Richard: What d'you mean why? I thought you would like it.
Susan Jones: Really: Why are we here?
Richard: To forget everything. To be alone.
Susan Jones: Alone."
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Finalizou-se a trilogia sobre a dor. Babel depois de Amor Cão e 21 Gramas de Alejandro González Iñárritu foi o último de três filmes que o realizador pretendeu fazer com a temática subjacente sobre a dor. O resultado das três obras é para mim excelente. Depois das duas obras iniciais este Babel tem como mensagem a falta de comunicação existente. Não só entre povos que além de não falarem a mesma língua insistem em não tentarem compreender o outro, mas especialmente entre pessoas da mesma cultura que falando a mesma língua e tendo os canais de comunicação abertos também não se compreendem. Temos disso exemplo o casal americano e as famílias mexicanas, japoneses e marroquinas. A comunicação é inexistente. Como resultado de tudo isto a única coisa que se pode esperar é um escalar de situações e acontecimentos que mostram o quão frágil é a nossa existência no Mundo actual, o mesmo onde se apregoa que com a globalização tudo se tornou cada vez mais próximo.
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As interpretações que este filme nos entrega são fenomenais. Não me refiro só ao par principal, Brad Pitt e Cate Blanchett, que nos entregam mais duas excelentes interpretações, mas também de todo o elenco secundário com especial destaque para Adriana Barraza e Rinko Kikuchi que foram inclusive nomeadas para o Oscar de Melhor Actriz Secundária (uma pena que Kikuchi não tenha levado a estatueta). Gostei bastante do papel que nos dá. O tormento e o desespero que as suas expressões e os seus olhos nos dão são francamente cortantes.
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Um outro factor de destaque neste filme é a sua fenomenal (não tenho problemas em confessá-lo) banda sonora elaborada pelo vencedor de Oscar Gustavo Santaolalla e que com ela viria a vencer o segundo Oscar consecutivo, e que justo foi. Infelizmente foi o único dos sete para que estava nomeado que venceu. Todos os temas presentes na banda sonora são de importância extrema, no entanto e como em tudo há sempre um tema que se destaca por ser o mais animado ou o mais emotivo, e para mim esse tema é este Iguazu, e que vos deixo aqui a oportunidade de o escutar:
Sem qualquer sombra de dúvidas, é simplesmente fenomenal. Emotivo, melancólico... profundamente triste mas ao mesmo tempo permite-nos ir em frente. Uma mistura de sensações. Adorei.
Tenho de facto pena que este filme não tenha saído ainda mais reconhecido, e premiado claro está, do que aquilo que foi. Não sei se foi um dos melhores do ano a nível de crítica (para mim foi O melhor) mas tenho de facto a certeza que deveria ter tido mais reconhecimento do que aquele que teve.
E no que diz respeito à sua temática, a dor, o filme é também um vencedor. A dor de um casal devido aos seus desentendimentos e crise matrimonial. A dor de uma família marroquina após um trágico acontecimento devido a uma brincadeira de miúdos. A dor de uma rapariga ao não conseguir comunicar com o seu pai. A dor da ama mexicana depois de se ver traída pelo seu sobrinho e abandonada pela família para quem sempre trabalhou. Simplesmente a dor. E tudo devido à falta de compreensão e à falta de, tal como diz a frase promocional do filme, escutarmos quem connosco fala. A intolerância.
Adorei o filme e não tenho dúvidas em afirmar que este é sim um dos meus filmes preferidos à data. Aguardo ansiosamente pelo próximo trabalho de Iñárritu.
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