quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Helena Ramos

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1954 - 2018
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British Independent Film Awards 2018: os nomeados

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Foram hoje anunciados os nomeados aos British Independent Film Awards que premeiam a excelência do melhor cinema independente britânico tendo, entre os nomeados, alguns dos títulos mais desejados desta temporada de prémios nomeadamente Disobedience, de Sebastián Lelio e The Favourite, de Yorgos Lanthimos.
São os nomeados:
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Melhor Filme Britânico Independente
American Animals, de Bart Layton
Beast, de Michael Pearce
Disobedience, de Sebastián Lelio
The Favourite, de Yorgos Lanthimos
You Were Never Really Here, de Lynne Ramsay
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The Discovery Award
The Dig, de Andy Tohill e Ryan Tohill
Irene's Ghost, de Iain Cunningham
A Moment in the Reeds, de Mikko Makela
Super November, de Douglas King
Voyageuse, de May Miles Thomas
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Melhor Documentário

Being Frank: The Chris Sievey Story, de Steve Sullivan
Evelyn
Island
Nae Pasaran, de Felipe Bustos Sierra
Under the Wire, de Christopher Martin
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Melhor Curta-Metragem Britânica
The Big Day, de Dawn Shadforth
Bitter Sea, de Fateme Ahmadi
The Field
To Know Him
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Melhor Filme Internacional Independente
Capharnaüm, de Nadine Labaki (Líbano)
Manbiki Kazoku, de Hirozaku Koreeda (Japão)
The Rider, de Chloé Zhao (EUA)
Roma, de Alfonso Cuarón (México)
Zimna Wojna, de Pawel Pawlikowski (Polónia)
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Produtor Revelação
Kristian Brodie, Beast
Jacqui Davies, Ray & Liz
Anna Griffin, Calibre
Marcie Maclellan, Apostasy
Faye Ward, Stan & Ollie
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Melhor Realização
Andrew Haigh, Lean on Pete
Yorgos Lanthimos, The Favourite
Bart Layton, American Animals
Michael Pearce, Beast
Lynne Ramsay, You Were Never Really Here
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The Douglas Hickox Award - Realização Revelação
Richard Billingham, Ray & Liz
Daniel Kokotajlo, Apostasy
Matt Palmer, Calibre
Michael Pearce, Beast
Leanne Welham, Pili
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Melhor Actor
Joe Cole, A Prayer Before Dawn
Steve Coogan, Stan & Ollie
Rupert Everett, The Happy Prince
Joaquin Phoenix, You Were Never Really Here
Charlie Plummer, Lean on Pete
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Melhor Actriz
Gemma Arterton, The Escape
Jessie Buckley, Beast
Olivia Colman, The Favourite
Maxine Peake, Funny Cow
Rachel Weisz, Disobedience
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Melhor Actor Secundário
Steve Buscemi, Lean on Pete
Barry Keoghan, American Animals
Alessandro Nivola, Disobedience
Evan Peters, American Animals
Dominic West, Colette
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Melhor Actriz Secundária
Nina Arianda, Stan & Ollie
Rachel McAdams, Disobedience
Emma Stone, The Favourite
Rachel Weisz, The Favourite
Molly Wright, Apostasy
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Prémio Revelação
Jessie Buckley, Beast
Michaela Coel, Been So Long
Liv Hill, Jellyfish
Marcus Rutherford, Obey
Molly Wright, Apostasy
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Melhor Argumento
Deborah Davis e Tony McNamara, The Favourite
Bart  Layton, American Animals
Sebastián Lelio e Rebecca Lenkiewicz, Disobedience
Michael Pearce, Beast
Lynne Ramsay, You Were Never Really Here
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Argumentista Revelação
Karen Gillan, The Party’s Just Beginning
Daniel Kokotajlo, Apostasy
Bart Layton, American Animals
Matt Palmer, Calibre
Michael Pearce, Beast
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Os vencedores serão conhecidos numa cerimónia a realizar no próximo dia 2 de Dezembro, em Londres.
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segunda-feira, 29 de outubro de 2018

