 10
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domingo, 21 de maio de 2017

Globos de Ouro SIC/Caras 2017: Cinema - os vencedores

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Foram há instantes divulgados os vencedores dos Globos de Ouro SIC/Caras na categoria de Cinema, numa cerimónia que se realiza no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
São os vencedores:
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Filme: Cartas da Guerra, de Ivo M. Ferreira
Actor: Nuno Lopes, Posto Avançado do Progresso
Actriz: Ana Padrão, Jogo de Damas
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Globos de Ouro SIC/Caras 2017: Cinema - Filme

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Cartas da Guerra, de Ivo M. Ferreira
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Globos de Ouro SIC/Caras 2017: Cinema - Actor

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Nuno Lopes, Posto Avançado do Progresso
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Globos de Ouro SIC/Caras 2017: Cinema - Actriz

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Ana Padrão, Jogo de Damas
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quinta-feira, 18 de maio de 2017

Viral (2016)

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Viral de Henry Joost e Ariel Schulman é uma longa-metragem norte-americana que ressuscita o género de cinema de terror onde a população do planeta é misteriosamente "ocupada" por estranhos parasitas predadores que tomam conta das suas acções e comportamentos.
Emma (Sofia Black-D'Elia) leva uma vida normal numa pacata e isolada cidade perdida no meio do deserto. Partilha a casa com o pai e com a irmã Stacey (Analeigh Tipton), enquanto a mãe está presa num qualquer aeroporto devido ao surto de um vírus que ninguém parece conseguir controlar. As imagens e vídeos online propagam-se e quando o pai de Emma resolve procurar a mãe, as duas irmãs ficam dependentes uma da outra na esperança de que tudo passe.
No entanto, é quando Stacey fica infectada e Emma tem de tomar conta dela na companhia de Evan (Travis Tope), o rapaz de quem gosta, que os acontecimentos se sucedem naqueles que poderão ser os últimos instantes entre as duas irmãs. Existirá alguma fuga possível?
Barbara Marshall e Christopher Landon criam o argumento de um filme que, em certa medida, é reconhecido pelo espectador desde os primeiros instantes em que se avizinham os rumores de uma estranha e mortal epidemia que teima em isolar cidades e, de seguida, as suas populações. Naquilo que é uma clara alegoria à suspeição de todos sobre tudo, Viral não podia deixar de exibir a eterna e sempre presente crise familiar que divide a família no seio da dita epidemia. Afinal, qualquer filme fiel ao género não poderia deixar de apresentar as múltiplas dinâmicas dentro de uma família nuclear para que, no momento certo, ela se veja isolada e onde cada um tem de depender apenas de si próprio para sobreviver ao perigo que se encontra para lá das suas quatro paredes. No entanto, e talvez como elemento um pouco diferenciador do género, a questão levantada em Viral é essencialmente, o que acontece quando esse mal... está dentro dessas mesmas paredes?
Com cada vez menos conhecimento do mundo "lá fora" e percebendo que os vizinhos e aqueles com quem partilhavam a vida de uma ou outra forma são agora o inimigo a temer, a questão de sobrevivência para estas duas irmãs torna-se cada vez mais a questão do "momento", especialmente quando percebem que o perigo espreita, as persegue e, em última análise, até partilha do mesmo espaço que elas.
