quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

L'Ultimo Capodanno (1998)

O Último Fim-de-Ano de Marco Risi despertou o meu interesse, e não o vou negar, por ter no seu elenco a belíssimo Monica Bellucci.
Em Roma somos levados para um condomínio e seguimos a noite de passagem de ano de várias pessoas que aí habitam. Todo o tipo de acontecimentos sucedem-se a um ritmoalucinante... De traições e casos amorosos a situações de bondage, nobreza decadente, inadaptados sociais, droga, vingança e consequentemente a terminar tudo a destruíção e a morte.
Temos neste filme o mais variado tipo de situações simulados por pessoas que aparentemente são normais e levam vidas de respeito mas que, no interior das suas quatro paredes mostram ser o mais perfeito grupo de inadaptados e de pessoas com taras e traumas além de mostrarem o quão fácil é poderem chegar ao fundo e muito rapidamente.
Nesta que é a última noite do ano onde tudo, ou quase, é permitido, este é o filme ideal para terminar um ano de blog. Feliz ano e muito cinema!
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7 / 10

Revolutionary Road (2008)

Revolutionary Road de Sam Mendes e é o reencontro de Kate Winslet e Leonardo DiCaprio no grande ecrã após o sucesso que foi em 1997 o filme Titanic.
Com este filme do realizador de Beleza Americana seguimos a história de um jovem casal que se muda para uma bela casa nos subúrbios e que tenta iniciar a sua vida nm novo local. Frank (DiCaprio) tem um trabalho em Nova York que pouco ou absolutamente nada lhe diz, enquanto que April (Winslet) é uma dona-de-casa insatisfeita pela não concretização dos seus sonhos.
Quando April sugere deixarem tudo e mudarem-se para Paris, cidade que Frank havia visitado e amado, e enquanto ela trabalhava e ele encontrava algo que realmente gostasse de fazer na vida, apesar de inicialmente recusar Frank acaba por ceder e têm assim um plano para revitalizar as suas vidas até então sem sentido.
Uma vez decididos as circunstâncias em que se encontram mudam quando Frank tem uma promoção no seu trabalho e April fica de novo grávida. Começam então os problemas entre ambos quando Frank decide ficar e não alterar as suas vidas que até lhes dão algum conforto e segurança.
A decadência como casal que já se havia inicado há algum tempo pelo desinteresse crescente que April mostrava na falta de afectos para com Frank, e visível neste através dos casuais encontros com colegas de trabalho agrava a partir daqui com a constante violência psicológica exercida de parte a parte. A prisão psicológica que April sente por não concretizar os seus sonhos e por se sentir numa vida sem rumo num local que aparentemente é perfeito, culminam com a sua gravidez que em parte não é desejada.
A vida perfeita que espelhavam para os seus vizinhos, e que por eles era desejada e invejada, não passava de uma fachada para manter a aparência de que nada se passava na famosa casa de Revolutinary Road. O próprio nome da rua onde viviam era o espelho daquilo que sentiam, uma revolução. Não uma revolução qualquer mas sim uma interior. Uma revolução e uma revolta pelos desejos incumpridos, pelos sonhos desfeitos e pelas ilusões que se sentiam obrigados em manter. Tudo em nome da aparência. Tudo em nome da imagem. Uma revolução interior que os desgastava e que os consumia. E era em nome desta oportunidade de mudança e no meio do seu desespero interior que ambos atingiram o seu fim e principalmente o seu fundo. A repulsa e o grito de April no meio da discussão com Frank e o seu acto final para uma total libertação da repressão em que se sentia viver são o espelho claro do seu desespero e da sua tristeza que não iriam ter fim.
Se este é dos melhores papéis em que vi DiCaprio desempenhar, não tenho qualquer sombra de dúvida que foi um dos grandes filmes de Winslet e possivelmente o grande papel da sua vida. Aliás, este foi o seu grande ano ao representar também O Leitor (pelo qual ganhou Oscar, EFA, BAFTA, SAG e Globo de Ouro), e com este Revolutionary Road Winslet atinge o expoente máximo da sua carreira. Há também que dar um grande, aliás muito grande, destaque ao papel de Michael Shannon que, no meio da sua loucura (seria?) fez os comentários mais lúcidos e mais sérios do filme.
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"John Givings: Hopeless emptiness. Now you've said it. Plenty of people are onto the emptiness, but it takes real guts to see the hopelessness."
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Sam Mendes atinge aqui outra grande obra-prima depois de Beleza Americana, e entrega-nos um fabuloso retrato da vida suburbana onde tudo tem de aparentar ser perfeito, mas onde tudo está repleto de defeitos e de ambições reprimidas onde, uma extraordinária e carregada banda-sonora da autoria de Thomas Newman conferem ao filme uma carga dramática extremamente forte.
Revolutionary Road é sem dúvida uma das obras-primas do último ano, e arrisco dizer dos últimos anos. Imperdível.

"April Wheeler: Tell me the truth, Frank, remember that? We used to live by it. And you know what's so good about the truth? Everyone knows what it is however long they've lived without it. No one forgets the truth, Frank, they just get better at lying."

10 / 10

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This Is England (2006)

This is England - Isto é Inglaterra de Shane Meadows é daqueles filmes que vi com alguma relutância mas que ao fim de 10 minutos já estava a adorar.
O realizador Shane Meadows dá-nos um retrato de uma Inglaterra e sobretudo sobre a juventude no início dos anos 80 após a guerra das Malvinas e o crescente desemprego que se fazia sentir no país.
Aqui seguimos a vida do pequeno Shaun que vive só com a mãe após a morte do pai na referida guerra, e que sem amigos se aproxima de um grupo de punks mais velho e no qual se insere aos poucos devido à graça que estes lhe acham. Adopta os seus comportamentos, as suas roupas e os seus hábitos e tudo parece correr bem, até ao dia em que chega um novo elemento ao grupo acabado de sair da prisão.
A partir daqui inicia o seu ritmo de adesão a um movimento mais nazi-fascista onde os ideais são a expulsão de estrangeiros e a supremacia britânica sobre tudo e todos.
Assistimos ao longo de todo o filme a um processo que passa desde a solidão e a aproximação da amizade, bem como a decadência de uma inteira geração de jovens que se viram sem objectivos ou sonhos nem qualquer tipo de recursos para uma vida normalizada.
Este filme é assim um perfeito retrato da Inglaterra dos anos 80 que o realizador Shane Meadows conseguiu recriar e onde as ilusões e desilusões de uma juventude são o tema central de toda a história.
Com uma banda-sonora da época excelente e um recriação tanto dos cenários como do guarda-roupa e da caracterização perfeitas, This Is England é um dos melhores filmes do ano vindos daquele país, e perfeito para um estudo de época de onde se retiram conclusões sobre os problemas que afectaram toda uma geração.



10 / 10


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CinEuphoria Prémios'10: os seleccionados aos prémios

Uma vez que chegou o final do ano e que fecham hoje as votações para os prémios atribuídos pelo público, resta-me só uma última chamada de atenção para todos aqueles que foram seleccionados e que estiveram em consideração tanto para o público como para os prémios da crítica a serem divulgados no próximo dia 13 de Janeiro de 2010. Até lá ficam os votos de um bom 2010 e com muitos filmes!