DocLisboa - Festival Internacional de Cinema 2018: os vencedores

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Terminou este Domingo a décima-sexta edição do DocLisboa - Festival Internacional de Cinema que decorreu desde o passado dia 18 na capital.
Foram os vencedores:
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Competição Internacional
Grande Prémio Cidade de Lisboa: Greetings from Free Forests, de Ian Soroka
Prémio Sociedade Portuguesa de Autores: The Guest, de Sebastian Weber
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Competição Portuguesa
Filme: Terra, de Hiroatsu Suzuki e Rossana Torres
Prémio Kino Sound Studio: Pele de Luz, de André Guiomar
Menção Honrosa: Vacas e Raínhas, de Laura Marques
Prémio Escolas - Prémio ETIC: Terra Franca, de Leonor Teles
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Competição Transversal
Prémio Revelação: Cidade Marconi, de Ricardo Moreira
Menção Honrosa: Amanecer, de Carmen Torres e Paul Is Dead, de Antoni Collot
Curta-Metragem: The Guest, de Sebastian Weber
Prémio do Público: Vadio, de Stefan Lechner
Prémio Prática, Tradição e Património: Vacas e Raínhas, de Laura Marques
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Competição Verdes Anos
Filme: After the Fire, de Ahsan Mahmood Yunus
Prémio Especial: Aos Meus Pais, de Melanie Pereira
Prémio Doc's Kingdom - Realização: Hosein Jalilvand, Song of the Bell
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Arché
Prémio RTP: Fantasmas, Caminho Longo para Casa, de Tiago Siopa
Prémio FCSH: Viagem aos Makonde de Moçambique, de Catarina Alves Costa
Prémio Arquipélago: La Playa de los Encharquidos, de Iván Mora Manzano
Prémio Bienal Arte Jovem: Amor e Medos Estranhos, de Deborah Viegas
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domingo, 28 de outubro de 2018

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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Alma Clandestina (2018)