Tradicional ou não - acaba por ser sempre neste género -, temos duas irmãs que são a antítese uma da outra. Por um lado encontramos uma "Emma", disciplinada, regular e até mesmo pacata que tem a maior transformação e provação quando se vê obrigada a não só tomar conta de uma irmã que lentamente se vai debilitando, como também é transformada num adulto à força quando tem de sobreviver e proteger-se não só dos infectados como também dos militares que podem, a qualquer momento, dizimar todo o espaço para libertarem o mundo de um perigo desconhecido. Do outro lado encontramos "Stacey", a jovem despreocupada e mais velha para quem a vida tem sido um carrossel cheio de diversões, de altos e baixos mas aliciante na medida em que revela que tudo é possível sem barreiras ou obstáculos... mas também sem perspectivas. Se as duas irmãs se encontram em mundos opostos apesar de terem uma convivência próxima e cúmplice, é "Emma" que se destaca pela sua bravura e determinação - não esquecer o género de filme a que me refiro que impossibilita grandes desempenhos dramáticos que o espectador irá guardar na memória - e pela capacidade de tomar decisões contrariando aquilo que tinha sido até então pela sua conveniência ou pela imposição da vontade dominante de uma família que a via e tinha como a "criança" lá de casa.
Também típico no género é a relação crescente entre dois jovens semelhantes no comportamento e que estão, de certa forma, a vivenciar uma primeira paixão em tempo de crise. Poderá ela sobreviver? A resposta chega através dos pequenos detalhes cúmplices que o espectador observa, pela imposição de uma convivência comum e até mesmo de perceberem que são, neste novo mundo, o último recurso um do outro e compreenderem que são, para lá de todas as comunicações impossibilitadas e que começam a ruir à medida que o tempo avança, a última oportunidade de experimentarem não só o tal amor como a continuidade da sua espécie... afinal, basta presenciarmos aquilo em que o mundo se começa a tornar para ficarmos elucidados sobre aquilo que espera os poucos que permaneçam... "limpos".
Não irá chegar nenhuma redenção - raramente chega - nem tão pouco uma salvação milagrosa que irá transformar todo o mundo naquilo que anteriormente as nossas personagens conheciam enquanto tal. Não, pelo contrário, aquilo que aqui observamos é a emergência de um novo mundo, com um conjunto de novos ocupantes que habilmente se habituaram ao espaço que nós tínhamos e que agora pretendem ocupá-lo como o seu novo topo da pirâmide. Assim, e tendo como fim último a própria perpetuação, "Emma" e "Evan" - qual Adão e Eva - terão não só de confiar um no outro como também na esperança de que no final da estrada que se preparam para percorrer irão encontrar outros que, como eles, pretendem continuar a viver e sentir que o dia de amanhã existe e é uma possibilidade. A grande questão que se lhes coloca é apenas uma... Existirá alguém no final dessa "estrada"?
Entre vírus e apocalipse, fim do mundo e novo começo, sobreviventes e parasitas gone wild, Viral pode não trazer nada de novo para o espectador mas, ainda assim, é aquele filme de sábado à noite a que todos gostamos de assistir, que provoca alguma ligeira tensão e que proporciona um simpático momento na sala de cinema.
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6 / 10
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quarta-feira, 17 de maio de 2017

