terça-feira, 28 de novembro de 2023

Gotham Awards 2023: os vencedores

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Passages, de Ira Sachs foi a longa-metragem escolhida como o Melhor Filme do ano nos Gotham Awards cuja cerimónia decorreu esta noite no Cipriani Wall Street, em Nova York. No entanto, a obra mais premiada foi a francesa Anatomie d'Une Chute, de Justine Triet ao arrecadar os troféus de Filme Internacional e Argumento.
São os vencedores:
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Filme; Passages, de Ira Sachs
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Documentário: Les Filles d'Olfa, de Kaouther Ben Hania
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Filme Internacional: Anatomie d'une Chute, de Justine Triet (França)
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Realização Revelação: A. V. Rockwell, A Thousand and One
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Interpretação Protagonista: Lily Gladstone, The Unknown Country
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Interpretação Secundária: Charles Melton, May December
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Argumento: Justine Triet e Arthur Harari, Anatomie d'une Chute
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sábado, 25 de novembro de 2023

Planos Film Festival 2023: os vencedores

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Le'ehov Otkha Ani Lo Hayevert, de Yotam Knispel de Israel foi a grande vencedora da sétima edição do Planos Film Festival que decorreu no Cine-Teatro Paraíso, em Tomar - e ao qual tive a honra e o prazer de fazer parte do júri pelo terceiro ano consecutivo - desde o passado dia 22 de Novembro. The Boat, de Luke Morgan foi também vencedor em três categorias incluindo o Prémio do Público.
São os vencedores:
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Curta-Metragem Internacional: Le'ehov Otkha Ani Lo Hayevert, de Yotam Knispel (Israel)
Curta-Metragem Nacional: Aplauso, de Guilherme Daniel
Prémio do Público: The Boat, de Luke Morgan (Irlanda/Nepal)
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Realização: Yotam Knispel, Le'ehov Otkha Ani Lo Hayevert
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Actor: Kuni Tomita, Tu Tijera en mi Oreja
Menção Honrosa: Kai Bosse, TwoMuch?!
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Actriz: Hanna Azoulay-Hasfari, Le'ehov Otkha Ani Lo Hayevert
Menção Honrosa: Mary Anisi, Fin
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Argumento: Luke Morgan, The Boat
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Montagem: Jakub Podmanický, Rituály
Menção Honrosa: Javier López Soria, Todo Va Bien
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Fotografia: Rafaela Gomes, O Abafador e Wen Yifan, Lin XingZhi Qian
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Música Original: Jake Morgan, The Boat
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Som: Qi Liu, Yu Bu Zhong Ri
Menção Honrosa: Miguel Coelho e Miguel Martins, Aplauso
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Direcção Artística: João Pedro Frazão, Maria José Maria
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sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Nobody (2023)

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Nobody de Marcela Jacobina (Portugal) seleccionada para competição na sétima edição do Planos Film Festival a decorrer no Cine-Teatro Paraíso, em Tomar revela a história da personagem que dá nome a este filme curto interpretado por Marcela Jacobina, uma jovem que centra a sua existência numa dinâmica online com homens aos quais cobra pela sua companhia.
Filmado num cenário que agora nos é familiar de período pandémico (e pós-pandémico) onde, mais do que nunca, as relações oscilaram muito para uma vertente virtual - relações essas que vão das de amizade às sociais e principalmente profissionais -, este Nobody sobre "Nobody", uma jovem mulher que revela o seu latente anonimato e desapego para qualquer tipo de interacções sociais e que apenas interage (ou tenta) com o mundo através das múltiplas e breves ocasiões diárias em que contacta com homens que encara como a sua fonte de rendimento e que a procuram pela sensualidade que deposita na sua persona inspirada em anime japonesa.
Desligada a câmara, pergunta-se ela e nós espectadores, o que existe? Muito pouco ou nada. Uma mão cheio de correspondência por abrir, uma mãe que lhe liga insistentemente e à qual não responde e uma casa que é o completo oposto daquilo que encena para o seu público. Desarrumação, pouco brio e uma  aparente realidade de desapego e motivação para o que a rodeia e que não consiga fazer parte daquele imaginário que dá cor à sua ilusão. E é no meio deste isolamento, que calculamos ser auto-imposto, que se desenrola a sua realidade ou, melhor dizendo, a falta dela. Percebemos que não tem qualquer vontade de interacção social mas, ainda assim, mantém estas relações programadas e furtuitas para a sua subsistência. Existe apenas num limite dessa sobrevivência que, na realidade, passa despercebida a todos menos a um cliente habitual (Carloto Cotta) que insiste estar disponível para lhe dar atenção seja quando for. Mas que ela nega e do qual se afasta concentrando-se, quem sabe, no seu apego por esta solidão que, ao mesmo tempo, parecer querer despedir.
"Nobody" é assim, uma mulher fora do tempo mas reflexo do mesmo em que vive. Está no mundo sem estar. Existe sem existir. Ninguém a conhece ou sabe verdadeiramente quem é. Poderá alguém dar pela sua falta algum dia? Saberá alguém que ela é uma realidade ou apenas um boneco criado e que em qualquer momento poderá desaparecer? É no meio destes dilemas que vive (ou existe?!) e para os quais parece não ter qualquer tipo de resposta ou solução.
Ainda que esta curta-metragem consiga fazer um curioso e interessante retrato das realidades deste século já com mais de vinte anos de existência reflectindo sobre as relações que hoje existem ou como se desenvolvem as dinâmicas entre pares, falta a Nobody um maior desenvolvimento no seu argumento que nos permita pensar mais sobre esta jovem mulher para lá daquilo que faz como modo de sobreviver. Foi pensado o seu isolamento e subsistência através destes encontros ocasionais online ou foi o seu objectivo revelar a sua (in)existência como uma realidade desejada? Existe Nobody para lá desta dinâmica ou não é ela mais do que o seu próprio nick define... ninguém?! É a falta desta exploração de personagem que seria interessante e dinamizaria mais esta curta-metragem que acaba por se resumir à breve revelação de uma vida que não o chega a ser mesmo quando um daqueles com quem interage parece querer saber mais do que aquilo que a sua caracterização esconde. Conseguirá ela alguma vez querer exactamente o mesmo?
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6 /10
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Todo va Bien (2023)