4 Copas
99 Balloons
2012
Los Abrazos Rotos
Adam Resurrected
Agora
The Air I Breathe
Amália
Angel
Angels & Demons
À Procura de um Final Feliz
Arena
Arte de Roubar
Australia
Avatar
Der Baader Meinhof Komplex
Battle in Seattle
Blackout
Blindness
Body of Lies
The Boxer
Boy A
The Boy in the Striped Pyjamas
Brüno
Burn After Reading
Burn-E
The Burning Plain
Butterfly on a Wheel
Caos Calmo
Changeling
Cheri
The Chronicles of Narnia: Prince Caspian
Closing the Ring
Coco Avant Chanel
La Concejala Antropófaga
La Conjura de El Escorial
Contrato
Crime e Botox
The Curious Case of Benjamin Button
The Dark Knight
The Day the Earth Stood Still
Death by Boxer
Defiance
District 9
Il Divo
Dog Tags
Don't Call Me Zombie
Doomsday
Doubt
The Duchess
Duplicity
Eagle Eye
Eden Lake
The Edge of Love
Eichmann
L'Ennemi Intime
Entre os Dedos
The Fall
Fame
Fireflies in the Garden
Flammen & Citronen
Frost/Nixon
Genova
Ghost Town (LM)
Ghost Town (CM)
The Girl in the Park
Gomorra
Good
Gran Torino
Hancock
The Hangover
Happy-Go-Lucky
The Hive
Hunger
I Am Because We Are
Ice Age: Dawn of the Dinosaurs
Igor
In Bruges
Inglorious Basterds
Inkheart
In Stereo
The International
Journey to the Center of the Earth
Julia
Julie & Julia
Knowing
Kung Fu Panda
The Last House on the Left
Låt den rätte komma in
Lesbian Vampire Killers
Life Support
Lisbon Calling
Mal Nascida
Mamma Mia!
Män Som Hatar Kvinnor
Mankind Is No Island
Marley & Me
The Midnight Meat Train
Milk
Miracle at St. Anna
Mirrors
Morrer Como Um Homem
MR 73
My Heart Laid Bare
New in Town
Nothing But the Truth
The Objective
On the Bus
The One Thing
Outpost
The Oxford Murders
Palermo Shooting
Presto
Princess Protection Program
The Proposal
Public Enemies
Quantum of Solace
Rachel Getting Married
The Reader
Revolutionary Road
Ring of Death
RocknRolla
The Ruins
Salazar, A Vida Privada
Saldo Negativo
Sammy's Pills
Savage Grace
Le Scaphandre et le Papillon
La Sconosciuta
Sebastian's Voodoo
Second Life
The Secret Life of Bees
Seven Pounds
Singularidades de Uma Rapariga Loura
Sleepwalking
Slumdog Millionaire
Snow Buddies
The Soloist
Os Sorrisos do Destino
Splinter
Star Trek
State of Play
The Strangers
Sunshine Cleaning
Taken
The Taking of Pelham 123
Taking Woodstock
The Tale of Despereaux
Terminator Salvation
Thanksgiving Seconds
This Is England
Transformers: Revenge of the Fallen
Transsiberian
Twilight
Última Parada 174
O Último Condenado à Morte
Um Amor de Perdição
The Unborn
Underworld: Rise of the Lycans
Up
Valkyrie
Vals Im Bashir
Veneno Cura
Venice Heat
Vicky Cristina Barcelona
The Visitor
Wall-E
Wanted
Die Welle
The Wrestler
X-Men Origins: Wolverine
You Don't Mess With the Zohan
The Young Victoria
A Zona

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Body of Lies (2008)

O Corpo da Mentira de Ridley Scott conta com a participação de Leonardo DiCaprio e Russell Crowe nos principais papéis e é uma história sobre os meandros da política e da espionagem num mundo globalizado onde quem pode sabe de tudo e de todos em qualquer momento.
No fundo este filme que tem como premissa a procura do líder de um grupo terrorista que coloca bombas na Europa não deixa de ser igual a tantos outros. O que o distingue possivelmente para melhor é uma realização notável por parte desse grande mestre que é Ridley Scott que aqui volta a trabalhar com Russell Crowe numa parceria que parece dar bons resultados.
Pelo filme assistimos uma vez mais às inúmeras intrigas políticas do "desmentido" sucessivo e onde aparentemente ninguém sabe de "nada", mas onde as coisas lá vão acontecendo a um ritmo alucinante.
Um paixoneta do oficial (DiCaprio) por uma cidadã jordana, pois é no país que se desenrola boa parte da acção deste filme, e umas quantas sequências mais intensas para aguçar o apetite de quem vê.
Não se deixem enganar por este comentário aparentemente tão simplista para o filme pois ele até tem o seu ritmo e as intrigas referidas até são agradáveis de se ver para perceber o quão hipócrita é o mundo em que vivemos mas... já vimos demasiados destes filmes, daí pouco existe a adiantar. Para os fãs do estilo ou dos actores em questão, então aí sim, estamos perante um filme imperdível... para os outros... mal em ver não há nenhum.

7 / 10

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Angel (2007)

Angel de François Ozon conta com a participação de dois dos novos pesos-pesados do cinema Europeu: Michael Fassbender e Romola Garai.
Vinda de uma família e de um lar pobre, Angel (Garai) sempre sonhou com o poder viver numa mansão luxuosa que sempre ambicinou. Com uma imaginação fértil para romances que virá a publicar as suas pretensões à riqueza, à influência e à vida de sociedade concretizam-se um dia. Uns vêem nela uma forma de também enriquecerem enquanto outros nada mais vêem do queuma jovem mulher que vem de outro meio, uma intrusa que não pertence ao local onde se encontra mas para Angel nada disto importa pois o seu público adora os seus livros e desses ela não se irá fartar de escrever.
Pelo caminho apaixona-se perdidamente por Esmé (Fassbender) um repudiado membro da sociedade devido a ser um artista com uns gostos diferentes do socialmente aceite e que vê no meio onde vive apenas comportamentos bonitos por cima de um "rosto" podre. A paixão entre ambos é mútua e inicial a sua vida romântica.
Dito isto aquilo que poderemos esperar deste filme é tragédia do início ao fim quase ao estilo de folhetim e onde, por vezes, roça de muito perto esse estilo devido, por exemplo, a argumento excesso representativo de Romola Garai. Quando não exagera está perfeita no meio da sua ilusão e dos segredos que esconde que nos transmite através de um olhar por vezes algo alucinado e paranóico. Fassbender, como sempre, igual a si mesmo entrega um papel mais secundário mais bem executado.
Pascaline Chavanne executa um perfeito guarda-roupa de época ao qual nada existe para apontar pois está perfeito e com cores exuberantes que realçam ainda mais as ilusões de uma pessoa que inicia a sua escalada social rapidamente.
No entanto, nem tudo são rosas, e nas sequências em que vemos as viagens que o casal faz... digamos que é mais que visivel que estão ali os dois parados à frente de um monitor que passa paisagens dos mais diversos locais. Esse aspecto digamos que está muito... muito... fraco.
Na globalidade é um filme de época agradável e que se visiona muito facilmente mas que não chega aos calcanhares de outros como Sensibilidade e Bom Senso ou A Jovem Vitória. Promete muito, e tinha potencial para o efectuar mas... quebra em muitos aspectos.

