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Juntos ao Luar de Lasse Hallström é um extraordinário, e para não fugir à regra da filmografia do realizador sueco, emocionante filme que conta com duas surpreendentes interpretações de Channing Tatum e Amanda Seyfried.
Tal como nos anteriores sucessos do realizador, tais como Chocolat, As Regras da Casa ou The Shipping News, somos transportados não para meios urbanos mas para pequenas localidades e para um núcleo mais restricto de actores que compõem toda uma situação dramática muito forte.
Aqui acompanhos a história de John Tyree (Channing Tatum) um militar de licença que por um acaso conhece Savannah Curtis (Amanda Seyfried) que se encontra de férias universitárias. Aquilo que começa com uma simples simpatia acaba, como será de esperar em amor. Um amor conquistado em apenas duas semanas. Será ele real ou uma simples paixão de Verão?
Em termos gerais esta é a história do filme. Mas muito gerais mesmo! Aquilo que à partida poderia ser uma história mais ou menos banal e igual a tantas outras, ganha uma vida cativante quando olhamos com atenção para as diversas personagens que cruzam este filme.
Começando pelos actores protagonistas, confesso que ambos me causavam inicialmente alguma desconfiança. Habituado que estava a vê-los em filmes ora de acção ora de meninos "bonitos", era difícil imaginar que este filme fosse igualar, ou sequer chegar perto, dos outros magníficos filmes que o realizador sueco nos deu.
Para minha imensa surpresa este filme não só é agradável, como é bom... Aliás, muito bom. Arrisco-me mesmo a dizer que não só iguala como supera as anteriores obras mencionadas pela sua simplicidade e fidelidade a um sentimento tão nobre como é o amor.
É demasiadamente agradável ver que Lasse Hallström continua a retirar sentidos desempenhos dos seus actores e que os coloca, por muito suspeitos que sejam à partida, a trabalhar em registos tão sérios e de uma forma tão natural que acabamos por ter ali registos de actores mais evoluídos e que, felizmente, mostram capacidades para além do desempenhos de um banal filme-pipoca.
Tanto Channing Tatum no seu registo como o militar ex-desordeiro, devido a um lar onde pouco ou nenhuma comunicação existia, e agora apaixonado como Amanda Seyfried menina bonita e conservadora mas com uma chama interior enorme capaz de sacrificar os seus objectivos com o intuito de poder aproximar-se daqueles que ama, estão naqueles que são quase de certeza, os seus melhores registos. Notamos que existe dedicação em ambos e que a química existente entre as suas personagens é de facto real.
Gostei igualmente de ver algum protagonista dado a Henry Thomas que, desde ET ou Lendas de Paixão, não se tem visto com a devida dignidade em nenhum filme em concreto, e se pensarmos nos anos que já lá vão desde que esses filmes foram feitos...
E seria impossível não falar do curto mas magnífico desempenho de Richard Jenkins que mais uma vez se afirma num filme, como tem vindo a acontecer de há alguns anos a esta parte, e que não seria nada mal pensado nomeá-lo novamente a um Oscar, agora como Actor Secundário. A sua interpretação como pai autista de John Tyree é extremamente emocionante e digna de alguns dos momentos mais tocantes de todo o filme.
É seguro dizer, aliás, que tanto ele como Channing Tatum têm aqui desempenhos que os poderiam levar a uma nomeação a Oscar e que se no caso de Richard Jenkins isso até poderia ser uma possibilidade, o mesmo já não acontece com Tatum porque lá está, existe o estigma de filmes passados e de poder apenas ser mais uma dita cara bonita no cinema que não irá repetir a dose. No entanto, para ambos actores acho pouco provável que uma nomeação venha de facto a acontecer.
Hallström já tem como "tradição" filmar meios pequenos... pouco povoados ou onde a acção e as suas personagens centrais nunca sejam abafadas pelo meio que as rodeia. Temos sempre um conjunto restrito de actores em cena ou então que nos fazem ignorar praticamente tudo o que ocorre à sua volta. Quando estão a ser filmados a câmara é todo sua e centrada na personagem que nos dão a conhecer. Temos este aspecto presente em todos os seus filmes e é curioso ver que repete esta situação. Nunca temos um meio envolvente "cheio" de artifícios que nos podem fazer perder a concentração das personagens que estão ali a ser construídas.
Gostei francamente de todas as dinâmicas utilizadas para construir este filme adaptado de um livro de Nicholas Sparks com um belíssimo argumento de Jamie Linden. Desde a história de amor adiado e quase impossível. Das voltas que as vidas das pessoas podem dar mas como, ao mesmo tempo, quando estas se encontram destinadas (para quem acredita no destino), a vida e os caminhos que se escolhem acabam sempre por traçar uma estrada em comum. De certa forma é este mesmo o caminho que queremos ver. Queremos saber que mesmo no meio de dificuldades e de caminhos mais complicados, existe também sempre uma estrada que fará ligar as vidas daqueles que têm como um objectivo viver um amor verdadeiro.
Como não poderia deixar de ser uma pequena nota à extraordinária banda-sonora da autoria de Deborah Lurie que dá o toque final a um conjunto de imagens que são por si só já deslumbrantes por demais.
E para quem disso duvida que assista a este filme sem partir de início com pré-conceitos que acabam por ser baseados em nada, e que me diga depois se o encontro final entre John Tyree e o seu pai não são daqueles que preservamos na memória por muito e bom tempo...
Um fantástico e extraordinário filme que não será reconhecido, infelizmente, nesta época de prémios cinematográficos mas que nem por isso deixará de ter o devido e reconhecido mérito. Parabéns Mr. Hallström por mais um dos seus magníficos trabalhos.
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"Savannah Curtis: The saddest people I've ever met in life are the ones who don't care deeply about anything at all."
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10 / 10
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