Shortcutz Viseu - vencedor de Abril

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O Shortcutz Viseu anunciou há instantes o vencedor do mês de Abril e, assim sendo, a mais recente das nomeadas ao troféu de Melhor Curta do Ano, sendo ela a curta-metragem A Terceira Metade, de Virgílio Pinto e Rodrigo Morais.
A curta-metragem junta-se assim a Post-Mortem, de Belmiro Ribeiro, A Rapariga de Berlim, de Bruno de Freitas Leal, Fosso, de Rui Costa, Paulo Varela, Ricardo Sousa, Bruno Lamelas e Vasco Simões, Marasmo, de Gonçalo Loureiro e a A Instalação do Medo, de Ricardo Leite como as nomeadas já conhecidas para o prémio de Melhor Curta-Metragem do Ano cuja vencedora será conhecida numa cerimónia a realizar em Setembro próximo no Carmo'81, em Viseu.
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Chris Cornell

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1964 - 2017
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terça-feira, 16 de maio de 2017

A Floresta das Almas Perdidas (2017)

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A Floresta das Almas Perdidas de José Pedro Lopes é uma longa-metragem portuguesa que recentemente foi exibida no FESTIn - Festival de Cinema Itinerante de Língua Portuguesa na qual Carolina (Daniela Love) e Ricardo (Jorge Mota), dois completos estranhos se cruzam na mal fadada floresta onde todos planeiam encontrar o seu fim.
E quando parece que ambos procuram o seu final de um mundo do qual estão saturados, acontecimentos inesperados transformam a relação ali criada levando-os a um final diferente daquele que se fazia anunciar.
Depois de Survivalismo (2011) ou M Is for Macho (2013) onde José Pedro Lopes se destacou por histórias onde o terror e o suspense dominavam o ecrã, aqui o realizador e argumentista dirige uma história que se entende desde o primeiro instante como tendo um fundo onde o amor - ou a sua ausência - estão no cerne de todos os pequenos contos que aqui se cruzam. Logo de início o espectador vislumbra um sem fim de cadeados com promessas perdidas desse amor ausente e uma das primeiras citações desta longa-metragem chega através de um pensamento do pintor holandês Van Gogh que, também ele, sofria desse amor que não tinha... "A tristeza durará para sempre"... Uma tristeza por algo que não se alcança, por um sentimento não correspondido ou, até mesmo, por algo que uma vez tido se perdeu... Um amor (já) ido... Talvez aquele que é o maior terror desta obra de José Pedro Lopes resida nessa exacta ideia de que o amor ou melhor, a sua ausência, podem representar uma vida vivida na eterna solidão e, como tal, numa agonia insuportável à qual todos aqueles que dela padecem, resolvem pôr termo como a única solução encontrada para um fim (pouco) desejado.
Quando inseridos naquela floresta de almas perdidas, o espectador observa pelos olhares dos dois protagonistas, a quantidade de (des)iludidos que resolveu antecipar o seu próprio fim. Sem grandes referências aos seus motivos, subentende-se pelos elementos que já nos haviam sido fornecidos logo no início que o seu fim não se deve a problemas financeiros ou de saúde física, mas sim por uma debilidade psicológica inerente ao desgosto e à ausência de um amor que os complete. Um amor romântico, sentimental e até mesmo parental que os levou a questionar um lugar (inexistente) num mundo ao qual já não sentem pertencer. De almas alegres a caminhantes de uma penitência sem fim, poderão resistir num mundo onde (para eles) já nada parece fazer sentido? Poderá alguma vez esta ausência de amor ser colmatada?
Num mundo onde as respostas são escassas, principalmente quando em questões sentimentais onde a mesma não depende de uma vontade científica, A Floresta das Almas Perdidas entra então num domínio mais austero e soturno quando coloca o espectador perante uma importante e nunca colocada questão... o que aconteceria se perante o sofrimento alheio existisse alguém que tirasse proveito próprio? O que aconteceria se naquele instante final onde já nada parece fazer efeito mas onde - eventualmente - se procura uma última oportunidade, existisse alguém que revelasse que o único fim... é a morte? No fundo, e se naquele instante final alguém acelerasse o processo e se assumisse como um anjo do mal no local onde se procura o descanso eterno? Numa estranha e não tão invulgar semelhança, A Floresta das Almas Perdidas acaba por colocar, ainda que de forma metafórica, a questão que todos nós nos colocamos um dia... não existe sempre alguém que se aproveita do "nosso" sofrimento quando parece que a única coisa que procuramos é uma nova oportunidade?
No local mais improvável do mundo e onde todos aqueles que para lá se dirigem apenas procuram o silêncio prévio ao instante final, duas almas - não tão perdidas - encontram-se. "Carolina" (num claro amadurecimento profissional de uma sempre composta Daniela Love) aparenta ser uma simpática jovem com tudo bem planeado e definido. Nada que surja parece provocar um passo atrás nas suas decisões esperando apenas - para a sua concretização - "aquele" momento ideal. Com um ar cómico e descontraído, controlado mas despreocupado, "Carolina" é, no fundo, aquela jovem sobre quem o espectador questiona sobre as suas motivações... afinal, o que poderá uma jovem com os pés tão bem firmes na terra estar ali a fazer quando tudo o que diz parece ser de um controle total e absoluto sobre o seu próprio destino?! Por outro lado encontramos "Ricardo", um homem de meia idade que sofre um desgosto... O desgosto de uma filha ausente, de um lar relativamente desfeito onde todos parecem querer continuar menos ele que se deixou apropriar de uma solidão devastadora mas que, ainda assim, tenta convencer a jovem "Carolina" de que a sua aparente descontracção num espaço onde reina a tristeza não é a solução para a sua ainda tão jovem vida... Mas, lentamente, a pergunta instala-se... afinal quem terá mais experiência de vida?...