7 / 10

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The Boy in the Striped Pyjamas (2008)

O Rapaz do Pijama às Riscas de Mark Herman é um extraordinário e poderoso filme dramático passado durante os anos da Segunda Guerra Mundial na Alemanha.
Aqui conhecemos uma família alemã onde o pai é militar de alta patente e como tal requisitado para ir dirigir um campo de concentração. Mas não é este a personagem principal do filme mas sim o seu filho. O pequeno Bruno (um excelente desempenho por parte do jovem actor Asa Butterfield) vê inicialmente o pai como um herói que o protege bem como à sua irmã e mãe, mas que no entanto o vai afastar daquilo que já conhece... a sua casa e os seus amigos.
Ao chegar à nova casa que fica no meio da floresta, a única advertência dada a Bruno é que não pode brincar nas traseiras da mesma, que é exactamente aquilo que lhe desperta imediatamente o interesse, juntamente com os empregados da casa que usam todos o mesmo tipo de roupa. A do campo de concentração.
Ao apanhar um dia a porta aberta Bruno aventura-se pela floresta e chega ao campo onde encontra outra criança da sua idade do outro lado do arame farpado. A amizade proibida entre ambos aumenta ao ponto de um dia Bruno se juntar ao seu novo amigo para procurar o pai deste dentro do campo.
O resultado desta aventura não o direi porque, utilizando uma expressão que normalmente uso, o desfecho deste filme é bom e chocante demais para poder ser revelado assim sem mais nem menos por aqui.
Não temos em O Rapaz do Pijama às Riscas um filme de guerra mas sim um filme que reflete sobre as experiências humanas que estão por detrás dela com a particularidade de nos ser relatado através dos olhos e das vivências de uma criança. Porque não poderia ela falar com um cozinheiro? Ou passear pelo jardim das traseiras? Ou sequer falar com a única outra criança da sua idade que encontra e que, em circunstâncias normais, seria a sua melhor amiga?
Se a história por si já é interessante e bem adaptada ao cinema, as interpretações não lhe ficam atrás. Como já referi o jovem Asa Butterfield tem aqui um magnífico papel que capta bem a visão de uma criança e a transmite a nós espectadores com um tremendo realismo. Mas também os outros actores são convincentes nos seus papéis. Rupert Friend como o oficial nazi impiedoso e cruel. David Thewlis no papel de pai dividido entre o cumprimento do dever e o dever de pai. A mãe Vera Farmiga que inicialmente põe tudo o que está à sua volta para trás mas que com o passar do tempo se vê cada vez mais envolvida e repugnada com a situação e o jovem rapaz do pijama às riscas, Jack Scanlon que é o rosto dos horrores de um campo de concentração.
Como não podia deixar de ser num filme do género, existe uma banda-sonora composta magistralmente por James Horner que dá uma dimensão dramática e muito humana a todo um filme imperdível.




"Bruno: We're not supposed to be friends, you and me. We're meant to be enemies."


10 / 10


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Blindness (2008)

Ensaio Sobre a Cegueira de Fernando Meirelles adaptado da obra de José Saramagoe que conta com Julianne Moore, Mark Rufallo, Danny Glover e Alice Braga nos principais papéis.
Depois de um estranho virus que retira a visão a praticamente toda a população mundial e onde apenas uma mulher (Moore) mantém a visão durante todo o tempo, primeiro o pânico e depois o caos instalam-se a um nível global e à medida que ficam infectados os individuos são afastados para um local onde irão ficar de quarentena.
Aí os inicialmente poucos residentes começam a tentar trabalhar com as devidas adversidades nomeadamente com os guardas que cercam as instalações para não os deixar sair, e à medida que aumentam os residentes lidam também com os grupos que se estabelecem uns mais fortes que outros.
Aquilo que retiramos desta história é que quando depara com uma adversidade e dependendo da sua gravidade, o ser humano pode, e normalmente cai, no mais selvagem estado de existência e tenta dominar com os recursos que tem todos os demais. A solidariedade deixa de existir, os costumes desaparecem e os direitos ou a dignidade são apenas miragens irreais. Temos tudo isto presente quando o grupo dominante exige inicialmente os bens de valor que os outros têm em troco de comida e, quando estes rapidamente desaparecem exigem as mulheres para saciar os seus impulsos sexuais. O humano muito facilmente se transforma num animal. Num animal sem respeito, sem lei, sem valores e que apenas pensa numa coisa, a auto-preservação.
Ao estar globalmente instalada a epidemia, apercebemo-nos disso quando os próprios guardas deixam de estar presentes para guardar as instalações, um pequeno grupo liderado por Moore decide rumar a casa desta e do seu marido (Rufallo) e um dos infectados iniciais para pelo menos se encontrarem num ambiente familiar.
Uma vez aí chegados vão aos poucos recuperando uma vida mais calma e "normal" onde não têm de se preocupar com as inúmeras adversidades com que haviam lidado nos tempos anteriores. É aqui que surge a surpresa quando a sua visão começa aos poucos a aparecer. Volta a existir a esperança para todos eles, pois se um já a começa a recuperar também os outros brevemente a terão. Todos? Não todos.
A personagem interpretada por Danny Glover era cego desde há muito tempo. Muito mais do que desde o aparecimento do vírus da cegueira. Que significa isso para ele? Voltará simplesmente a ser um cego no meio de um mundo que vê e perde assim a igualdade que teve durante o período em que todos padeciam do mesmo problema que ele. Deixa de ser um entre muitos para passar a ser um em quem ninguém repara. A notícia que para os outros chega como um bem é por ele encarado como um regresso à sua vida dita normal.
Também para Moore a vida não voltará a ser a mesma. Esta nunca padeceu do mesmo problema que todo o resto do mundo. Sempre viu. Foi assim que conseguiu ultrapassar todas as adversidades. Tinha controlo. Tinha a oportunidade de tomar decisões. De ser um elemento valorizado. Agora voltaria a ser o mesmo de sempre... Um entre muitos e não um que se destacava. E agora que seria da sua vida? Como poderia continuá-la?
Não tendo lido o livro antes de ver o filme, as comparações sobre se está feita, ou não, uma boa adaptação daobra literária não me interessam. Mesmo que o tivesse lido cada obra é uma obra e tem a sua própria "vida" como tal, comparações para quê?!
Achei este um dos melhores filmes não só do último ano como dos últimos tempos. Sóbrio, muito sóbrio, e com uma realização de excelência de Fernando Meirelles, aqui todas as personagens têm uma vida e uma luz própria, com o seu devido destaque e a sua respectiva importância, identificamo-nos com umas ou com outras mas em todas reconhecemos algo que possivelmente nos marcou. Os seus medos, os seus pontos fortes, as suas vontades, a sua revolta. Apesar das suas debilidades têm também grandes forças. É um filme que nos mostra o quão vulneráveis podemos ser face às adversidades mesmo que em circunstâncias normais possamos ultrapassar tudo e todos.
Extraordinária banda-sonora da autoria de Marco Antônio Guimarães e um brilhante trabalho de cinematografia de César Charlone dão a este filme uma dimensão que, arrisco dizer, quase de um épico apesar de ser, de uma forma geral, um filme relativamente calmo mas com grandes picos de acção e de tensão.
Se todas as interpretações sem excepção são extraordinárias, há que dizer o mesmo a respeito do realizador Fernando Meirelles que, depois do filme Cidade de Deus, volta a destacar-se com uma extraordinária obra que a meu ver ficará como um dos seus mais importantes filmes.

"Doctor's Wife: The only thing more terrifying than blindness is being the only one who can see."