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Todo va Bien de Adrián Ordóñez (Espanha) é uma das curtas-metragens em competição no Planos Film Festival que revela a história de Rachid (Hassan el Boujaddaini), um jovem imigrante em Espanha que procura o sonho de uma vida melhor. No entanto, quando parece ter a vida encaminhada com um novo trabalho e uma rapariga da sua idade que aparenta gostar dele, a sociedade parece insistir não no seu potencial mas sim nas suas origens.
As primeiras imagens desta curta-metragem com um belíssimo argumento de Sergio Rubio inserem o espectador no imaginário de uma vida de emigração que, compreende de imediato, pertencer a uma realidade dura e cheia de elementos que colocam o protagonista numa vida marginal ou, pelo menos, vivida nas margens daquilo que ele desejara. "Rachid" é um jovem saído de Marrocos para procurar uma vida melhor. Muitos são os seus desejos de poder ajudar uma família que ficara para trás e para a qual se sujeita a uma realidade inimaginada que é agora a sua. Vive no seio das desconfianças de todos aqueles com quem se cruza e os únicos amigos que parece conseguir ter são aqueles que, tal como ele, têm uma realidade similar. O espaço em que vive parece oriundo de um qualquer cenário de detenção... um quarto partilhado com tantas outras pessoas que se sujeitam a realidades precárias porque são estas as únicas que conseguem manter com alguma dignidade (pouca)... ou estão numa camarata comum ou na rua pois não há rendimentos para mais. O dinheiro escasseia... o trabalho não surge de nenhuma parte e, claro, a formação que tem não lhe permite ambicionar um pouco mais mas, no entanto, os requisitos exigidos não páram de ser mais e mais...
As dificuldades de "Rachid" são imediatamente compreendidas. Deseja um trabalho... mas precisa de um par de sapatos para aparentar algum brio e ainda que estes não sejam uma exigência, a realidade é que é subtilmente compreendido que poderão "ajudar" à sua realidade e, ao mesmo tempo que o espectador acaba por ir conhecendo esta personagem existe também algum misto de desconfiança para com as suas atitudes ou comportamentos. Estará ele assim num aperto tão grande ou será que esconde algo mais? No seio da desconfiança despertada por um argumento que nem sempre é claro - aí reside um dos seus pontos mais fortes -, o espectador crê e empatiza com o mesmo quando compreende que "Rachid" é o receptáculo de todo um conjunto de sonhos e desejos por cumprir quer sejam eles profissionais, pessoais, familiares ou até mesmo sentimentais quando descobre e sente interesse por uma rapariga do bairro.
Dois são os momentos que mais me impressionaram nos destinos desta personagem e que, de certa forma, acabam por revelar o seu interior ou os seus propósitos... O primeiro que se relaciona directamente com os sapatos que "Rachid" deixa para trás depois de dormir num vão de escada... não só é um momento marcante naquilo que poderá ser os destinos desta personagem forçada a abandonar os seus bens mais pessoais para trás agora que aparenta ter a sua vida "encaminhada" dentro da perda a que está habituado nesta Espanha que escolheu como sua nova casa como nos remete enquanto espectadores para as trágicas histórias de emigração que a tanto estamos habituados e que compreendemos como sendo toda uma história de perda consecutiva e sem limites. No passado mais ou menos próximo tal como agora "Rachid" tem o seu destino marcado por todo um conjunto de perdas que não aparentam ter um final. Finalmente, o momento final no qual telefona à sua mãe revelando que a sua vida se encaminha e que se encontra feliz quando as lágrimas insistem em cair num silêncio perturbante. A mentira piedosa que se conta para não afligir aquela que mais o ama e que lhe deseja todas as felicidades do mundo encerra esta história que não se adivinha feliz - pelo menos não nos deixa disso indícios - e o longo plano com que o realizador nos presenteia assim o faz adivinhar.
Decididamente uma das melhores curtas da edição deste ano do Planos Film Festival com uma sempre presente e pertinente história enriquecida por uma interpretação fortemente contida na expressão de emoções que, no entanto, conseguimos todos identificar do jovem actor Hassan el Boujaddaini que nos entrega diversos momentos onde o sentimento ou sensação chave é aquela de uma perda constante.
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8 / 10
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quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Premios Feroz 2024: os nomeados