Enquanto a acção nesta parte do "mundo" parece decorrer de forma inesperada revelando um improvável vilão que emerge à custa do sofrimento alheio, o espectador é levado a uma nova protagonista: "Filipa" (Mafalda Banquart)... a filha de "Ricardo". "Filipa" é uma jovem atormentada com um lar relativamente desfeito... Se o pai parece perturbado com a morte da filha mais velha, a mãe parece querer continuar com a sua vida e não se deixar levar pelo desgosto... Pelo meio, está a jovem... quase invisível que luta apenas pela sua existência e pela forma como Tiago (Tiago Jácome), um namorado preocupado a vê e insiste em passar tempo com ela... No fundo, voltamos à eterna questão de que é o amor, e sua ausência, que tudo comanda... que a todos ordena... e que por todos (se) move num campo incerto... Surge... extingue-se... reaparece... desarma... e mata. O amor que a todos deu esperança e que, na sua ausência, deixou a tristeza que, já dizia o pintor holandês, "durará para sempre".
Mas permanece sempre uma questão inabalável e que por momentos pode ser ignorada pelo espectador... Afinal, quem é "Carolina"?! Quais as motivações desta jovem que tudo parece ter mas que vive distanciada - e quanto baste fascinada - pela desgraça sentimental dos demais? Se durante algum tempo o espectador poderá pensar que esta jovem interpretada por Daniela Love mais não é do que uma alma perdida que tenta, de certa forma, "recrutar" outras para encher o seu lago - o elemento natureza sempre muito presente e sabiamente incorporado em toda a dinâmica desta história (lago, floresta, campo...) -, são os instantes finais em que se revela uma jovem tão normal (ou banal?!) como as demais que nos suscitam a maior curiosidade... Será, ou estará, esta jovem tão alheada de um sentimento sentido por todos os demais que a única forma de se sentir "viva" é provocando e vivendo a morte de todos aqueles que a procuram? Existirá vida para lá da sua aparente insensibilidade ou o tal "click" que a faz mover é apenas graças à vontade de parar dos demais? No final... quem a terá incumbido da função de acabar com a tristeza alheia como se isso fosse o remédio ou a resposta para que tudo o demais existisse e vivesse numa eterna alegria?
No fundo, a grande questão aqui colocada com A Floresta das Almas Perdidas não é tanto sobre as inúmeras almas desistentes ou sofredoras - e perdedoras - com a aparente ausência de amor mas sim sobre aquelas inúmeras almas que vivem e experimentam o terror através das suas vidas banais e sem objectivos. Aqueles que se concentram única e exclusivamente na existência dos demais como se a sua (própria) salvação fosse apenas alcançada com a desgraça e miséria alheia. Afinal, como poderá essa existência banal ser validada senão através da expropriação da vida do "outro"?
José Pedro Lopes filma assim uma improvável história de terror que não se prende tanto com a existência de uma alma ou existência sobrenatural mas sim um terror próximo, que pode co-habitar os mesmos espaços, os mesmos locais e as mesmas experiências, apropriando-se delas e espoliando os outros de um livre arbítrio... Almas (perdidas) que se alimentam das incertezas, dos receios, dos desgostos e das perdas daqueles com quem se cruzam, utilizando-os em benefício próprio e ridicularizando as suas experiências como determinantes para a condução até àquele momento final e de eminente desgraça. O terror estará assim não tanto nas mãos de entidades dessas ditas entidades sobrenaturais mas sim daqueles que (se) chegam com nobres intenções mas que se revelam como emissários de uma fatalidade que fomentam e alimentam para simplesmente se sentirem bem com uma "nobre acção" que acarinharam.
Com uma dosagem mórbida sobre a triste realidade da sociedade dos nossos dias onde tudo é efémero e distante, A Floresta das Almas Perdidas afirma-se num campo de terror onde este se alcança pela não tão improvável realidade diária - que é sim bem palpável - e por todo um conjunto de elementos técnicos que fomentam o pouco terreno que algumas das suas sequências exibem, nomeadamente no interior de uma floresta que se assume com o seu próprio dinamismo e aura levando o espectador ao patamar do irreal... Nesta floresta questionam-se as atmosferas, as histórias e principalmente a incerteza da convicção entre o tal terreno versus o áureo e o espectador perde-se num dilema (momentâneo)... estaremos nós perante uma história onde as almas recentes são guiadas por uma guia que atravessou as mesmas questões existenciais ou, por sua vez, todo este purgatório é mais real do que um (não) paraíso onde todos acabam por pagar a sua própria penitência?
Com uma excelência técnica a nível da direcção de fotografia e da música original que remetem o espectador para uma história sobre a perda e o limbo, A Floresta das Almas Perdidas faz destacar Daniela Love, uma actriz em constante crescimento profissional e que aqui dá corpo e uma estranha alma a uma anti-heroína que salva através do auxílio à morte, que purga em nome do fim da tristeza mas que, afinal se revela como apenas mais uma solitária que tudo faz para querer encontrar o seu espaço num mundo onde tudo aparenta ter mas no qual tudo lhe falta e pôr um fim à tal tristeza (que dura para sempre) que sente, não controla e aos poucos a transformou numa apática.
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"Voz Off: A tristeza durará para sempre."
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7 / 10
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segunda-feira, 15 de maio de 2017