10 / 10

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Brüno (2009)

Brüno de Larry Charles e intepretado por Sacha Baron Cohen com base na personagem por si criada é um filme ao estilo documental mas com sequências encenadas de pura comédia. Confuso? Nem por isso.
O filme é a história de um comentador de moda austríaco gay extremamente irreverente e que vive o mundo à sua própria maneira até ser despedido do programa que apresenta. Aí resolve emigrar para os Estados Unidos e alcançar o estrelato que, na sua opinião, merece.
Uma vez chegado ao novo país embarca numa série de situações quase irreais para concretizar o seu objectivo que vão desde acções "humanitárias", publicidade ofensiva, o processo de paz do Médio Oriente, luta livre, cinema e muitas outras.
Pelo meio de tudo isto que descobrimos nós? Descobrimos que as pessoas envolvidas nestas suas situações revelam o mais profundo preconceito rácico ou sexual possível mas revestido de uma longa e extensa capa de moral e bons costumes. Claro que muitas situações são levadas a um extremo e podem de facto retirar o mais tolerante dos seres a uma posição mais extremista mas, por outro lado, também encontramos momentos do mais puro preconceito e é visivel que não é inventado mas sim algo real.
Não é o mais brilhante dos filmes é um facto, mas não deixa de ser uma peça interessante sobre os comportamentos, provocados ou não, do ser humano, bem como sobre a moral inerente a cada um. Depois claro, todos os exageros que são encenados são do mais hilariante possível e vale a pena pelos 80 minutos que o filme dura, não atingindo no entanto a fasquia imposta em 2006 pelo anterior filme de Sacha Baron Cohen, o famoso Borat.
Argumento é quase inexistente... temos uma série de linhas mestre que se devem ter de seguir e depois lá está, depende sempre da reacção do outro que, Baron Cohen aproveita para explorar até ao limite, mas considerando que o filme é mesmo pela pura das distracções, também não se pode exigir muito desde que, claro, valha a risada.

7 / 10

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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

WALL-E (2008)

WALL-E de Andrew Stanton foi um dos filmes sensação da passada temporada cinematográfica e ao conseguir esta proeza repete o êxito A Bela e o Monstro que conta já com muitos anos de distância.

A beleza deste filme de animação é o facto de transformar um robot num ser com sentimentos num planeta Terra já esgotado e consumido onde ainda existem sinais do mundo que foi mas que, à altura, não é nada mais do que um depósito de lixo.

Com WALL-E percorremos o terreno de uma cidade já sem água ou sem qualquer tipo de vegetação e que nada mais apresenta do que um monte de poeira e lixo. A vida desapareceu totalmente.

É engraçado também ver neste filme a quantidade de humanidade que pode uma máquina ter enquanto que os humanos que se vêm são pessoas amorfas e sem qualquer interesse pelo que podem ou poderiam fazer.

E claro, como todo o bom filme de animação existe uma mensagem a transmitir que aqui é claramente o ecologismo e a reciclagem. Temos a reciclagem através do próprio trabalho que WALL-E faz no planeta já destruído e sem vida, e o ecologismo é óbvio com o aparecimento da primeira planta em anos e que ele tenta salvar a todo o custo passando pelo mais diverso tipo de situações que jogam sempre contra si.

Vencedor do Oscar de Melhor Filme de Animação num total de seis nomeações obtidas, WALL-E é um refrescante e agradável filme de animação que não só diverte como é suposto estes filmes fazerem como também nos tenta alertar claramente para diversos problemas que existem não só com o planeta mas também com as nossas consciências.

Imperdível é o melhor termo para o caracterizar e não cair em grandes demagogias.



8 / 10

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Coco avant Chanel (2009)

Coco Avant Chanel de Anne Fontaine é um interessante filme sobre a vida de Gabrielle Chanel antes de ser a internacionalmente conhecida estilista Coco Chanel.

A dar vida à estilista temos a actriz francesa Audrey Tautou que encarna na perfeição o papel e tem aqui um desempenho interessante que, ou muito suspeito, ou a há-de colocar na lista das cinco nomeadas ao Cesar de Melhor Actriz. Gostei de ficar a conhecer um pouco mais sobre esta personagem histórica e especialmente a forma como ela se iniciou no mundo artístico e mais tarde o método utilizado para os padrões das suas colecções e onde se foi inspirar para o concretizar.

No entanto é de realçar que este filme não é tanto sobre a Coco Chanel estilista mas sim sobre a Gabrielle, uma jovem mulher determinada em fazer algo da sua vida que lhe satisfizesse os seus desejos e principalmente a mulher por detrás do mito. As suas paixões e o seu grande amor. Gabrielle mulher é o principal tema deste filme.

Destaco ainda o brilhante guarda-roupa de época do filme elaborado por Catherine Leterrier, e uma vez mais a espantosa banda-sonora do já referido Alexandre Desplat que é simplesmente fabulosa.
Não é do melhor cinema francês, e penso que poderia ter ido mais longe mas não deixa no entanto de ser um filme muito agradável e bem realizado.




7 / 10


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The Air I Breathe (2007)

O Ar que Respiramos de Jieho Lee é um drama que reune quatro personagens principais, o Amor, a Tristeza, a Alegria e o Prazer. Cada um deles apresenta uma história de vida que mais tarde se irá cruzar com os demais e com um elemento comum entre todos... Fingers (Andy Garcia) no papel de um mafioso local.
Grandes embrulhadas à parte, que sim existem umas quantas pelo meio do argumento, o filme até nem está mau e consegue, apreciado depois do seu término, ser agradável e com boas intenções.
As interpretações até estão bem conseguidas se analisarmos que vêm de actores como a Sarah Michelle Gellar e o Brendan Fraser, e razoáveis de Forest Whitaker e Andy Garcia.
Um pequeno destaque à banda-sonora que consegue igualmente ser agradável e dá algum maior ânimo ao filme de forma geral.
Não fará história, nem tão pouco arrisco dizer que é BOM, mas considerando tudo e o que inicialmente se espera dela consegue ser uma agradável surpresa.

7 / 10

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Taken (2008)

Busca Implacável de Pierre Morel é um poderoso e intenso thriller dramático que conta com a participação de Liam Neeson no principal papel.
Ao iniciar uma visita pela Europa, a filha de Bryan Mills (Neeson) assiste à sua melhor amiga ser raptada e telefona ao pai a explicar o sucedido. Minutos depois é também ela raptada. Através de um desafio lançado pelo raptor, Bryan inicia uma viagem pela Europa que o lança numa longa travessia pelo tráfico e exploração sexual de mulheres na Europa e claro a cruzar-se com os raptores da filha numa das mais extensas e bem esquematizadas sequências de acção de todo o filme que é de cortar a respiração.
Neeson tem aqui definitivamente um excelente papel após uma carreira algo adormecida desde a primeira metade da década de 90 despertando-o não só para bons filmes de acção como com cargas suficientes de dramatismo.
Os cenários e o ambiente geral do filme não poderiam ser melhores. Somos transportados literalmente a um submundo que não imaginamos existir onde tudo e todos são deploráveis e decadentes. O único interesse é a exploração e através dela obter dinheiro e um prestígio que são apenas escondidos e abafados pelas capas criadas de vidas de luxo e de sociedade.
Temos então aqui um filme coerente e credível, bem estruturado e com um argumento bom o suficiente para nos encostar ao sofá durante umas belas duas horas onde desesperamos com o próprio personagem numa busca que parece não ter fim.
Um aplauso de pé ao brilhante trabalho de Liam Neeson e do realizador Pierre Morel que soube de uma forma estonteante revitalizar este brilhante actor.




"Bryan: I don't know who you are. I don't know what you want. If you are looking for ransom, I can tell you I don't have money. But what I do have are a very particular set of skills; skills I have acquired over a very long career. Skills that make me a nightmare for people like you. If you let my daughter go now, that'll be the end of it. I will not look for you, I will not pursue you. But if you don't, I will look for you, I will find you, and I will kill you."