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Foram hoje revelados os nomeados à XII edição dos Premios Feroz entregues anualmente pela imprensa espanhola às melhores produções cinematográficas do país estreadas ao longo do último ano. 20.000 Especies de Abejas, de Estibaliz Urresola Solaguren, Cerrar los Ojos, de Víctor Erice (o filme mais nomeado do ano ao reunir nove nomeações), La Sociedad de la Nieve, de Juan Antonio Bayona, Un Amor, de Isabel Coixet e Upon Entry, de Alejandro Rojas e Juan Sebastián Vasquez são os filmes nomeados na categoria de Drama enquanto que Bajo Terapia, de Gerardo Herrero, Las Chicas Están Bien, de Itsaso Arana, Mamacruz, de Patricia Ortega, Robot Dreams, de Pablo Berger e Te Estoy Amando Locamente, Alejandro Marín são as obras seleccionadas na categoria de Comédia do ano. Já nas categorias de Televisão é a série La Mesías que domina as nomeações ao recolher um total de onde indicações.
São os nomeados:
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Cinema
Melhor Filme - Drama
20.000 Especies de Abejas, Lara Izaguirre e Valérie Delpierre (prods.)
Cerrar los Ojos, Cristina Zumárraga, Pablo E. Bossi, Víctor Erice e José Alba (prods.)
La Sociedad de la Nieve, Belén Atienza, Sandra Hermida e Juan Antonio Bayona (prods.)
Un Amor, Marisa Fernández Armenteros e Sandra Hermida (prods.)
Upon Entry, Carles Torras, Carlos Juárez, Xosé Zapata e Sergio Adriâ (prods.)
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Melhor Filme - Comédia
Bajo Terapia, Gerardo Herrero e Mariela Besuievsky (prods.)
Las Chicas Están Bien, Jonás Trueba e Javier Lafuente (prods.)
Mamacruz, Olmo Figueredo González-Quevedo, Carlos Rosado Sibón e José Alba (prods.)
Robot Dreams, Ibon Cormenzana, Ignasi Estapé, Sandra Tapia e Ángel Durández (prods.)
Te Estoy Amando Locamente, Aintza Serra, Paloma Molina, Sergi Casamitjana e Antonio Asensio (prods.)
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Melhor Realização
Estibaliz Urresola Solaguren, 20.000 Especies de Abejas
Víctor Erice, Cerrar los Ojos
Elena Martín Gimeno, Creatura
Juan Antonio Bayona, La Sociedad de la Nieve
Isabel Coixet, Un Amor
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Melhor Actor Protagonista
Alberto Ammann, Upon Entry
Enric Auquer, El Maestro que Prometió el Mar
Hovik Keuchkerian, Un Amor
Manolo Solo, Cerrar los Ojos
David Verdaguer, Saben Aquell
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Melhor Actriz Protagonista
Malena Alterio, Que Nadie Duerma
Laia Costa, Un Amor
Kiti Mánver, Mamacruz
María Vázquez, Matria
Carolina Yuste, Saben Aquell
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Melhor Actor Secundário
Luis Bermejo, Un Amor
José Coronado, Cerrar los Ojos
La Dani, Te Estoy Amando Locamente
Oriol Pla, Creatura
Hugo Silva, Un Amor
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Melhor Actriz Secundária
Ane Gabarain, 20.000 Especies de Abejas
Luisa Gavasa, El Maestro que Prometió el Mar
Patrícia López Arnaiz, 20.000 Especies de Abejas
Aitana Sánchez-Gijón, Que Nadie Duerma
Ana Torrent, Cerrar los Ojos
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Melhor Argumento
Estibaliz Urresola Solaguren, 20.000 Especies de Abejas
Isabel Coixet e Laura Ferrero, Un Amor
Víctor Erice e Michel Gaztambide, Cerrar los Ojos
Elena Martín Gimeno e Clara Roquet, Creatura
Juan Sebastián Vázquez e Alejandro Rojas, Upon Entry
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Melhor Música Original
Federico Jusid, Cerrar los Ojos
Zeltia Montes, Que Nadie Duerma
Alfonso de Villalonga, Robot Dreams
Michael Giacchino, La Sociedad de la Nieve
Nico Casal, Te Estoy Amando Locamente
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Melhor Cartaz
Cristina Hernández Bernardo, 20.000 Especies de Abejas
Sergio Rozas e Manolo Pavón, Cerrar los Ojos
Alejandro Llamas Sánchez, O Corno
Iñaki Villuendas e José Haro, Hermana Muerte
José Luís Ágreda, Robot Dreams
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Melhor Trailer
Liviu Neagoe, 20.000 Especies de Abejas
Elena Gutiérrez, Cerrar los Ojos
Miguel Ángel Sanantonio, Saben Aquell
Harry Eaton, La Sociedad de la Nieve
Mikel Garmilla, Te Estoy Amando Locamente
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Televisão
Melhor Série - Drama
El Cuerpo en Llamas
El Hijo Zurdo
La Mesías
Rapa
Selftape

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Melhor Série - Comédia
Cites Barcelona
Esto No es Suecia
El Otro Lado
Poquita Fe

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Melhor Actor Protagonista
Javier Cámara, Rapa
Roger Casamajor, La Mesías
Raúl Cimas, Poquita Fe
Patrick Criado, Las Noches de Tefía
Quim Gutiérrez, El Cuerpo en Llamas
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Melhor Actriz Protagonista
Úrsula Corberó, El Cuerpo en Llamas
Lola Dueñas, La Mesías
Macarena García, La Mesías
Esperanza Pedreño, Poquita Fe
Ana Rujas, La Mesías
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Melhor Actor Secundário
Andreu Buenafuente, El Otro Lado
Chani Martín, Poquita Fe
Albert Pla, La Mesías
Biel Rossell Pelfort, La Mesías
José Manuel Poga, El Cuerpo en Llamas
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Melhor Actriz Secundária
Amaia, La Mesías
Irene Balmes, La Mesías
Tamara Casellas, El Hijo Zurdo
Julia de Castro, Poquita Fe
Carmen Machi, La Mesías
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Melhor Argumento
Laura Sarmiento, Eduard Solá, Carlos López e José Luís Martin, El Cuerpo en Llamas
Rafael Cobos, El Hijo Surdo
Javier Calvo, Javier Ambrossi, Nacho Vigalondo e Carmen Jiménez, La Mesías
Berto Romero, Rafel Barceló e Enric Pardo, El Otro Lado
Pepón Montero e Juan Maidagán, Poquita Fe
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Os vencedores serão conhecidos numa cerimónia a realizar no próximo dia 26 de Janeiro, em Madrid.
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O Misterioso Caso de Lázaro Lafourcade (2023)

