sexta-feira, 31 de outubro de 2014

The Babadook (2014)

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O Senhor Babadook de Jennifer Kent é uma longa-metragem australiana de terror que passou na última edição do MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa e o mais recente sucesso imediato do género sendo já considerado um filme de excelência do mesmo.
Amelia (Essie Davis) perdeu o marido Oskar (Benajmin Winspear) num acidente de automóvel no momento em que este a levava para o hospital par ver nascer o seu filho Samuel (Noah Wiseman).
Anos depois enquanto mãe solteira, Amelia tem de lutar contra os constantes delírios de Samuel sobre monstros imaginários enquanto ela própria tenta obter algum descanso. No entanto, quando um misterioso livro surge no quarto de Samuel, a sua casa parece estar sob a influência de Babadook, um monstro que se esconde nas sombras e que promete nunca os abandonar.
Aquilo que se destaca de imediato no argumento - da autoria da própria realizadora - de The Babadook, é que estamos perante uma história tensa e agonizante não do ponto de vista de um conto tradicional de terror com os já referidos monstros mas sim, uma narrativa onde esse mesmo terror se assume sob uma perspectiva psicológica e do foro psiquiátrico. Os primeiros instantes de The Babadook revelam de imediato esta componente quando um jovem "Samuel" procura o conforto para uma noite escura junto da mãe que dorme e que dele se distancia com uma repulsa anormal.
De momento em momento, o espectador espera que o temido monstro revelado pelo livro descoberto no quarto do jovem "Samuel" apareça e revele a sua natureza mas, para lá de qualquer aparição, aquilo que nos vai sendo revelado é uma total degradação psicológica e por consequência física, nos comportamentos de "Amelia" que evidencia um cansaço crescente. E no fundo é este "o" monstro que se revela, aumenta e prepara para dar o golpe final. De "Amelia" pouco sabemos para lá daquilo que lentamente surge no ecrã. Uma mulher relativamente jovem que passou os últimos anos a tratar de uma criança sem o apoio de um marido/pai e que, perdida num trabalho pouco compensatório - pelo menos do ponto de vista mental onde a interacção é praticamente inexistente com aqueles que a rodeiam - começa lentamente a ceder a um cansaço e esgotamento psicológico que deturpam não só o seu normal pensamento como principalmente a percepção da realidade tal como ela se apresenta. Vários são os sinais que o denotam nomeadamente o aparecimento de um livro desconhecido no seio dos brinquedos de "Samuel" que "Amelia" depois rasga, queima e faz desaparecer, não esquecendo os seus comportamentos pouco saudáveis onde perde o controlo do carro, dos seus impulsos cada vez mais violentos e finalmente, a sua alteração de humor que se degrada acentuadamente.
Poderíamos ainda começar por todo um período anterior onde associado ao acidente e à perda do marido, "Amelia" se depara com uma evidente depressão pós-parto onde rejeita o seu filho e os comportamentos afectivos que este espera da sua parte. Quando o jovem "Samuel" lhe pede que a proteja, a reacção de "Amelia" não é imediata olhando para a criança com uma estranheza esclarecedora o que, tudo combinado, não só revelam a sua deterioração psicológica como principalmente o surgimento daquele que será o verdadeiro "monster within".
No entanto, "Amelia" não está sózinha nesta luta quando o espectador conhece um igualmente perturbado "Samuel" cujo nascimento derivou não só de uma perda como de um lar destruído pela morte, pela depressão e pela instabilidade que lhe estão inerentes. A jovem criança vive num mundo muito particular de monstros - que inicialmente poderia ser o nome dado ao acidente que lhe vitimou o pai - e que com o seu crescimento derivaram para aqueles que residem nos contos que insiste lhe serem relatados pela mãe. Se "Amelia" se encontra - ela própria - numa deturpação da realidade e a viver não só a sua perda como a sua depressão, o espectador questiona-se se o tal universo paralelo que "Samuel" vive não lhe poderia ter sido incutido por alguma história paralela que a própria lhe conta expiando as suas incertezas, inseguranças, medos (que proliferam com a solidão) e, como tal, dando origem ao aparecimento de um "Babadook" imaginário?
Num constante paralelismo entre o mundo em que todos vivem e aquele onde mãe e filho vivem - a sua casa - o espectador percebe a clara distância e alienamento da realidade sentido e vivido pelos dois. No fundo, "Babadook" é um medo constante de algo que poderá devir. Um nome dado a um potencial monstro que existe algures no imaginário do real. No entanto, tal como o próprio livro homónimo relata - e que o espectador eventualmente ignora por esperar algo vindo das trevas - o verdadeiro monstro existe e povoa o "nosso" interior, inicialmente criando a suspeita e finalmente o pânico e o receio de tudo aquilo que de estranho existe "para lá da realidade" que não são mais do que os demónios que todos escondemos. As pistas são conclusivas... apenas temos de lhes prestar atenção e acreditar que nada de sobrenatural existe para além das explicações que sendo irracionais... parecem ser as mais válidas.
Essie Davis é assumidamente a alma - ou falta dela - de The Babadook criando desde o primeiro instante, toda uma atmosfera de degradação psicológica fruto de uma psique atormentada pela perda (do marido), pelo acidente que o vitimou, pelos receios de uma maternidade solitária e até pelos aparentes problemas de saúde/psicológicos (não sabendo até que ponto provocados pela própria) do filho. Perdida em duas evidentes dimensões - o mundo real e aquele que em crescendo se instala na sua mente - a "Amelia" de Davis pouca empatia provoca no espectador - não a actriz mas sim a personagem - pois se inicialmente todo o seu drama poderia ser considerado fruto da depressão pós-parto, não é menos verdade que as suas atitudes excessivamente controladoras de alguém que se assume - inconscientemente - como a única vítima de referida fatalidade, a levam a espelhar mais convictamente uma mulher de risco do que alguém que sofre de uma enfermidade do foro psicológico. A "Amelia" de Davis percebe até - a dada altura - que a tragédia está para acontecer mas, no entanto, a própria perde-se com divagações sobrenaturais alienando tudo o que está à sua volta e acreditando no improvável em vez de ceder a um tratamento - nunca sugerido - que lhe poderiam conferir algum conforto e segurança - física e mental.
Todo o clima de The Babadook é tenso desde o primeiro instante e a capacidade de se afirmar como uma história de terror atípica que mantém o "monstro" sem revelar que ele é mais real do aqueles relatados nos contos literários, transformam esta longa-metragem australiana num dos mais enigmáticos e assustadores filmes de terror dos últimos tempos que cativam pelo improvável, pela sugestão e principalmente por aquilo que todos recusamos compreender que pode estar... no nosso próprio interior.
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"Amelia: You are nothing! You're nothing! (...)"
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8 / 10
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LEFFEST - Lisbon & Estoril Film Festival 2014: selecção oficial em competição

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Secção Oficial em Competição
Amour Fou, de Jessica Hausner
Angels of Revolution, de Aleksej Fedorcenko
Dos Disparos, de Martin Rejtman
Eau Argentée, Syrie Auto-Portrait, de Ossama Mohammed e Wiam Simav Bedirxan
Heaven Knows What, de Ben Safdie e Joshua Safdie
Hermosa Juventud, de Jaime Rosales
Hill of Freedom, de Hong Sang-Soo
L'Institutrice, de Nadav Lapid
Jauja, de Lisandro Alonso
Labour of Love, de Aditya Vikram Sengupta
Phoenix, de Christian Petzold
P'Tit Quinquin, de Bruno Dumont
Queen & Country, de John Boorman
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Secção Oficial de Curtas-Metragens Prémio MEO
Answerphone of a Notebook, de Thomas Peyton-Greene
Aquário, de Paulo Próspero
Desapego, de Isabel Jesus
Do Outro Lado, de Artur Maurício
Folio Rojo, de Mauro Tracco
Fontelonga, de Luís Costa
Glastofarians, de Megan Ballin e Artur Rabinski
José Combustão dos Porcos, de José Magro
June's Balloon, de Diogo Simões
Mouettes, de Zeno Graton
La Noche de las Pochongas, de Roberto Bueso
Olvidados, de Carlos Guil
Out of Place, de Ozan Mermer
Para Pero Sigue, de Lud Monaco
Paul et Virginie, de Paul Cartron
Saba, de Sara Santos
Somos Amigos, de Carlos Solano
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Goya de Honor 2015