9 / 10


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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Public Enemies (2009)

Inimigos Públicos de Michael Mann recria a época e a perseguição que foi feita a um dos maiores criminosos dos Estados Unidos dos anos 30, John Dillinger e que aqui é interpretado por Johnny Depp.
Se bem que um filme de gangsters, o que à partida é logo um atractivo para as atenções dos espectadores, facto é que este Inimigos Públicos está um tanto distante em termos de dramatismo ou de qualidade d'Os Intocáveis que já tem pouco mais de vinte anos em cima e que é tanto quanto me lembre o filme mais "próximo" em termos de temática deste género.
Enquanto nesse longínquo filme onde Kevin Costner e Sean Connery protagonizavam uma dupla com uma química notória e todos os outros os acompanhavam, aqui é quase uma tentativa de "one man show" de Depp que talvez por isso mesmo acaba por de certa forma falhar.
Depp tem sim mais um sólido desempenho, e outra coisa não seria de esperar, mas a pujança habitual com que o vemos noutros filmes aqui esmorece significativamente. A seu lado, como a mulher que ama, temos Marion Cotillard que tem novamente m bom papel, apesar de secundário, mas à excepção de uma ou outra situação a química entre ambos é praticamente inexistente e ficamos a pensar no que poderia ter sido, pois o que é de facto... é fraco.
Christian Bale assume aqui novamente o papel de justiceiro (após o Terminator Salvation e The Dark Knight), que tenta salvar a sociedade em que se encontra dos criminosos e do perigo. Estamos perante um assumido homem da lei.
No que diz respeito à parte ténica do filme, direcção artística e recriação da época, guarda-roupa e até mesmo arrisco dizer da montagem do filme, estes aspectos estão bem conseguidos. O ambiente envolvente a toda a acção está credível e eficaz mas os desempenhos dos actores, em especial de Depp, deixam aqui um tanto a desejar. Não é mau, mas não é o desejado ou sequer pretendido do actor. Talvez por isso tenha sido "afastado" da premiação da crítica que tem estado activa este mês e também dos Globos de Ouro onde o filme não recolheu nenhuma nomeação.
Nem tudo é mau... o filme consegue reunir umas quantas boas cenas de acção, nomeadamente a perseguição na floresta e a final no cinema. Essas sim conseguem ser fortes, mas a nível global este conseguiu deixar à espera de mais.

7 / 10

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MR 73 (2008)

MR 73 - Última Missão de Olivier Marchal é um intenso thriller policial com a participação do fantástico Daniel Auteil no papel de um polícia atormentado com o seu passado que tem como última missão defender uma mulher do assassino dos seus pais que está prestes a sair da prisão.
Volto a dizer que se alguém tem dúvidas do grande cinema que se faz pela Europa, concretamente neste caso em França, este é mais um excelente exemplar do que é um bom filme de acção onde, sem recorrer a grandes efeitos especiais e explosões se consegue viver quase duas horas de perfeita tensão e emoção.
Inicialmente o filme é um pouco mais calmo, algo que nos pode desiludir momentaneamente é um facto, mas rapidamente entramos num ritmo alucinante de perseguições e alguma violência psicológica ao sermos apresentados à vida de Schneider (Auteil) e do seu passado mais turbulento.
Por entre os seus dramas pessoais que afectam definitivamente a vida profissional também, Schneider tenta resolver o seu último grande caso. O mesmo que lhe deu fama anos antes e tentar assim emendar o passado.
Temos aqui um filme cru e violento que termina de facto com a última missão da MR 73. Qual não desvendo que este filme tem de ser visto e bem digerido. Obrigatório de ver!

9 / 10

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Valkyrie (2008)

Valquíria de Bryan Singer conta a história do Cornel Claus von Stauffenberg do exército alemão e que tentou assassinar Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. Para interpretar o conhecido coronel foi escolhido Tom Cruise o que gerou polémica durou algum tempo pois as escolhas recaíam sobre outros actores, nomeadamente alemães.
Polémica passada e filme estreado posso afirmar com segurança que não é a adaptação cinematográfica mais brilhante de um acontecimento da guerra mundial. Há filmes ficcionados ou retratos de casos reais que conseguem ser bem mais sucedidos do que este.
Em termos de direcção artística e arrisco dizer até de cinematografia o filme consegue ser bom pois o ambiente criado bem como os locais onde a acção se passa são reconstituídos de uma forma francamente capaz e apelativa ao espectador, no entanto, no que às interpretações se refere elas conseguem ficar àquem do esperado.
Nada contra Tom Cruise, que geralmente até aprecio ver trabalhar, mas aqui falta-lhe muito carisma e química para a personalidade que representa. Ele está lá mas é quase como não estar. Não deixa "legado" ou carisma com este seu desempenho, algo que seria fundamental para que o filme conseguisse resultar na perfeição.
Finalmente, é impressão minha ou Thomas Krestchmann está a tentar ganhar algum tipo de concurso a desempenhar papéis de nazi? É que provavelmente 8 em cada 10 papéis que desempnha são de oficiais nacionais-socialistas...
Não é um mau filme, longe disso, mas consegue ficar muito distante daquilo que poderia ter sido... um grande filme. E uma (nova) grande rampa de lançamento da carreira do próprio Cruise.

"Henning von Tresckow: God promised Abraham that he would not destroy Sodom if he could find ten righteous men... I have a feeling that for Germany it may come down to one."

7 / 10

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domingo, 27 de dezembro de 2009

The Dark Knight (2008)

O Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan é o último filme da saga Batman. Assumo desde já que não é o meu preferido dos seis filmes, reservo esse lugar para o Batman Regressa, sendo que no entanto é um muito bem feito filme e dos melhores de toda a série.
De tudo o que começou por despertar mais a atenção deste filme exceptuando claro ser sobre a saga Batman, foi o facto da enorme publicidade que gerou na medida em que foi o último grande papel em que participou Heath Ledger. Era quase obrigatório ver a tão falada revisitação ao papel do Joker e que coincidiu com a morte do actor. O mínimo que se pode dizer é que a sua interpretação é de facto brilhante, e digo isto assumindo ao mesmo tempo que o elaborado há vinte anos por Jack Nicholson era dos mais bem feitos até à data. Mas Ledger aqui conseguiu de facto não direi superar pois cada interpretação é una, no entanto tem um dos seus melhores papéis e um forte elemento do filme.
Tal como Ledger, também Christian Bale no papel de Batman supera tudo aquilo que poderia esperar de ver. Aqui a personagem principal do filme toma uma personalidade mais negra do que temos estado habituados a ver, facto este que lhe dá um peso muito maior e possível de explorar de uma forma mais dramática e não tão cartoonizada como nos anteriores filmes. De destacar estão também as interpretações de Aaron Eckhart e Gary Oldman que apesar de secundários são francamente boas e importantes para o desenrolar da história.
Em termos de efeitos especiais quer visuais quer sonoros, temos aqui aquilo queé de esperar dete género de filmes, ou seja, o melhor. É um espectáculo visual em grande estilo durante todo o filme e claro está, nas sequências de acção a explosão visual é quase de ter de rever várias vezes a mesma cena. O mesmo acontece com a direcção artística e a criação e visualização de Gotham City que é extremamente rica e bem conseguida dando inclusive uma ideia de uma Nova York futurista.
Finalmente no que diz respeito à caracterização há que voltar novamente à personagem de Heath Ledger. Temos aqui um Joker extremamente bem conseguido e com um aspecto que ao contrário do criado por Jack Nicholson, consegue meter mais medo do que criar simpatia por ele. Não só os seus comportamentos são totalmente paranóicos e dementes como o próprio ar e o seu aspecto para isso apontam.
Como disse inicialmente, este não será o meu filme preferido da saga Batman, no entanto está com certeza nos primeiros lugares.

