quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Streets of Fire (1984)

Estrada de Fogo de Walter Hill foi um dos grandes sucessos cinematográficos dos anos 80 que se tornou num filme de culto e que conta com a participação de um elenco de peso onde se destacam os nomes de Michael Paré, Diane Lane, Willem Dafoe, Rick Morranis, Amy Madigan e Bill Paxton.
Rodado num ambiente muito ao estilo dos anos 50 onde os gangs violentos e o rock'n'roll eram reis, este filme conta-nos a história de Tom Cody (Paré) que regressa à sua cidade natal para resgatar Ellen Aim (Lane) uma cantora de sucesso e sua ex-namorada das mãos de Raven Shaddock (Dafoe) que a raptara quando ela dava um concerto na cidade.
Tom Cody é o exemplo perfeito de um anti-herói na medida em que ele é de facto a figura central do filme, o herói, mas que no entanto assume toda uma postura contrária ao vedetismo que merecia ter. Michael Paré que hoje em dia é herói ele sim de filmes rasca série B, encarnou nesse longinquo ano de 1984, este papel na perfeição dando-lhe uma vida e vivacidade merecedoras de atenção.
Os demais actores também não lhe ficam atrás e são todos estereotipados na perfeição sob aquilo que se espera dum filme desta categoria. Temos Reva (Deborah Van Valkenburgh) a irmã inocente e apaziguadora que apenas pretende a felicidade de Tom. Na cidade temos as personagens caricatas que dão um certo ar manhoso ao local, como é o caso de Clyde (Bill Paxton) e os polícias que de tanta autoridade tentarem exercer acabam por não ter respeito nenhum da parte dos habitantes.
Temos claro, como não poderia deixar de ser uma mulher de armas McCoy, brilhantemente interpretada por uma Amy Madigan, também ela uma actriz de armas e característica de papéis fortes e dominantes. No filme também não podia faltar o "cromo" de serviço, aqui interpretado por Rick Morranis como o agente e novo namorado de Ellen.
Ellen esta que foi interpretada a meu ver na perfeição, considerando que foi totalmente injusta a nomeação ao Razzie de Pior Actriz Secundária do ano, por uma Diane Lane na altura muito em voga, num papel que contribuiu para imortalizá-la como a figura de menina frágil, papel que à época representava em inúmeros filmes.
E falando de tantos heróis, anti-heróis e mulheres de armas falta apenas falar do vilão de serviço, aqui com um carismático Willem Dafoe que com o seu olhar gélido e vago dá uma certa cor e toque pessoal à personagem de Raven Shaddock, líder do gang local.
Filme este que possui um outro ponto forte que é a sua fotografia da autoria de Andrew Laszlo, que ao criar um ambiente em tons cinza e castanhos, dá um ar de uma cidade perdida no meio da violência e do medo que apenas fica mais aguçado com uma banda-sonora muito rockeira da autoria de Ry Cooder, tornando assim este filme num culto que ainda hoje desperta o interesse a muito boa gente, e se tornou um marco do início da década de 80.
Destaco ainda os brilhante segmentos do concerto inicial e do final que dão sem qualquer sombra de dúvida um toque especial ao filme de pura adrenalina. Apesar de playback's, Diane Lane tem aqui dos momentos mais gloriosos de todo o filme.


8 / 10

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Tony Curtis


1925 - 2010

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Merlin and the War of the Dragons (2008)


Merlin e a Batalha dos Dragões de Mark Atkins conta com a participação do actor Jürgen Prochnow num filme que é essencialmente de aventuras e acção passada na mítica época do mago Merlin e da existência de dragões na Terra.
A retratar uma época interessante que pode sempre tornar um filme de orçamento mais ou menos pequeno num pequeno espectáculo de batalhas e de histórias místicas e míticas, este falha basicamente em todas as frentes possíveis e imaginárias.
As interpretações de uma forma geral são fracas, pouco convincentes e pobres. Não há qualquer tipo de expressão por parte dos actores que quase preferem parecer estátuas perfeitas sem emoção e mesmo nisso falham redondamente não conseguindo convencer absolutamente ninguém. Para o comprovar basta pensarmos nas deusas (ou semi) do lago que com o seu ar de femme fatale mais parecem umas saloias sem piada.
Os efeitos especiais, esses são igualmente pobres. A recriação dos poucos feitiços que se vêem no filme são do mais básico que pode existir e, para agravar o que já é mau, ainda é sobreposto à imagem real o que torna tudo do mais sem graça que se pode imaginar.
O mesmo acontece com a recriação dos dragões que mais parecem saídos de um qualquer jogo de computador, inclusive o seu bafo de fogo do qual se vê um pequeno rasto que se deduz matar alguns dos figurantes mas que na realidade nada se vê além de umas quantas cinzas que são lançadas em cena para causar uma "ilusão" mal recriada.
A apreciação geral deste filme não poderia, para mim, ser pior. O filme não tem graça, não é bem interpretado e a sua história mais não é do que algo parecido com uma colagem de histórias e de personagens que aparecem sabe-se lá de onde. Pobre, muito pobre o que só agrava ainda mais a falta de graça ou de estímulo que este filme tem, ou melhor... não tem.


1 / 10

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Arthur Penn


1922 - 2010
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Morrer Como Um Homem aos Oscars



Morrer Como Um Homem de João Pedro Rodrigues foi anunciado como sendo o candidato de Portugal ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2011. Será que é desta que chegamos pelo menos à nomeação?!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Because I Said So (2007)


Porque Sim! de Michael Lehmann é uma simpática comédia romântica com a presença de um agradável elenco onde se destacam as presenças de Diane Keaton, Mandy Moore, Lauren Graham, Gabriel Macht, Piper Perabo, Tom Everett Scott e Stephen Collins.
Daphne Wilder (Keaton) interpreta o papel de uma matriarca que só quer ver as suas filhas casadas e felizes ao contrário daquilo que aconteceu com a própria que acabou divorciada e abandonada pelo marido e com três filhas. Enquanto as duas mais velhas se encontram já casadas, a mais nova Milly (Mandy Moore) vive apenas e só para o trabalho e à espera de encontrar aquele que fará parte da sua vida.
Intrometida como sempre na vida das filhas, Daphne cria um anúncio num site de encontros onde procura um companheiro para a filha, e tudo sem esta saber. No leque inicial de candidatos Daphne gosta de Jason (Everett Scott) e conhece outro Johnny (Macht) que por ser música é encarado como um destruidor de corações.
Aquilo que de início parece eficaz e simples demais para Daphne acaba por se tornar muito complicado quando Johnny pretende de facto conhecer Milly com quem acaba por simpatizar criando entre os dois uma empatia mútua.
Seguindo o exemplo das comédias românticas esta tem também uma história que acaba mais cedo ou mais tarde por gerar um monte de confusões e mal entendidos que lhe dão o ar da sua graça e que o tornam assim num agradável entretenimento sem grandes pretensões ou aspirações.
Gostei de o ver e o conjunto de actores consegue gerar uma química interessante entre si apesar de alguns dos, nomeadamente Lauren Graham e Piper Perabo (as outras duas "filhas" de Keaton) não conseguirem ter interpretações mais dinâmicas ou de algum destaque, habituado que estou a vê-las em prestações mais relevantes.
No entanto o filme é sim engraçado e consegue ter alguns momentos bem agradáveis de comédia como um ou outro mais sério que foca as relações humanas e em concreto a relação de pais para com os seus filhos. É interessante o suficiente para ser uma comédia a ver e para poder dizer que a nomeação que brindou Diane Keaton ao Razzie de Pior Actriz do Ano, foi totalmente injusta.