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O Misterioso Caso de Lázaro Lafourcade de Tiago Durão (Portugal) é a mais recente obra do realizador de Eunice ou Carta a Uma Jovem Actriz (2021), curta-metragem de documentário vencedora do Sophia na respectiva categoria.
A família Lafourcade reúne-se depois de serem convocados pelo patriarca Lázaro (Ruy de Carvalho) para discutir o seu testamento. No momento em que todos se preparam para saber quem é o herdeiro de todo o património, Lázaro morre envolto em mistério deixando todos suspeitos do acto. Aurora (Maria José Pascoal) a irmã, Laura (Dalila Carmo), Amélia (Lídia Muñoz) e Raúl (Isac Graça) os filhos e Oscar (Pedro Lamares) o seu genro são agora suspeitos (e suspeitam) de tudo e todos sedentos de saber o que os espera e deixando a descoberto todo um conjunto de segredos que a família tão bem soube esconder.
Assim que este filme começou rápidas foram as memórias que me transportaram para um dos maiores êxitos televisivos dos idos anos 80 como o fora Gente Fina é Outra Coisa, de Luís Andrade. Para lá do evidente elo de ligação entre ambos ao ter o actor Ruy de Carvalho como um dos seus protagonistas foi o facto de toda uma atmosfera de enviar para dentro das paredes da referida série e encontrar-me perante uma história que tem como premissa principal as dinâmicas entre os vários elementos da mesma família.
Se em Gente Fina é Outra Coisa encontrávamos a família "Penha Laredo" que co-habitava no mesmo espaço agudizando dessa forma todas as dinâmicas (boas e menos boas) entre os seus vários elementos, em O Misterioso Caso de Lázaro Lafourcade é a lenta revelação de todo um conjunto de pensamentos e de sentimentos ocultados pelo tempo que, agora enclausurados entre quatro paredes, cedo começam a surgir e fazer notar os ressentimentos que a todos os "Lafourcade" abalam. Dos desejos reprimidos a segredos escondidos pelo tempo, de traições a amores perdidos, do potencial elo familiar que os deveria unir a um conjunto de ódios que os anos alimentaram sem esquecer o desdém que se foi alimentando e que apenas os faz tolerar a breve presença de uns perto dos outros porque o "social" assim obriga. Ninguém entre eles escapa ileso desta reunião que tudo tem menos de familiar e da qual nenhum dos "Lafourcade" irá sair ileso. Mas tudo com muito humor.
Muito une os "Lafourcade" aos já mencionados "Penha Laredo". O viver das aparências, os esquemas milagrosos que se espera possam fazer render algum dinheiro, um conjunto de empregados que está cansado de viver (ou ir vivendo) com a "promessa" de que têm casa, cama e roupa lavada sem que sejam devidamente recompensados por uma vida de trabalho que, uma vez mais, apenas serve para manter as aparências de um certo nível de vida que já não existe mas que o (mais ou menos) bom nome de família ainda lhes confere. Assim todos se suportam - pela possibilidade do bem viver - atacando-se sem limites tentando fazer com que o outro seja tão ou mais infeliz do que a sua própria realidade assim lho tem permitido. Já nenhum dos "Lafourcade" vive uma qualquer alegria que em tempos poderá ter sentido mas sim pela e na esperança de que possa fazer do seu outro membro da família alguém que se sente tão mal quanto o próprio sente. Para lá de ressentimentos mútuos é a ideia de que o "outro" é a razão pela qual a sua felicidade deixou de existir que comanda as acções e sobretudo as palavras que aqui são proferidas entre eles.
Mas que não se deixe enganar o espectador se pensa que esta breve descrição pode fazer pensar que está perante um filme que retrata os dramas familiares de uma forma séria e quase de uma vingança adormecida entre os "Lafourcade". Pelo contrário, aquilo que aqui temos é uma ligeira comédia com um conjunto de momentos bem humorados onde se exploram as dinâmicas de uma família desavinda que procura nos dramas alheios a sua própria redenção ou, por outras palavras, que a desgraça alheia lhes traga algum conforto. Nada melhor do que alguém que se encontra num fim de linha - e com uma acusação de homicídio sobre a sua cabeça - como poder dar vida (e muita cor) a todos os seus pensamentos mais sombrios com e sobre aqueles com quem partilha laços familiares mas também uma mútua aversão e desdém que não são trágicos mas sim cómicos caindo, todos eles, numa espiral que não lhes irá trazer nada de positivo excepto a compreensão de que aquele reduto familiar, por mais agreste que pareça, é o seu único porto seguro onde ninguém precisa fingir ou teatralizar mais do que aquilo que eles próprios são e que todos eles, sem excepção, conhece.
Com uma atmosfera muito própria e que me faz uma vez mais recuar a Gente Fina é Outra Coisa onde a mansão senhorial é, também ela, uma silenciosa personagem desta obra conferindo portanto a todas as demais o seu próprio universo particular dentro das suas paredes destacam-se claro características e traços comportamentais de cada um dos "Lafourcade", há que destacar logo de imediato a figura do patriarca "Lázaro" de Ruy de Carvalho que, ainda que com uma participação mais breve, nos deixa rendidos enquanto espectadores por, uma vez mais, o poder ver no grande ecrã. Intenso e a recordar a matriarca "Matilde de Penha Laredo" tão hábil e mordazmente interpretada pela Sra. D. Amélia Rey Colaço, Ruy de Carvalho é aqui alguém sábio e que conhece melhor do que ninguém aqueles que o rodeiam e especialmente as suas motivações quase sempre duvidosas. À sua volta a irmã "Aurora" (Maria José Pascoal), uma vedeta internacional caída em desgraça que vive às custas dos rendimentos do irmão e que sabe todos os pequenos segredos da família não tendo pudores para os expôr. As filhas "Laura" (Dalila Carmo), "Amélia" (Lídia Muñoz) e o filho "Raúl" (Isac Graça) presos no seu próprio universo e desligados da família que sentem ser pessoas estranhas e distantes com as quais têm de conviver apenas e só por breves momentos e finalmente "Oscar" (Pedro Lamares), marido de "Laura" com a qual mantém uma relação de pouco amor e muito desdém e com a qual mantém apenas as aparências para uma sociedade que... não quer saber deles. Entre esquemas e poucos cuidados restam os empregados da mansão interpretados por Érica Rodrigues e Guilherme Barroso com os seus próprios planos e também eles conhecedores dos meandros desta casa que presa por tudo menos por ser um lar e que, uma vez mais, fazem lembrar aqueles que outrora haviam sido interpretados pelos saudosos Nicolau Breyner e Mariana Rey Monteiro que com parcos recursos e muito savoir faire faziam movimentar uma casa que em muito parecia ter deixado de viver.
Inteligente e simpático pelos seus discursos mordazes e agrestes fruto do apimentado argumento de Tiago Durão e Ana Ramos, O Misterioso Caso de Lázaro Lafourcade recupera um género de comédia há tanto esquecido tanto no cinema como na televisão, que não vive de pequenos momentos cómicos de situação/comédia grotesca assumidamente gratuitos, mas sim de uma história pensada - mesmo que nos momentos mais impossíveis de acreditar - capaz de fazer o espectador rir ou sorrir com gosto por encontrar em todas aquelas personagens pequenos traços e características com as quais se pode rever ou identificar saindo dessa forma da sala de cinema a pensar que o seu tempo passou rápido demais e, tal como eu, recordando outros momentos de épocas que agora já parecem longínquas onde as produções deste género específico eram feitos com gosto e qualidade e onde os actores eram enaltecidos pelo seu potencial e pela construção das suas personagens que davam cor e vida às histórias que ali se propunham contar. Que esteja viva a comédia. Esta comédia.
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7 / 10
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quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Carlos Avilez