"The Joker: Do you want to know why I use a knife? Guns are too quick. You can't savor all the... little emotions. In... you see, in their last moments, people show you who they really are."

9 / 10

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L'Ennemi Intime (2007)

Inimigos Íntimos de Florent Emilio Siri é um excelente filme francês sobre a questão da guerra da independência da Argélia que ocorreu nos anos 50.
Momentos de guerra à parte, que também os existem, o factor principal deste filme é mesmo os dramas pessoais no terreno bem como os dramas psicológicos que uma guerra causa no pós-guerra quando os soldados regressam a casa e para uma sociedade que não está simplesmente preparada para os receber.
Nos principais papéis temos as fantásticas interpretações de Albert Dupontel e Benoît Magimel. Um já soldado habituado a cenários de conflito e que já perdeu todas as ilusões sobre o que encontra, e o outro um jovem idealista com esperança de poder fazer mudanças nos locais para onde vai. Durante as duas horas a que assistimos a este fantástico filme assistimos a como os comportamentos destes dois homens podem ser alterados e os aspectos que os levam à mudança.
O cenário desolador a que assistimos é totalmente contrastado com a extraordinária banda-sonora de Alexandre Desplat que confirma ser um dos maiores compositores da actualidade que consegue com os seus acordes criar as mais belas e envolventes bandas-sonoras. São de facto magistrais.
Se existem aqueles que consideram que filmes franceses são dificeis de ver que mudem de ideias. Este filme é daqueles que nos consome à medida que vamos assistindo e arrisco dizer que é dos melhores dos últimos anos.

10 / 10

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Nothing But the Truth (2008)

A Verdade e só a Verdade de Rod Lurie conta com um grande elenco onde se destacam Kate Beckinsale, Matt Dillon e Vera Farmiga.
A história centra-se no facto de uma reporter que descobre um grande segredo, e como consequêcia escândalo, político e depois de divulgar a mesma passa a viver com a pressão do FBI para divulgar qual a sua fonte (não a revelo pois é curioso assistir como as informações nos podem chegar à mão). Após a sua recusa de divulgar a fonte, a reporter (Beckinsale) é detida como forma de a levar a revelá-la o que, insiste, não o fará. Meses e meses detida, assiste assim a ruptura da sua família, ao afastamento progressivo do seu filho e claro ao desinteresse que a opinião pública depositava na sua história.
Temos então uma interessante história da autoria do também realizador Rod Lurie que não só nos mostra um intenso drama pessoal sobre a divulgação ou não de um segredo que conta com a surpreendente (para mim pelo menos foi) prestação de Kate Beckinsale que aqui obtém um grande papel dramático e com uma carga emotiva francamente forte ao contrário daquilo a que frequentemente nos habituou. Tal como ela também Matt Dillon apresenta novamente um papel forte e convincente como o agente do FBI que a quer vergar, e um interessante ressurgimento de Angela Bassett que desde há muito tempo ou está desaparecida ou com papéis ultra-secundários.
Temos então um interessante thriller com fortes momentos de carga dramática e excelentes interpretações que não se pode perder. E é uma pena que este tenha feito uma tão curta aparição pelos cinemas.




8 / 10


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The Hangover (2009)

A Ressaca de Todd Phillips é um filme de comédia que tenta unicamente estabelecer a ideia de que nem todos têm estofo para Las Vegas.
Tendo isto como premissa esperamos um daqueles filmes brutais de rir de início ao fim com todo o tipo de situações inacreditáveis que fazem deste filme um daqueles memoráveis. O resultado final está, no entanto, longe de ser conseguido.
Tirando uma ou outra cena ocasional, que surgem principalmente à custa da única grande interpretação deste filme entregue por Zach Galifianakis, o resto do filme consegue ser algo aborrecido e muito sem graça. As ideias estão lá e a intenção é boa mas, por uma ou por outra razão, o resultado pretendido não chega a ser conseguido.
Não é mau... Simplesmente não é excelente como o pintaram durante tanto tempo através dos spots publicitários e de alguma crítica.
Consegue no entanto ter um bom momento, o final ao passarem as fotos do que realmente se passou na tão anunciada despedida de solteiro. Isso sim, se o tivessem aproveitado para alguns flashbacks bem estruturados, o filme teria atingido o nível de uma boa comédia e possivelmente a melhor do ano.

6 / 10

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sábado, 26 de dezembro de 2009

Rachel Getting Married (2008)

O Casamento de Rachel de Jonathan Demme é um brilhante filme sobre a família, sobre as dependências, sobre o amor, sobre a mágoa e especialmente sobre o perdão.
Depois de ter estado bastante tempo afastada da sua família para uma desintoxicação, Kym (extraordinária Anne Hathaway) volta a casa para o casamento da sua irmã Rachel. Descobrimos ao longo do filme que foram as suas dependências que deram origem à morte acidental do seu irmão mais novo, facto este que destruiu e separou a família definitivamente. Ao voltar a casa Kym tenta a aproximação com a família que apear de a receber bem sente ainda a mágoa pela perda do seu ente e têm presente a mágoa e o ressentimento para com ela.
Atribulação atrás de atribulação num filme extramamente bem conseguido e de uma realização exímia (o único facto menos positivo que lhe atribuo é mesmo a câmara constantemente a tremer) entrega-nos no final um poderoso filme dramático sobre a culpa que sentimos e sobre a culpa que aqueles que nos amam nos atribuem.
A família é sempre família, e é no seu seio que se enterram ou revelam os maiores bens ou os maiores crimes. É nela, por ela e dela que sentimos pela primeira vez amor. O amor fraterno, o amor de pais.. de filhos... Simplesmente o amor. A grande questão que aqui então se coloca é como perdoar e não sentir ressentimento por aqueles que amamos? Por aqueles que é impossível odiar? Existe lugar para o perdão? Existe espaço para continuar a amar? Existe espaço para o outro? Existe espaço para continuar a querer junto de nós aqueles que nos fizeram mal mas que fazem parte de nós?
Estas e muitas mais são as questões que nos são colocadas por este filme e para algumas conseguimos encontrar respostas (para outras não), no entanto este não deixa de ser um filme que não só tem um argumento muito bem conseguido que nos entrega personagens que não são vítimas de nada a ão ser delas próprias, e que são tornadas "reais" pelas fantásticas interpretações de Anne Hathaway (nomeada para um Oscar de Melhor Actriz), Debra Winger e Rosemarie DeWitt. Todas com excelentes desempenhos, mas não será ao excessivo referir que Hathaway supera tudo e todos e torna o filme seu. Assim como também não será excessivo referir que a tensão final existente entre Hathaway e Winger é um dos maiores e melhores momentos de todo o filme que por si já é grandioso.
Comovente é também a banda-sonora da autoria de Donald Harrison Jr. e Zafer Tawil naquele que é um dos melhores filmes que estreou este ano que agora termina.

