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O Comboio das 3e10 de James Mangold é um moderno western que conta com Russell Crowe e Christian Bale nos principais papéis.
Bale interpreta o papel de Dan Evans, um agricultor em dificuldades financeiras e que sofre às mãos do empresário do sítio que, devido a uma acção de represália deste, se vê sem o seu gado. Quando o vai procurar com os seus dois filhos menores depara-se com o grupo de assaltantes de Ben Wade (Russell Crowe) a quem, mais tarde, irá acompanhar ao comboio que o levará para a prisão pelos seus inúmeros actos criminosos.
Dito isto assim de forma tão simples e crua parece que estamos perante um filme banal e desinteressante, no entanto, nada de enganos. O Comboio das 3e10 é um interessante e emocionante western sob contornos dramáticos e de acção que nos prende ao ecrã desde o primeiro minuto.
Para isto muito contribuiu o magnífico argumento da autoria de Michael Brandt, Derek Haas e Halsted Wellws, que transporta e dá vida ao conto de Elmore Leonard no cinema. E não é uma vida qualquer. Ela é intensa e cheia de vivacidade.
Temos aqui uma mescla de estilos que talvez seja um dos segredos que tornou este filme tão desejado e aclamado ao ponto de ser em 2008 um dos favoritos aos Oscars tendo, no entanto, só alcançado duas nomeações nas categorias de Banda-Sonora e Som. Temos então um intenso western, um género que há muito estava adormecido, tendo apenas reanimado com alguma confiança com Imperdoável de Clint Eastwood, temos também uma forte história de acção, e de certa forma um drama histórico ao serem abordados com alguma ligeireza acontecimentos que moldaram a História norte-americana do período da Guerra Civil e suas consequências.
É impensável falar neste filme sem falar nas magníficas interpretações que dele fazem parte. De Russell Crowe e de Christian Bale já é quase impossível fazer elogios pois tudo sobre eles já foi dito. De Bale só há a dizer que está irrepreensível e que o papel lhe cai que nem uma luva. Já de Crowe é de minha sincera opinião que este foi possivelmente o seu último grande papel em cinema, e que desde ele se tem apenas limitado a papéis "presenciais" na medida em que está lá mas é quase como se não estivesse.
Que se destque também Ben Foster. O tipo raramente faz papéis "brandos"... É sempre intenso e o mau da fita por mais curta que seja a sua presença num filme, mas sejamos honestos... o tipo é mesmo BOM a fazer de mau! Só de ver aqueles olhos que mais parecem de um psicopata verdadeiro dá para meter medo a qualquer alma mais sensível! Muito bom de facto este trio de actores.
A banda-sonora de Marco Beltrami, que como já referi foi nomeada para o Oscar na respectiva categoria tem acordes que, apesar de nos transportarem claramente para um western e para o todo o ambiente que envolve este estilo, e época, de filme, é feita de uma forma extremamente moderna e igualmente intensa, acrescentando assim toda a tensão que o filme acarreta. Um justíssimo nomeado ao Oscar.
Não sendo eu um especial admirador deste género cinematográfico, à excepção do já referido Imperdoável, há que ser honesto e reconhecer que este filme ultrapassa qualquer designação que possa, à partida, limitar-nos como espectador a poder ir vê-lo. E se de facto existe alguma restrição inicial, o que é certo é que após começar a visioná-lo não somos capazes de retirar os olhos do filme. Muito bom western. Muito bom como filme de acção. E muito bom no que respeito ao elenco onde se destacam além dos já referidos actores, outros tantos como Peter Fonda, Dallas Roberts, Logan Lerman, Vinessa Shaw e Gretchen Mol.
Que se destaquem todos os momentos finais onde existe uma magnificamente encenada perseguição e tiroteio até chegar ao tão falado comboio... das 3 e pouco...
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"Dan Evans: I've been standin' on one leg for three damn years waitin' for God to do me a favor... and He ain't listenin'."
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8 / 10
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