7 / 10

domingo, 26 de setembro de 2010

Gloria Stuart



1910 - 2010
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sábado, 25 de setembro de 2010

My Fake Fiance (2009)

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A Minha Noiva Falsa de Gil Junger é uma simpática comédia romântica que conta com a participação de Melissa Joan Hart e de Joseph Lawrence nos principais papéis.
Esta história inicia-se quando Jennifer (Hart) combina com Vince (Lawrence) fingirem que gostam um do outro e que vão casar para com o dinheiro que irão receber de presente poderem saldar todas as dívidas que têm e viverem em descanso.
O problema aqui é que não se suportam mutuamente e, como tal, toda a tarefa de poderem enganar todos os seus familiares e amigos vai ser árdua de conseguir.
Inerente a qualquer comédia, e a este género em particular, estão as enésimas atribulações que o par principal tem de passar para fazer crer aos demais que o seu amor é verdadeiro, e como através de todos os seus comentários depreciativos feitos mutuamente não passam apenas de nervos pré-casamento, o que dá a este tipo de filme uma certa graça pelos inúmeros cómicos de situação criados que, correndo o risco de se tornarem graças sem graça, aqui até arriscam e resulta francamente pela positiva.
Igualmente óbvio está que a relação que começa da pior forma possível como muito desdém de parte a parte, acaba inevitavelmente por resultar numa atracção. Inicialmente numa química, mas depois na atracção. Todos nós sabemos como funcionam estes filmes. Já o presenciámos inúmeras vezes. Umas resulta... outras nem por isso... Aqui funciona muito bem e a química sentida entre o par protagonista é de facto sentida e real e nós como espectadores percebemos que apesar de um filme menos conhecido, estamos perante uma simpática comédia que de facto resulta.
E é esta mesma química entre o par principal e aquela criada com os inúmeros secundários que surgem pela hora e meia de filme que ele consegue ser agradável e bem disposto e no qual nós damos por nós a torcer porque tudo resulte na perfeição.
Muito simpático filme com interpretações sólidas e bem conseguidas que o tornam numa comédia agradável com todas as suas pretensões respondidas pela positiva.
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7 / 10
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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

The Towering Inferno (1974)

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A Torre do Inferno de John Guillermin é um daqueles filmes catástrofe com um enorme e luxuoso elenco do qual fazem parte nomes como Steve McQueen, Paul Newman, William Holden, Faye Dunaway, Richard Chamberlain, Robert Wagner, Fred Astaire (que foi nomeado ao Oscar de Melhor Actor Secundário) e Jennifer Jones.
Após uma construção rápida com materiais menos próprios, é anunciada a festa de inauguração do edifício de escritórios e habitação mais alto do mundo, onde se espera ter a nata da sociedade presente. No entanto, sem verificação ou controle correcto, aquilo que começa por ser uma pequena chama, rapidamente se transforma num incêndio de grandes proporções que ameaça a segurança de todos aqueles que lá se encontram bem como a integridade do próprio edifício.
Muito célebre na década de 70 esta corrente de filmes catástrofe em que tudo e algo mais é destruído, onde se destacam além deste A Torre do Inferno outros como Terramoto ou Poseidon, são filmes que, rega geral, não se destacam por argumentos muito elaborados. Há sempre a trama amorosa e os demais esquemas a respeito de poupar dinheiro a construir edifícios, barcos ou abrigos, que acabam por ser deficientes e ineficazes mas, fora isso, pouco mais há a dizer no que respeita às histórias.
Assim sendo em que vencem estes filmes? Bom... em duas perspectivas claras... a primeira os efeitos especiais quer sonoros quer visuais que têm. Aí, e para a época, são realmente "reis". Da mesma forma são filmes que conseguem impressionar pelo conjunto de catástrofes a que assistimos em cerca de duas horas, mais ou menos, e na quantidade de destruíção que é projectada para o ecrã.
Em termos de espectáculo este género de filme é um claro vencedor. Prendenos ao ecrã para assistirmos a um sem número de desgraças e destruíção e pensamos apenas no quão mau seria (será?) se realmente algo do estilo acontecesse na realidade. É apenas por aqui que estes filmes se tornam "marcantes".
Por vezes, raras vezes, mas uma ou outra lá acontece, conseguem também ter uma ou outra banda-sonora que fica na memória e que se tornam melodias que reconhecemos mas... muito raramente...
Este A Torre do Inferno não deixa de ser um filme engraçado e bem realizado criando também momentos bem construídos e dredíveis sobre como seria um incêndio de grandes proporções num edifício de grande altura e o quão complicado seria conseguir mantê-lo controlado. Para "cinema catástrofe" está no seu melhor.
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7 / 10
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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

(500) Days of Summer (2009)

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500 Dias com Summer de Marc Webb é uma muito apelativa comédia dramática que tem nos seus principais papéis, e a dar vida a todo o filme, os actores Joseph Gordon-Levitt e Zooey Deschanel.
Esta história conta-nos como Tom (Gordon-Levitt) se apaixona por Summer (Deschanel). Dois colegas de trabalho que após alguns encontros sociais casuais começam a desenvolver uma atracção mútua que primeiro passa pela amizade e depois pela relação física e sentimental.
Bom... há que frisar que ele sim apaixona-se... mas ela nem por isso. Não acredita no amor nem que por ele se deva guiar uma relação pois pode terminar a qualquer momento. Por isso, enquanto Tom se apaixona e não vê mais nada nem ninguém além de Summer, ela apenas vive o momento e aproveita aquilo que vai tendo pois, tal como diz a vida real acabará por se "intrometer" no "amor".
Esquecendo os demais actores secundários que, apesar de importantes para fazer ligação com certos momentos do filme não desempenham nenhum papel que roube a atenção dos principais, estes sim têm de ser alvo de uma referência.
Todos nós, ou pelo menos a grande maioria, conhece Joseph Gordon-Levitt desde os bem fadados tempos da magnífica série televisiva Terceiro Calhau a Contar do Sol e sabemos o quanto a sua personagem Tommy (curiosa coincidência) nos fazia rir com o seu recalcamento por ser mais velho e ter ficado com o corpo mais jovem... E todos percebemos o quanta graça e talento tinha já na altura este jovem actor. Não é de surpreender que anos depois, corridos muitos e muitos filmes, que ele apareça e nos surpreenda num magnífico e superior papel como este, pelo qual foi inclusivé nomeado ao Globo de Ouro de Melhor Actor em Comédia este ano. O seu papel como Tom é fresco, revelador de quanto alguém pode amar outra pessoa mesmo que esta aparente ou apresente defeitos e comportamentos que poderiam fazer qualquer um desistir e fugir a sete pés. Conseguimos apreciar a sua paixão e a sua dedicação e por breves, se calhar breves demais, momentos torcemos para que Summer perceba e lhe dê a oportunidade devida.
Quanto a Deschanel confesso que não conheço muito do seu trabalho à excepção de O Acontecimento que não será propriamente uma enorme referência ao seu talento considerando que é um mediano filme de suspense. No entanto posso seguramente afirmar que este seu papel como Summer Finn é sem a menor das dúvidas um excelente trabalho de composição de uma personagem. Seca, fria, distante e a maior parte do tempo descrente e insensível, Deschanel compõe numa só personagem aquilo que muitos de nós são normalmente no que diz respeito aos sentimentos... distantes. Talvez por isso mesmo se consiga em diversas situações colocar na sua pele e perceber quenem tudo, de facto, são mares de rosas.
Aquilo que aqui temos não é uma tradicional história de amor em que depois de inúmeras aventuras e desventuras o par romântico termina junto nem tão pouco vive feliz para sempre... Pelo menos não um com o outro. Temos um filme que nos apresenta os melhores momentos da vida em que parece que uma relação vai funcionar... e depois temos os outros onde a realidade nos bate realmente à porta e nos acorda para que se consiga perceber que afinal nem tudo é cor-de-rosa.
Deixo também um destaque para a excelente banda-sonora do filme e muito em particular para um tema que considero simplesmente divinal. E aqui fica a sua reprodução para aqueles que tiverem paciência e coragem de chegar até aqui neste comentário.
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Antes de passar ao trailer fica o apelo para aqueles que quiserem, em ver este filme. Foge àquilo que tradicionalmente vemos nas comédias românticos ou nas comédias sobre o amor e sobre as relações e, por isso mesmo, ao ser inovador, consegue surpreender pela positiva e tornar-se num dos filmes mais interessantes do ano.
E... mais interessante fica, claro, quando aparece em cena.... Autumn... que é como quem diz... depois do Verão vem sempre o Outono...
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"Tom: People don't realize this, but loneliness is underrated."
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8 / 10
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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Legion (2010)