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A Academia Espanhola de Cinema revelou recentemente que o homenageado com o Goya de Honor 2015 será o actor Antonio Banderas.
Banderas que ganhou fama internacional graças à sua colaboração com Pedro Almodóvar durante os anos 80 e com quem teve aliás a sua estreia cinematográfica em Laberinto de Pasiones (1982) tendo repetido a colaboração com os filmes Matador (1986), La Ley del Deseo (1987), Mujeres al Borde de un Ataque de Nervios (1988), Átame! (1989) e depois de um interregno de 22 anos regressou a esta colaboração através de La Piel que Habito (2011) e Los Amantes Pasajeros (2013). Três destas colaborações - Matador, Átame! e La Piel que Habito - valeram-lhe nomeações aos Goya de Melhor Actor da Academia Espanhola de Cinema em 1987, 1990 e 2012 respectivamente.
Segundo Banderas durante a conferência de imprensa este Goya "permite fazer um balanço, uma pausa e olhar para trás. Tive (disse) o imenso prazer de rodar com Fernán-Gómez, López Vázquez o Agustín González, os grandes do cinema espanhol e ainda hoje tenho o privilégio de poder seguir a olhar para o futuro". Este reconhecimento tem para ele "uma parte de recompensa e uma parte de estímulo. Dizem que os prémios não são importantes, mas isso é só até quando os entregam. Nesse bonito percebe-se o bonito que é quando valorizam a tua trajectória".
Com uma carreira na qual se destacam as participações cinematográficas com Carlos Saura em filmes como Los Zancos (1984), Dispara! (1993) e com quem se encontra em filmagens de 33 Días (com estreia prevista para 2015) ou com Fernando Trueba em Two Much (1995) pela qual recebeu a sua quarta nomeação ao Goya de Melhor Actor ou com Vicente Aranda em Si te Dicen que Caí (1989), Antonio Banderas é ainda detentor de uma extensa carreira internacional onde se destacam as colaborações com Robert Rodríguez para o quem interpretou Desperado (1995), Spy Kids (2001), Once Upon a Time in Mexico (2003) e Machete Kills (2013), com Bille August em The House of Spirits (1993) para o qual rodou com Meryl Streep, Winona Ryder, Jeremy Iron e Glenn Close em Lisboa e ainda Jonathan Demme para o filme Philadelphia (1993). Esta carreira internacional levou-o ainda a participar nos filmes Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles, de Neil Jordan (1994), Assassins, de Richard Donner (1995), Evita, de Alan Parker (!996) pelo qual recebeu uma nomeação ao Globo de Ouro da Hollywood Foreign Press Association enquanto Melhor Actor num Filme Musical, The 13th Warrior, de John McTiernan (1998), com Martim Campbell nas duas incursões ao mito de Zorro em The Mask of Zorro (1998) - segunda nomeação ao Globo de Ouro da HFPA de Melhor Actor de Comédia e o Prémio do Público de Melhor Actor nos European Film Awards - e The Legend of Zorro (2005), Femme Fatale, de Brian De Palma (2002), Frida, de Julie Taymor (2002), And Starring Pancho Villa as Himself, de Bruce Beresford (2003) - pelo qual recebeu a sua terceira nomeação ao Globo de Ouro de Melhor Actor em Mini-Série ou Telefilme e uma nomeação ao Emmy -, Imagining Argentina, de Christopher Hampton (2003), The Other Man, de Richard Eyre (2008), Thick as Thieves, de Mimi Leder (2009), You Will Meet a Tall Dark Stranger, de Woody Allen (2010), Puss in Boots, de Chris Miller (2011), Haywire, de Steven Soderbergh (2011) ou Black Gold, de Jean-Jacques Annaud (2011), estando neste momento em filmagens para o novo filme de Terrence Malick a estrear em 2015, Knight of Cups.
Em 1999, Antonio Banderas teve a sua estreia por detrás das câmaras ao realizar Crazy in Alabama, o qual foi protagonizada por Melanie Griffith - então sua mulher - que lhe granjeou o European Film Award - European Achievement in World Cinema (prémio para o qual já havia estado nomeado graças a The Mask of Zorro) e a nomeação ao Leão de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Veneza.
Finalmente, e entre outros, Banderas seria ainda nomeado a um quinto Goya enquanto produtor do Filme de Animação Justin and the Knights of Valour e foi ainda galardoado com o Prémio Donostia Carreira do Festival Internacional de Cinema de San Sebastian em 2008.
Foi durante esta conferência de imprensa que Banderas disse "esperar enviar uma mensagem de optimismo aquando da recepção do Goya de Honor. O cinema espanhol tem sido magnífico e creio (disse) que mais do que nunca temos motivos de celebração. Esta mensagem é baseado no capital humano que manejamos e que é fascinante ver o talento das novas gerações".
A cerimónia dos Goya - prémios da Academia Espanhola de Cinema - serão entregues a 8 de Fevereiro de 2015 em Madrid.
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Fénix - Premio Iberoamericano de Cine 2014: os vencedores

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Longa-Metragem de Ficção: La Jaula de Oro, de Diego Quemada-Diez
Documentário: Sobre la Marxa, de Jordi Morató
Realizador: Amat Escalante, Heli
Actor: Viggo Mortensen, Jauja
Actriz: Leandra Leal, O Lobo Atrás da Porta
Argumento: Heli, Amat Escalante e Gabriel Reyes
Fotografia: El Ardor, Julián Apezteguia
Música Original: Las Brujas de Zugarramurdi, Joan Valent
Montagem: La Jaula de Oro, Felipe Gómez e Paloma López Carrillo
Guarda-Roupa: Tatuagem, Chris Garrido
Direcção de Arte: Las Brujas de Zugarramurdi, José Luis Arrizabalaga e Arturo García
Som: La Jaula de Oro, Matías Barberis, Raúl Locatelli, Michelle Couttolenc e Jaime Baksht
Prémio Exhibidores: Eugenio Derbez, No se Aceptan Devoluciones
Fénix al Trabajo Crítico: José Carlos Avellar
Fénix a la Trayectoria: Arturo Ripstein
Fénix de Honor: Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano de La Habana
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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

The Fifth Patient (2007)