"Kym: When I was sixteen, I was babysitting my little brother. And I was, um... I had taken all these Percocet. And I was unbelievably high and I... we had driven over to the park on Lakeshore. And he was in his red socks just running around in these piles of leaves. And, um, he would bury me and I would bury him in the leaves. And he was pretending that he was a train. And so he was charging through the leaves, making tracks, and I was the caboose, and I was, um... so he kept saying, coal, caboose! Coal, caboose! And, um, we were... it was time to go and I was driving home... and... I lost control of the car. And drove off the bridge. And the car went into the lake. And I couldn't get him out of his car seat. And he drowned. And I struggle with God so much, because I can't forgive myself. And I don't really want to right now. I can live with it, but I can't forgive myself. And sometimes I don't want to believe in a God that could forgive me. But I do want to be sober. I'm alive and I'm present and there's nothing controlling me. If I hurt someone, I hurt someone. I can apologize, and they can forgive me... or not. But I can change. And I just wanted to share that and say congratulations that God makes you look up, I'm so happy for you, but if he doesn't, come here. That's all. Thank you."

10 / 10

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Dangerous Parking (2007)

Comportamento de Risco de Peter Howitt (que também escreveu o argumento, produziu e interpretou), conta-nos a história de um homem que sempre viveu à margem e no caminho dos excessos. Droga, alcoól, sexo e uma vida marginal sempre foram o seu dia-a-dia.
Depois de recuperar de um cancro e de voltar À sua vida normal desperdiça de novo a oportunidade que a vida lhe reservou. Até ao dia em que volta a ficar doente desta vez sem recuperação possível.
Este é daqueles filmes que apenas a sua última meia hora faz valer tudo o resto. A maior parte do tempo assistimos apenas à vida diária de um homem que não respeitava nada nem ninguém, e isto da forma mais agressiva possível. Nada lhe interessava, e criar laços de afectividade era quase uma tarefa impossível. No entanto, nesses últimos minutos do filme, exala uma dimensão humana provenientes da própra tragédia e que coloca o filme um patamar um pouco mais elevado.
O mesmo tom de comédia que existe inicialmente para com a sua vida à margem de tudo e de todos viaja para o seu oposto quando Howitt se apercebe que está perto do fim. Assistimos a uma grande viagem entre a decadência e a redenção.
Não posso dizer que seja o tipo de filme que conquiste facilmente alguém, no entanto quem lhe conseguir resistir ao início vai decerto ficar a gostar da parte final pois ultrapassa o simples filme das "broncas".

7 / 10

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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Inglourious Basterds (2009)

Sacanas Sem Lei é o mais recente filme de Quentin Tarantino. E que filme. Com um elenco recheado de pesos pesados, entre os quais Brad Pitt, Diane Kruger, Mélanie Laurent, Eli Roth e Christoph Waltz.
A história... França durante a época da ocupação nazi e do regime de Vichy e a consequente perseguição à população judia. Como retaliação é constituída uma pequena melícia de mercenários americanos e judeus que irão caçar nazis na França ocupada. O resultado só mesmo vendo, mas considerando que estamos a falar do fantástico imaginário de Quentin Tarantino escusado seria dizer que estamos perante um espectacular filme não só de acção como também de drama e recheado dos mais fantásticos e sarcásticos diálogos em cinema também da autoria do próprio realizador.
Após o aparecimento do novo coronel nazi Hans Landa (brilhantemente desempenhado por Christoph Waltz que até à data tem arrebatado todos os prémios da crítica de Actor Secundário e também o prémio de interpretação em Cannes no início deste ano), para a descoberta dos últimos judeus escondidos e a consequente morte de toda a família de Shosanna (Mélanie Laurent), que escapa e adopta uma nova identidade em Paris, chegam também ao território os Basterds encarregues de dar caça a todos os nazis que cruzem o seu caminho. Pelo meio vamos tendo as normais enormes sequências de diálogos bem elaborados e onde o sarcasmo e a ironia, habituais nos filmes de Tarantino, ganham vida própria tão ou mais notória que as próprias personagens em si.
Além de Waltz e de Laurent, desfilam também por este filme Brad Pitt como Tenente Aldo Raine líder dos "Sacanas", Diane Kruger no papel de espia a favor dos Aliados, Michael Fassbender no papel de oficial britânico e umas aparições quase especiais de Mike Myers e de Eli Roth. Não me espanta que Christoph Waltz seja nomeado, e ganhe, um Oscar de Actor Secundário pois o seu papel é francamente brilhante não só pelos seus excelentes diálogos como também pela personificação que o actor lhes dá, mostrando uma fúria quase sempre, realce no quase) domada. Surpreendente ainda mais é quando essa fúria aparece em todo o seu esplendor. Se de uma forma já é assustadora, vísivel mais ainda o é. Igualmente boa e digna de registo é a prestação de Diane Kruger no papel de uma espantosa espia cheia de garra e que em muitos momentos nos deixa um tanto na dúvida se o era mesmo ou não.
Quanto ao argumento é escusado dizer algo mais. Tarantino está no seu melhor e repete uma grande história depois de Pulp Fiction ou o mais recente Kill Bill. Não há dúvida que este será mais um grande filme na filmografia desde realizador, e não me surpreende se este filme fôr um dos mais nomeados na próxima cerimónia dos Oscars.
Boas interpretações, bom argumento, bom trabalho cinematográfico de Robert Richardson, bons cenários e uma excelente banda-sonora que "apenas" contribui para o magnífico ambiente criado no filme.
De realçar está claro, são as sequências finais passadas no cinema e também o último grande discurso entre Waltz e Pitt.
Temos mais um filme 5***** de Tarantino e que é decerto um dos melhores deste ano que agora está a terminar.




"Lt. Aldo Raine: You probably heard we ain't in the prisoner-takin' business; we in the killin' Nazi business. And cousin, Business is a-boomin'."


10 / 10


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The Edge of Love (2008)

No Limite do Amor de John Maybury é uma história sobre um amor obsesivo que ocorre no período pré-Segunda Guerra Mundial e que se arrasta para além dela.
Com as interpretações nos principais papéis de Keira Knightley, Sienna Miller e Cillian Murphy, esta história centra-se na obsessão que Matthew Rhys sente por Knightley, a sua amiga de infância, que ultrapassa o amor que sente pela sua mulher, interpretada por Sienna Miller.
Knightley que inicialmente o repudia volta novamente a sentir a atracção que tinha por ele quando eram adolescentes e, na ausência do seu marido (Murphy) na guerra deixa-se novamente envolver com o seu amor de adolescente.
Resto da história à parte porque essa tem de ficar para quem vê o filme, resta realçar os dramas de guerra que estão sempre presentes no filme, quer através dos traumas que as personagens apresentam quer através dos bombardeamentos ou das várias referências ao longo do filme dos subterrâneos onde os londrinos se refugiavam.
Não que seja um grande filme ou que tenha um grande argumento tem no entanto um aspecto curioso que se verifica em muitos filmes sobre a guerra que é o facto de como as pessoas saem mudadas e transformadas dela. Como ela aniquila muitos dos sonhos que os indivíduos têm e a forma como consegue tornar as pessoas mais frias e indiferentes. Aqui, apesar de não ser essa a tónica principal do filme, ou seja, a traição e a capacidade de manter ou não antigas amizades, está no entanto também bastante presente.
É sim no entanto muito bom a nível de cinematografia da autoria de Jonathan Freeman pois nos tons escuros utilizados transmite-nos na perfeição a época negra, sem sonhos ou objectivos que se vivia nos anos 40.
Agradável de se ver mas não será de todo melhor que um dos anteriores filmes e Knightley, Atonement.



7 / 10


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Snow Buddies (2008)

Snowbuddies - Aventuras na Neve de Robert Vince é, como já referi a respeito de outros, o típico filme da Disney com uma mensagem de perseverança e onde o valor da amizade supera todos os desafios que surgem.
Situado no Alaska e com as personagens principais a serem interpretadas por cães falantes e com muita personalidade, este filme é uma divertida história típica da época natalícia e que acaba por encantar tudo e todos.
Divertido, bem disposto e com uns fantásticos cenários naturais é um bom caso de entretenimento numa destas tardes frias de Inverno.