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Legião de Scott Charles Stewart é um filme de acção com contornos quase biblícos que conta com a participação de Dennis Quaid e Paul Bettany nos papéis principais.
A história do filme decorre na sua quase totalidade num pequeno restaurante de estrada isolada no meio do deserto em que se encontram além do proprietário (Quaid), o seu filho e uma empregada, alguns clientes que esperam para poder avançar para os seus destinos.
O problema começa quando uma "simpática" velhota entra no restaurante e depois da tal simpatia inicial revela ser um pequeno monstro que fere quase mortalmente um dos clientes... É partir daqui que tudo toma o seu rumo. Rumo este que é nem mais nem menos do que a destruíção da raça humana. Deus fartou-se e envia os seus anjos para um extermínio da espécie devido à desilusão que tem para connosco.
Em defesa da espécie, defesa esta merecida ou não fica a cargo de cada um de nós, aparece o Arcanjo Miguel que questiona a atitude de Deus e cá aparece para ajudar a Humanidade a sobreviver... ou pelo menos a criança por nascer, filho da empregada do restaurante que mais parece não estar muito interessada nele.
História à parte, pois as noções e ideias principais acabam por ser estas... o que é que fica realmente deste filme? Bom... simples... Não é de longe um filme especial e inovador em termos de argumento e história porque afinal de contas este género de filme em que ou as sete pragas do Egipto ou algum cataclismo natural provocado pela mão divina com o intuito de destruir os humanos já foi feito milhentas vezes.
Dito isto o que fica é um filme com alguns momentos interessantes em termos de suspense e claro, a eterna acção que são quase sinónimos do género. Além disso é também um filme que apesar de "menor" consegue conter alguns momentos em que nos sentimos enclausurados e com alguma claustrofobia só de pensar que estaríamos ali fechados e tudo em nosso redor estaria repleto de "anjos" que nos queriam simplesmente eliminar.
Acho que neste campo o filme consegue ser interessante, pois a cada passo que avança o espaço "seguro" vai reduzindo drasticamente e cada vez mais percebemos que "não" há grande solução para resolver esta "agressão" divina.
Interessante e bem construída está também a caracterização dos actores... É à custa de filmes como este que eu nunca mais confio em velhinhas com ar terno e simpático nem em vendedores de gelados... *sigh*
Não será um filme de "topo" mas não deixa, no entanto, de estar um filme bem realizado e conseguido que faz justiça ao género, e portanto interessante de ver e apreciar como um bom entretenimento do género de suspense.
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6 / 10
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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Poltergeist (1982)

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Poltergeist de Tobe Hooper é um intenso filme de suspense com a mão de Steven Spielberg pelo meio que conta com a participação de JoBeth Williams, Craig T. Nelson, Beatrice Straight, Zelda Rubinstein que se tornou numa das figuras mais emblemáticas desta trilogia, e a jovem Heather O'Rourke que se tornou numa figura emblemática do cinema fantástico apesar da sua breve carreira, e vida, como actriz.
Este filme transporta-nos para a vida suburbana de uma família, pais e três filhos, que um dia descobrem ter alguma "companhia" sobrenatural a viver com eles. Se de início tudo parecia incrivelmente estranho mas fantástico, rapidamente se apercebem que afinal a presença que têm em casa não é tão simpática quanto inicialmente parecia, antes pelo contrário é bem hostil e pretende bem mais do que eles poderiam pensar.
O filme em si, que é inicialmente uma simpática história sobre a vida de uma família banal que vive ainda os "restos mortais" de uns anos 70 meio hippies, torna-se aos poucos mas de forma intensa numa história algo assustadora. Talvez não tanto nos dias de hoje pois já vimos um sem número de filmes que se calhar nos incomodam mais mas, à altura, foi um sucesso pela sua componente de suspense.
A própria imagem e a sua luminosidade inicial transformam-no subitamente num filme mais negro, escuro e sombrio, o que apenas vem acentuar o próprio clima assustador com que ele nos brinda na segunda metade e até mesmo no surpreendente final.
É inevitável falar como este filme tem uma componente fantástica e horrorizante marcante graças também à mão de Steven Spielberg no filme. Aliás, basta começar por dizer que foi ele próprio que escolheu Heather O'Rourke para o papel principal após um encontro que teve com a jovem actriz, e que teve como resultado final o seu brilhante desempenho de vítima perseguida pelas forças do além que vamos conhecendo ao longo da trilogia.
Ao mesmo tempo, se pensarmos na filmografia e projectos em que Spielberg estava envolvido por estas alturas, temos obrigatoriamente de pensar em títulos como Encontros Imediatos de Terceiro Grau, ET e Salteadores da Arca Perdida, todos eles como uma componente de cinema fantástico bem acentuada e também Tubarão um clássico do cinema de terror. Spielberg esteve por detrás destes emblemáticos títulos, bem como de outros, que mostram vincadamente a sua "veia" para o cinema fantástico e com grandes doses de suspense também.
Poltergeist não seria diferente. Apesar de só ter estado envolvido no projecto como produtor, é impossível não perceber que a sua "mão" trabalhou e influenciou este filme, mais não fosse também pelo facto de que ele próprio esteve envolvido no próprio argumento do filme.
Intenso. Muito intenso, e seguramente o melhor filme da trilogia, este Poltergeist não iria deixar ninguém indiferente. Nem mesmo nos dias de hoje onde o filme já atingiu um estatuto de culto.
E para aqueles que duvidam que este filme é intenso... Vejam-no... E com muita e especial atenção as cenas do quarto em que o pequeno palhaço (não, não é nenhum actor é mesm oum boneco) ganha vida... E depois queixam-se que eles assustem qualquer um de nós...
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"Tangina Barrons: There is no death. It is only a transition to a different sphere of consciousness."
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7 / 10
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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Van Helsing (2004)