Nortik (2017)

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Nortik de Tiago Iúri é uma curta-metragem portuguesa de ficção exibida no âmbito das sessões mensais do Shortcutz Viseu,
Jane (Soraia Estrada) é encarregue de procura o cubo para estabelecer contacto. Ele (Wilson Capitão) é o fundador da Aristarco encarregue de lutar por um mundo melhor. Mas... que mundo?!
Tiago Iúri cria com Nortik uma das raras incursões cinematográficas portuguesas - pelo menos aquelas com evidente qualidade - no campo da ficção científica, entregando com esta curta-metragem uma história que coloca o espectador numa constante incerteza sobre o mundo (que mundo?) em que se encontra.
Numa atmosfera indefinida onde um ser é despertado de um qualquer sono profundo, temos a referida "Jane" como presente na activação de um holograma da Terra... A primeira questão coloca-se no momento quando o espectador tem de equacionar que a Terra - pelo menos como a conhece - já é, neste tempo cinematográfico, uma memória de um passado distante. Este pensamento faz ainda mais sentido se as primeiras palavras proferidas em Nortik vierem de imediato à sua memória, ou seja, "procuram um mundo melhor", deixando claro que aquele que existira... já não se confirma.
É aqui que entra "Jane"... o seu "despertar" confirma que este ser praticamente humano - poderíamos aqui facilmente utilizar a expressão humanóide -, desprovida talvez apenas de uma abstracta alma, procura o local onde a Humanidade (tal como fora?) estabelece as suas bases e crie novas raízes. O distanciamento ou potencial inexistência de um espaço capaz de suportar a espécie cai por terra quando, inesperadamente, ganha forma a existência de Nortik... planeta com uma temperatura potencial aceitável, uma estrela e sem lua mas que, no entanto, contém fraca percentagem de oxigénio e se distância a 111 anos de hibernação. E, mais tarde até, esta eventualidade de um novo "lar" é ainda confirmada com outro planeta mais próximo mas, ao mesmo tempo, com uma temperatura menos "aconselhável".
Da procura do tal mundo melhor - para o qual se desconhece quem o poderá realmente habitar - à existência de uma vida extra-humana aqui personificada por "Jane", um claro humanóide a quem tudo é possível salvaguardando assim a preservação da vida humana - que possa existir - Nortik exibe um claro piscar de olhos a obras como Blade Runner (1982), de Ridley Scott ou Ex Machina (2014), de Alex Garland onde para lá de um mundo futurista sob uma ordem diferente, é a ideia de "vida" que já não é definida sob os parâmetros que hoje conhecemos transformando-se portanto numa interessante abordagem à potencial forma como a mesma perdeu a importância para essa mesma ordem ou, por sua vez, adquiriu-a em demasia por ser (à semelhança de outras no nosso presente), a "actual" espécie em extinção transformando a sua segurança mais importante que nunca.
Mas, é para lá do seu argumento susceptível de muitas interpretações que reside a extrema qualidade de Nortik não só pela sua excelência técnica visível na direcção de fotografia que graças a esse poder do cinema consegue transportar o espectador para um qualquer planeta distante que fica, na realidade, já ao virar da esquina e ainda descaracterizar o próprio espaço para lhe conferir uma estranha "alma" podendo este ser em qualquer parte desse universo perdido onde a vida - a existir - ainda se anuncia primitiva e intocada por uma qualquer presença externa. A acentuar este ambiente temos ainda a direcção musical de Tiago Iúri e Tiago Fernandes que contribui para a criação de uma atmosfera muito típica do cinema série B dos anos '70 e '80 recentemente recuperada pela curta-metragem finlandesa Nightsatan and the Loops of Doom (2013), de Christer Lindström - com a qual, aliás, Nortik partilha uma agradável similitude -, rapidamente transformando-a num excelente exemplar do género.
Potencialmente inteligente e uma interessante forma de começar a explorar o género - e até esta própria história que está tudo menos "acabada" -, Nortik consegue a rara façanha de poder levar o espectador a imaginar outros mundos, outras aventuras e outros domínios ao mesmo tempo que se questiona sobre o futuro da Humanidade... da sua sobrevivência enquanto um todo bem como da sua resistência à própria existência enquanto ser de sentimentos, emoções, pensamentos e livre arbítrio.
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7 / 10
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A Terceira Metade (2016)