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O Quinto Paciente de Amir Mann é uma longa-metragem norte-americana na qual o espectador conhece John Reilly (Nick Chinlund), um homem que acorda num hospital em África desconhecendo os acontecimentos que o levaram àquele local. Numa viagem pelos fragmentos de uma memória perdida que desconhece o seu próprio passado, John tem ainda de lidar com a brutalidade de Mugambe (Isaach De Bankolé) , militar do regime ditatorial em que se encontra e que suspeita estar perante um espião anti-regime.
Com argumento da autoria do próprio realizador, The Fifth Patient é um daqueles filmes mistério que se anuncia como uma longa-metragem promissora pelo seu enredo mas que se perde nos meandros de uma obra "televisiva" que se esquece um pouco da dinâmica cinematográfica que lhe deveria estar incutida. Significado disto?! Simples... Se The Fifth Patient começa com uma dinâmica - e dilema - interessante sobre o potencial "engano" de um homem na altura e local errados, desconhecedor do seu passado - distante e recente - e que o obrigam a estar num local contra sua vontade do qual nada sabe, contribuindo desta forma para o clima de mistério e suspeita que lhe estão inerentes, verdade é também o facto do mesmo se perder em momentos alucinatórios e personagens que desconhecemos se são de facto reais ou meros fragmentos da imaginação conferidas por uma qualquer medicação que (compreendemos) não ser tão inocente quanto aquilo que parece.
Se esta dinâmica parecia ser algo complicada de qualquer espectador lhe resistir - pensaria inicialmente ser um filme ligeiro que o remeteria para uma qualquer conspiração internacional mais ou menos explicada - aquilo que, no entanto, é aqui oferecido é um momento monótono que não ultrapassa as quatro paredes de um hospital - se é que o poderemos considerar enquanto tal - e os limites de uma cama à qual cada vez mais parece "acorrentado". Com sérias dificuldades em avançar para lá do que se torna óbvio ao final de dez minutos de acção decorrida, The Fifth Patient perde-se nos dilemas de um homem em conflito com a sua própria identidade esquecendo que "lá fora" toda uma história pede para ser contada.
Nick Chinlund consegue aquilo que é espectável com o seu "John Reilly", ou seja, criar uma personagem muito ao seu estilo naturalmente rude tendo, apesar disso, a capacidade de fazer criar alguma empatia com o espectador que vê nas suas dúvidas e incertezas a vitimização de um homem injustamente detido por um regime que se crê (pensa) bárbaro e ditatorial. Vulgarmente conotado com personagens que pisam sistematicamente o "outro lado" da lei, Chinlund consegue aqui estar desse exacto lado sendo que, no entanto, existe alguém aparentemente mais perverso do que ele desesperadamente focado em saber os segredos que "John" tem por revelar. Com poucas variações de humor - ou até mesmo faciais - Chinlund faz do seu "John" aquilo que já conhecemos... um potencial vilão com algum conteúdo por revelar.
Se a acção em The Fifth Patient demora a arrancar - e por acção não se entenda um ritmo frenético com a câmara a vacilar a cada trinta segundos - é também certo que é no factor surpresa do seu argumento que reside o elemento mais forte de toda a narrativa. Não esperemos encontrar aqui aquele grande filme de mistério onde todos os inuendos são finalmente revelados no final... pelo contrário, estes são lentamente descobertos - ou perceptíveis - ao longo do mesmo mas, ainda assim, a confirmação de que todo um jogo foi elaborado enquanto o espectador equacionava a inocência ou culpabilidade de todas as personagens consegue, de alguma forma, surpreender pela positiva deixando apenas a demorada passada desta história como o grande entrave para com ela se (re)ter alguma empatia.
Assim, e juntamente com alguma frágil dinamização das personagens que rondam o "John" de Chinlund, The Fifth Patient é contrariamente àquilo que se fazia esperar, um daqueles filmes de fraca ou limitada distribuição que com alguma melhor e mais coordenação poderia ter sido um pouco mais conhecido e claro... melhor executado. Remetido para aquela lista de filmes das "quatro da manhã" com pouco mais há a fazer do que dormitar... este serve como um simpático soporífero que, ainda assim, nem todos tencionarão ver.
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5 / 10
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Shortcutz Xpress Viseu - Sessão #37

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O Shortcutz Xpress Viseu está de volta com a sua sessão #37 que começa com o segmento Intro SXV - Easylab e com a exibição de Voo Inútil, de UFO.
Para o habitual segmento das Curtas em Competição, o SXV irá exibir nesta noite de Halloween as curtas-metragens Demência, de Rafael Almeida e Pela Boca Morre o Peixe, de João Nunes - a recente vencedora do Prémio MOTELx de Melhor Curta-Metragem Portuguesa de Terror - numa sessão que contará com a presença de ambos os realizadores.
Como já é habitual o SXV apresenta um segmento de curtas-metragens estrangeiras, o Shortcutz Around the World que, nesta sessão, contará com a exibição de Le Livres des Morts, de Alain Escalle (França), In the Shower of My Mind, de Jaime Fidalgo (Espanha), Dystopia, de David Cave (Reino Unido), Póstumo, de Hernán Velit (Perú) e Treated, de Matteo Bernardini (Itália).
Finalmente no SXV Reprise serão exibidos os filmes curtos Dog Fight, de Marcel Sarmiento (Estados Unidos) e Danse Macabre, de Pedro Pires (Canadá).
Assim, e como já vem sendo habitual, para uma noite de Halloween repleto de bom cinema em formato curto o local para se estar é a Só Sabão, no Largo de São Teotónio nº30 (atrás da Sé), a partir das 22 horas.
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European Film Awards - Lifetime Achievement Award 2014

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A Academia Europeia de Cinema divulgou hoje quem irá distinguir com o Lifetime Achievement Award 2014 durante a cerimónia que se irá realizar em Riga, na Letónia no próximo dia 13 de Dezembro.
Agnès Varda, realizadora, produtora e argumentista nascida na Bélgica é, segundo refere a Academia, "uma importante voz do cinema Francês e Europeu bem como no mundo da arte". Apesar de pouco divulgado, desde La Pointe Courte (1954), o seu primeiro filme, que Varda mostra o seu estilo muito pessoal ao ponto de obter a designação de "avó da New Wave Francesa".
Numa obra que reune elementos de ficção com o documentário, a obra de Varda tem sido distinguida com muitos dos mais importantes prémios de cinema internacionais onde se destacam o prémio da Crítica Francesa em Cannes com o seu filme Cléo de 5 à 7 (1961), o Urso de Prata em Berlim com Le Bonheur (1965), o Leão de Ouro em Veneza com Sans Toit ni Loi (1985), o European Film Award com Les Glaneurs et la Glaneuse (2000) e um César da Academia Francesa de Cinema com Les Plages d'Agnès (2008) filme que foi também nomeado aos EFA na categoria de Documentário. Todos estes prémios sem esquecer os honorários pelo conjunto da sua carreira em Cannes, Locarno e Academia Francesa.
Agnès Varda criou mais de trinta curtas-metragens de ficção e em formato de documentário tanto para a televisão como para o cinema bem como exposições fotográficas e instalações de arte entre as quais se destacam Patatutopia para a Bienale de Veneza (2003), The Widows of Noirmoutier para a La Fondation Cartier de Paris (2006), A Shack of Cinema para o LACMA de Los Angeles em 2013 e Triptyques Atypiques uma exposição a solo para a Obadia Gallery de Paris em 2014.
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Câmara Municipal de Lisboa homenageia John Malkovich

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A vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, propôs a atribuição da Medalha de Ouro da Cidade ao actor norte-americano John Malkovich.
Nesta proposta - aprovada por unanimidade - a vereadora recorda que o actor tem na sua carreira diversos filmes realizados ou co-produzidos por e em Portugal como O Convento (1995), Je Rentre à la Maison (2001) e Um Filme Falado (2003) todas obras de Manoel de Oliveira, Le Temps Retrouvé, de Raoul Ruiz (1999) - uma co-produção portuguesa - The Dancer Upstairs (2002) - que também dirige - Linhas de Wellington e a mini-série As Linhas de Torres Vedras, de Valeria Sarmiento - ambas de 2012 - bem como o ainda por estrear The Casanova Variations, de Michael Sturminger e ainda Mata-Hari, uma mini-série russa de Dennis Berry em filmagens em Lisboa.
Na proposta que pretende homenagear o actor pode ler-se que "A paixão de John Malkovich por Lisboa e por Portugal é reconhecida e o ator mantém-se um porta-voz internacional encantado com a afabilidade local, a geografia e o clima da cidade, a arquitetura e a diversidade cultural" e que "é através do seu envolvimento com o cinema português que John Malkovich estabelece e aprofunda a sua ligação afetiva com Lisboa e com o país".
Malkovich é este ano um dos homenageados no Lisbon & Estoril Film Festival que decorre em várias salas de cinema da capital e do Estoril entre os dias 7 e 16 de Novembro, incluindo uma retrospectiva de vários filmes em que participou bem como a estreia de The Casanova Variations, de Michael Sturminger e que se  inspira na obra "História da Minha Vida", de Giacomo Casanova tendo sido filmado na íntegra em Lisboa, mais concretamente no Teatro Nacional de São Carlos, bem como da exposição "Malkovich, Malkovich, Malkovich: Homage to Photographic Masters", do fotógrafo Sandro Miller e na qual o actor recria fotografias que se tornaram icónicas, imitando poses, por exemplo, de Pablo Picasso, Salvador Dalí, Alfred Hitchcock e Marilyn Monroe.
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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Spy Kids 2: Island of Lost Dreams (2002)