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Van Helsing de Stephen Sommers é um simpático mas não muito bem conseguido filme de vampiros... Bom... de vampiros, do Drácula (ele próprio), de lobisomens... do Frankentein e com o Van Helsing à mistura numa Roménia do século XIX em que todas estas criaturas mandam e imperam.
Com as participações de Hugh Jackman como Van Helsing e Kate Beckinsale como Anna Valerious uma caçadora das criaturas que atormentam o descanso dos inocentes, este filme passa a um ritmo tão alucinante que a amálgama de história acaba por se tornar numa intensa confusão com inúmeras pontas soltas que jamais se irão remendar.
Dito isto, a acção passa-se no século XIX numa caça ao Conde Drácula que planeia com as suas três mulheres reproduzir que nem coelhos com o fim de dominar o mundo e subjugar toda a raça humana. Como é óbvio no seu caminho estarão Van Helsing e Anna Valerious que não fazem qualquer tipo de cedência na caça ao homem... ao vampiro, querendo portanto exterminá-lo de vez.
O filme não é brilhante e falha em inúmeras frentes nomeadamente no seu confuso argumento que quer contar tudo e algo mais, falha também nas interpretações pouco inspiradas e consistentes da globalidade dos actores que além de estarem quase a ler do cartão que têm em frente, insistem em fazer pobres reproduções de sotaque de habitantes do leste Europeu que mais parece terem aprendido a falar inglês a semana passada.
Os efeitos especiais que acabam por ser um dos aspectos mais positivos deste filme na sua globalidade, denotam também alguma mediocridade e fraqueza ao aparecem certos momentos em que nota uma clara sobreposição de imagens e não uma ilusão de que faz tudo parte do mesmo cenário.
Um aspecto que acaba por ser inevitavelmente positivo é o guarda-roupa pois, considerando que é um filme de época, seria impossível que este fosse feito de uma forma mais "saloia". E claro, se considerarmos que por detrás dele temos o nome de Gabriella Pescucci, já vencedora de um Oscar nesta categoria, em parceria com Carlo Poggioli.
O aspecto que noto como sendo mais positivo deste filme acaba por ser de facto a capacidade de entretenimento que lhe está inerente pois, apesar de muito rudimentar, é daqueles filmes pelos quais nós começamos por detestar devido às suas falhas mas que, ao mesmo tempo, nos impedem de parar de o ver e, como tal, consumi-mo-lo até ao final sem conseguir dele retirar o olhar.
O aspecto mais fraco, para não dizer pior, de todo o filme é mesmo o seu final que se tenta ser sentimental, mas que acaba por ser o mais piroso e absurdo de todo o filme, e sejamos honestos... completamente despropositado e desnecessário.
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4 / 10
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domingo, 19 de setembro de 2010

Eraser (1996)

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Eraser de Chuck Russell é um divertidíssimo filme de acção com o eterno rei do género... Arnold Schwarzenegger muito bem secundado por James Caan e Vanessa Williams (uns aninhos antes de fazer o seu estrondoso papel na Betty Feia).
Como sempre, ou pelo menos como na maioria dos seua filmes de acção, Schwarzenegger interpreta aqui o papel de herói de serviço. Neste caso a sua personagem, John "Eraser" Kruger é um especialista de protecção de testemunhas em que as faz desaparecer para não serem vítimas dos vilões que as pretendem matar e não servir de testemunhas em nenhum processo judicial. Será nesta função que vai conhecer Lee (Williams) e dar-lhe uma nova identidade para que possa testemunhar contra a empresa para onde trabalha até ter descoberto que esta traficava armamento.
Também "de serviço" temos Deguerin (Caan) que inicialmente pensamos ser um dos bons da fita mas que depressa percebemos que não é o caso e que irá actuar contra Kruger, iniciando aquilo que serão quase duas horas de intensa acção e momentos do mais fantasioso que há, muito ao estilo destes filmes, e claro, do eterno action freak que é Schwarzenegger onde desde lutas com crocodilos a saltos de aviões de passageiros sem páraquedas.... vale tudo!
Este estilo de filme não é geralmente, dotado de grandes argumentos ou enredos que nos emocionem pela qualidade narrativa/dramática que têm. No entanto, emocionam pela quantidade de peripécias e cómicos de situação e principalmente pelos "impossíveis" que aqui parecem coisas normais de todo o dia... actos perfeitamente banais.
Dito isto, há sempre que considerar os actores que o compõem. Falando por mim, relativamente a James Caan, que me lembre e apenas com excepções pontuais, sempre o vi a fazer de mau da fita ou de mafioso, como tal não me surpreende que aqui voltasse a fazer do vilão de serviço. Vanessa Williams era para mim à altura uma desconhecida mas o papel e a sua cara bonita claro que lhe valem pela sua interpretação. De destacar é sim Schwarzenegger... não que os seus dotes de representação aqui tenham muito a ver seja com o que fôr, pois isto é 100% acção, murro, pontapé e explosão, mas é mesmo neste registo que estamos habituados a vê-lo e com o qual conquistou milhões de fãs pelo mundo inteiro. Tendo isto em consideração este papel assenta-lhe que nem uma luva.
O principal aspecto positivo do filme, não querendo com isto dizer que todos os outros são negativos pois não o são, é sem dúvida os seus efeitos especiais. Intensões e feitos à medida de um verdadeiro filme de acção capaz de nos captar TODA a atenção. Francamente muito bom dentro do género que representa.
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7 / 10
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sábado, 18 de setembro de 2010

My Name Is Joe (1998)

O Meu Nome é Joe de Ken Loach que conta com uma soberba prestação vencedora do Prémio de Melhor Actor em Cannes por parte de Peter Mullan.
Joe (Mullan) é um alcoólico recuperado que assiste a jovens problemáticos e desempregados a darem um novo rumo às suas vidas sem, no entanto, conseguir encontrá-lo para si próprio.
Tudo muda no dia em que conhece Sarah (Louise Goodall) uma assistente social que também lida com os mesmos jovens que Joe, e por quem este acaba por se apaixonar vendo nela uma segunda hipótese para restabelecer a sua vida e ter o que até então não conseguiu... uma família.
Pelos meandros do crime urbano numa cidade que mais aparenta ser um dormitório decadente onde a grande maioria das pessoas (sobre)vive da assistência social, Joe através de pequenos encontros desportivos e Sarah através daquilo que o próprio Estado pressupõe, tentam salvar essas jovens vidas que muito ainda poderão dar a si próprias, ao mesmo tempo que neles desperta o próprio sentimento de tentarem eles também salvarem-se e encontrarem os seus portos de abrigo.
Francamente merecido foi o prémio que Peter Mullan recebeu em Cannes pois a sua interpretação é de um realismo estrondoso que foca não só a recuperação de um homem desprotegido na sociedade como também o seu retorno ao caos e ao abismo do qual se tenta afastar. É sofrido e penoso e do brilho que apresenta inicialmente conseguimos assistir à transformação de um homem que começa a procura do seu próprio espaço numa potencial família a construir para um homem que se deixa novamente levar pelos caminhos do alcoól, da amargura e da perda de um dos seus nos meandros do crime e do tráfico.
Como todos os filmes de Ken Loach... bom... a maioria deles pelo menos, também este apresenta uma personagem principal isolada, só e com um passado conturbado que tenta a recuperação e o reingresso na sociedade que ele próprio abandonou. Procura o seu espaço e aqueles em quem se apoiar para poder viver a sua própria vida. Peter Mullan foi de facto a escolha ideal para dar vida a esta personagem complexa e rica na sua própria fúria interior. A sua vontade de resistir e de poder influenciar outros que, tal como ele, se encontram em situações mais precárias e de risco. A força, a verdadeira força que Mullan apresenta com o seu olhar ora frágil ora a transbordar de energia são sem qualquer dúvida contagiantes.
Excelente filme que retrata não só a capacidade das emoções humanas serem ora reprimidas ora despertas com pequenos grandes factores (ou pessoas) com que a nossa vida se cruza ou depara mas que, ao mesmo tempo, podem despertar velhas feridas e angústias que no nosso subconsciente estão também lá sempre presentes.
Um retrato fiel da tentativa e da possibilidade que todos procuram de se recuperar e encontrar um lugar em sociedade e junto de alguém com quem poder estabelecer uma vida e também da desilusão de sonhos pretendidos e nunca alcançados que residem naqueles pequenas grandes cidades que se encontram tão perto e tão longe de todos os sonhos que sempre esperámos alcançar.
Para os mais curiosos existe sempre disponível o trailer que poderão visionar aqui.
8 / 10

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

The Good Girl (2002)