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Alma Clandestina de José Barahona (Brasil) é um dos documentários presentes na secção Da Terra à Lua da décima-sexta edição do DocLisboa - Festival Internacional de Cinema a decorrer na capital até ao próximo Domingo.
Maria Auxiliadora Lara Barcellos. Activista política que lutou contra a ditadura no Brasil na década de '60 e que se viu forçada a viver no exílio na América Latina e na Europa depois de períodos de detenção e tortura. Dorinha, como era conhecida pelos que lhe eram mais próximos, suicidou-se em 1976 em Berlim deixando, no entanto, um legado de vida que deve ser novamente analisado.
Depois de Estive em Lisboa e Lembrei de Você (2015) essa obra (não tão) ficcionada sobre a emigração brasileira para a capital portuguesa, o realizador José Barahona regressa com esta obra documental que versa sobre um importante e não tão distante período da História recente do Brasil que não só é pertinente pela sua contextualização histórica como principalmente pelos tempos que hoje o país vive onde a política regride voluntariamente a estes idos anos.
Se em Estive em Lisboa e Lembrei de Você Barahona explora a dinâmica de um cidadão brasileiro em busca de melhores dias para a sua vida, encontrando em Lisboa o tal "eldorado" sob a forma de uma solidão que pode, no entanto, proporcionar-lhe um novo começo - não necessariamente melhor -, em Alma Clandestina o realizador propõe um olhar pertinente, perturbador, não distante e actual sobre a vida de uma activista política que, como tantos outros, incluindo o "Sérgio" interpretado por Paulo Azevedo na já mencionada obra, mais não procura do que uma vida justa e igualitária com todas as oportunidades que são sentidas como merecidas. Mas, bem distante da ficção, aquilo que Alma Clandestina proporciona ao espectador é, para lá de uma história, um relato sobre a crueldade de um regime que (se) impõe eliminando sem qualquer pudor todos os que lhe façam frente.
Foi neste período de ditadura militar iniciado em 1964 e que apenas viria a terminar em 1985 que o Brasil viu não só o seu retrocesso nas liberdades individuais como também culturais o que levou a Maria Auxiliadora Barcellos a uma vida de exílio que a fez passar pelo Chile, México, Bélgica, França e Alemanha. Neste período, distante da sua família e do país onde nascera, a activista viria a estabelecer um conjunto de comunicações com a sua família no Brasil e que Alma Clandestina aborda como uma forma de conhecer não só a política (contemporânea de Dilma Rousseff), como também - e principalmente - a mulher por detrás de toda esta militância.
"Dorinha" é caracterizada por todos como uma mulher forma de aparência frágil. Alguém capaz de discutir assertivamente assuntos sociais e políticos deixando aqueles que a escutavam interessados e conscientes mas, ao mesmo tempo, é o distanciamento desta mulher do seu ambiente natural que a caracterizam como uma mulher de certa forma atormentada com a impossibilidade de uma liberdade vivida nesse seu Brasil cada vez mais distante. Maria Auxiliadora Barcellos viria a morrer - por suicídio - em Berlim em 1976 com 31 anos de idade. Longe da Democracia que tanto ambicionara para o seu país, seriam os tormentos de uma vida "em fuga" que viriam a caracterizar o seu pensamento, o seu comportamento e principalmente a sua queda física e emocional longe desse país que se deixou mergulhar numa ditadura que perseguia, torturava e eliminava aqueles que se lhe opunham. É esta dinâmica, para lá dessa contextualização histórica que é aqui tão bem enquadrada pelo realizador, que se explora dando assim forma à mente e ao pensamento de uma mulher atormentada, fisicamente distante mas mentalmente comprometida com um desejo de liberdade e Democracia que o país não vivia. Num momento é inclusive equiparado ao sentimento de "Dorinha" aquele tido pelos escravos africanos que compreendiam nunca mais pisar a sua terra levados pelos barcos negreiros para as terras de Vera Cruz... banzu... uma profunda nostalgia e saudade que a levaram a querer representar toda uma nova vida nessa clandestinidade que era, também ela, opressora e limitadora na medida em que não lhe conferiam qualquer possibilidade de viver a sua vida nesse Brasil que sempre sonhara e imaginara... o tal no qual "olhava para o céu que a alimenta", revelador da sua extrema esperança nesse lugar comum a que todos nós em liberdade apelidamos de "dias melhores".
Os seus pensamentos inundam os testemunhos daqueles que com ela conviveram assim como as cartas que deixara para trás como desabafos de uma vida... vivida mas saturada... desencantada até. O desencanto pela ideia de um Brasil "caridoso" no qual afirma existir apenas pela inferioridade do ."outro" e que denuncia toda a sua fragilidade emocional e revolta psicológica pela perpetuação de um regime que insistia na diminuição dos que com ele não concordam e até mesmo por uma incerteza que a colocava e aos demais militantes numa condição oscilante entre "exilados" e "banidos" impossibilitando-os de qualquer reconhecimento internacional independentemente do local em que se encontrassem.
Mas, são as memórias desse período de torturas e dos seus torturadores que tudo utilizavam da agressão física e emocional sem esquecer a sexual que, em boa medida, Alma Clandestina apresenta ao espectador. Contrariamente a tantos outros documentários do género, aqui José Barahona centra a dinâmica de uma acção não nos infindáveis relatos sobre o que se passava para lá das paredes de uma qualquer prisão para onde eram levados os opositores políticos mas sim nos testemunhos na primeira pessoa sobre o que por lá acontecia. Não escutamos momentos sobre tortura ou pressão física e psicológica que qualquer um de nós mais atento ou interessado nestes documentos históricos já não conheça de tantas outras obras. Aqui, por sua vez, escutamos os desabafos de uma dessas intervenientes e compreendemos principalmente a sua degradação emocional enquadrando as suas palavras - bem como o que elas escondem - no período histórico em questão e a sua involuntária perda para com esses pensamentos questionando-se o espectador por diversas vezes sobre o trauma que a memória guarda dividindo Maria Auxiliadora em três momentos específicos... um certo ideal de felicidade junto dos seus... a dor e a revolta de um presente de tortura e fuga... e finalmente a compreensão de um futuro que (in)conscientemente reconhecia ser incerto. Para lá de qualquer registo sobre a ditadura - a noção pressupõe (ou deveria) per si toda uma conotação negativa - Alma Clandestina é sim o registo da força de vida de uma mulher mas também das suas ânsias e fragilidades que lentamente a consumiram e se transformaram num desespero crescente e imparável.
Baseado em testemunhos daqueles que com ela conviveram, em diversas das suas cartas e em textos como Continuo Sonhado e Buti, Alma Clandestina é o documentário necessário e pertinente não só enquanto um documento histórico como também enquanto um espelho dos dias que agora estão novamente a ser vividos no Brasil, onde o discurso político ultra-radicalizado ganha toda uma nova dinâmica e no qual parece novamente querer perseguir aqueles que se lhe opõem ou são considerados "inimigos", criando divisões, grupos e segmentos de exclusão e sobretudo uma certa consciência social da existência de um "eu" e o "outro" residindo na primeira pessoa essa ideia de positividade e iluminação que é imediatamente confiscada a todos aqueles que não partilham o mesmo ideal do "líder" e da silenciosa ditadura que se instala... com o consentimento de um povo nem sempre esclarecido e tantas vezes politicamente ignorante que procura um Messias num suposto rosto de lei carismático e igualmente perigoso.
A alma, mesmo enclausurada, nunca se transforma em capturada. O testemunho da vida de Maria Auxiliadora Barcellos aqui trazido ao grande ecrã por José Barahona comprova sim, que pode ser frágil, que pode tremer ou até mesmo viver nessa clandestinidade que o próprio título do documentário assume... Mas é esse mesmo tormento e até mesmo essa clandestinidade que a tornam livre... Livre de escolher o seu dia e o seu amanhã dentro de todas as incertezas que lhe estão inerentes a uma vida que é, de certa forma, vivida num cativeiro a céu aberto, sem paredes ou grades que o tolhem mas que, ao mesmo tempo, não lhe possibilitam a proximidade aos seus e ao que é seu como a mesma desejaria.
Assim, se Alma Clandestina é importante por esta perspectiva histórica e pessoal da vida de uma mulher que é essencialmente intemporal... mais relevante se transforma a partir do momento em que o espectador consciente compreende os dias pelos quais o Brasil, e até mesmo um pouco do mundo, atravessa.
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"Estar vivo e existir não é respirar... É sentir uma pulsação que te empurra."
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8 / 10
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quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Prémio Sakharov 2018 para...