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1935 - 2023
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domingo, 19 de novembro de 2023

Joss Ackland


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1928 - 2023
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Sara Tavares


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1978 - 2023
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sábado, 18 de novembro de 2023

Caminhos do Cinema Português 2023: os vencedores

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Terminou hoje em Coimbra a XXIX edição do Festival Caminhos do Cinema Português que tem vindo a premiar, ao longo dos anos, o que de melhor se faz no cinema nacional. Depois de oito dias com uma vasta selecção de obras nacionais de todos os géneros e formatos, foram hoje anunciados os vencedores nas mais diversas categorias incluindo o Grande Prémio Cidade de Coimbra que premiou Cidade Rabat, de Susana Nobre como o melhor filme do ano.
São os vencedores:
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Selecção Oficial
Grande Prémio Cidade de Coimbra: Cidade Rabat, de Susana Nobre
Ficção: Corpos Cintilantes, de Inês Teixeira
Documentário: Dildotectónica, de Tomás Paula Marques
Animação: Quase Me Lembro, de Dimitri Mihajlovic e Miguel Lima
Revelação: Rúben Simões, Vadio
Realização: Basil da Cunha, 2720
Interpretação Principal: Beatriz Batarda, Great Yarmouth: Provisional Figures
Interpretação Secundária: Romeu Runa, Great Yarmouth: Provisional Figures
Argumento Original: Susana Nobre, Cidade Rabat
Montagem: Teresa Font, Vadio
Fotografia: Leonor Teles, BAAN
Música Original: Simon Smith e Jonathan Darch, De Imperio
Som: Rafael Cardoso, Pátio do Carrasco
Direcção Artística: Ricardo Preto, The Nothingness Club - Não Sou Nada
Guarda-Roupa: Cátia Cartaxo, Alexander David, Joana Lages e Pedro Vaz Simões, A Primeira Idade
Caracterização: Laura Gama Martins, Entre a Luz e o Nada
Cartaz: Igor Gonçalves e André Pinto, Cul-De-Sac
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Prémio FIPRESCI: O Bêbado, de André Marques
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Selecção Ensaios
Filme: Daydreaming So Vividly About our Spanish Holidays, de Christian Avilés
Menção Honrosa: Défilement, de Francisca Daniela Silva Miranda
Nacional: Mum, de Siddhant Sarin
Animação Nacional: Memórias de Pau Preto e Marfim, de Inês Costa
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Selecção Outros Olhares
Filme: Exotic Words Drifted, de Sandro Aguilar
Menção Honrosa: Onde Está Pessoa?, de Leonor Areal
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Prémio do Público: The Nothingness Club - Não Sou Nada, de Edgar Pêra
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LEFFEST - Lisboa Film Festival 2023: os vencedores

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Terminou hoje a XVII edição do LEFFEST - Lisboa Film Festival cuja cerimónia de encerramento decorreu no Teatro Tivoli, em Lisboa, coroando Cerrar los Ojos, de Victor Erice como o melhor filme do ano. O júri presidido por Elia Suleiman e composto ainda por Fanny Ardant, Nitin Sawhney, Rachel Kushner, Georgi Gospodinov, Khalik Allah e Adriana Molder decidiu que os vencedores desta edição seriam:
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Selecção Oficial
Filme: Cerrar los Ojos, de Victor Erice
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Grande Prémio do Júri: Los Delinquentes, de Rodrigo Moreno
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Prémio do Júri: Nu Astepta Prea Mult de la Sfârsitul  Lumii, de Radu Jude
Menção Especial: Le Procès Goldman, de Cédric Kahn
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Prémio Especial do Júri: Bianca Delbravo, Paradiset Brinner
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Selecção Descobertas
Revelação: Pet Shop Days, de Olmo Schnabel e Grandmother's Footsteps, de Lola Peploe
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sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Suzanne Shepherd


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1934 - 2023
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quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Prémio Atores - Fundação GDA 2023: os vencedores

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Decorreu na noite passada no Teatro da Trindade, em Lisboa, a décima-sexta edição do Prémio Atores entregue anualmente pela Fundação GDA - Direitos dos Actores às melhores interpretações cinematográficas do ano transacto. O júri que seleccionou os vencedores deste ano foi composto pelas actrizes Sandra Faleiro (já vencedora do Prémio Atores de Interpretação Protagonista em A Herdade) e Ângela Pinto e ainda pelo actor Luís Lucas.
São os vencedores:
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Interpretação Protagonista: Tomás Alves, Salgueiro Maia - O Implicado
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Interpretação Secundária: Ana Padrão, Alma Viva
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Prémio Novo Talento: Lua Michel, Alma Viva
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domingo, 12 de novembro de 2023

Ísis Freitas


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2001 - 2023
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Kevin Turen


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1979 - 2023
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sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Johnny Ruffo


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1988 - 2023
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terça-feira, 7 de novembro de 2023

Paula Ribas


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1942 - 2023
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European Film Awards 2023: os nomeados