É Agora ou Nunca de Miguel Arteta conta com a participação de Jennifer Aniston, Jake Gyllenhall e John C. Reilly nos principais papéis.
Este filme que começa com um pequeno monólogo proferido por Justine, a personagem interpretada por Jennifer Aniston, que é possivelmente o melhor de todo o restante filme. O pequeno monólogo que refere o quão presas a uma vida desinteressante e desinteressada podem estar todas as pessoas. Guiam-se em frente sob gestos e movimentos rotineiros que a lado algum as irão levar. Deixam-se simplesmente ir. O dia de hoje que foi igual ao de ontem e será igual ao de amanhã apenas serve (ou serviu) para pensar que a vida ficará sempre igual àquilo que tem sido... sem objectivos.
Tem isto em mente Justine que é casada com Phil (John C. Reilly), inicia uma relação meramente sexual com Holden (Jake Gyllenhall) para fugir àquilo que considera ser a monotonia em que vive diariamente.
Qualquer um deles representa uma total estagnação e um conjunto de objectivos por concretizar que acabam apenas por se transformar em frustrações que lançam qualquer um deles num marasmo de lamentos e de vidas sem sentido.
Justine que ambicionava outa vida... Phil que ambicionava ser pai... Holden que ambicionava a liberdade.
No final todos eles se acomodam ao melhor que poderão alguma vez ter. Justine à continuidade de uma vida que levou até aí e que percebe não ir mudar nunca. Phil acomoda-se à possibilidade que lhe é dada de ser pai de um filho que sabe, na realidade, não ser seu. E Holden, na impossibilidade de ser de facto livre e poder viver sob as suas próprias ideias e decisões, toma a única medida possível para não estar "preso" (literalmente) a algo que não quer pondo assim termo à sua própria vida.
No final todos se acomodam. Todos aceitam a rotina. Todos aceitam o marasmo. Todos aceitam que nunca serão aquilo que sonharam ser ou fazer aquilo que lhes daria algum tipo de motivação. No final todos reconhecem que não serão aqueles seres plenos e completos que quiseram um dia ser.
Que o filme está cheio de boas intenções é um facto. Que elas sejam realmente levadas ao seu potencial máximo, isso já é outra história completamente diferente, mostrando que na realidade falta algo para as tornar totalmente credíveis.
Isto reflete-se principalmente nas interpretações de John C. Reilly e de Jake Gyllenhall que não mostram todo o gás com que já nos habituaram noutros filmes, acabando apenas por ficar ali e tentarem o seu melhor. No entanto, verdade seja dita, Jennifer Aniston consegue um papel mais decente e sério em relação àquilo a que normalmente nos habituou. Deixa de ser a "quarentona engraçada que faz rir" para passar a ser a "quarentona desiludida com a vida e que procura o seu real significado".
Longe de ser o papel que a ia levar às passadeiras vermelhas de uma qualquer cerimónia de prémios cinematográficos, não deixa no entanto de ser aquele papel que mostra que ela é capaz de algo mais além de comédias românticas que, sejamos honestos, já lhe deveriam começar a passar ao lado e a ser substituídos por outros com maior... substância.
Dito isto, acho que o filme apenas peca por não ser mais desenvolvido e quero com isto dizer ter uns quantos minutos a mais que pode-se aprofundar mais um pouco algumas destas personagens. Deveria ser um filme que levava a insatisfação das suas personagens um pouco mais além de uns ocasionais encontros de cama onde quase parece que as mesmas encontram algum tipo de profecia sobre as suas vidas.
Tivesse Justine no final optado por outro caminho, mesmo que não nos fosse revelado qual, e muito provavelmente este filme teria ganho uma dimensão muito maior que nos permitisse a nós como espectadores pensar "afinal ela conseguiu".

"Justine: As a girl you see the world as a giant candy store filled with sweet candy and such. But one day you look around and you see a prison and you're in death row. You wanna run or scream or cry but something's locking you up. Are the other folks cows chewing cud until the hour comes when their heads roll? Or are they just keeping quiet like you, planning their escape."

6 / 10

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

The Punisher (2004)

Punisher - O Vingador de Jonathan Hensleigh é o regresso de Frank Castle, uma personagem ao cinema que já se encontrava adormecida desde o final da década de 80 onde tinha sido interpretada por Dolph Lundgren.
Aqui a história não varia em praticamente nada. Castle torna-se o eterno justiceiro em nome do bem que faz os maus da fita arrependerem-se de alguma vez cruzarem o seu caminho.
No entanto, feito mais recentemente, com maiores recursos e com a possibilidade de uns quantos efeitos especiais com melhor qualidade e quem sabe até aprofundar algumas pontas soltas típicas deste género de filme, aqui o Vingador não consegue ser tão convincente como a versão original que data de 1989.
Aqui o estilo mais negro de Castle fica tratado de uma forma muito superficial e o próprio look do actor Thomas Jane é mais "limpinho" que o de Dolph Lundgren idos que vão 21 anos.
Além de Thomas Jane esta nova versão d'O Vingador conta ainda com a participação de Samantha Mathis, Laura Harring, John Travolta, Ben Foster e Rebecca Romijn. Nenhum destes actores se destaque de uma forma que se possa considerar positiva. Nem mesmo satisfatória. Quase todos eles acabam por apenas estar ali a desfilar como ou caras bonitas ou como alguém que apenas está para encher o tempo e passar clichés agradáveis como a "vingança serve-se fria" ou "afinal até os excluídos conseguem encontrar o seu lar e a sua família".
Não é um filme que impressione, apesar de distrair, e de pouco ou nada "se serve" dos talentos que acaba por ter ao seu dispôr o que poderia ter dado uma volta por cima ao próprio filme tornando-o bem mais apetecível e um marco no género tal como foi o original da décade de 80.
Assim serve apenas aqueles que gostam do estilo murro e pontapé sem grande conteúdo e mesmo assim já é este factor algo de muito positivo que se pode dizer do filme.

5 / 10

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Repo! The Genetic Opera (2008)

Repo! A Ópera Genética de Darren Lynn Bousman é daqueles filmes que por tão mal falarem dele só despertou a curiosidade em saber do que afinal falavam.
Num futuro algo medonho (será seguro dizê-lo) o comércio de orgãos é uma prática dita "normal" e onde, pago a bom preço, é possível fazer um qualquer transplante para poder sobreviver.
A empresa impulsionadora desta prática GeneCo., não se inibe de patrocinar todo o tipo de transplantes desde que aqueles que recorrem aos seus serviços se comprometam a pagá-los ou então... a mercadoria transplantada será retirada por aquele que dá nome ao filme, e que ninguém sabe quem é... Repo!
O filme, que por si só já tem um argumento algo bizarro e que por isso mesmo o ser "de terror" já é algo perfeitamente discutível, consegue ainda tornar-se pior quando deparamos com um filme de terror que é acima disso... um musical...
Se este pequeno "je ne sais quoi" já é muito duvidoso no Sweeney Todd aqui não só é duvidoso como se torna acima disso perfeitamente idiótico e absurdo ao ponto de me fazer levar as mãos à cabeça e gritar (quase...).
Assim sendo assistimos a algo que se intitula de terror mas ao estilo Broadway onde mais parece que só falta começarem a gesticular movimentos de dança ao mesmo tempo em que se assiste a esquartejamentos públicos e intestinos a voarem por tudo quanto é lado. Decididamente, para aqueles que ainda não perceberam, um filme de terror que é cantado do início ao fim não resulta ou sequer convence seja quem fôr. Logo, a sua credibilidade fica à partida pelas ruas da amargura.
Os actores são pobres. Aliás... francamente pobres. Especialmente se considerarmos que entre eles está Paris Hilton que neste filme venceu o Razzie de Pior Actriz Secundária do Ano (se é que se pode considerar como actriz esta fraca participação que ela tem).
Algo abonatório em favor deste péssimo e pobre exemplo de filme é de facto o lado artístico e visual do mesmo que em termos de fotografia e de guarda-roupa até consegue ser inovador e "rico" não conseguindo isso ser o suficiente para salvar o que quer que fosse de algo que é na sua generalidade pobre. Muito pobre.
Dito isto, e considerando que não há muito mais a dizer de algo que é um completo desastre, só serve mesmo para aqueles que, como eu, foram levados ao engano pela curiosidade a respeito de algo que nem sequer a deveria despertar.