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... o realizador Ucraniano Oleg Sentsov.
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O Prémio Sakharov de Liberdade de Pensamento em honra do dissidente político Soviético Andrei Sakharov atribuído desde 1988 a indivíduos e organizações que lutam em prol dos Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais, distinguiu o realizador de uma lista que incluía ainda as organizações não-governamentais que defendem os Direitos Humanos e salvam os migrantes em perigo no Mediterrâneo e ainda Nasser Zefzafi, líder do Hirak, um movimento de protesto em Marrocos.
Ao anunciar o laureado desta trigésima edição do Prémio Sakharov, o Presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, referiu que "Através da sua coragem e determinação, ao pôr a sua vida em perigo, o realizador Oleg Sentsov tornou-se num símbolo da luta pela libertação de prisioneiros políticos na Rússia e por todo o mundo" acrescentando que "ao atribuir-lhe o Prémio Sakharov, o Parlamento Europeu expressa a sua solidariedade para com ele e a sua causa. Pedimos que seja imediatamente libertado. A sua luta relembra-nos que é o nosso dever defender os Direitos Humanos por toda a parte do mundo e sob todas as circunstâncias".
Sentsov fora sentenciado a vinte anos de prisão por "planear actos terroristas" contra o controle russo "de facto" na região ucraniana da Crimeia, tendo a Amnistia Internacional descrito o processo judicial como "injusto num tribunal militar".
O realizador transformou-se num símbolo de aproximadamente setenta cidadãos Ucranianos detidos ilegalmente e condenados a pesadas penas de prisão pelas forças de ocupação russas na Península da Crimeia. Sentsov encontrava-se numa greve de fome desde Maio que havia terminado no início do mês depois de ter sido ameaçado de ser alimentado de forma coerciva.
A cerimónia de entrega do Prémio Sakharov irá decorrer no próximo dia 12 de Dezembro no Parlamento Europeu em Estrasburgo.
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terça-feira, 23 de outubro de 2018

James Karen

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1923 - 2018
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European Film Awards - Filme de Animação e Comédia Europeia 2018: os nomeados

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A Academia Europeia de Cinema divulgou esta segunda-feira os nomeados aos seus prémios anuais nas categorias de Filme Europeu de Animação e Melhor Comédia Europeia. São os nomeados:
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Melhor Comédia Europeia
The Death of Stalin, de Armando Iannucci
Diamantino, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt
Le Sens de la Fête, de Eric Toledano e Olivier Nakache
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Melhor Filme Europeu de Animação
Another Day of Life, de Raul de la Fuente e Damian Nenow
The Breadwinner, de Nora Twomey
Croc-Blanc, de Alexandre Espigares
Early Man, de Nick Park
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Os vencedores destas e das demais categorias serão conhecidos na cerimónia da trigésima-primeira edição dos European Film Awards a realizar no próximo dia 15 de Dezembro, em Sevilha.
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segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Shortcutz Viseu - Sessão #112

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A Sessão #112 do Shortcutz Viseu chega na próxima sexta-feira sob a forma de uma sessão especial inteiramente dedicada ao MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa onde serão exibidos alguns filmes curtos que passaram pela última edição do festival.
Assim, e para todos aqueles que apreciam uma noite de terror e suspese, It's Thight But It Hardly Chokes, de David P. Sañudo (Espanha), Conductor, de Alex Nover (EUA), Centrifugado, de Mireia Noguera (Espanha), The Hour of Darkness, de Domenico de Feudis (Itália) e Lunch Ladies, de Clarissa Jacobson (EUA) compõe uma noite inteiramente dedicado ao género que irá ter lugar, uma vez mais, na Quinta da Cruz - Centro de Arte Contemporânea a partir das 22 horas do próximo dia 26 de Outubro.
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sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Diana Sowle

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1930 - 2018
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quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Gotham Independent Film Awards 2018: os nomeados