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A Academia Europeia de Cinema divulgou esta manhã os nomeados aos European Film Awards nas principais categorias. Entre as quarenta longas-metragens pré-seleccionadas à 36ª edição dos prémios encontravam-se alguns dos títulos mais falados do cinema europeu incluindo The Zone of Interest, de Jonathan Glazer, Io Capitano, de Matteo Garrone, Anatomie d'Une Chute, de Justine Triet ou Zielona Granica, de Agnieszka Holland que acabaram por recolher a nomeação a Melhor Filme Europeu.
São os nomeados:
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Melhor Filme
Anatomie d'Une Chute, Marie-Ange Luciani e David Thion (prods.) e Justine Triet (real.)
Io Capitano, Paolo del Brocco, Ardavan Safaee e Joseph Rouschop (prods.) e Matteo Garrone (real. e prod.)
Kuolleet Lehdet, Mark Lwoff, Misha Jaari e Reinhard Brundig (prods.) e Aki Kaurismäki (real. e prod.)
Zielona Granica, Marcin Wierzchoslawski e Fred Bernstein (prods.) e Agnieszka Holland (real. e prod.)
The Zone of Interest, James Wilson e Ewa Puszczynska (prods.) e Jonathan Glazer (real.)
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Melhor Documentário
Apolonia, Apolonia, de Lea Glob
Les Filles d'Olfa, de Kaouther Ben Hania
Motherland, de Hanna Badziaka e Alexander Mihalkovich
Savvusanna Sõsarad, de Anna Hints
Sur l'Adamant, de Nicolas Philibert
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European Discovery - Prix FIPRESCI
20.000 Especies de Abejas, de Estibaliz Urresola Solaguren
How to Have Sex, de Molly Manning Walker
La Palisiada, de Philip Sotnychenko
Sigurno Mjesto, de Juraj Lerotic
Stille Liv, de Malene Choi
Vincent Doit Mourir, de Stéphan Castang
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Melhor Filme de Animação
The Amazing Maurice, de Toby Genkel
Chicken for Linda!, de Chiara Malta e Sébastien Laudenbach
A Greyhound of a Girl, de Enzo d'Alò
Müanyag Égbolt, de Tibor Bánóczki e Sarolta Szabó
Robot Dreams, de Pablo Berger
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Melhor Curta-Metragem
27, de Flóra Anna Buda
Aqueronte, de Manuel Muñoz Rivas
Flores del Otro Patio, de Jorge Cadena
Hardly Working, de Susanna Flock, Robin Klengel, Leonhard Müllner e Michael Stumpf
La Herida Luminosa, de Christian Avilés
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Melhor Realização
Justine Triet, Anatomie d'Une Chute
Matteo Garrone, Io Capitano
Aki Kaurismäki, Kuolleet Lehdet
Agnieszka Holland, Zielona Granica
Jonathan Glazer, The Zone of Interest
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Melhor Actor
Christian Friedel, The Zone of Interest
Mads Mikkelsen, Bastarden
Josh O'Connor, La Chimera
Thomas Schubert, Roter Himmel
Jussi Vatanen, Kuolleet Lehdet
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Melhor Actriz
Leonie Benesch, Das Lehrerzimmer
Eka Chavleishvili, Blackbird Blackbird Blackberry
Sandra Hüller, Anatomie d'Une Chute
Sandra Hüller, The Zone of Interest
Mia Mckenna-Bruce, How to Have Sex
Alma Pöysti, Kuolleet Lehdet
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Melhor Argumento
Arthur Harari e Justine Triet, Anatomie d'Une Chute
Aki Kaurismäki, Kuolleet Lehdet
Johannes Duncker e Ilker Çatak, Das Lehrerzimmer
Maciej Pisuk, Gabriela Lazarkiewicz-Sieczko e Agnieszka Holland, Zielona Granica
Jonathan Glazer, The Zone of Interest
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Os vencedores serão conhecidos no decorrer da cerimónia da 36ª edição dos European Film Awards no Arena Berlin, no próximo dia 9 de Dezembro.
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domingo, 5 de novembro de 2023

Evan Ellingson


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1988 - 2023
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Lolita Rodrigues


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1929 - 2023
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sábado, 4 de novembro de 2023

Marina Cicogna


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1934 - 2023
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sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Elizângela


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1954 - 2023
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SPA - Prémio Autores 2023: os vencedores

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Foram esta manhã divulgados os vencedores dos Prémios Autores anualmente entregues pela Sociedade Portuguesa de Autores a um conjunto de obras e produções artísticas e culturais nacionais criadas no ano transacto. Fogo-Fátuo, de João Pedro Rodrigues foi considerado o melhor filme de 2022 num conjunto de obras em que estavam também nomeados Alma Viva, de Cristèle Alves Meira e Um Corpo que Dança - Ballet Gulbenkian 1965 - 2005, de Marco Martins.
são os vencedores:
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Filme: Fogo-Fátuo, de João Pedro Rodrigues
nomeados: Alma Viva, de Cristèle Alves MeiraUm Corpo que Dança - Ballet Gulbenkian 1965-2005, de Marco Martins
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Actor: Albano Jerónimo, Restos do Vento
nomeados: Tomás Alves, Salgueiro Maia - O Implicado e Carloto Cotta, Campo de Sangue
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Actriz: Ana Padrão, Alma Viva
nomeadas: Isabel Abreu, Restos do VentoMargarida Vila-Nova, Revolta
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Argumento: Tiago R. Santos, Revolta
nomeados: Cristèle Alves Meira e Laurent Lunetta, Alma VivaJoão Botelho e Maria Antónia Oliveira, Um Filme em Forma de Assim
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terça-feira, 31 de outubro de 2023

Tyler Christopher


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1972 - 2023
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sábado, 28 de outubro de 2023

Matthew Perry


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1969 - 2023
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terça-feira, 24 de outubro de 2023

Richard Roundtree


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1942 - 2023
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Gotham Awards 2023: os nomeados