7 / 10

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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

The Tale of Despereaux (2008)

A Lenda de Desperaux de Sam Fell e Robert Stevenhagen é um filme de animação sobre bravura e também trata de como as primeiras impressões que por vezes temos dos outros podem estar incorrectas. Tudo isto é mostrado num filme onde os ratos (e as ratazanas) são o elemento principal do filme.
Apesar de não ser nenhum estrondo comparado com outros filmes de animação que saíram nos últimos anos, ou até mesmo só em 2008, A Lenda de Desperaux é um engraçado e bem disposto filme sobre a capacidade que todos temos de julgar o próximo correndo o risco de fazer um mau julgamento, mas especialmente sobre a capacidade de não o fazer. Passa também a ideia, e de forma algo eficaz, de que por detrás de grandes actos de bravura pode estar alguém de quem nunca se esperaria tal.
A título de curiosidade, vários foram os actores de primeira linha que deram voz a este filme de animação, entre os quais Matthew Broderich ou William H. Macy, mas destaco que num só ano foi Sigourney Weaver que também emprestou aqui a voz bem como em Wall-E.
Interessante , tal como a grande maioria dos filmes de animação (senão mesmo todos), carregado de valores e conselhos morais.

7 / 10

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Flammen & Citronen (2008)

Flame & Citron - Os Resistentes de Ole Christian Madsen é uma história passada durante a ocupação alemã da Dinamarca no decorrer da Segunda Guerra Mundial. Nesta história real deparamos com dois dos mais importantes vultos da resistência dinamarquesa; Flammen (Thure Lindhardt) e Citronen (Mads Mikkelsen).
Pelo meio de intrigas inerentes à época que se vivia e de alguns atentados como forma de repudiar os ocupantes, neste filme temos um pouco de tudo, amor e traição, resistência e opressão que dão uma clara ideia da vida no país que tinha como única fronteira a Alemanha.
As interpretações de Mikkelsen e de Lindhardt são francamente boas e, dentro da contenção que é normal dado o papel que têm como resistentes, são expressivos e dramáticos o suficiente para que considerando a revolta e da resistência pudessem dar-nos a nós espectadores uma imagem clara da vivência que os cidadãos viviam vítimas de uma opressão sistemática. Ambos foram nomeados ao European Film Award de Melhor Actor devido a estas fantásticas interpretações.
Temos um filme bastante calmo e sem grandes sequências de acção ao contrário do que possivelmente se poderia esperar dado ser um filme passado num ambiente de guerra, no entanto como não se foca propriamente nela mas sim nas reacções das pessoas e no seu instinto de sobrevivência numa época de constantes adversidades.
Com uma cinematografia espantosa que em tons sombrios evoca os tempos negros que tanto a Dinamarca como a Europa viveram e uma magnífica banda-sonora da autoria de Karsten Fundal, este filme mostra ser um dos mais recentes pesos pesados do cinema Europeu. Apesar de poder ser inicialmente algo pesado de ver no sentido em que a acção do filme se desenrola mais calmamente, é sem dúvida um filme digno de se ver.

10 / 10

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State of Play (2009)

Ligações Perigosas de Kevin Macdonald que conta com a participação de Russell Crowe, Ben Affleck, Rachel McAdams e Helen Mirren é um thriller político que nos leva mais uma vez a Washington e às respectivas intrigas governamentais e jornalísticas.
Não é o filme mais brilhante do género mas tem uma história interessante e algumas boas sequências de acção que, aliadas a umas quantas reviravoltas umas inesperadas outras nem tanto, consegue tornar-se mais agradável do que à partida possa parecer ser.
Gostei de ver a prestação de Russell Crowe que, apesar de algo desgastado e sem o carisma de um Gladiador, consegue entregar um desempenho bem feito, central e dinâmico no filme. Também apreciei o papel do Ben Affleck que vejo pela primeira vez num papel não tanto de "menino bonitinho que faz filmes" e que entrega assim um desempenho mais à la sacana.
A história é interessante e consegue ter alguns bons momentos de acção e suspense bem como retratar algumas situações que, bem vistas, até são "reais", apesar de se notar em alguns aspectos que parece que vai depressa demais e um pouco mal explicado para passar rapidamente aos detalhes seguintes, mas ainda assim vale a pena de se ver.
Quanto às interpretações femininas estão um bocado apagadas apesar de Rachel McAdams conseguir ter aqui mais um papel sério que se espera seja de repetir.

8 / 10

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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

4 Copas (2008)

4 Copas de Manuel Mozos conta com a participação de Margarida Marinho, Filipe Duarte, Rita Martins e João Lagarto nos principais papéis.
A antecipação por este filme era alguma na medida em que já estava há algum tempo feito e, os filmes deste realizador teimam em estrear.
Uma história simples em torno de quatro pessoas. João Lagarto homem casado pela segunda vez após o abandono da primeira mulher. Rita Martins, a filha. Margarida Marinho, a mulher que o trai com Filipe Duarte, o segurança do centro comercial onde trabalha. Quando descoberta pela enteada inicia-se um ritual de auto-destruição por parte de Marinho que se sente não só esquecida pelo marido como abandonada pelo amante.
Ao contrário do que li por algumas críticas à altura da estreia do filme sobre "ser um filme simples que não pretende ser mais do que é", acho que não é esse o objectivo de todo e qualquer filme? A meu ver sim é um filme simples pois relata uma história sem pretensões de imaginar um futuro mas sim dar um relato sobre um potencial presente que se pode passar em qualquer lugar e a qualquer momento. É um filme sobre emoções humanas. Os desejos muitos deles reprimidos que tentamos afastar mas que existem sempre presentes no nosso subconsciente. As dependências.
Dependências estas que estão especialmente retratadas nas personagens de Margarida Marinho e de João Lagarto. Este por procurar o amor e não o encontrar. Abandonado pela primeira mulher de quem não recuperou pois mesmo após casar com a segunda não lhe dá atenção alguma esquecendo a sua presença. Esta, interpretada pela brilhante Margarida Marinho, recuperada da sua grave dependência do jogo mas ignorada pelo marido que a tirou desse vício procura refúgio nos braços de outro homem numa nova tentativa de se sentir viva, presente e notada por alguém.
As mesmas emoções que se encontram nas personagens de Rita Martins e de Filipe Duarte. A primeira incapaz de amar alguém e que facilmente larga quem dela gosta fruto da ausência e abandono da sua mãe. E Filipe Duarte, também ele entendemos que um recuperado do jogo, que pretende amar mas que apenas é visto como "o outro".
Presente e comum a todos está apenas um aspecto. O amor. O amor que uns têm em si mas ninguém a quem o dar, e o amor que uns querem mas ninguém de quem receber. Tal como o título do filme, quatro copas... quatro corações diferentes mas com o mesmo sentimento presente a todos.
De facto sim, é um filme simples porque conta a história de tantos de uma forma agradável de se ver/ler e de entender. É ainda simples porque conta com excelentes interpretações de todos os actores (João Lagarto num papel mais secundário) de uma forma eficaz onde em muito também contam as suas expressões e os seus olhares.
Gostei de o ver e é bom perceber que afinal o cinema português ainda tem bons exemplos para dar ao seu público, e não me espantaria se na próxima edição dos Globos de Ouro nacionais não aparecesse uma Margarida Marinho, uma Rita Martins ou um Filipe Duarte nomeados aos prémios de interpretação.

7 / 10

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