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Foram hoje anunciados os nomeados aos Gotham Independent Film Awards, os primeiros que "abrem" oficialmente a temporada de prémios às produções cinematográficas do último ano.
Entre as surpresas e as confirmações, os nomeados são:
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Melhor Filme
The Favorite, de Yorgos Lanthimos
First Reformed, de Paul Schrader
If Beale Street Could Talk, de Barry Jenkins
Madeline's Madeline, de Josephine Decker
The Rider, de Chloé Zhao
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Melhor Documentário
Bisbee' 17, de Robert Greene
Hale County This Morning, This Evening, de RaMell Ross
Minding the Gap, de Bing Liu
Shirkers, de Sandi Tan
Won't You Be My Neighbor?, de Morgan Neville
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Bingham Ray Award - Realizador Revelação
Bo Burnham, Eighth Grade
Ari Aster, Hereditary
Crystal Moselle, Skate Kitchen
Boots Riley, Sorry to Bother You
Jennifer Fox, The Tale
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Melhor Actor
Adam Driver, BlacKkKlansman
Ben Foster, Leave No Trace
Richard E. Grant, Can You Ever Forgive Me?
Ethan Hawke, First Reformed
Lakeith Stanfield, Sorry to Bother You
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Melhor Actriz
Glenn Close, The Wife
Toni Collette, Hereditary
Kathryn Hahn, Private Life
Regina Hall, Support the Girls
Michelle Pfeiffer, Where Is Kyra?
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Intérprete Revelação
Yalitza Aparicio, Roma
Elsie Fisher, Eighth Grade
Thomasin Harcourt, Leave No Trace
Helena Howard, Madeline's Madeline
Kiki Layne, If Beale Street Could Talk
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Prémio Especial do Jurado - Elenco: The Favorite, Olivia Colman, Emma Stone e Rachel Weisz
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Melhor Argumento
The Favorite, Deborah Davis e Tony McNamara
First Reformed, Paul Schrader
Private Life, Tamara Jenkins
Support the Girls, Andrew Bujalski
Thoroughbreds, Cory Finley
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Os vencedores serão conhecidos numa cerimónia a realizar no próximo dia 26 de Novembro, em Nova York.
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quarta-feira, 17 de outubro de 2018

César Fernandes

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1966 - 2018
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Marias da Sé (2018)

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Marias da Sé de Filipe Martins (Portugal) foi uma das obras apresentadas no âmbito do Family Film Project - Festival Internacional de Cinema que decorre até ao próximo dia 20 na cidade do Porto.
Num relato docu-ficcionado da vida no Bairro da Sé no Porto, o espectador acompanha o dia-a-dia de um conjunto de mulheres que ali habitam. Entre a comédia, o companheirismo, a vizinhança, as alegrias e algumas tristezas, conhecem-se momentos que formam a vida destas mulheres e de uma comunidade.
Realizador e autor do argumento, Filipe Martins cria aquilo que numa breve expressão pode ser considerado como uma pérola. Marias da Sé é, para lá de uma obra-prima ou talvez daquele último grande êxito de bilheteira nacional - não o será por uma eventual falta de distribuição em sala -, uma longa-metragem cheia de espírito, energia e principalmente coração.
Encontramo-nos no Porto. Mais concretamente no Bairro da Sé. Aqui a vida, aparentemente não abalada pelas vagas de turismo em massa que agora chegam às nossas cidades, é levada numa calma apenas perturbada pelos pequenos e rotineiros afazeres desse dia-a-dia tido com calma. Das conversas entre vizinhos aos pequenos encontros na rua, são apresentados ao espectador os seus principais intervenientes aqui protagonizados por um conjunto de mulheres do bairro que são como que a força motora do mesmo. Tudo acontece à sua volta e todas as dinâmicas estabelecidas em Marias da Sé têm-nas como as suas principais protagonistas deixando a principal mais valia do argumento de Filipe Martins recair na espontaneidade das palavras e das situações criadas entre uma comunidade que se conhece como às palmas das suas mãos. Ali não se encontram estranhos... por vezes nem sequer vizinhos. Ali encontra-se uma inesperada família tal a cumplicidade que estas mulheres criam e estabelecem entre si deixando o espectador criar - também ele - uma inesperada cumplicidade com estas personagens que o leva a querer participar nas suas histórias, nas suas pequenas conversas ou nos seus habituais encontros onde (se) conhecem os seus problemas, as suas alegrias e até mesmo os seus receios que, expostos ou não, se sentem nas dinâmicas criadas e até mesmo nas palavras não ditas por vezes mais reveladoras do que aqueles que em tom mais humorístico são proferidas pelas mesmas.
Há uma certa magia que Marias da Sé transporta nos seus escassos setenta minutos de duração. Magia essa que seduz e enfeitiça o espectador a compreender um pouco mais de perto o que é a verdadeira vizinhança e a disponibilidade para aqueles que co-habitam no mesmo espaço durante anos e que se compreendem como os verdadeiros alicerces de uma comunidade da qual também "nós" fazemos parte. Cumplicidade essa que apenas se pode compreender e perceber quando vivida nessa pequena comunidade de um daqueles ainda persistentes bairros típicos das nossas cidades - Lisboa e Porto exímios nesse elemento caracterizador - que, mesmo abalados por esse crescente turismo, ainda se mantêm fiéis a um espírito quase desaparecido onde as populações se conhecem, onde os estrangeiros facilmente se identificam e nos quais as pequenas tradições de bairro ainda se mantém isentas dessa transformação globalizante. Encontramo-lo na dinâmica estabelecida entre as peixeiras e os seus clientes - mais ou menos habituais - ou junto deste conjunto de mulheres que todos os dias se encontram naquele café onde conversam e partilham histórias, onde almoçam e se confidenciam, onde se zangam e se redimem e onde se expõem de forma cândida e cúmplice. O que ali se conta dali não sai... não existe nenhum compromisso verbal mas sim um acordo compreendido que todos os problemas são ali resolvidos e esquecidos iniciando, no dia seguinte, todo um idêntico mas renovado ritual que as transforma numa qualquer sociedade matriarcal onde a ordem e a lei são imediatamente proferidas e executadas.
Dentro de toda a seriedade que este conjunto de mulheres aqui expõe existe, ao mesmo tempo, toda uma veia humorística que se fomenta através dessas já referidas cumplicidades que tudo permitem dizer e escutar dando cor àquilo que todos nós conhecemos ser a "linguagem familiar" que se exibe ao longo de Marias da Sé. Longe das formalidades ou das ditas regras de cortesia que se fomentam em qualquer lugar (que mais não são do que um ritual de hipocrisia ao qual se apelida de "boa educação"), em Marias da Sé a dinâmica de bairro estabelecida entre estas mulheres leva-as à utilização de um calão que, não programado, confere todo um espírito elevado de boa disposição e humor que cativa o espectador para as suas dinâmicas de grupo e para a vivência entre as mulheres deste bairro, "líderes" de uma sociedade comunitária onde todos estão dispostos e disponíveis à entreajuda fruto de um conhecimento de décadas que não passa indiferente a ninguém.
Da matriarca Maria João à entusiasta Maria "Comunista", todas estas mulheres acrescentam às demais um pouco da sua alma... da frontalidade comum a todas ao sentimentalismo que uma doença ou condição mais frágil pode trazer a uma delas, e como tal... a todo o grupo, Marias da Sé é uma longa-metragem com alma - tantas vezes ausente do cinema -, capaz de fazer render o espectador mais sisudo, amolecer o mais sério e comover todos aqueles que se preparam para receber de coração aberto uma história que não só é popular como reflexo de um espírito imenso característico de uma cidade que se mantém fiel a si e à sua História. Filipe Martins conquista o público com esta tragédia agridoce ou comédia de espírito assertivo, conferindo a todos os seus breves - muito breves - setenta minutos - poderiam ser cento e oitenta que nunca iriam cansar o espectador - toda uma gigante alma quer pela cumplicidade exposta entre as suas protagonistas quer pela sua linguagem popular ou até mesmo pela preservação de um sotaque que apenas verdadeiras protagonistas poderiam reproduzir e que não se tentou - felizmente - adulterar mantendo toda uma alma nova numa história que se quer fiel (tão ou mais) quanto as mesmas o são para o bairro que é seu.
As pérolas no cinema por vezes tardam em aparecer... Filipe Martins fez aqui surgir uma que, seguramente, irá perdurar no tempo. Uma viva a todas as Marias da Sé.
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9 / 10
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Festival Caminhos do Cinema Português 2018: selecção oficial

