Querido Frankie de Shona Auerbach é uma daquelas emocionantes e poderosas histórias às quais ninguém fica indiferente.
Este filme conta-nos a história de Frankie (Jack McElhone) um rapaz que vive com Lizzie (Emily Mortimer) a sua mãe e Nell (Mary Riggans) a sua avó. De início não percebemos bem o porquê de tanta agitação nas suas mudanças de casa, mas com o decorrer do filme fica claro que a sua fuga se deve ao receio que têm de encontrar o pai de Frankie devido ao seu passado violento, mas do qual este não se recorda, pensando que o pai trabalha num barco em alto mar.
Chegados a uma nova terra onde Lizzie começa a trabalhar no restaurante de Marie (Sharon Small), e devido às pressões que Frankie faz ao descobrir que o barco do pai vai chegar à cidade, Lizzie tem então de encontrar um "pai" para Frankie. Pai esse (Gerard Butler) que será encontrado por Marie e que ganha de imediato a simpatia e carinho de Frankie e a admiração de Lizzie.
Esta comovente e encantadora história escrita por Andrea Gibb é um poderoso hino ao sacrifício e ao amor. O amor protector de uma mãe que faz tudo para proteger o seu filho de um pai violento e de uma relação condenada e também o amor que este filho tem para com um "pai" que não é o seu mas que corresponde às expectativas que ele tem. Encontrou naquele estranho um pai de coração por quem nutre um carinho e afecto superior a qualquer laço de sangue.
Esta é a dinâmica que, para mim, acaba por ser mais relevante de todo o conteúdo do filme. A capacidade que qualquer indivíduo tem de influenciar a vida dos outros de forma positiva. A forma como as pessoas entram dentro da vida umas das outras e como se consgue realmente construir uma família com pessoas que nos são estranhas. Como é delas que se conseguem estabelcer laços e ligações. Como se constroem os afectos, os carinhos, o amor e a amizade.
Esta premissa acaba por abanar definitivamente aquela em que não se pode escolher a família. Na realidade pode. São as pessoas que contribuem de forma positiva para o nosso bem-estar e para a nossa felicidade que são, de facto, a nossa família. Aqueles que queremos ter por perto. Aqueles com quem queremos partilhar a nossa vida, os nossos momentos de alegria e, em particular, os nossos momentos de tristeza.
As interpretações do trio protagonista, McElhone, Butler e Mortimer são francamente inspiradoras. Sem grandes diálogos existencialistas ou sem grandes demagogias conseguem conquistar rapidamente a nossa simpatia. Consquistam a nossa atenção e a nossa aprovação, se é que ela é de alguma forma esperada.
É um brilhante filme com uma história comovente e uma banda-sonora do compositor Alex Heffes que não só é emotiva como muito inspirada que funciona quase como um presente para adornar aquele que já é um fantástico filme.
Uma história que poderia ser triste e solitária, tanto ou mais como a paisagem natural em que decorre, cinzenta, castanha e muito fria mas que pelo seu enorme sentido humano ganha contornos de esperança não só num futuro individual como muito em especial na esperança que se pode ter nas pessoas com quem nos podemos cruzar no nosso futuro. 5 *****
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10 / 10
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