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Spy Kids 2: A Ilha dos Sonhos Perdidos de Robert Rodriguez é a sequela de Spy Kids (2001), também do realizador mexicano que volta a apresentar ao espectador as aventuras de Carmen (Alexa Vega) e Juni (Daryl Sabara) que são agora, tal como os pais Gregorio (Antonio Banderas) e Ingrid (Carla Gugino) espiões da OSS.
Numa missão cujo objectivo é salvar o mundo, Carmen e Juni embarcam numa viagem para uma ilha perdida no meio do oceano onde vive Romero (Steve buscemi), um cientista solitário cujos planos de domínio do planeta ameaçam a estabilidade do mesmo... ou talvez não!
Sucesso imediato junto de um público mais jovem, Robert Rodriguez criou a sequela que entregaria ainda mais títulos das desventuras destes dois irmãos, aqui numa obra que apela não à criatividade nem tão pouco ao engenho mais sim a um certo congelamento cerebral daqueles que tentam acompanham uma história não só repleta de pontas soltas como principalmente de lugares comuns e pobres noções de que... quanto mais jovem... mais imbecil - no caso do público - e igualmente privados de massa acéfala os actores independentemente das suas idades.
Tudo se inicia num parque de diversões onde estas são muito futuristas para serem reais... e, mesmo que o fossem, o espectador fica sempre com a noção de que os seus directos utilizadores - as crianças - tentam tecer comentários excessivamente inteligentes mas que, na prática, parecem recitados do livro de receitas das suas avós já perdidos no fundo da gaveta. Esta tentativa de transformar pequenas crianças em génios de encomenda transforma este Spy Kids 2: Island of Lost Dreams numa história que amedronta qualquer espectador mais destemido pois permanece a dúvida de que ou o filme é de facto inteligente demais para que o mesmo o perceba ou, afinal, está tão absurdamente ridículo que se torna num insulto o tempo que se utilizou para o visualizar.
Pelo meio o que esperar? Efeitos especiais nem sempre dotados de grande rigor ou qualidade, afinal por momentos parece que estamos a assistir a um filme da década de 50 onde tudo ainda era suficientemente rudimentar (aos olhos deste presente) para que os espectadores se importassem de facto, interpretações tão medíocres que assustam pela sua falta de expressividade e opacidade remetendo os actores para cómicos de situação pouco dignos dos percursos cinematográficos que têm, com os anos, estabelecido não tendo, ao mesmo tempo, qualquer tipo de conteúdo ou motivação e um argumento fraco o suficiente para que o espectador saia da sala de cinema sem perceber muito bem qual o intuito principal desta longa-metragem para lá do óbvio "fazer dinheiro" à custa de uma primeira entrega que.... "resultou".
Spy Kids 2: Island of Lost Dreams é uma longa-metragem falhada onde participam actores como os já referidos Banderas e Gugino ou outros com participações especiais como, por exemplo, Steve Buscemi, Bill Paxton, Danny Trejo, Cheech Marin, Ricardo Montalban ou Holland Taylor onde os tais "sonhos perdidos" apenas se podem referir às carreiras destes actores que facilmente poderiam eclipsar e perder-se se isto fosse o melhor que os mesmos conseguem apresentar nos últimos anos. Interpretações estas que levam o espectador a perguntar porque motivos participarão neste tipo de histórias que em nada acrescentam a tudo aquilo que têm feito ao longo das suas vidas profissionais e nos deixam incrédulos pela sua presença num filme que parece viver de pequenos segmentos sem graça.
Tentada a sequela num mix de comédia, aventura e muitos efeitos especiais o que sobra mencionar sobre Spy Kids 2: Island of Lost Dreams? Na prática... muito pouco ou nada. As personagens adultas parecem dotadas de muito pouca inteligência vivendo alegres e contentes num mundo que - aparentemente - está sempre pronto a ser corrompido pela "próxima mente do crime" deixando-se "viver" à custa de uma comédia inexistente enquanto que, por sua vez, os jovens actores interpretam pequenos génios capazes de salvar o mundo com cargos de "chefia" numa organização de espionagem que os credencia enquanto tal. Se tudo isto não parecesse por si só impossível de acontecer, o desenvolvimento emocional e psicológico - se é que algum - dos mesmos demonstra que o espectador está perante uma qualquer realidade distorcida e que é, também ela, pouco credível quando depara com todo um universo subaquático ou ocorrido na ilha misteriosa onde... nem nos sonhos mais improváveis se equaciona quanto mais num universo onde se tenta passar alguma credibilidade àquilo que não a tem.
Se todos estes elementos não fossem suficientes para remeter esta longa-metragem para o universo dos filmes a "dispensar", eis que chega o momento filosófico da coisa quando um "Dr. Romero" interpretado por um sub-aproveitado Steve Buscemi - que fará ele aqui?! - se questiona sobre a existência de um Deus que observa a sua criação sem, no entanto, nela intervir. Deixando de parte a minha crença que duvida que algum do seu público pense sequer nesta afirmação, Spy Kids 2: Island of Lost Dreams deixa o espectador estupefacto pela quantidade de momentos sem sentido ou falta de coerência que se atropelam a cada instante.
Robert Rodriguez tem o seu próprio género, corrente e público... Aqui mais não fez do que criar algo que lhe conferisse um cheque bem abonado esquecendo-se que, no entanto, passou muito de perto no campo da falta de credibilidade arriscando-se a submeter toda uma obra para os confins de um universo cinematográfico onde nenhuma das suas criações de "espiões infantis" conseguiria voltar a de lá retirá-lo. O seu Spy Kids 2: Island of Lost Dreams consegue suplantar filmes considerados como os "piores do ano" colocando-se muito de perto no seu top três. Fraco, pobre, sem espírito ou graça... quando pensarmos em entretenimento - mesmo aquele para as crianças - Spy Kids 2: Island of Lost Dreams é o tipo de filme do qual nos devemos manter longe... muito longe e, tal como o seu título indica... se aqui houve sonho... este perdeu-se e foi esquecido.
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"Dr. Romero: Do you think God stays in heaven because he too, lives in fear of what he's created?"
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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Prémios Áquila da Televisão e do Cinema Português 2014: os nomeados

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Cinema
Melhor Filme
7 Pecados Rurais - Cinemate/Cinecool
Eclipse em Portugal - Alexandre Cebrian Valente
Os Maias - Cenas da Vida Romântica - Ar de Filmes
Sei Lá - MGN Filmes
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Melhor Actor Principal
António Pedro Cerdeira, Sei Lá
Graciano Dias, Os Maias - Cenas da Vida Romântica
João Paulo Rrodrigues, 7 Pecados Rurais

Pedro Fernandes, Eclipse em Portugal
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Melhor Actriz Principal
Leonor Seixas, Sei Lá
Maria Flor, Os Maias - Cenas da Vida Romântica
Melânia Gomes, 7 Pecados Rurais
Sofia Ribeiro, Eclipse em Portugal

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Melhor Actor Secundário
Adriano Luz, Os Maias - Cenas da Vida Romântica
João Perry,
Os Maias - Cenas da Vida Romântica
José Raposo, 7 Pecados Rurais
Pedro Inês,
Os Maias - Cenas da Vida Romântica
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Melhor Actriz Secundária
Ana Moreira,
Os Maias - Cenas da Vida Romântica
Catarina Wallenstein,
Os Maias - Cenas da Vida Romântica
Maria João Pinho,
Os Maias - Cenas da Vida Romântica
Rita Blanco,
Os Maias - Cenas da Vida Romântica
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Melhor Realizador
Alexandre Cebrian Valente, Eclipse em Portugal
João Botelho,
Os Maias - Cenas da Vida Romântica
Joaquim Leitão, Sei Lá
Nicolau Breyner, 7 Pecados Rurais

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Televisão
Melhor Série, Minissérie ou Telefilme
Bem-Vindos a Beirais - SP Televisão
Mulheres de Abril - Hop Filmes
Nada Tenho de Meu - Jumpcut
Os Filhos do Rock - Stopline Films
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Melhor Telenovela
Belmonte - Plural Entertainment
Mar Salgado - SP Televisão
O Beijo do Escorpião - Plural Entertainment
Sol de Inverno - SP Televisão
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Melhor Actor Principal
Eduardo Frazão, Os Filhos do Rock
Filipe Duarte, Belmonte
Ivo Canelas, Os Filhos do Rock
Marco D’Almeida, Belmonte
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Melhor Actriz Principal
Ana Bustorff, Mulheres de Abril
Anabela Moreira, Os Filhos do Rock
Dalila Carmo, O Beijo do Escorpião
Maria João Luís, Sol de Inverno
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Melhor Actor Secundário
Afonso Pimentel, Mulheres
Albano Jerónimo, Os Filhos do Rock
João Cabral, Água de Mar
Rui Neto, Sol de Inverno
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Melhor Actriz Secundária
Ana Nave, Sol de Inverno
Dalila Carmo, Os Filhos do Rock
Inês Castel-Branco, Mar Salgado
Sara Barros Leitão, Mulheres de Abril