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O Festival Caminhos do Cinema Português divulgou hoje a programação oficial da sua vigésima-quarta edição a decorrer entre os próximos dias 23 de Novembro a 1 de Dezembro, em Coimbra. Entre as várias centenas de obras visionadas, divididas entre Ficção, Documentário e Animação nos formatos de longa e curta-metragem, os seleccionados foram:
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Ficção
3 Anos Depois, de Marco Amaral
20-02-80, de Jerónimo Rocha
Amantes na Fronteira, de Atsushi Funahashi
Anjo, de Miguel Nunes
Anteu, de João Vladimiro
Aparição, de Fernando Vendrell
Aquaparque, de Ana Moreira
Cabaret Maxime, de Bruno de Almeida
California, de Nuno Baltazar
Calipso, de Paulo A. M. Oliveira
Caminhos Magnéticos, de Edgar Pêra
Carga, de Bruno Gascon
Como Fernando Pessoa Salvou Portugal, de Eugène Green
O Coração Revelador, de São José Correia
Descobrindo a Variável Perfeita, de Rafael Almeida
Os Dois Irmãos, de Francisco Manso
Drvo - A Árvore, de André Gil Mata
Equinócio, de Ivo M. Ferreira
A Estranha Casa na Bruma, de Guilherme Daniel
Filomena, de Pedro Cabeleira
Inversão, de Miguel Ângelo
Letters from Childhood, de José Magro
Leviano, de Justin Amorim
Luana, de Pedro Magano
Maria, de Catarina Neves Ricci
Mariphasa, de Sandro Aguilar
Nevoeiro, de Daniel Veloso
Pedro e Inês, de António Ferreira
Peregrinação, de João Botelho
Por Tua Testemunha, de João Pupo
A Portuguesa, de Rita Azevedo Gomes
Pródigo, de João Lourenço
O Quadro, de Paulo Araújo
Quando Pudermos, de Miguel Cardoso Faria
Quantas Vezes Tem Sonhado Comigo?, de Júlia Buísel
Russa, de João Salaviza e Ricardo Alves Jr.
O Segredo da Casa Fechada, de Teresa Garcia
Segunda-Feira, de Sebastião Salgado
Self Destructive Boys, de André Santos e Marco Leão
Soldado Milhões, de Gonçalo Galvão Teles
Sombra Luminosa, de Francisco Queimadela e Mariana Caló
Terra Amarela, de Dinis M. Costa
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Documentário
Até que o Porno nos Separe, de Jorge Pelicano
Bostofrio, où le Ciel Rejoint la Terre, de Paulo Carneiro
O Canto do Ossobó, de Silas Tiny
A Casa, de Rui Simões
O Homem-Pykante, de Edgar Pêra
Madness, de João Viana
Os Mortos, de Gonçalo Robalo
Pele de Luz, de André Guiomar
À Tarde, de Pedro Florêncio
Terra Franca, de Leonor Teles
Turno do Dia, de Pedro Florêncio
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Animação
28 de Outubro, de Tiago Albuquerque
Agouro, de David Doutel e Vasco Sá
Desempregato, de Sara Marques
Ensaio sobre a Morte, de Margarida Madeira
Entre o Verão e o Outono, de Maria Francisca Pinto
Entre Sombras, de Mónica Santos e Alice Guimarães
Porque é Este o Meu Ofício, de Paulo Monteiro
Razão Entre Dois Volumes, de Catarina Sobral
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terça-feira, 16 de outubro de 2018