1 / 10

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Disgrace (2008)

Desgraça de Steve Jacobs é um filme passado no regime pós-Apartheid da África do Sul que conta com John Malkovich no principal papel.
Malkovich interpreta o papel de David Lurie, um professor universitário desencantado, descontente e cínico que vê um mundo decadente em tudo o que o rodeia. Um dia sente uma enorme atracção física e sexual por uma sua aluna que começa a seduzir e que acaba por drogar e violar.
O escândalo percorre toda a comunidade local e David é obrigado a uma comissão de inquérito na qual admite ter cometido o crime. Muito ao estilo das comissões de verdade existentes no pós-Apartheid, nenhuma consequência de maior ou criminalização do seu acto existe. Há excessão da sua própria demissão do cargo, nada mais acontece e assim abandona a cidade rumo à casa da sua filha que vive isolada de tudo e todos.
É lá que espera encontrar a sua redenção e sossego. E encontra-os até ao dia em que três habitantes locais entram na casa de ambos e o prendem acabando por violar a sua filha que mais tarde vimos a saber ficar grávida fruto deste encontro.
Temos então aqui um interessante filme sobre a África do Sul onde, não focando o Apartheid per si, dá-nos uma ilustração de como se encontra a nova sociedade sul-africana onde o topo da pirâmide deixou de existir como até então se apresentava como uma realidade. Agora já não existe uma população branca dominante em cima mas sim uma mistura de ambos.
Os crimes são mostrados tanto cometidos por uma suposta classe mais alta como por aqueles que se encontram na sua base. São tão violentos uns como outros. Assim sendo porquê penalizar um e não o outro? Afinal neste caso concreto tanto David como o violador da sua filha cometeram no fundo o mesmo crime. Qual a diferença que separa um do outro? A cor? O status social? Factores estes que com a queda do regime do Apartheid deixaram de ser relevantes colocando todos no mesmo país ao mesmo nível perante a lei.
Temos então um interessante retrato do que é a África do Sul actual que procura encontrar um lugar muito próprio, bem como de uma sociedade que parece não ter limites ou leis nem ordem nem segurança e que permanece algures entre o caos e a realidade muito ao sabor daquilo que cada um pensa (ou sabe) poder fazer.
John Malkovich muito igual a si próprio e ao potencial a que já nos habituou trabalha muito bem esta personagem que passa de um lugar cimeiro para o mais profundo da decadência conformando-se finalmente com aquilo, pouco, que pode ter... O nada. Apenas um muro... um pequeno muro que tanto pode ser físico como imaginário (auto-separação social), o pode separar de toda uma realidade que pode simplesmente esperar muito pacientemente pelo próximo momento em que qualquer um se encontre mais vulnerável.

7 / 10

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

The Damned United (2009)

Maldito United de Tom Hooper é um drama com leves toques de comédia que conta com a participação de Michael Sheen, Timothy Spall e Colm Meaney sendo secundados por Jim Broadbent.
A história gira em torno de um treinador futebolístico de um pequeno clube inglês que sempre ambicionou estar a comandar um dos principais clubes de futebol do país.
A sua ambição... sim, é apenas e só de ambição que falamos, é tão grande e de tal forma obsessiva que Brian Clough (Michael Sheen) esquece tudo e todos os que o rodeiam em nome daquilo que ele quer... chegar ao topo.
Após inúmeras tentativas e alguma fama conquistada é um facto que alcança aquilo que sempre lhe foi comandado pela ambição no entanto, é uma vez chegado ao topo que percebe que afinal essa ilusão de fama não justifica todos aqueles que foi perdendo pelo caminho bem como uma vez chegado a esse lugar pode encontrar exactamente o oposto do que esperava... uma total solidão.
Com um argumento escrito por Peter Morgan, o mesmo argumentista d'A Raínha, baseado na obra de David Peace sobre a vida real do treinador Brian Clough, este filme tem alguns momentos interessantes que nos descrevem perfeitamente o quão perigosa e solitária pode ser a ambição. No entanto àparte desses ocasionais momentos o filme não é, de uma forma geral, inspirado.
Se as interpretações de Michael Sheen e Timothy Spall até conseguem estar bem conseguidas e com algum carisma, ao vermos a totalidade do filme percebemos que falta lá algo. Consegue atingir bons momentos mas tão depressa lá estão como deixam de estar levando o filme, quase, ao esquecimento.
Não deixa de ser interessante de se ver mas não é daqueles filmes que muitos de nós (se é que alguns) irão poder dizer que se recordam daqui a um par de anos. Falta-lhe o carisma de outros filmes que abordam o tema "futebol" ou a força que caracteriza os mesmos em termos de ambição como por exemplo o seu conterrâneo A Máquina apesar de no fundo as temáticas acabarem por ser bem diferentes se bem que centradas no mesmo meio.
Uma boa ressalva à interpretação de Michael Sheen que não deixa, ainda assim, de ser bem positiva pois demonstra e relata muito bem o quão corruptível pode ser a ambição.

7 / 10

domingo, 12 de setembro de 2010

Fade to Black (2006)

Um Nome na Lista de Oliver Parker é um filme cuja acção se centra no período pós-guerra de uma Itália conturbada onde o actor/realizador Orson Welles se dirige para participar num filme e que, ao mesmo tempo se vê envolvido numa intensa trama de política e vingança.

Trama esta que envolve não só o futuro político de Itália que viria a ser controlado pelos democratas-cristãos durante quase cinquenta anos como também trata sobre lealdade e traição, denúncia e protecção de judeus durante a ocupação nazi do país.

Tudo isto, note-se... TUDO isto em menos de duas horas de duração dá para no mínimo vivermos a um ritmo de aceleração intenso em que a acção e a intriga quase não têm limites. Certo? Errado...
Aquilo que aqui temos é então um filme que se centra em várias situações nomeadamente a crise política que se vivia em Itália no pós-Segunda Guerra Mundial e nos confrontos iminentes entre democratas-cristãos e comunistas e que, ao mesmo tempo, se centra também no passado recente da ocupação nazi de Itália onde milhares de judeus foram denunciados e deportados em questão de dias e, como se isto por si só já não bastasse é também tema deste filme a crise sentimental e de profissão pela qual passou o seu principal interveniente, o actor Orson Welles aqui interpretado por Danny Huston.
Dito isto é quase escusado de referir que nenhum destes inúmeros temas fica suficientemente explorado e trabalhado fazendo com que todos eles sejam tocados ao de leve e criando várias narrativas em vez de uma só e bem explorada. Nenhum dos temas em concreto consegue despertar o interesse do espectador que acaba por se dispersar entre as várias tramas que circulam por todo o filme.
As interpretações que poderiam ser o bote salva-vidas deste filme também não conseguem ser suficientemente convincentes. Danny Huston cria um Orson Welles até algo interessante mas não o suficiente para haver por ele alguma empatia enquanto que Diego Luna e Paz Vega criam interpretações das quais poderiam ter retirado bastante conteúdo mas que devido a uma qualquer falta de interesse ficaram bastante superficiais. Já quanto a Chritopher Walken não há muito a dizer. Seja qual fôr o papel ele está sempre igual a si mesmo. Parece sempre acabado de sair de um qualquer filme de Mafia e está estagnado por ali.
De resto nada de novo. Muitos temas que poderiam ter sido trabalhados e explorados e umas quantas interpretações que teriam todo o potencial de ser excelentes mas que acabam por "estacionar" na mediocridade fazem com que este filme que poderia ter sido bom não ultrapasse os limites do suficiente.