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Prémio Condor: Ruben Alves
Prémio Fénix: Rita Blanco
Prémio Excelsior: Fundação Calouste Gulbenkian

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Getúlio (2014)

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Getúlio de João Jardim é uma longa-metragem luso-brasileira centrada nos dezanove dias precedentes ao suicídio de Getúlio Vargas (Tony Ramos) a 24 de Agosto de 1954.
Quando a 5 de Agosto de 1954 tentam assassinar o jornalista e político Carlos Lacerda (Alexandre Borges) no Rio de Janeiro, é o Major Vaz de 32 anos que cai morto. As investigações decorrentes deste acontecimento indicam que foi Gregório Fortunato (Thiago Justino), o chefe da guarda pessoal de Vargas, que encomendou este assassinato.
Este acontecimento tido como um dos mais importantes da História moderna do Brasil demonstrou não só o impacto que teve junto do meio político do país como também junto de uma população que homenageou a vida e obra, sempre controversa, do político Vargas.
"Só o sacrifício da vida pode resgatar o erro de um fracasso"... é com estas palavras que se inicia Getúlio, um filme que pretende entregar ao espectador um olhar sobre o homem político que foi Getúlio Vargas sem que, no entanto, se perca pelo mundo da intensa vida política com que brindou o Brasil durante dois mandatos. É com a prática dessas mesmas palavras que ele irá terminar não só o seu mandato como principalmente a sua vida confirmando que ele, e apenas ele, seria o mandante do seu próprio destino.
O homem que enfrentou duas revoluções tendo obtido o poder através de uma delas e com o apoio dos militares, que aplicou a censura para deter o poder, que cancelou eleições e que rasgou duas constituições como o próprio afirma, é o mesmo homem que no final se viu perto das suas próprias acções alcançando a admiração de uma parte do povo graças à implementação das férias pagas e de um salário mínimo nacional e que, por outro lado, conquistou o ódio e desdém daqueles que mais de perto com ele privavam e que detinham as chefias melitares... as mesmas que lhe ajudaram a chegar à Presidência.
Numa oscilação entra a trama política e uma intimidade quase eclesiástica, o argumento de Getúlio que é da autoria de Tereza Frota, João Jardim e George Moura leva-nos numa breve viagem à vida deste homem que se tornou numa das figuras mais amadas - e mais odiadas - de um Brasil contemporâneo, mas não nos seus tempos áureos e de glória mas sim no seu final e decadência onde decide pôr termo à sua vida não abdicando assim directamente do poder a que tanto se havia apegado. Getúlio Vargas, numa brilhante interpretação de Tony Ramos, é um homem de semblante baixo, apagado e quase que perdido nos seus próprios pensamentos e espaços que tão bem conhece mas que, ao mesmo tempo, são povoados dos velhos fantasmas do seu passado dinâmico e decidido que agora mais não lhe provocam do que amargas memórias.
É a trama palaciana e o atentado que acelerou o seu afastamento que ganham aqui um peso imediato e a figura de Carlos Lacerda (Alexandre Borges) que assume um protagonismo ausente ao estar no cerne de todo este acelerar de acontecimentos. "O ditador é como um mau carácter, não muda apenas tira férias", é dito a certa altura. Mas não é menos verdade que aqueles que o querem ver afastado são, tal como ele fora em tempos, tão agarrados ao poder que esquecem os meios utilizados para o obter, apenas alternando nas cadeiras ministeriais assegurando assim a sua continuidade, demonstrando assim a dimensão da trama política que está sempre presente nos fins de cada um. Na prática o que temos em Getúlio mais não é do que uma luta desenfreada pelo poder; uma tentativa de derrubar um velho ditador que reunia, no entanto, a simpatia de um povo que obteve um conjunto de direitos e regalias até então inimagináveis sem esquecer - talvez o principal - que estamos perante um olhar sobre aquilo que fora um homem poderoso, alguém de respeito - e temido - que controlou o país por mais de quinze anos e que é agora uma mera miragem do seu próprio ensombrado passado, sendo assim não só uma história sobre a queda de um político mas sim sobre a queda de um homem.
A forte interpretação de Tony Ramos enquanto "Getúlio Vargas", não se prende só pelo facto de demonstrar uma tensão silenciosa na qual vive um conflito com os seus próprios fantasmas, mas também por conseguir evidenciar para o espectador a faceta de homem de Estado que percebe que só a sua morte poderá entregar um final digno (dentro dos possíveis) e coerente para com o seu passado. A sua encarnação do Presidente brasileiro mostra-nos um homem constantemente em descanso... talvez farto do poder e das suas nuances, e como o próprio diz a certa altura alguém que está "exausto e que precisa de dormir". Alguém cansado de saber que nunca lhe pediram nada para o bem do país mas sim para o bem pessoal, por vezes momentâneo, tendo perfeita consciência que o sentido de Estado era algo que apenas ele percebia. Um homem que passava metade do seu tempo numa imagem fantasmagórica de si próprio, bem evidente nos momentos em que se encontra de pijama e chinelos numa casa grande demais para o seu diminuído ego e que percebe este ser o seu fim.
"Aos que pensam que me derrotam respondo com a minha vitória." dizia, sabendo que aqueles seriam os seus últimos dias. Os últimos dias do homem que atravessou guerras, revoluções, conspirações, e a sua própria ditadura sabendo que assim "saía da vida para entrar na História", num interessante ambiente de época e que conta ainda com as interpretações secundárias de Drica Moraes como "Alzira Vargas" - filha de Getúlio - Fernando Luís como "Benjamin Vargas" - o irmão - e José Raposo como "Nero Moura", um dos seus Ministros.
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"Getúlio Vargas: Eu vos dei a minha vida agora ofereço a minha morte."
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8 / 10
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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Fury (2014)