European Film Awards - European Achievement in World Cinema 2018

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A Academia Europeia de Cinema anunciou hoje o nome do homenageado com o European Achievement in World Cinema de 2018 a premiar no decorrer da trigésima-primeira cerimónia dos European Film Awards a decorrer em Sevilha no próximo dia 15 de Dezembro... Ralph Fiennes.
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O actor britânico nascido em Ipswich em 1962, iniciou o seu percurso cinematográfico no início da década de '90 com Wuthering Heights (1992), de Peter Kosminsky ao lado de Juliette Binoche. The Baby of Mâcon (1993), de Peter Greenaway foi a longa-metragem que precedeu Schindler's List (1993), de Steven Spielberg que valeu a Fiennes a primeira nomeação ao Oscar na categoria de Actor Secundário ao qual sucederam Quiz Show (1994), de Robert Redford e Strange Days (1995), de Kathryn Bigelow. The English Patient (1996), de Anthony Minghella traria a Fiennes a sua segunda nomeação ao Oscar agora na categoria de Actor Protagonista. Com o final da década, Ralph Fiennes surgiria como protagonista em Oscar and Lucinda (1997), de Gillian Armstrong, The Avengers (1998), de Jeremiah Chechik, na longa-metragem de animação The Prince of Egypt (1998), de Brenda Chapman, Steve Hickner e Simon Wells, Sunshine (1999), de István Szabó, Onegin (1999), de Martha Fiennes e em The End of the Affair (1999), de Neil Jordan.
O novo milénio começaria com a sua segunda animação The Miracle Maker (2000), de Derek W. Hayes e Stanislav Sokolov à qual se seguiriam Spider (2002), de David Cronenberg, The Good Thief (2002), de Neil Jordan, Red Dragon (2002), de Brett Ratner, no êxito comercial Maid in Manhattan (2002), de Wayne Wang ao lado de Jennifer Lopez, The Chumscrubber (2005), de Arie Posin, Chromophobia (2005), de Martha Fiennes, The Constant Gardener (2005), de Fernando Meirelles, na terceira animação vencedora de Oscar The Curse of the Were-Rabbit (2005), de Steve Box e Nick Park, The White Countess (2005), de James Ivory dando início, no mesmo ano, à sua colaboração como Lord Voldemort em Harry Potter and the Goblet of Fire (2005), de Mike Newell. Seguir-se-iam Land of the Blind (2006), de Robert Edwards, Bernard and Doris (2006), de Bob Balaban, Harry Potter and the Order of the Phoenix (2007), de David Yates, In Bruges (2008), de Martin McDonagh, The Duchess (2008), de Saul Dibb, no vencedor do Oscar de Melhor Filme The Hurt Locker (2008), de Kathryn Bigelow, The Reader (2008), de Stephen Daldry, Nanny McPhee and the Big Bang (2010), de Susanna White, Clash of Titans (2010), de Louis Leterrier, Cemetery Junction (2010), de Ricky Gervais e Stephen Merchant, Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1 (2010), de David Yates aos quais se seguiram Coriolanus (2011),a sua estreia na realização e Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2 (2011), de David Yates.
Em 2012 Ralph Fiennes participaria em Wrath of the Titans, de Jonathan Liebesman, Great Expectations, de Mike Newell e Skyfall, de Sam Mendes aos quais sucederiam The Invisible Woman (2013), que o próprio realizou, The Grand Budapest Hotel (2014), de Wes Anderson e nas curtas-metragens The Hogwarts Express (2014) e Harry Potter and the Escape from Gringotts (2014), de Thierry Coup, e Mesyats v Derevne (2014), de Vera Glagoleva, National Theatre Live: Man and Superman (2015), de Simon Godwin, A Bigger Splash (2015), de Luca Guadagnino, Spectre (2015), de Sam Mendes, Hail, Caesar! (2016), de Ethan Coen e Joel Coen, na curta-metragem The Works (2016), de Elliot Barnes-Worrell, Richard III (2016) e nas longas-metragens de animação Kubo and the Two Strings (2016), de Travis Knight e The Lego Batman Movie (2017), de Chris McKay, The White Crow (2018) novamente dirigido por si e Antony & Cleopatra (2018), de Simon Godwin tendo ainda por estrear Holmes & Watson (2018), de Etan Cohen, The Voyage of Doctor Doolittle (2020), de Stephen Gaghan e sem data por estrear Official Secrets, de Gavin Hood e Hallelujah!, de Chris Addison.
Para lá das já mencionadas nomeações a dois Oscars da Academia norte-americana de cinema, Fiennes foi ainda nomeado por cinco vezes aos Globos de Ouro da Imprensa Estrangeira nos Estados Unidos, é vencedor de um BAFTA por Schindler's List num total de seis nomeações e de um European Film Award por Sunshine entre inúmeros outros troféus e nomeações nos mais diversos festivais de cinema e da crítica especializada.
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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Paul G. Allen