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All of Us Strangers, de Andrew Haigh é a longa-metragem mais nomeada aos Gotham Independent Film Awards ao reunir um total de quatro nomeações incluindo a de Melhor Filme Internacional enquanto que A Thousand and One, de A. V. Rockwell, Passages, de Ira Sachs, Past Lives, de Celine Song, Reality, de Tina Satter e Showing Up, de Kelly Reichardt competem para o troféu de Melhor Filme do Ano.
São os nomeados:
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Melhor Filme
A Thousand and One, de A. V. Rockwell
Passages, de Ira Sachs
Past Lives, de Celine Song
Reality, de Tina Satter
Showing Up, de Kelly Reichardt
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Melhor Documentário
20 Days in Mariupol, de Mstyslav Chernov
Against the Tide, de Sarvnik Kaur
Apolonia, Apolonia, de Lea Glob
Les Filles d'Olfa, de Kaouther Ben Hania
Notre Corps, de Claire Simon
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Melhor Filme Internacional
All of Us Strangers, Andrew Haigh (Reino Unido)
Anatomie d'une Chute, de Justine Triet (França)
Poor Things, de Yorgos Lanthimos (Irlanda/Reino Unido)
Tótem, de Lila Avilés (México/Dinamarca/França)
The Zone of Interest, de Jonathan Glazer (Reino Unido/Polónia)
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Realização Revelação
A. V. Rockwell, A Thousand and One
Raven Jackson, All Dirt Roads Taste of Salt
Georgia Oakley, Blue Jean
Michelle Garza Cervera, Huesera
Celine Song, Past Lives
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Melhor Interpretação Protagonista
Aunjanue Ellis-Taylor, Origin
Lily Gladstone, The Unknown Country
Greta Lee, Past Lives
Franz Rogowski, Passages
Babetida Sadjo, Mon Père, le Diable
Andrew Scott, All of Us Strangers
Cailee Spaeny, Priscilla
Teyana Taylor, A Thousand and One
Michelle Williams, Showing Up
Jeffrey Wright, American Fiction
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Melhor Interpretação Secundária
Juliette Binoche, La Passion de Dodin Bouffant
Penélope Cruz, Ferrari
Jaime Foxx, They Cloned Tyrone
Claire Foy, All of Us Strangers
Ryan Gosling, Barbie
Glenn Howerton, Blackberry
Sandra Hüller, The Zone of Interest
Rachel McAdams, Are You There God? It's Me, Margaret.
Charles Melton, May December
Da'Vine Joy Randolph, The Holdovers
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Melhor Argumento
Andrew Haigh, All of Us Strangers
Justine Triet e Arthur Harari, Anatomie d'une Chute
Samy Burch, May December
Cristian Mungiu, R.M.N.
Jonathan Glazer, The Zone of Interest
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Os vencedores serão conhecidos no Cipriani Wall Street, em Nova York no próximo dia 27 de Novembro.
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domingo, 22 de outubro de 2023

Beatriz Toyos


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1962 - 2023
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sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Haydn Gwynne


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1957 - 2023
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quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Pátria (2023)

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Pátria de Bruno Gascon (Portugal) é a terceira longa-metragem do realizador depois de Carga (2018) e Sombra (2021) recuperando uma vez mais uma história que poderemos inserir no género de cinema social onde, depois do tráfico humano e de uma história baseada num dos raptos/desaparecimentos mais mediáticos da nossa História recente, nos faz entrar no domínio dos extremismos sociais e políticos que estão agora tão presentes no nosso dia-a-dia.
Estamos numa sociedade pós-moderna. O futuro, mais ou menos próximo, divide a sociedade totalitária em dois grupos bem distintos. De um lado temos os Escolhidos no qual encontramos Jonas (Rafael Morais), o seu potencial líder para os guiar numa nova sociedade livre dos elementos indesejados. Do outro temos os Expatriados onde se encontra Mário (Tomás Alves), desterrado da comunidade tal como a conhecera e sujeito a todo o tipo de perseguições daqueles que pretende uma sociedade "limpa". Mário sente a revolta e quer mudança. Poderá esta chegar sem o último e derradeiro sacrifício?
Dando um seguimento às já mencionadas temáticas de cariz social que tem marcado o cinema de Bruno Gascon, o realizador e argumentista entrega uma vez mais ao público uma história que não está assim tão adormecida quando se poderia imaginar. Dividido em três capítulos chave que encontram o equilibrio entre si, Pátria é a revelação da sociedade - de uma sociedade - (portuguesa) imaginada mas já vivida. Uma sociedade que procura a divisão entre escolhidos e indesejados. O "nós" e o "eles" que divide procurando nas mais ínfimas diferenças, muitas delas imaginadas e criadas, a validação para poder prevalecer uma "nova ordem" que regula e regulamenta pela força o ideal de sociedade e de comunidade que se deseja para o controle total e de todos.
Num primeiro capítulo intitulado O Som do Medo o espectador conhece a realidade destas personagens quando encontramos "Mário" (Tomás Alves) perseguido depois de um recolher obrigatório - que não o é para todos - dando dessa forma corpo àquele grupo de pessoas que o sistema considera como sendo os seus inimigos. Validado ou não esse argumento - algum alguma vez o é para uma ditadura?! -, o mais significativo deste segmento para lá da compreensão por parte do espectador do sistema em que estas personagens vivem, são os pequenos símbolos e elementos que caracterizam esta realidade e sociedade que agora se apresentam como as redentoras dessa dita "nova ordem". Das bandeiras bem reminiscentes da nossa memória colectiva (ainda que o seu grafismo possa divergir) às braçadeiras, dos slogans às palavras de ordem sem esquecer um certo sentimento colectivo (dos privilegiados) que se acham injustiçados entregando aos que realmente o são uma noção de privilégio que não existe mas que lhes confere uma culpa existencial para aguçar os apetites dos desordeiros da nova ordem, encontramos aqui todos os elementos que formam, de uma ou outra forma, o ideal de ditadura que mesmo não o tendo vivido se reconhece a uma distância confortável.
É também neste capítulo que ficamos a conhecer as personagens principais. De um lado o "Mário" de Tomás Alves como o homem atormentado por um passado que, na altura, lhe chegou de forma inadvertida e que tem de lidar com as consequências que o mesmo lhe trouxe. Tormento será com toda a certeza o sentimento que mais se conjuga com a sua personagem que vive num desassossego permanente... pelo seu passado e sobretudo pelo presente instável e inseguro que o coloca sempre num limbo face àqueles que agora o "governam". Por outro lado conhecemos também o "Jonas" de Rafael Morais como o insatisfeito que procura nos "parasitas" - como lhes chama - a culpabilização por toda a sua frustração enquanto membro de uma sociedade que deseja mas que, na realidade, apenas prova que o próprio acaba por ser igualmente incapaz nela como nos anteriores desígnios supostamente mais libertários mas nos quais também era invisível... exceptuando a sua propensão para o fácil uso da força em grupo contra aqueles que não só são mais fracos como se encontram sózinhos. Finalmente é também aqui que conhecemos "Ismael" (Matamba Joaquim) que, não tendo um desempenho protagonista acaba por ser o secundário que dá o mote para tornar real o sentimento de luta contra o descontentamento e injustiças de que todos os expatriados são vítimas. Se Alves é o rosto de um sentimento adormecido e Morais aquele de uma raiva completamente descontrolada, é a força que a personagem de Matamba Joaquim entrega que acaba por dar o mote ao dinamismo de uma história que o espectador compreende ter ainda muito por viver.
Se o segundo capítulo intitulado como Os Filhos de Ninguém serve como um interlúdio onde a conspiração se prepara é no terceiro e último A Balada de um Homem Morto que finalmente acabamos por perceber quais os destinos de todas estas personagens e da sociedade enquanto um todo. Se nos Expatriados existe um entendimento de que tudo tem de mudar faltando, no entanto, a coragem para dar esse passo decisivo que a todos possa garantir um futuro melhor - o mal de todos os lutadores pela liberdade -, é também visível para o espectador que nos idealistas da nova ordem não existe qualquer tipo de união para lá daquela que a força dos números lhes confere. Em grupo o ataque é forte e enquanto mais ninguém se organiza... o mal vence pela força dos números e não das convicções que apresenta. O descontentamento entre estes é geral e a dinâmica afirma-se apenas pelos ideais da força e da luta... da conquista e do próprio poder de "um" sobre o "outro" mesmo entre fileiras que discutem sobre quem tem mais poder e quem pode mais facilmente instaurar a "ordem"
Recordar, escutamos num diálogo de "Mário" com uma das outras Expatriadas, é a melhor forma de não voltar a cometer os mesmos erros... Infelizmente, e ainda que da educação e da formação se possa retirar este ensinamento, não é menos verdade que a História - não revista como agora muito se tenta - tem vindo a provar que tudo se repete. Todos os mesmos erros... todos as mesmas falácias... todas as mesmas questões ditas "identitárias" (quão perigosa esta palavra) que se colocam numa ou noutra vez da História. E agora com todos os veículos de comunicação que a dita evolução dos tempos nos trouxe, a disseminação desses novos paradigmas e contextos "históricos" (notem-se as aspas), tornaram-se (para alguns) presentes para difundir esses ideais de uma nova ordem que tantos parecem desejar. Já nada é real quando devidamente comprovado. Não. Tudo é agora real quando à distância de um "click" que as redes sociais permitem facilitando, dessa forma, a difusão de ideais ou conteúdos que nas mãos de um bem falante conquistam milhares... ou milhões. Esta "nova ordem" pode estar à porta - alerta-nos a longa-metragem de Gascon - e por vezes parece que poucos querem observar os perigos que a ela vêm adicionados.
A mensagem deste filme é, em todos os momentos ou frentes, por demais pertinente. Os tempos não são, infelizmente, mais actuais e, para tal, basta que qualquer um de nós ligue um qualquer noticiário e observar como a retórica do "nós" versus "eles" está presente em qualquer bloco noticioso. A linguagem pode até ser subtil e imperceptível se não se estiver a escutar com atenção mas a realidade - aquela que querem fazer agora como factual - espreita por detrás de diversas agendas que motivam muitos grupos (não é por motivo nenhum que Pátria nunca chega a revelar o rosto do ditador para lá de alguns cartazes que encontramos espalhados por algumas paredes), mas a mensagem é subtilmente difundida criando, na comunidade, a ideia de que existe uma diferença entre o "eu" e o "tu". A única coisa que me ficou a faltar nesta terceira longa-metragem de Gascon é a necessária maior exploração das personagens  e das suas dinâmicas ou passados que permitisse criar os opostos mais vincados para lá dos conhecimentos que a História nos pode livremente oferecer. Sabemos sempre que os extremismos existem e, talvez, na realidade não difiram muito hoje do ontem. No entanto, existe uma certa necessidade de compreender o que levou a esta divisão nesta que é (dizem) a geração e a sociedade mais informados de sempre. O que nos levou (leva ou levará?) a acreditar nos preconceitos já conhecidos e comprovados como falácias que os extremistas insistem em criar culpabilizando o "outro" pelas "minhas" lacunas e carências. E se Alves é o rosto dessa revolta interior sentida e durante tanto tempo reprimida pelo medo criado apenas despertada pela injustiça última criada a um inocente como o "Ismael" de Joaquim, é também no extremista de Morais que reconhecemos que o perigo espreita e está atento sempre na espera de poder tomar (pela força) o seu lugar reprimindo todos aqueles que à sua volta desejam sonhar com a liberdade, a dignidade e o respeito. Mensagem essa que, contrariamente a tantas obras com os quais um público mais jovem não se irá identificar, poderia ser abordada de forma temática e contextualizada despertando o interesse para a temática da ditadura, da liberdade, do perigo dos extremismos e das mensagens propagadas sem verificação histórica revelando, dessa forma, que essa mesma liberdade ainda que conquistada não é, para qualquer um de nós, um dado adquirido.
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7 / 10
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domingo, 15 de outubro de 2023