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Fúria de David Ayer é uma longa-metragem norte-americana e o mais recente filme de Brad Pitt a estrear nas salas nacionais.
Alemanha, Abril de 1945. O país e o continente estão completamente devastados. A companhia de "Wardaddy" Collier (Pitt) composta por "Bible" Swan (Shia LaBeouf), "Gordo" Garcia (Michael Peña) e "Coon-Ass" Travis (Jon Bernthal) percorrem os campos de batalha desolados antes de receberem Normal Ellison (Logan Lerman) que os irá acompanhar a partir de então. Enquanto os quatro homens co-habitam no mesmo tanque tendo já testemunhado todos os horrores da guerra, o jovem Norman passou os poucos dias do conflito numa secretária sendo agora obrigado a vê-la em primeira mão.
A tensão dos quatro homens em relação a Norman cresce quando este parece não querer compreender o lugar e a situação em que se encontra. No entanto, quando o conflito chega até junto dos cinco homens, todos terão de compreender aqueles que têm a seu lado se querem ultrapassar e sobreviver ao conflito e a toda a sua devastação.
Com um argumento também ele da autoria de David Ayer, Fury é desde o primeiro instante um intenso relato sobre os últimos dias de uma guerra devastadora (como todas) e sobre os seus efeitos transformadores na mente daqueles que por ela passaram. Com um enfoque direccionado para valores de honra e de irmandade cimentados dentro de um espaço ínfimo onde todos conhecem tudo sobre todos - o tanque - esta longa-metragem é desde cedo o registo de um esgotamento físico e mental de um grupo de homens que vê o seu espaço subitamente "invadido" por um jovem adulto que nada viu ou conhece dos horrores de um conflito que eles testemunharam em primeira mão.
Enquanto os quatro homens que travaram algumas das mais duras batalhas e situações dos finais da Segunda Guerra Mundial tinham uma cumplicidade fundamentada nessa experiência colectiva, o jovem "Norman" (Lerman) surge como um inesperado humanitário que se recusa a participar ou pactuar - seja de que forma fôr - com os horrores que ali vai lentamente testemunhando. O conflito existente para lá do tanque em que se encontram é, também ele, transportado para o seu interior exacerbando as tensões que existem entre estes homens que não conseguem reconhecer em "Norman" o homem jovem e relativamente inocente que, em tempos, também eles já foram. Incapazes de reconhecer outro lar ou outra forma de estar que não aquela que encontraram em Fury - o tanque - a sua nova casa e local que tal como eles tudo testemunhou, os quatro exercem uma certa pressão sobre a voluntária inocência de um jovem que, no entanto, reconhecem ser puro e um pouco daquilo que eles foram. Não o desprezando mas sim chorando um pouco por aquilo que reconhecem ter perdido, "Norman" é, portanto, o homem que todos eles foram mas que se perdeu nos campos de batalha de uma Europa em ruínas.
A loucura é, também ela, sentida um pouco por todo o filme. Desde os caminhos percorridos por deslocados e sobreviventes de uma guerra que não conferiu diferenças entre ninguém, expatriando todos de igual forma, aos relatos de um horror vivido pelo grupo de norte-americanos aquando do desembarque na Normandia sem esquecer as pequenas tentativas de uma "vida normal" junto de duas alemãs que tentam também elas sobreviver ao impensável, Fury tem sempre na esperada humanidade de "Norman" o reflexo de uma convicção não confirmada de que se consegue sobreviver a um conflito nem que esta seja uma sobrevivência psicológica. No entanto, e como se comprova ao longo desta longa-metragem é que a morte chega de diversas formas; para uns ela chega sob uma perspectiva física onde o corpo se extingue enquanto que para outros essa mesma morte chega pela degradação psicológica e pelos horrores que o cérebro regista onde ninguém independentemente do seu local ou estatuto consegue escapar a uma morte que pode chegar vinda de qualquer lugar. Desta forma, e para lá de qualquer expectativa sobre os destinos dos ocupantes daquele tanque, aquilo sobre o qual Fury tenta fazer uma reflexão é única e exclusivamente sobre as várias fases ou etapas de uma morte que pode começar psicológica pela abdicação de valores ou princípios sempre praticados e defendidos - em condições normais que não aquelas em que se encontram - e que finalmente esta morte pode tornar-se física extinguindo a existência de qualquer um.
Assim, Fury é essencialmente sobre uma dualidade moral verificada nas suas personagens... por um lado a companhia do Fury... homens habituados e experientes numa guerra que não tem perdão e por outro "Norman", um jovem idealista que tenta encontrar o lado bom num conflito e num local onde toda a humanidade desapareceu e que se vê também ele transformado naquilo que inicialmente abominara... ser um homem que vê na morte do "outro" um estado dito "normal" e único capaz de garantir a sua própria sobrevivência.
Com um elenco notável onde se destaca obviamente Brad Pitt como o respeitado sargento "Collier" é, no entanto, a presença de Logan Lerman como "Norman" que se destaca em Fury. Se Pitt encarna aquela geração que viveu a guerra desde o seu primeiro instante e que, como tal, atravessou todas as suas fases mais tenebrosas encontrando apenas no palco de guerra o único lugar em que se sente em casa, é em Lerman que se nota a maior transição - de pacifista a homem de e da guerra - e é através do seu cada vez menos inocente olhar que o espectador testemunha toda a transformação mental de uma guerra hedionda que não deixou inocentes mas sim vítimas. De The Patriot (2000) a Riding in Cars with Boys (2001) enquanto jovem mas carismático actor, Logan Lerman atingiu um estatuto enquanto jovem estrela de Hollywood com Percy Jackson & the Olympians: The Lightning Thief (2010) e a confirmação enquanto actor para o futuro com The Perks of Being a Wallflower (2012) que agora vê cimentado com Fury, colocando-se na galeria dos actores que fez uma saudável e bem sucedida transição enquanto "child actor".
Não sendo um clássico do género imortalizado pela época ou temática que aborda, Fury não deixa, no entanto, de ser um dos mais emblemáticos filmes de guerra dos últimos anos não só pela forma como filma a mesma mas principalmente pela forma como consegue de forma exímia filmar os diferentes estados psicológicos de um conjunto de homens que viveram e morreram no conflito. Homens esses que encontraram naqueles campos de batalha - e naquelas que lá travaram - o único possível "conforto" que as suas almas perdidas (talvez por ela...) alguma vez ambicionaram.
Marcado também pela excelência técnica Fury afirma-se sobretudo pela sua ode à sobrevivência... da alma, dos valores e talvez (quando possível) daquilo que aqueles que passaram por esta época, uma vez foram... e que possivelmente já não consigam voltar a ser.
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"Don "Wardaddy" Collier: Ideals are peaceful. History is violent."
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10 / 10
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domingo, 26 de outubro de 2014

Festival Internazionale del Film di Roma 2014: os vencedores

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Prémios Oficiais
Premio del Pubblico BNL | Gala: Trash, de Stephen Daldry
Premio del Pubblico | Cinema d’Oggi: Shier Gongmin, de Xu Ang
Premio del Pubblico | Mondo Genere: Haider, de Vishal Bhardwaj
Premio del Pubblico BNL | Cinema Italia - (Ficção): Fino a Qui Tutto Bene, de Roan Johnson
Premio del Pubblico | Cinema Italia (Documentário): Looking for Kadija, de Francesco G. Raganato
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Premio TAODUE Camera d’Oro - Obra Prima | Gala: Escobar: Paradise Lost, Andrea Di Stefano
Premio TAODUE Camera d’Oro - Obra Prima |Alice nella Città: X+Y, de Morgan Matthews
Premio TAODUE Camera d’Oro - Obra Prima | Prospettive Italia - Menção Especial: Last Summer, de Leonardo Guerra Seràgnoli
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Premio DOC/IT - Melhor Documentário Italiano | Prospettive Italia: Largo Baracche, de Gaetano Di Vaio
Premio DOC/IT - Melhor Documentário Italiano | Prospettive Italia - Menção Especial: Roma Termini, de Bartolomeo Pampaloni
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Prémios Paralelos
Premio Farfalla d'Oro Agiscuola: Gone Girl, de David Fincher
Premio SIGNIS - Ente dello Spettacolo: Fino a Qui Tutto Bene, de Roan Johnson e Wir Sind Jung. Wir Sind Stark., de Burhan Qurbani
Menção Especial: Biagio, de Pasquale Scimeca
Premio L.A.R.A. (Libera Associazione Rappresentanza di Artisti) - Intérprete Italiano: Marco Marzocca, Buoni a Nulla
Menção Especial: Silvia D’Amico, Fino a Qui Tutto Bene
Premio A.I.C. - Fotografia: Luis David Sansans, Escobar: Paradise Lost
Premio A.M.C. - Montagem: Julia Karg, Wir Sind Jung. Wir Sind Stark.
Premio A.I.T.S. - Som: Last Summer, de Leonardo Guerra Seràgnoli
Premio La Chioma di Berenice - Caracterização: Simona Castaldiper, Soap Opera
Premio La Chioma di Berenice - Cabelo: Fabio Lucchetti, Soap Opera
Premio Akai International Film Fest: Fino a Qui Tutto Bene, de Roan Johnson
Green Movie Award: Biagio, de Pasquale Scimeca
Premio di critica sociale “Sorriso diverso Roma 2014”: Biagio, de Pasquale Scimeca (filme italiano) e Wir Sind Jung. Wir Sind Stark., de Burhan Qurbani (filme estrangeiro)
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FIKE - Festival Internacional de Curtas-Metragens 2014: os vencedores

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Melhor Ficção: Reizigers In De Nacht, de Ena Sendijarevic
Menção Especial: Vecina, de Eli Navarro
Melhor Animação: Canis, de Marc Riba e Anna Solanas

Menção Especial: Virtuos Virtuell, de Maja Oschmann e Thomas Stellmach
Melhor Documentário - Prémio FIKE / Estação Imagem: Zela Trovke, de Asier Altuna
Melhor Curta-Metragem Portuguesa: O Coveiro, de André Gil Mata
Melhor Curta-Metragem Europeia: Daphné or The Lovely Specimen, de Sébastien Laudenbach e Sylvain Derosne
Menção Especial: L'Être Venu d'Ailleurs, de Guy Bordin e Renaud de Putter
Melhor Argumento: Marco Espirito Santo, To Cut a Long Story Short
Melhor Fotografia: Stefan Buehl, Stiller Löwe
Melhor Representação: Vito Palmieri, Matilde
Prémio Don Quijote: Matilde, de Vito Palmieri
Prémio do Público: Apartemane Morcheha, de Tofiq Amani

Prémio da Organização: Man Kann Nicht alles auf Einmal tun, Aber Man Kann alles auf Einmal Lassen, de Marie-Elsa Sgualdo
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sábado, 25 de outubro de 2014

