Spy Kids 2: A Ilha dos Sonhos Perdidos de Robert Rodriguez é a sequela de Spy Kids (2001), também do realizador mexicano que volta a apresentar ao espectador as aventuras de Carmen (Alexa Vega) e Juni (Daryl Sabara) que são agora, tal como os pais Gregorio (Antonio Banderas) e Ingrid (Carla Gugino) espiões da OSS.
Numa missão cujo objectivo é salvar o mundo, Carmen e Juni embarcam numa viagem para uma ilha perdida no meio do oceano onde vive Romero (Steve buscemi), um cientista solitário cujos planos de domínio do planeta ameaçam a estabilidade do mesmo... ou talvez não!
Sucesso imediato junto de um público mais jovem, Robert Rodriguez criou a sequela que entregaria ainda mais títulos das desventuras destes dois irmãos, aqui numa obra que apela não à criatividade nem tão pouco ao engenho mais sim a um certo congelamento cerebral daqueles que tentam acompanham uma história não só repleta de pontas soltas como principalmente de lugares comuns e pobres noções de que... quanto mais jovem... mais imbecil - no caso do público - e igualmente privados de massa acéfala os actores independentemente das suas idades.
Tudo se inicia num parque de diversões onde estas são muito futuristas para serem reais... e, mesmo que o fossem, o espectador fica sempre com a noção de que os seus directos utilizadores - as crianças - tentam tecer comentários excessivamente inteligentes mas que, na prática, parecem recitados do livro de receitas das suas avós já perdidos no fundo da gaveta. Esta tentativa de transformar pequenas crianças em génios de encomenda transforma este Spy Kids 2: Island of Lost Dreams numa história que amedronta qualquer espectador mais destemido pois permanece a dúvida de que ou o filme é de facto inteligente demais para que o mesmo o perceba ou, afinal, está tão absurdamente ridículo que se torna num insulto o tempo que se utilizou para o visualizar.
Pelo meio o que esperar? Efeitos especiais nem sempre dotados de grande rigor ou qualidade, afinal por momentos parece que estamos a assistir a um filme da década de 50 onde tudo ainda era suficientemente rudimentar (aos olhos deste presente) para que os espectadores se importassem de facto, interpretações tão medíocres que assustam pela sua falta de expressividade e opacidade remetendo os actores para cómicos de situação pouco dignos dos percursos cinematográficos que têm, com os anos, estabelecido não tendo, ao mesmo tempo, qualquer tipo de conteúdo ou motivação e um argumento fraco o suficiente para que o espectador saia da sala de cinema sem perceber muito bem qual o intuito principal desta longa-metragem para lá do óbvio "fazer dinheiro" à custa de uma primeira entrega que.... "resultou".
Spy Kids 2: Island of Lost Dreams é uma longa-metragem falhada onde participam actores como os já referidos Banderas e Gugino ou outros com participações especiais como, por exemplo, Steve Buscemi, Bill Paxton, Danny Trejo, Cheech Marin, Ricardo Montalban ou Holland Taylor onde os tais "sonhos perdidos" apenas se podem referir às carreiras destes actores que facilmente poderiam eclipsar e perder-se se isto fosse o melhor que os mesmos conseguem apresentar nos últimos anos. Interpretações estas que levam o espectador a perguntar porque motivos participarão neste tipo de histórias que em nada acrescentam a tudo aquilo que têm feito ao longo das suas vidas profissionais e nos deixam incrédulos pela sua presença num filme que parece viver de pequenos segmentos sem graça.
Tentada a sequela num mix de comédia, aventura e muitos efeitos especiais o que sobra mencionar sobre Spy Kids 2: Island of Lost Dreams? Na prática... muito pouco ou nada. As personagens adultas parecem dotadas de muito pouca inteligência vivendo alegres e contentes num mundo que - aparentemente - está sempre pronto a ser corrompido pela "próxima mente do crime" deixando-se "viver" à custa de uma comédia inexistente enquanto que, por sua vez, os jovens actores interpretam pequenos génios capazes de salvar o mundo com cargos de "chefia" numa organização de espionagem que os credencia enquanto tal. Se tudo isto não parecesse por si só impossível de acontecer, o desenvolvimento emocional e psicológico - se é que algum - dos mesmos demonstra que o espectador está perante uma qualquer realidade distorcida e que é, também ela, pouco credível quando depara com todo um universo subaquático ou ocorrido na ilha misteriosa onde... nem nos sonhos mais improváveis se equaciona quanto mais num universo onde se tenta passar alguma credibilidade àquilo que não a tem.
Se todos estes elementos não fossem suficientes para remeter esta longa-metragem para o universo dos filmes a "dispensar", eis que chega o momento filosófico da coisa quando um "Dr. Romero" interpretado por um sub-aproveitado Steve Buscemi - que fará ele aqui?! - se questiona sobre a existência de um Deus que observa a sua criação sem, no entanto, nela intervir. Deixando de parte a minha crença que duvida que algum do seu público pense sequer nesta afirmação, Spy Kids 2: Island of Lost Dreams deixa o espectador estupefacto pela quantidade de momentos sem sentido ou falta de coerência que se atropelam a cada instante.
Robert Rodriguez tem o seu próprio género, corrente e público... Aqui mais não fez do que criar algo que lhe conferisse um cheque bem abonado esquecendo-se que, no entanto, passou muito de perto no campo da falta de credibilidade arriscando-se a submeter toda uma obra para os confins de um universo cinematográfico onde nenhuma das suas criações de "espiões infantis" conseguiria voltar a de lá retirá-lo. O seu Spy Kids 2: Island of Lost Dreams consegue suplantar filmes considerados como os "piores do ano" colocando-se muito de perto no seu top três. Fraco, pobre, sem espírito ou graça... quando pensarmos em entretenimento - mesmo aquele para as crianças - Spy Kids 2: Island of Lost Dreams é o tipo de filme do qual nos devemos manter longe... muito longe e, tal como o seu título indica... se aqui houve sonho... este perdeu-se e foi esquecido.
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"Dr. Romero:
Do you think God stays in heaven because he too, lives in fear of what he's created?"
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