5 / 10

Claude Chabrol

1930 - 2010
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sábado, 11 de setembro de 2010

Kevin McCarthy

1914 - 2010
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Brothers (2009)

Entre Irmãos de Jim Sheridan é um, mais um, brilhante filme deste realizador irlandês desta vez remake de uma produção dinamarquesa sobre a família e os traumas de guerra, neste caso a do Afeganistão que tanto afectou (e afecta) a sociedade norte-americana.
A dar vida a esta filme temos três jovens e brilhantes actores. São eles Tobey Maguire naquele que é possivelmente o melhor papel de toda a sua carreira (sim, estou a considerar o Pleasentville também), Natalie Portman em mais um registo digno daquilo que esperamos dela, e Jake Gyllenhall aqui num papel mais secundário mas ainda assim à altura de qualquer um dos papéis principais que desempenhou até agora.
A história começa, como sempre nos filmes de Sheridan, com um drama familiar. Uma família desfeita onde um dos elementos é mais "marginal". Tommy (Gyllenhall) sai da prisão e Sam (Maguire), o seu irmão em vésperas de partir numa nova missão para o Afeganistão, é o único que o vai esperar.
O ambiente de família sente-se tenso. Muito tenso. Tommy não é necessariamente uma visita esperada e desejada e o seu pai (Shepard) faz questão de o apontar como o número dois.
Sam parte então rumo à sua missão no Afeganistão e depois de um acidente é declarado como morto apesar de ter sobrevivido e ter sido capturado pelos talibãs. Aquilo que se segue para ele é uma verdadeira prova de vida física e psicológica da qual sobrevive apenas a uma delas.
Quanto a Grace e a Tommy, estes começam a desenvolver uma relação cada vez mais próxima e cúmplice que se arrasta para além dos limites que ambos têm socialmente delineados, onde Tommy quase assume o papel de novo parceiro de Grace sem, no entanto, nada se ter materializado. Até ao dia em que descobrem que afinal Sam está vivo e de regresso aos Estados Unidos.
Esta história foca e toca muitos dos actuais problemas da sociedade norte-americana que à semelhança do que se passou há mais de trinta anos naquele país, lida agora com os traumas e fantasmas de uma nova guerra e de como ela corrompe, destrói e contamina os sonhos, desejos e esperanças de uma juventude que se encontra perdida e psicologicamente "morta" depois de cruzar os caminhos da guerra. De mais uma guerra que semelhante a tantas outras não sabem onde se encontra e o porquê de a lutarem.
Sam (Maguire) encarna aqui o último sobrevivente. Sobrevive a uma guerra, à tortura física e psicológica sendo que, no entanto, quase não consegue sobreviver àquele que será o seu ambiente natural e familiar. À sua rua. Ao seu meio. À sua família. É aqui que ele vai encontrar a maior "guerra". Uma guerra que sente não poder vencer. A "guerra" da inserção. O regresso. O porquê de ter regressado. O porquê de ter feito o que fez. O porquê da sua vida e o seu significado. Os porquês, todos eles.
Tobey Maguire tem aqui de facto uma interpretação magistral tanto pela sua transformação física como pela pesada carga dramática que carrega. Todo o excessivo controlo que tem no período pré-guerra como pelo descontrolo que depois se sente quando regressa a casa. Profundamente dramático e assustadora a transformação que este actor tem confirmando-o mais uma vez como potencial para estar entre os melhores.
Considerando os temas abordados neste filme não me espanta que ele tenha sido "esquecido" para os Oscars. Seriam filmes "a mais" sobre a mesma temática e possivelmente esta não seria reconhecida em nenhuma frente (assim pelo menos um deles "safou-se"), mas de facto é uma pena que Maguire não tenha recebido uma nomeação ao Oscar de Melhor Actor pois o seu desempenho é 100% merecedor de uma (e até de vencer). Mente aquele que diz que não se "assustou" com as descargas de loucura de Maguire no período de regresso a casa...
Se destes actores conhecidos não é de espantar que nos apresentem desempenhos de primeira linha, o facto curioso é quando uma destas interpretações surge de uma actriz tão jovem como é o caso de Bailee Madison (Isabelle) que interpreta a filha mais velha de Sam (Maguire). Brilhante a capacidade que esta actriz tem em mostrar como uma criança sente e pressente onde está a tensão e o "perigo" e como ele pode afectar drasticamente o seu pequeno e inocente mundo. À semelhança do que afirmei também com a outra grande obra de Sheridan, Na América, também aqui as jovens actrizes dão um contributo importantíssimo para o desenrolar da história, e no caso concreto desta jovem actriz, um contributo tão importante que a coloca como uma das peças fundamentais do filme pelo seu sentido e emocionante desempenho.
Jim Sheridan volta assim a confirmar o seu "dom" para contar histórias boas, apesar desta ser um remake, com um potencial dramático e emocionante no seu melhor. E consegue mais uma vez rodear-se de excelentes actores que dão tudo de si. O melhor e o pior. Entregam-se não só como actores mas como pessoas que depositam todos os seus sentimentos, posturas físicas e psicológicas ao dispôr de um magnífico trabalho, que de facto o é.
Decididamente Entre Irmãos é um dos grandes filmes que estrearam este ano e daqueles que ninguém que se preze como bom apreciador de bom cinema deva perder. Como sempre, mais uma pérola de Sheridan recheada também com uma belíssima banda-sonora.



"Sam Cahill: Only the dead have seen the end of war..."

10 / 10

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Salò o le 120 Giornate di Sodoma (1975)

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Salò de Pier Paolo Pasolini é simplesmente um dos filmes mais incomodativos que alguma vez vi. Não há outra forma de o dizer.
Filme choque, seja lá em que época fôr, seja lá para que público fôr, este filme retrata-nos os devaneios de quatro homens que representam as mais altas esferas sociais de um país, claramente uma Itália decadente.
O Duque, o Bispo, o Magistrado e o Presidente. Estes quatro homens reunem um conjunto de nove rapazes e nove raparigas adolescentes, os quais vão sujeitar a 120 dias de torturas físicas e psicológicos com o único propósito de que simplesmente o podem fazer por serem representativos do poder.
Ao som de histórias decadentes contadas por três "senhoras" que representam o mais podre que existe e que se veste e reveste de cara lavada, estes jovens eram então sujeitos a um sem número de barbáries que passava não só da violência psicológica, como também pela violência física e sexual à medida que ordenavam estes grandes senhores de uma sociedade decadente sem moral ou princípios.
Ao visionar este filme é um facto de que é preciso um grande estômago. Isto é como quem diz uma grande resistência. É absolutamente imoral e sem qualquer dose de humanidade todo e qualquer momento deste filme. Todo ele é desprovido de qualquer tipo de sentido de moral, de correcção, de ordem ou de lei. Sem sentimentos e sem normas. Sem respeito.
Confesso que juntamente com um Brincadeiras Perigosas e um Irréversible, este foi dos filmes que mais me incomodou até hoje pela sua mensagem de poder fazer mal simplesmente porque se pode. Sem qualquer tipo de explicação além da vontade de quem o pratica.
Salò tem igualmente uma componente voyeurista muito forte na medida em que quanto mais nos incomoda vê-lo mais vontade temos de saber o que se irá passar a seguir. Bom, uns chamam-lhe voyeurista outros chamar-lhe-ão de querer testemunhar, mas o que é certo é que por muito que nos incomode o filme os nossos sentidos quase que "ordenam" continuar a ver o que mais de grotesco pode dali sair.
Directamente relacionado com os ideias italianos fascistas da época em criar uma república independente onde o fascismo pudesse governar livre, a República de Salò, este filme mostra a estreita relação que muitos poderes, aqui representados pelos quatro homens, tiveram com o fascismo italiano e como foram permissivos em muitos dos males que assolaram o país durante muitos anos de terror, bem como aquilo que poderia ser a sua continuação caso a sua ideia e vontade tivesse tido continuidade.
Pier Paolo Pasolini, amado por uns e extremamente odiado por outros, tem aqui, e para mim, a sua obra maior e mais controversa. Uma estará intimamente ligada à outra. É a obra maior porque é controversa ou é controversa porque é a sua obra maior.
Ganhou ódios. Cimentou outros. Com esta obra de terror visual, isto sim, verdadeiro terror por ser em certa medida a realidade daquilo que os homens podem fazer, o mal pelo simples facto de o poder fazer, Pasolini mostra-nos um enorme relato sobre a violência e a maldade humana desprovidade de qualquer sentido de humanidade e compaixão. A maldade sem argumentos. Sem traumas. Sem justificações. Sem explicações. A maldade pura simplesmente pelo que ela é.
Um filme choque e incomodativo que nos faz sentir o estômago às voltas não só pelos seus relatos de violência como também por grande parte das imagens que roçam muito de perto o grotesco e o desumano. Não será um filme para todos e, muitos daqueles que o poderão conseguir ver até ao final poderão considerar que é apenas um filme "nojento" e sem qualquer nexo. No entanto, analisando um pouco de História e sobre aquilo que ela foi no país transalpino, poderemos confirmar muitas das "ligações" que aqui assistimos e como elas de facto poderiam lançar um país e toda a sua juventude para um lado muito negro, corrupto, decadente e imoral.
Para cinema de qualidade daquele que é o maior produtor de histórias com História, este filme será sem dúvida um a ver e reter mas que é, ao mesmo tempo, difícil de suportar.
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10 / 10
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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Saam Gaang (2002)