Marcia Strassman

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1948 - 2014
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Gotham Independent Film Awards 2014: os nomeados

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Melhor Filme
Birdman or The Unexpected Virtue or Ignorance, de Alejandro González Iñárritu
Boyhood, de Richard Linklater
The Grand Budapest Hotel, de Wes Anderson
Love is Strange, de Ira Sachs
Under the Skin, de Jonathan Glazer
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Melhor Documentário
Actress, de Robert Greene
Citizenfour, de Laura Poitras
Life Itself, de Steve James
Manakamana, de Stephane Spray e Pacho Velez
Point and Shoot, de Marshall Curry
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Melhor Actor
Bill Hader, The Skeleton Twins
Ethan Hawke, Boyhood
Oscar Isaac, A Most Violent Year
Michael Keaton, Birdman or The Unexpected Virtue of Ignorance
Miles Telles, Whiplash
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Melhor Actriz
Patricia Arquette, Boyhood
Gugu Mbatha-Raw, Beyond the Lights
Julianne Moore, Still Alice
Scarlett Johansson, Under the Skin
Mia Wasikowska, Tracks
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Bingham Ray Breakthrough Director
Ana Lily Amirpour, A Girl Walks Home Alone at Night
James Ward Byrkit, Coherence
Dan Gilroy, Nightcrawler
Eliza Hittman, It Felt Like Love
Justin Simien, Dear White People
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Actor Revelação
Riz Ahmed, Nightcrawler
Macon Blair, Blue Ruin
Ellar Coltrane, Boyhood
Joey King, Wish I Was Here
Jenny Slate, Obvious Child
Tessa Thompson, Dear White People
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DocLisboa - Festival Internacional de Cinema 2014: os vencedores

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Competição Internacional
Grande Prémio Cidade de Lisboa: Fu Yu Zi, de Wang Bing
Menção Honrosa: Il Segreto, de Cyop & Kaf
Prémio Especial do Júri DocLisboa: Letters to Max, de Eric Baudelaire
Prémio Pixel Bunker de Melhor Curta-Metragem: Tôi Quên Roi!, de Eduardo Williams
Prémio Culturgest Primeira Obra: Songs from the North, de Soon-Mi Yoo
Prémio Universidades: Hit 2 Pass, de Kurt Walker
Prémio Investigação: Evaporating Borders, de Iva Radivojevic
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Competição Nacional
Prémio Liscont de Melhor Longa-Metragem: Volta à Terra, de João Pedro Plácido
Prémio SPA de Melhor Curta-Metragem: Motu Maeva, de Maureen Fazendeiro
Prémio Escolas: Volta à Terra, de João Pedro Plácido
Prémio do Público: Ilusão, de Sofia Marques
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Look Up (2014)

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Look Up de Gary Turk é uma curta-metragem britânica que tece uma interessante e mordaz crítica à sociedade dos nossos tempos que aos poucos e inconscientemente perdeu o sentido de comunidade e de diálogo substituindo-os por um contacto entre os indivíduos que se estabelece quase exclusivamente através das novas e modernas tecnologias.
Turk, também o autor do argumento, consegue nestes breves cinco minutos ilustrar de forma mordaz e tão crítica os nossos tempos. Os tempos em que é mais importante manter uma vida aparentemente perfeita através de inúmeros relatos e fotografias que se colocam nas mais diversas redes sociais, ilustrando momentos de sonho e inesquecíveis mas que, ao mesmo tempo, são na sua maioria vividos numa completa solidão apenas para agradar a um conjunto de "amigos" virtuais que na prática nunca se irão conhecer. É enquanto tudo isto decorre que esta nossa sociedade se esquece do mais importante; o diálogo, o convívio, o olhar nos olhos de outra pessoa e conhecer de facto quem está tão facilmente ao alcance de qualquer um estabelecendo não só o contacto com os "outros", como também o sentido de perpetuação e de comunidade que tanto se deveria preservar.
Centrando-se mais particularmente na mensagem do que em qualquer interpretação aqui presente, Look Up é um daqueles filmes aos quais todos queremos dar razão e dos quais retemos a sua ideia mas que, na prática, muitos de nós esquecem voluntariamente nos instantes seguintes poiso que nos transmite acaba por cair perfeitamente sobre todos.
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"Gary: Smart phones... dumb people."
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8 / 10
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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Festival de Cine de Madrid - PNR 2014: os vencedores

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Secção Oficial de Longas-Metragens
Melhor Longa-Metragem: Ciutat Morta, de Xavier Artigas e Xapo Ortega
Menção Especial do Júri de Longas-Metragens: Dos Amigos, de Polo Menárguez
Prémio da Crítica de Melhor Longa-Metragem: Ciutat Morta, de Xavier Artigas e Xapo Ortega
Menção Especial do Jurado Jovem URJC de Longas-Metragens: Ciutat Morta, de Xavier Artigas e Xapo Ortega
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Secção Oficial de Curtas-Metragens
Primeiro Prémio: Soy Tan Feliz, de Juan Gautier
Segundo Prémio: Os Meninos do Rio, de Javier Macipe
Prémio TAI: Soy Tan Feliz, de Juan Gautier
Melhor Fotografia: Zacarías e Macgregor, Similo
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Secção Oficial de Curtas-Metragens e Sócios PNR
Prémio do Público: 40 Aniversario, de J. Enrique Sánchez
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Secção Oficial Sócios PNR
Prémio de Melhor Curta-Metragem Sócios PNR: Eladio y la Puerta Interdimensional, de María Giráldez e Miguel Provencio
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domingo, 19 de outubro de 2014

