O Segredo de Miguel Zuzarte de Henrique Oliveira é mais um telefilme exibido pela RTP no centenário da República Portuguesa, e que conta com a participação de um vasto conjunto de actores entre os quais é possível destacar Ivo Canelas que interpreta a figura principal e que dá nome ao próprio telefilme bem como Catarina Avelar, Maria D'Aires, Rosa do Canto, Ana Nave, Luís Alberto, António Cordeiro e Cristina Cavalinhos entre outros.
Este filme conta-nos a história de Miguel Zuzarte (Ivo Canelas) que abandona a vida agitada de Lisboa com a sua mãe Zulmira (Catarina Avelar) e que ruma a uma aldeia perdida no meio do Alentejo para substituir o telegrafista que havia morrido. É quando Zuzarte assume o seu trabalho que recebe as primeiras notícias vindas de Lisboa de que a Monarquia caiu e de que agora o país é uma República.
Notícias estas que decide esconder da restante população, uma vez que é um forte defensor da Monarquia, e que, na ausência do comboio devido ao reboliço sentido em Lisboa, vai gerar então a desconfiança por parte da população da aldeia sobre esta nova e enigmática figura da terra.
Simpático e interessante telefilme que mostra que quando se quer sempre se consegue investir no cinema nacional e em inúmeras histórias que povoam a nossa História, para muitos ainda desconhecida, e que graças aos enormes talentos do nosso conjunto de actores conseguem ganhar uma vida e um magnestismo que nos faz a nós como espectadores, estar atentos ao seu trabalho. Existe de facto a empatia para com os nossos actores... só não há mais pois o trabalho que vão tendo em cinema nem sempre é regular... (vai sendo agora aos poucos).
Excelente o trabalho de Ivo Canelas que ora contido ora com rasgos de explosão e loucura, demonstra a cada um dos seus papéis que é sem sombra de dúvida um dos grandes actores desta nova geração há muito esperada, e que é cada vez mais uma aposta forte e segura para dar vida nos nossos ecrãs, ao mais variado conjunto de personagens. Queremos mais...
Destaque ainda para o restante conjunto de actores onde Carlos Gomes como Professor Gonçalves, Cristina Cavalinhos como Matilde, Catarina Avelar como Zulmira ou Ana Nave como Elisa são secundários com papéis determinantes e muito bem executados fazendo um complemento coeso e convincente para a acção do filme.
Um aplauso ainda para o trabalho de fotografia de Miguel Sales Lopes que consegue captar muito bem as cores de um Alentejo profundo, deserto e quente, transportando-as para o nosso ecrã e dando-nos de facto a ideia de que nós também estamos lá.
Um comentário positivo merece também Isabel Finkler autora do credível trabalho de guarda-roupa deste telefilme, mostrando que afinal por Portugal sempre se conseguem fazer bons trabalhos não só no cinema como também na televisão.
Finalmente não será incorrecto referir que também a própria RTP está de parabéns na aposta que fez destes pequenos telefilmes (por favor parem de os cortar ao meio e dizer que são mini-séries), não só pelo facto de dar trabalho aos actores nacionais para além de telenovelas, como muito em particular pelo facto de contarem histórias da nossa História com credibilidade e realismo. Como estas venham muito mais iniciativas.
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7 / 10
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