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A Terceira Metade de Virgílio Pinto e Rodrigo Morais é uma curta-metragem portuguesa de ficção que relata um acontecimento que irá mudar a relação entre Mauro (Rafael Pinto) e Paulino (Hugo Costa Ramos), o seu mentor e melhor amigo.
Com uma belíssima direcção de fotografia de Guilherme Braz que transforma um dia de calor abrasador no Verão de Lisboa num ambiente opaco e sem expressão do mesmo para lá daquela transposta pelos actores, A Terceira Metade é um filme curto sobre o despertar para uma nova realidade e para uma nova vontade que o seu protagonista "Mauro" faz sentir face àqueles que, até então, sempre decidiram o seu rumo.
"Mauro" aparenta ser aquele jovem adolescente cuja maioridade se aproxima. No bairro, apenas o futebol e a potencialidade da sua promessa parece fazer validar a importância de cada um. "Mauro" ainda estuda e dentro do seu meio, e em particular para "Paulino" (Costa Ramos) que tudo faz para que ele seja protagonista de uma história ainda por contar. No entanto, "Mauro" parece evidenciar um desinteresse crescente e pretender seguir as suas próprias pisadas, independentemente daquilo que elas possam vir a representar. Num treino contra-vontade e obrigado a seguir uma rotina que lhe é imposta, "Paulino" parece exercer sobre ele uma influência que se estende para lá daquela de um progenitor mas sim de alguém que parece querer lucrar com a potencial sorte alheia, talvez mesmo como um passaporte de saída daquele espaço que, percebe o espectador, está longe do brilho daqueles favorecidos que habitam a cidade.
Assim, ao jovem "Mauro" são proibidos todos os desejos... Desde seguir um novo caminho ao poder confirmar a sua primeira grande paixão e apenas uma cada vez mais próxima rebelião o poderão (?) libertar de umas amarras que não foram até então explicadas.
Nesta história assinada por Virgílio Pinto, o espectador observa alguns elementos que poderão definir toda a corrente pela qual se movem as suas personagens. Se por um lado nos encontramos perante uma história que é contada a partir dessas já mencionadas margens sociais que parecem vedar o acesso a uma oportunidade diferente, não deixa também de ser curioso observar como é a partir das mesmas que surge uma vontade, um desejo ou até mesmo um sonho que permitam seguir um rumo diferente daquele que estava pré-estabelecido pela própria sociedade. Afinal, poderá ser apenas um atleta aqueles que vivem nessas franjas deixando todos os demais sonhos enterrados antes de poderem nascer?
Em A Terceira Metade, o espectador observa também a relação de inter-dependência que, até ao momento, comandou a vontade das duas personagens protagonistas. Se por um lado temos um jovem "Mauro" que fora, até então, a cobaia para as experiências de um "Paulino" cujas motivações desconhecemos, certo é que agora o jovem começa a desejar um novo rumo que parece não agradar ao seu mentor. Nesta potencial rebelião de "filho" contra "pai" (não o sendo), presente em tantas histórias como o clímax em potência, transformam as duas personagens em claros opositores num conto cujo desfecho estará ainda por conhecer.
Finalmente, e aquele caminho que parece estar "condenado" a acontecer, que se prende com o próprio crescimento ou amadurecimento - chamemos-lhe o despertar para a idade adulta e consequentes responsabilidades - de um jovem que decidiu que não é o meio nem as pessoas com as quais se relaciona que irão - a curto ou médio prazo - condicionar ou definir as oportunidades que tem ou que lhe poderão ser proporcionadas. Mas, é com este despertar que chega também a duplicidade desta história quando, perto do final, vemos o jovem abandonar o grupo deixando-se, no entanto. levar por uma bebida a mais... terá esta partida alguma relação com a sua opção por essa nova oportunidade ou foi esta última proibida bebida a confirmação de que se rendeu à inevitabilidade daquilo que os outros querem fazer dele?!
Com duas fortes interpretações a cargo de Rafael Pinto - num duro e silencioso olhar para o mundo que o rodeia - e Hugo Costa Ramos - como a materialização desse mesmo mundo nem sempre muito benévolo -, A Terceira Metade é uma forte revelação da dupla de realizadores e uma história que tendo tanto por dizer e confirmar deixa, no entanto, o espectador naquele impasse apenas dissolvido por uma imaginação mais ou menos fértil. Afinal, não é missão do cinema deixar o espectador ser levado pela potencialidade de uma história bem contada? Especialmente quando ela é - como aqui se poderá confirmar - o registo de que é em e através do silêncio que se confirmam revoluções e desobediências que transformam o futuro.
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8 / 10
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domingo, 14 de maio de 2017

Powers Boothe

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1948 - 2017
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Jacinta (2017)

