Turment de Marcos Sastre (Espanha) é uma das curtas-metragens que concorrem ao Prémio Canallave do Público que na 11ª edição do Piélagos en Corto irá premiar um filme curto da Cantábria.
Uma floresta. Casas abandonadas. Um espaço onde a vida parece não existir mais. Não se escutam sons e o céu parece mesclar-se com a terra. O que reside nas sombras?
O espectador, enquanto observador participante de todo um espaço que parece estar despovoado, caminha pelos espaços que o realizador decide "abrir" para o desenrolar da sua acção facilitando apenas parcos espaços ou rasgos de luz que nos permitem decifrar aquilo que se encontra realmente por detrás das referidas sombras. Encontramos sim um registo quase exaustivo - pelo menos dentro daqueles locais -, de espaços abandonados e desertificados que apenas se afirmam como marcos de um passado que já não existe.
Ao som de um "I'm in heaven" existe um "fantasma" que paira e acompanha o espectador. Sentimos que existe algo para lá da nossa compreensão e que precisa ou deveria ser revelado mas que, ao mesmo tempo, nunca chega a uma concretização que nos permita perceber para onde o realizador pretende levar esta dinâmica. Se o tal ambiente desconcertante já se afirmou, a realidade é que funciona possivelmente como um título experimental mas não como uma ficção onde exista uma linha ficcionada coerente para que se assuma uma história. Caminha-se de forma errante sem que se pretenda alcançar um local em concreto ou, por sua vez, existe a necessidade do realizador em revelar um estado mental desconcertante de alguém - talvez esse "alguém" que o espectador incorpora ao assumir-se como um observador dos espaços -, cuja sanidade já está francamente alterada. Por outro lado... terá sido raptada esta mulher que a assumimos como tal pelos gritos que escutamos? Terá ela morrido? Será ela uma aparição neste espaço distante e deserto?
Talvez dinâmico enquanto um filme experimental cujo argumento pretende revelar o que está para lá dessa tal sanidade perdida mas, no entanto, Turment perde-se no lirismo de uma história que não se concretiza de facto deixando pairar no ar essa fronteira entre o real e o imaginado, a loucura e a possessão e um real que está para lá de qualquer réstia da nossa compreensão.
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3 / 10
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