9 Canções de Michael Winterbottom é um romance que o realizador também assina, e que se apresenta acompanhado por, tal como o título indica, nove canções.
É ao seu som que conhecemos Lisa (Margo Stilley) uma estudante universitária norte-americana em Londres, e Matt (Kieran O'Brien) um investigador de glaciares que na capital britânica vão viver um conjunto de intensos encontros sexuais que apenas são alternados pelos sucessivos concertos a que assistem e que foram uma boa parte da dinâmica deste filme.
Inicialmente quando comecei a assistir a este filme, ele não me impressionou nem me conquistou pela sua forma quase documental de filmar o nascer de uma relação entre "Lisa" e "Matt" que mais não era do que um conjunto de ocasionais encontros que o par tinha que terminavam em mais uma noite bem passada numa qualquer cama.
Ainda assim, não é menos verdade que a entusiasmante banda-sonora in loco consegue prender-nos um pouco, mesmo que a narrativa deste filme seja entediante e aborrecida, e acabamos por dar mais uma oportunidade àquilo que nos é apresentado. No entanto, e quando pensamos que isto vai acabar por melhorar não poderíamos estar mais enganados e aquilo que nos é apresentado é um conjunto de imagens cada vez mais explícito e que mais não serve do que mostrar um qualquer devaneio do realizador em filmar todos os encontros sexuais do par protagonista com um crescendo de detalhes que vão, a seu tempo, ao pormenor e ao detalhe... gráfico demais.
Margo Stilley e Kieran O'Brien que mostram inicialmente uma apetecida química de par protagonista de um filme romântico, mesmo que aparentem não ir terminar as suas vidas juntos facto que denota desde os primeiros instantes uma certa tragédia na sua relação, rapidamente se deixam levar para um caminho de soft porn que só irá entusiasmar aqueles que tenham vergonha de abertamente ver um filme pornográfico porque de resto aqui temos exactamente o mesmo disfarçado de filme "romântico".
Assim, e há excepção de algumas considerações sobre a vida, a passagem a uma idade adulta e os projectos inacabados ou que nem sequer chegaram a começar, algo em que Winterbottom deveria realmente ter apostado, este filme não consegue ser dinâmico nem sequer interessante pois perde-se pelos caminhos de uma sexualidade gráfica e mecânica que demonstra que entre os dois pode haver muito... mas química não será de certeza, centrando-se apenas no prazer momentâneo que os dois podem provocar quando juntos.
Banal, básico, rude e pouco sensível, 9 Canções é um filme que apenas conseguirá fascinar um núcleo muito reduzido de espectadores que nele vejam a forma de ter alguma sexualidade mais gráfica sem que o título do filme denuncie aquilo que ele realmente é... e há excepção das referidas canções tudo o resto passa por nós sem que deixe qualquer marca positiva e que demonstra que o realizador deu liberdade aos seus devaneios, quem sabe, por cumprir.
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2 / 10
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