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Jacinta de Jorge Paixão da Costa é uma longa-metragem portuguesa já estreada em televisão enquanto mini-série de dois episódios que relata os acontecimentos que envolveram os três pastorinhos Jacinta (Matilde Serrão), Lúcia (Renata Belo) e Francisco (Henrique Mello) aquando das aparições de Fátima em 1917.
No Portugal rural da segunda década do século XX, três crianças afirmam ter visto a Nossa Senhora no campo vendo-se automaticamente envolvidas em suspeitas não só pela população local como também por parte das autoridades receosas de uma sublevação num país afectado pela miséria e pela Primeira Guerra Mundial.
Manuel Arouca e Raquel Palermo pegam nas origens do fenómeno do culto à Nossa Senhora, em Fátima, para escreverem o argumento deste Jacinta - longa-metragem e mini-série - baseado na vida de uma dos três pastorinhos. "Jacinta" - aqui interpretada pela jovem Matilde Serrão -, que não sobreviveria muito anos à primeira aparição era, tal como toda a população da qual vivia perto, uma criança de campo, afectada pela miséria extrema que o interior do país sentia durante toda a Primeira República, com as perdas humanas da Primeira Guerra Mundial mas, sobretudo, por uma invulgar rebeldia face aos costumes a que todos eram condenados nesta sociedade onde a Igreja persistia a manter uma quase persecutória ordem.
No entanto, e ainda que os destinos das três crianças sejam aqui os mais explorados - em especial os de "Jacinta" uma vez que foi uma das duas crianças que faleceu quase de imediato, aquilo que esta longa-metragem mais insiste em fazer notar é a instabilidade social e política dos tempos pré-ditadura de Salazar. Portugal vivia para lá de uma crise de confiança explorada por uma Igreja Católica - a única organização que se mantinha de pedra e cal ao longo dos tempos - que se mantinha fiel aos seus princípios de outros tempos, por uma total e completa crise social não só alastrada pela presença do país numa guerra internacional em que se tinha envolvido não só pela segurança das suas colónias ultramarinas como também pela vontade de um reconhecimento internacional que tardava em chegar desde a queda da Monarquia, como também pela instabilidade política interna que se fazia sentir pelos sucessivos governos nacionais que não resistiam a um país ainda social e economicamente pauperizado pelas mesmas. Tendo estes factores em mente, pergunta-se o espectador como poderiam três crianças desafiar um regime que certamente ou quereria aproveitar-se das suas histórias ou afastá-los dos olhares da população desacreditando as mesmas... Num momento histórico em que qualquer rumor soa a desafio de autoridade, os três jovens que mantinham a sua história sobre um fenómenos religioso numa sociedade que insistia em distanciar-se da Igreja, foram imediatamente vistos como potenciais inimigos de um Estado que se tentava afirmar.
No final de Jacinta é esta contextualização histórica que domina os momentos mas interessantes e potencialmente carismáticos de uma longa-metragem que se perde pela falta de credibilidade da sucessão de imagens mantendo-se quase sempre como um ensaio já conhecido de uma história que não foi - até à data - explorada com rigor e empenho mantendo-se sempre pela vertente mais religiosa do conto e pouco pela condição social em que o país se encontrava. No fundo, esta história acaba por se tornar como numa inesperada viagem à Lua... contam-nos que já lá estiveram uma vez... mas desde então nunca ninguém ousou lá regressar como qualidade. Se a dinamização artística de Jacinta até consegue convencer o espectador pela sua notória qualidade, é também real que para lá do guarda-roupa, direcção artística e mesmo caracterização, Jacinta torna-se num daqueles registos cinematográficos - que de cinema pouco tem - que todos acabamos por adorar odiar... Não permitindo uma devida exploração das suas personagens - pouco conhecemos dos referidos três pastorinhos ou mesmo das suas famílias para lá de que todos eram "gente do campo" -, Jacinta perde-se numa tentativa de viagem espiritual que, também ela, desmotiva pela pouca complexidade que lhe é atribuída... Se por um lado o espectador até demonstra curiosidade e uma certa expectativa nas revelações que uma jovem criança pode contar sobre o seu "encontro" com uma entidade divina, não deixa também de ser verdade que o mesmo se questiona sobre a compreensão que uma tão jovem criança poderia atribuir ao referido encontro e até que ponto o saberia traduzir face ao momento social e político que o país sentia.
Ainda que Jacinta tenha no seu elenco um conjunto de notáveis actores entre os quais se destacam Dalila Carmo, Rita Salema, Pedro Lamares, Paula Lobo Antunes, Graciano Dias, Almeno Gonçalves ou FIlipe Vargas, os mesmo mantêm-se aqui como meros "acessórios" numa história em que uma simpática mas pouco preparada Matilde Serrão tenta dominar e criar empatia com um público que cedo se cansa de tentar interpretar os misteriosos desígnios desta história ou, pelo menos, aqueles que o realizador lhe tenta incutir. Se as aparições existem... porque motivo nunca são melhores exploradas - acredite-se nelas ou não! - ou, se a tentativa é explorar a situação social do país, porque não se lhe conferir mais ímpeto dramático... ou ainda, se a vontade é explorar a vida e a acção dos três jovens, porque motivo não se centra a história mais no seu contributo (não voluntário) e, de entre eles, porque motivo se concentra toda uma longa-metragem no comportamento apenas de uma (ainda que a única que supostamente escutou a mensagem de Nossa Senhora!)?
Assim, se Jacinta se torna exemplar na concepção artística do espaço e do tempo - quão atrasado era de facto Portugal fora da grande cidade de Lisboa - mantendo uma qualidade técnica evidente, é também certo que esta longa-metragem (ou mini-série) se mantém francamente distante daquilo que se poderia considerar uma marcante longa-metragem e ainda mais do esperado filme de época que se propõe ser.
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3 / 10
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IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente 2017: os vencedores

