Espírito de Coragem de Mike Nichols é um filme perfeitamente assombroso. Distinta professora universitária, impiedosa e sem compaixão, Vivian Bearing (Emma Thompson) descobre que tem cancro e começa os seus tratamentos. Simples? Não... NADA.
Durante todo o seu tratamento vamos assistindo a um relato da sua via profissional, sempre a vida profissional, onde se distinguiu com louvores, até ao seu percurso como professora que não tolerava falhas nem desculpas. Distante de tudo e de todos. Só. Simplesmente só.
À medida que a sua doença alastra e mostra sinais de não ter retorno ou melhoras possíveis, assistimos a que toda a sua frieza e distanciamento das pessoas se desvanecem. Vemos a verdadeira mulher por detrás de uma vida académica brilhante que simplesmente não teve quem se interessasse (ou que ela permittisse) na mulher.
Temos uma mulher só e amargurada que se depara com os últimos dias da sua vida e que desejava ter tido mais do que uma vida académica em distinção. Temos uma mulher que desejava o conforto de uma mãe, de um ente querido, e que nos seus momentos finais se encontra num hospital só.
Emma Thompson entrega-nos aqui um brilhante desempenho. Para mim o seu melhor. Não só por ter uma (várias) temática(s) extremamente importante como o cancro, a solidão, a falta de sentimento e de compaixão, mas por ser por si brilhantemente interpretado. Na perfeição (tal como Bearing poderia querer). A única diferença é que Thompson nos entrega este desempenho como paixão. Entrega-nos um relato académico que rapidamente se transforma num legado de compaixão e de emoção. Não hesito... Este é SIM o seu melhor papel, e aquele pelo qual, para mim, será recordada.
Brilhante... brilhante... brilhante... brilhante... brilhante (já chega) banda sonora. Simples e eficaz com uns acordes muito emotivos. Nota 10.
"We are born alone and we die alone"... Li isto a respeito de outras "aventuras televisivas", se isto tem a sua realidade, não deixa também de ser uma verdade que não tem de ser apenas assim.
"Vivian Bearing: This is my play's last scene Here... Heavens appoint my pilgrimage's last mile And my race Idly, yet quickly run Hath this last pace My span's last inch My minute's last point And gluttonous death Will instantly unjoint my body and soul" John Donne... I've always particularly liked that poem. In the abstract. Now I find the image of my minute's last point, a little too, shall we say... pointed. I don't mean to complain but I am becoming very sick. Very sick. Ultimately sick, as it were. In everything I have done, I have been steadfast. Resolute. Some would say in the extreme. Now, as you can see, I am distinguishing myself in illness. I have survived eight treatments of Hexamethophosphacil and Vinplatin at the full dose, ladies and gentlemen. I have broken the record. I have become something of a celebrity. Kelekian and Jason are simply delighted. I think, they see celebrity status for themselves upon the appearance of the journal article, they will no doubt write about me. But I flatter myself. The article will not be about me, it will be about my ovaries. It will, be about my peritoneal cavity. Which, despite their best intentions, is now crawling with cancer. What we have come to think of as me is, in fact, just the specimen jar. Just the dust jacket. Just the white piece of paper... that bears the little black marks... My next line is supposed to be something like this: "It is such a relief to get back to my room after those infernal tests." This is hardly true. It would be a relief to be a cheerleader on her way to Daytona Beach for spring break. To get back to my room after those infernal tests is just the next thing that happens."
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