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Três de Peter Chan, Ji-Woon Kim e Nonzee Nimibutr é um conjunto de três curtas-metragens reunidas num filme sob a ideia da morte e do pós-morte.
No essencial não se trata de um filme de terror apesar de, em certos momentos, roçar muito de perto essa noção, muito concretamente na primeira curta-metragem que dá pelo nome de Memórias em que uma mulher acorda na rua sem saber onde se encontra apenas para mais tarde virmos a descobrir que afinal está morta.
Esta curta consegue ser de certa forma a mais assustadora não só pela forma como é contada mas também pelo desfecho imprevisível que tem pois nada indicava, até aos momentos finais, o que afinal se iria passar por ali.
As demais curtas A Roda e Regresso a Casa não passam mais do que mornos e por vezes algo cansativos relatos de experiências de morte que roçam muito de perto o banal e sem graça.
Conseguem por momentos atingir algum interesse e níveis de suspense elevados quanto baste pela onda de mistério que criam mas que, muito subitamente, terminam por não conseguirem ser coerentes até ao final.
Como espectador ia com algum interesse e expectativa sobre o que seriam afinal estas três curtas, muito também provocado por aquilo que já me haviam contado sobre este filme e também pelo facto de regra geral o terror asiático ser de facto.... TERROR... No entanto aqui o que se tem é um filme muito morno que nunca chega a atingir níveis interessantes de suspense e os poucos que atinge rapidamente saem esbatidos pelo desinteresse geral que as histórias per si contêm. Momentos existem em que não adormecemos por sorte.
No geral não é um filme mau, mas não atinge a genialidade de que vive em termos da publicidade gerada à sua volta.
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6 / 10
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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

I Know What You Did Last Summer (1997)

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Sei o que Fizeste o Verão Passado de Jim Gillespie é mais um filme de terror "teen" mas este, assumo, tem alguma qualidade dentro do género.
Com as interpretações principais a cargo de Jennifer Love Hewitt, Sarah Michelle Gellar, Ryan Phillippe e Freddie Prinze Jr., e ainda uma participação especial de Anne Heche, esta filme conta-nos a história de um grupo de amigos que, no seu último dia de aulas vindos de uma pequena festa, atropelam acidentalmente um homem. Se até aqui foi um acidente, este deixou de o ser quando decidem abandonar o corpo no mar para não arriscarem o futuro "perfeito" que os espera.
O problema começa, tal como o título do filme indica, no Verão seguinte quando começam a receber as mais ameaçadoras mensagens que chegam de várias formas e feitios de alguém que assume saber o seu terrível segredo.
Dito isto, o que é que afinal nos espera com este filme? Ora... não é óbvio? Muita correria das vítimas para fugirem ao assassino. Muitos gritos, ingrediente fundamental, ou não fosse este um filme de terror "teen". Umas quantas suspeitas sobre quem será ou não o verdadeiro assassino e, claro, muitas e muitas mortes.
Clichés atrás de clichés, também não podemos esperar outra coisa, é um facto, mas ao mesmo tempo há que admitir que o filme consegue ser por vezes enervante e estimulante e bem feito o suficiente, dentro do género, para conseguir captar a nossa atenção e ser um filme feito a um ritmo interessante e nada confuso para ser bem sucedido no seu estilo.
Além disto há que destacar o aspecto muito positivo que é o de não cair nas habituais cenas de queca com tipas muito mamalhudas que mais dão ar de comédia do que de suspense no qual este género de filme habitualmente "cai". Assim temos lá as meninas bonitas mas que não são totalmente idiotas para irem sempre para os locais onde já sabemos irem ser esquartejadas.
Dinâmico, com acção e suspense quanto baste e um argumento interessante para o estilo de filme que é, pois consegue captar-nos desde o primeiro momento até ao final algo enigmático.
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6 /10
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terça-feira, 7 de setembro de 2010

The Other Man (2008)

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O Outro Homem de Richard Eyre é um pequeno e morno drama com a participação de Liam Neeson, Antonio Banderas, Laura Linney e Romola Garai nos principais papéis.
Peter (Neeson) e Lisa (Linney) são um casal com carreiras de sucesso que vivem aparentemente felizes nas suas vidas suburbanas. Devido à sua profissão Lisa vê-se constantemente envolvida em viagens a Milão...
Durante uma dessas viagens Peter descobre uma mensagem no telemóvel de Lisa e a suspeita leva-o a investigar os eu computador onde descobre fotos da sua mulher com um homem que mais tarde descobre ser Ralph (Banderas), o amante da sua mulher.
Considerando os actores, qualquer pessoa que aprecia bom cinema vai imediatamente ver este filme à espera que seja um filme daqueles de cortar a respiração. Quando assistimos ao trailer mais convencidos ficamos na medida em que este está muito bem elaborado e com as cenas ideais para aguçar o gosto de qualquer um. Pensamos em intriga, drama, acção, mistério e possivelmente até em crime.
No entanto, quando começamos a ver o filme a desilusão instala-se. Começa morno, muito morno, e sem nos conseguir prender logo à partida à trama ou a criar qualquer tipo de empatia com seja que actor fôr. Ficamos ali numa espécie de "valerá ou não o esforço" sem sair claramente para uma posição onde podemos pensar que o filme nos está a cativar.
O filme ora em acção real ora em flashback's lá vai descorrendo uma continuidade de factos e situações que contados de uma forma mais dinâmica e apelativa até teria conseguido torná-lo em algo mais interessante e dramático mas, no entanto, sentimo-nos quase numa situação de nem ata nem desata pior do que a própria missão que Neeson tem em descobrir o porquê da mulher ter arranjado um amante.
As próprias interpretações não passam do "morno". Não há aqui nenhuma que se destaque ou até mesmo que possamos dizer que consegue valer o filme pois, apesar de excelentes actores, a sua dinâmica está quase que adormecida.
Potencial o filme até tem e o seu argumento melhor filmado teria dado um filme bem interessante, no entanto falta algo, e já diz o ditado... de boas intenções está o inferno cheio. Apesar de um trailer bem conseguido, de uma história potencialmente interessante e de um conjunto de actores de primeira linha, este filme acaba por falhar em várias frentes, nomeadamente a falta de coerência dos próprios actores que mais parece terem sido deixados por sua conta e risco.
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5 / 10
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