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Competição Internacional
Grande Prémio de Longa Metragem Cidade de Lisboa: Viejo Calavera, de Kiro Russo (Bolívia/Qatar)
Prémio Especial do Júri Canais TVCine & Séries: Arábia, de Affonso Uchôa, João Dumans (Brasil)
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Competição Internacional - Curtas-Metragens
Grande Prémio de Curta-Metragem: Wiesi, de Zofia Kowalewska (Polónia)
Ficção: Le Film de l'Été, de Emmanuel Marre (França/Bélgica)
Documentário: The Hollow Coin, de Frank Heath (EUA)
Animação: 489 Years, de Hayoun Kwon (França)
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Competição Nacional
Prémio Allianz - Ingreme para Melhor Longa Metragem Portuguesa: Encontro Silencioso, de Miguel Clara Vasconcelos
Prémio Ingreme para Melhor Curta Metragem Portuguesa: Miragem Meus Putos, de Diogo Baldaia
Prémio Novo Talento FCSH/Nova - Curta Metragem: Flores, de Jorge Jácome
Prémio Walla Collective - Melhor Filme da Secção Novíssimos: Os Corpos que Pensam, de Catherine Boutaud
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IndieMusic
Prémio Indiemusic Schweppes: Tony Conrad: Completely in the Present, de Tyler Hubby (EUA/Reino Unido)
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Prémio Árvore da Vida: Antão, o Invisível, de Maya Kosa e Sérgio da Costa (Suíça/Portugal) e Num Globo de Neve, de André Gil Mata (Portugal)
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Prémio Amnistia Internacional: Find Fix Finish, de Mila Zhluktenko e Sylvain Cruiziat (Alemanha)
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Prémio Universidades: El Mar la Mar, de Joshua Bonnetta e J.P. Sniadecki (EUA)
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Prémio Escolas: Le Fol Espoir, de Audrey Bauduin (França)
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Prémios do Público
Longa-Metragem: Venus, de Lea Glob e Mette Carla Albrechtsen (Dinamarca/Noruega)
Curta-Metragem Crocs: Scris/Nescris, de Adrian Silisteanu (Roménia)
IndieJúnior Escolas DoctorGummy: Litterbugs, de Peter Staney-Ward (Reino Unido)
IndieJunior Famílias Trina: The Sled, de Olesya Shchukina (Rússia)
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sábado, 13 de maio de 2017

Piélagos en Corto - Festival Internacional de Cortometrajes de Ficción 2017: os vencedores

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Terminou hoje a oitava edição do Piélagos en Corto - Festival Internacional de Cortometrajes de Ficción que decorreu desde o passado dia 8 de Maio em Santander, Torrelavega e Piélagos, na Cantábria, em Espanha festival no qual tive a honra de, pela terceira vez, participar enquanto seu programador oficial.
Foram os vencedores:
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Prémio Dunas de Liencres
Internacional: The Ravens, de Jennifer Perrott
Nacional: La Invitación, de Susana Casares
Cantábria: 30 Minutos con Laura, de Juanjo Haro
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Prémio Costa Quebrada
Social: The Resurrection Club, de Guillermo Abril e Álvaro Corcuera
Realizador Revelação: Amo, de Alex Gargot
Prémio da Crítica: Manuscrit Trouvé dans l'Oubli, de Eugenio Recuenco
Menções Honrosas: Encerrada, de Rogelio Sastre e Lurna, de Nani Matos
Prémio do Júri Jovem: As Vacas de Wisconsin, de Sara Traba
Menções Honrosas: Postales, de Pablo Santidrián e Inés Pintor Sierra e The Resurrection Club, de Guillermo Abril e Álvaro Corcuera
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Prémio Canallave
Realizador: Susana Casares, La Invitación
Direcção de Produção: Paz Otero, Manuscrit Trouvé dans l'Oubli
Actor: Mikel Losada, Lituania
Actriz: Pilar Pereira, As Vacas de Wisconsin
Argumento: Hugo de la Riva, Campeón
Montagem: Antonio Gómez Pan, Manuscrit Trouvé dans l'Oubli
Fotografia: Axel Cosnefroy, Manuscrit Trouvé dans l'Oubli
Música Original: Ara Malikian, Le Chat Doré
Direcção Artística: Eric Dover, Manuscrit Trouvé dans l'Oubli
Guarda-Roupa: Felype de Lima, Le Chat Doré
Caracterização: Tamara Meco, Downunder
Efeitos Visuais: Pau Perramon, Bruce Gallagan
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Prémio Valdearenas: El Cine en Tus Manos
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Prémio de Distribuição: 30 Minutos con Laura, de Juanjo Haro
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Prémio #UnoCortoYRapidito: 1936, de Marcos Sastre
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Prémio #OneSequenceShot: Prólogo para el Fin del Mundo, de Fernando Sánchez
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Prémio #NoTeCortesHazTuCorto: Malas Abuelas, de Pedro García Argumosa (Oruña)
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