Joanna Merlin


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1931 - 2023
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Suzanne Somers


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1946 - 2023
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sábado, 14 de outubro de 2023

Dariush Mehrjui


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1939 - 2023
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Piper Laurie


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1932 - 2023
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terça-feira, 10 de outubro de 2023

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domingo, 8 de outubro de 2023

Burt Young


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1940 - 2023
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sábado, 7 de outubro de 2023

Lior Waitzman


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1991 - 2023
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Terence Davies


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1945 - 2023
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Yahav Winner


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1986 - 2023
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quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Keith Jefferson


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1970 - 2023
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segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Globos de Ouro SIC/Caras 2023: os vencedores

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Terminou há instantes a 27ª edição dos Globos de Ouro no Coliseu de Lisboa e que são anualmente entregues pela SIC e pela revista Caras aos melhores profissionais e obras nas mais diversas categorias desde o Cinema, a Televisão ou a Música. Na categoria de Cinema Alma Viva, a primeira longa-metragem de Cristèle Alves Meira, venceu como melhor filme do ano destacando-se ainda a actriz Beatriz Batarda que venceu o seu terceiro Globo de Ouro em nove nomeações nesta categoria. Já em Televisão foi a mini-série Cuba Libre, de Henrique Oliveira a grande vencedora.
Os vencedores nas categorias de Cinema e Televisão são:
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Cinema
Filme: Alma Viva, de Cristèle Alves Meira
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Actor: Albano Jerónimo, Restos do Vento
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Actriz: Beatriz Batarda, Great Yarmouth: Provisional Figures
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Televisão
Ficção: Cuba Libre
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Actor: José Condessa, O Crime do Padre Amaro
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Actriz: Sara Matos, Sangue Oculto
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Prémio de Mérito e Excelência: Filipe La Féria
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