Alice no País das Maravilhas é a mais recente adaptação deste conto de Lewis Carroll desta vez feita pelas mãos de Tim Burton que tanto já nos encantou com os seus filmes que passam por Big Fish e Eduardo Mãos de Tesoura.
Alice (Mia Wasikowska) está de volta ao País das Maravilhas após se ter metido, no seu mundo, em mais um problema que não antecipava... o seu casamento arranjado. Uma vez lá chegada encontra novamente as mesmas personagens estranhas como o Chapeleiro Louco (Johnny Depp), a Raínha de Copas (Helena Bonham-Carter) e uma Raínha Branca (Anne Hathaway) que se encontram num estado de pré-guerra para ver quem assume de uma vez por todas o domínio de tão bizarra terra.
Sendo um filme de Tim Burton é natural que qualquer cinéfilo salive por saber qual o filme com que o mestre nos vai presentear. Basta considerarmos toda a filmografia do realizador para sabermos que aquilo que nos espera é mais uma genial obra que enriquece o imaginário de qualquer um.
No entanto este Alice, não sendo mau, seria impossível sê-lo, é um filme que enquanto o estamos a ver, e em especial depois, nos deixa a pensar que ficou ali muito por dizer. As personagens que são por si só suficientemente ricas, ficam quase como que decorativas e não são exploradas no seu máximo. É impossível não gostarmos de uma Raínha de Copas interpretada por Helena Bonham-Carter que consegue sempre retirar uma ponta de loucura exagerada de qualquer uma das suas personagens. E por muito violenta que ela aqui seja... ganha a simpatia de qualquer um de nós.
O mesmo acontece com o Chapeleiro Louco criado por Johnny Depp que nos mostra através do seu olhar tanto de louco como de melancólico e saudoso. Este papel, que lhe valeu esta semana a nomeação para o Globo de Ouro de Melhor Actor Comédia, e que espero sinceramente que saia vencedor, é possivelmente um dos papéis mais comentados e apreciados do ano. Duvido que lhe consiga dar uma nova nomeação a Oscar mas que fica na galeria das suas personagens mais aplaudidas, disso não tenho a menor das dúvidas.
O ponto forte deste filme serão seguramente todos os seus aspectos técnicos que, desde o Guarda-Roupa de Colleen Atwood, à Banda-Sonora de Danny Elfman e a Fotografia de Dariusz Wolski fazem deste filme um verdadeiro espectáculo de cor e de sons que em nada ficam atrás de tantos outros filme do género fantástico. Áreas estas que não me espantaria nada se obtivessem uma nomeação na próxima cerimónia dos Oscars em 2011. Duvido que Depp chegue a uma nomeação. Parece-me que o seu papel é reduzido demais para a alcançar, e em especial num ano em que as grandes (esperamos) interpretações masculinas são muitas, mas o Globo de Ouro será, quase de certeza, seu.
Mensagens a reter deste filme são também algumas... É impossível não vermos o mundo imaginário de Alice como o seu refúgio quando se lhe deparam problemas que podem mudar toda a sua vida como até então a conhece. As próprias incertezas de uma jovem mulher numa altura em que as mesmas pouco tinham a opinar sobre a sua própria vida e claro... a presença de um Jabberwocky (excelente registo da voz de Christopher Lee... seria impossível pensar noutra pessoa para lhe dar voz) que mais não é do que aquele eterno "Velho do Restelo" presente em cada uma das nossas consciências quando alguma mudança de maior se aproxima. Aquele medo que todos nós temos de conquistar e ultrapassar.
Garanto que gostei do filme, apesar do meu comentário sobre o mesmo parecer algo "indefinido". Acho simplesmente que ele poderia ter sido bem mais explorado para nos garantir pelo menos mais uma hora de puro entretenimento. Não iria fartar ou aborrecer ninguém, pois afinal de contas todos nós gostamos daquilo que Tim Burton nos oferece.
Mais ainda digo... todo o filme é visualmente rico e a certa altura acabamos por nos perder com tanta cor vibrante e apelativa que percorre todo o filme desde o princípio até ao final... Aquilo que simplesmente digo é que este não será o filme de Tim Burton que me ficará na memória como aquele de que mais gostei de todo o seu excêntrico e magnífico registo mas que é, ainda assim, um excelente filme do género fantástico e que certamente não irá deixar nenhum de nós indiferente.
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"The Red Queen: It is far better to be feared than loved."
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8 / 10
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