XX Festival Caminhos do Cinema Português 2014: selecção oficial

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Selecção Caminhos
Longas-Metragens de Ficção
7 Pecados Rurais, de Nicolau Breyner
Bobô, de Inês Oliveira
É o Amor, de João Canijo
Eclipse em Portugal, de Alexandre Valente
Famel Top Secret, de Jorge Monte Real
O Frágil Som do Meu Motor, de Leonardo António
O Grande Kilapy, de Zézé Gamboa
O Primeiro Verão, de Adriano Mendes
Um Fim do Mundo, de Pedro Pinho
A Vida Invisível, de Vítor Gonçalves
Virados do Avesso, de Edgar Pêra
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Documentários
Aldeia dos Tísicos, de Hugo Dinis Neves
Alentejo, Alentejo, de Sérgio Tréfaut
Caçadores de Anjos, de Isabel Medina
Chico Malha, de Guilherme Gomes e Miguel Reis
Conversas do Mundo, de Projecto Alice - CES(UC) e Pedro Neves
E Agora? Lembra-me, de Joaquim Pinto
I Love Kuduro, de Mário Patrocínio
O Inverno no Jardim, de Ricardo Espírito Santo
Lápis Azul, de Rafael Antunes
Nós os Chineses, de Carlos Fraga
Pára-me de Repente o Pensamento, de Jorge Pelicano
O Rio - Parte 2, de Luís Antero e Tiago Cerveira
Silêncios de um Gesto, de Pedro Sousa
Terra, de Pedro Lino
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Curtas-Metragens de Ficção
Alex e Liliane, de Fernando Centeio
Bicicleta, de Luís Vieira Campos
Bodas de Papel, de Francisco Antunez
Branco, de Luís Alves
Bué Sabi, de Patrícia Vidal Delgado
Canal, de Rita Nunes
Cigano, de David Bonneville
Coisa de Alguém, de Susanne Malorny
Coro dos Amantes, de Tiago Guedes
O Coveiro, de André Gil Mata
Dédalo, de Jerónimo Rocha
Dios por el Cuello, de José Trigueiros
Eden, de Fábio Freitas
Fatale, de Dário Ribeiro
Imaculado, de Gonçalo Waddington
Longe do Éden, de Carlos Amaral
Maria, de Joana Viegas
Maria, de Mariana Marques
Os Meninos do Rio, de Javier Macip
O Meu Avô, de Tony Costa
Miami, de Simão Cayatte
Na Escama do Dragão, de Ivo M. Ferreira
Outono, de Marco Amaral
Ponto Morto, de André Godinho
Por Aqui Nada de Novo, de Pedro Augusto Almeida
O Que Eu Entendo por Amor, de Ricardo Martins
Toda a Serra tem a Sua Bruxa, de Luís Belo, Ana Seia de Matos e L Filipe dos Santos
Torres, de André Guiomar
Triângulo Dourado, de Miguel Clara Vasconcelos
Uma Noite na Praia, de São José Correia
Videoclube, de Ana Almeida
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Animação
20 Desenhos e Um Abraço, de José Miguel Ribeiro
Ana Um Palíndromo, de Joana Toste
O Canto dos 4 Caminhos, de Nuno Amorim
Carrotrope, de Paulo D'Alva
Fado na Noite, de Fernando Relvas
Navegar, de Carlos Silva e Pedro Almeida
Raquel Silvestre, A Pastora, de Marina Palácio
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Ensaios Visuais
Caminhos do Cinema Português
Esperança, de Pedro Branco
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DocNomads
Bétail, de Joana Sousa
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Associação Diogo de Azambuja - Escola Profissional de Montemor-o-Velho
O Tesouro da Doçaria Conventual, de Telmo Simões
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Escola Superior Artística do Porto
Ao Salvamento!, de Ricardo Leite
Balança, de Rui Falcão
É de Espinho Viva!, de Ricardo Leite
O Filho da Mãe, de Gonçalo Loureiro
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Instituto Politécnico de Coimbra - Instituto Superior de Engenharia de Coimbra
Os Tomates do Padre Inácio, de Horácio Batalha
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Instituto Politécnico de Leiria
Agora Nós!, de Pedro Soares
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Instituto Politécnico de Leiria - Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Raínha
In/Operável, de Carolina Val-do-Rio
Imóvel, de Sérgio Galvão Roxo
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Instituto Politécnico de Lisboa - Escola Superior de Teatro e Cinema
O Corpo Maior, de Marta Moreno e Bárbara Janicas
Estranhamento, de Pedro Cabeleira
Fúria, de Diogo Baldaia
O Sítio Onde as Raposas Dizem Boa Noite, de Rui Esperança
Tudo Vai sem se Dizer, de Rui Esperança
Um Cadáver Chamado Alfredo, de João Estrada
Vulto, de Diogo Baldaia
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Instituto Politécnico de Tomar - Escola Superior de Tecnologia de Abrantes
Lazareto, de Diogo Allen
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Instituto Politécnico do Porto - Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo
Se o Dia Chegar, de Pedro Santasmarinas
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L'École de Métiers du Cinéma et de la Télévision - EICAR, Paris
Com o Passar dos Dias, de Filipa Ruiz
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Les Fresnoy - Universidade Lusófona
Antero, de Ico Dias
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New York University
The Buffalo Kid, de Pedro Marnoto
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Restart - Instituto de Criatividade, Artes e Novas Tecnologias
Íris, de Hugo Magro
Luz, de Tiago Brito
Nuvula, de Hugo Magro
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Universidade Católica do Porto
Pena Fria, de Luís Costa
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Universidade da Beira Interior
Demência, de Rafael Almeida
Fronteira, de António Lopes
O Homem que Remava o Barco, de Bruno Rosa
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Universidade de Coimbra - Centro de Estudos Sociais
Uma Revolução Tranquila. Os Orçamentos Participativos numa Perspectiva Portuguesa, de Pierre Stoeber e Giovanni Allegretti
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Universidade Lusófona
Alda, de Ana Cardoso, Filipe Fonseca, Liliana Sobreiro e Luís Catalo
É Consideravelmente Admirável que Ainda Penses em Mim como se Ainda aqui Estivesse, de André Mendes e Andreia Neves
Esquizophonia, de André Miranda e Diogo Leitão
A Máquina, de Mafalda Marques
Mupepy Munatim, de Pedro Peralta
O Segredo Segundo António Botto, de Rita Filipe e Maria Azevedo
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Caminhos Júniores
Afonso Henriques: O Primeiro Rei, de Pedro Lino
A Bateira Ida na Lagoa de Óbidos, de Cláudio Barroca
Chocolatando, de Estudantes de 8º ano coordenados por Lorenzo degl'Innocenti e Vitor Estudante
O Gigante Egoísta, de Alunos do 1º ciclo sob a orientação de Marta Monteiro
O Homem da Cabeça de Papelão, de Pedro Lino e Luís da Matta Almeida
A Minha Casinha, de Maria Raquel Atalaia
Nau Caxineta, de Alunos do 4º ano sob a orientação de Vasco Sá e David Doutel
Navegar, de Carlos Silva e Pedro Almeida
O Relógio de Tomás, de Cláudio Sá
Saltinhos... a Madrid, de Luís da Matta Almeida e Pedro Lino
Saltinhos... a Paris, de Luís da Matta Almeida e Pedro Lino
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A Lã e a Neve (2014)

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A Lã e a Neve de João Vladimiro é um documentário português presente na Competição de Longas-Metragens da mais recente edição do DocLisboa a decorrer na Culturgest e Cinema São Jorge, em Lisboa.
Madalena Victorino marcou a arte e a comunidade bem como a sua relação entre artistas e população para quem dirige os espectáculos que encena. Este documentário acompanha a direcção de um espectáculo que se propõe apresentar em Leiria e a forma e problemas que estão inerentes a um espectáculo artístico colectivo onde todos precisam de encontrar a sintonia perfeita para a execução do trabalho a que se propõem.
Quando as diferentes dinâmicas colidem entre aquele que lidera e aqueles que são liderados, coloca-se a questão se, no final, o espectáculo irá estar de pé.
João Vladimiro tenta através de A Lã e a Neve apresentar por um lado as linhas que dinamizam e sustentam toda uma rede de relações pessoais e profissionais que se tendem a estabelecer num trabalho de equipa e que, em última análise, se pretendem consolidar para fortalecer a apresentação de um trabalho final, neste caso, artístico sob a forma de um bailado - os finos fios da lã, sempre frágeis mas persistentes. Por outro, temos a ligeireza dessas mesmas relações que demoram a ser estabelecidas, primeiramente formando o chão por onde caminhar para pôr de pé um espectáculo mas sem esquecer que esse mesmo chão é fino e fácil de quebrar, numa ilustração sobre as relações humanas entre diversos profissionais de uma mesma área que se encontram em polos diferentes dessa mesma relação - líder e liderados.
Interessante do ponto de vista da criação de relações profissionais, A Lã e a Neve está longe de ser um documentário dinâmico na abordagem às relações humanas que se esperariam existir e que, de certa forma, fortaleceriam a própria relação laborar que se tinha como primeiro intuito. Vago, disperso e por vezes monótono, este documentário que não termina da forma como se esperaria depois de toda uma produção aparatosa e intensa, apaga-se com ainda menos intensidade do que aquela com se que iniciou onde todo um conjunto de profissionais - mais ou menos dispostos e entregues à causa - se preparavam para iniciar um novo projecto. Morno, muito morno, cairá facilmente no esquecimento pela sua falta de mensagem... ainda que tentada.
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4 / 10 
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sexta-feira, 17 de outubro de 2014

E Agora? Lembra-me com mais um prémio internacional

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E Agora? Lembra-me, o multi-premiado - dentro e fora fronteiras - documentário de Joaquim Pinto e o candidato português ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro acaba de receber, desta vez na Bélgica, o Prémio L'Âge d'Or atribuído pela Cinematek.
O L'Àge d'Or foi iniciado por Jacques Ledoux com o intuito de "apoiar filmes poéticos e subversivos que quebrassem as barreiras do conformismo do cinema e da sociedade". Este prémio tem ainda o intuito de "renovar o espírito de pesquisa e audacidade de outro evento da Cinemateca, o festival EXPRMNTL" onde o primeiro L'Âge d'Or fora atribuído.
Assim, o L'Âge d'Or tem como principal intuito olhar para o cinema, independentemente da sua duração ou formato, "pela aura das suas imagens, pela força da sua edição, som ou silêncio".
Ao anunciar E Agora? Lembra-me como o vencedor, o júri referiu que "é um filme que transforma o pessoal em político (...) é político na sua corajosa busca de uma forma sensível de focar o íntimo para o exterior. (...) É político na premissa de uma sensibilidade que desloca as experiências contemporâneas de desilusão e resignação, oferecendo uma forma de estar no presente que talvez necessite de viver ao máximo aquilo que falta viver".
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Misty Upham

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1982 - 2014
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