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1953 - 2018
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sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Le Vent Tourne (2018)

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O Vento que Sopra de Bettina Oberli (Suíça/França) é uma das longas-metragens exibidas em Antestreia na décima-nona edição da Festa do Cinema Francês a decorrer no Cinema São Jorge, em Lisboa até ao próximo dia 14 de Outubro.
Pauline (Mélanie Thierry) vive isolada nos Alpes Suíços com Alex (Pierre Deladonchamps). Enquanto tentam subsistir com o rendimento natural que os animais lhe providenciam, o casal recebe na sua propriedade uma jovem oriunda de Pripyat na tentativa de lhe proporcionar um melhor nível de vida... Mas é a chegada de Samuel (Nuno Lopes) à quinta que desperta nela um sentimento até então nunca sentido.
Bettina Oberli dá vida a um argumento do qual também é autora em colaboração com Antoine Jaccoud, Thomas Ritter e Céline Sciamma que apresenta uma aparente comunidade idílica no qual um jovem casal se pretende distanciar desse admirável mundo novo dominado pelas modernidades que as novas tecnologias - e até mesmo as "velhas" - lhes podem proporcionar. Independentes de qualquer aparenta regra desse mundo "lá fora", tanto "Pauline" como "Alex" estão refugiados dos ventos do século XXI graças às planícies escondidas pelos Alpes até ao momento em que finalmente se deixam levar por um dos engenhos que lhes poderão facultar luz e, como tal, uma maior autonomia laboral. Isentos dessa "mão moderna" no seu espaço, o casal parece querer estabelecer-se como uma nova comunidade hippie ao recusar a vacinação dos seus animais, não possuir rádio, televisão ou qualquer tipo de contacto com o mundo exterior para lá do estritamente necessário. No entanto, é com a chegada primeiro de "Galina" (Anastasia Shevtsova) à procura de um melhor ambiente natural que ajude a melhorar os eu estado de saúde e depois de "Samuel" por quem "Pauline" desenvolve uma imediata repulsa transformada posteriormente em atracção, que a sua vida com "Alex" se desmorona primeiro na sua relação enquanto casal, depois na sua cumplicidade e finalmente na vontade de continuarem pelo mesmo caminho de confiança.
O poder transformador de uma nova sociedade isenta da interferência alheia, resultou para o jovem casal na medida em que se refugiavam do mundo exterior nas suas vertentes mais básicas... Alheios a notícias, às inovações, à interferência de estranhos (todos aqueles que não habitavam no mesmo espaço que eles) e até mesmo a cuidados médicos para com os seus animais, confiantes que estavam do poder de uma Terra rejuvenescedora, tanto "Pauline" como "Alex" pretendiam transformar o seu espaço num novo mundo incapaz de, no entanto, conseguir satisfazer qualquer uma das suas necessidades... até mesmo as físicas e sentimentais. Mas seria, afinal, esse desejo partilhado? A chegada de "Galina" parece transformar "Pauline" numa mulher que o espectador não conhecia dando asas à sua jovialidade e a uma vontade de experimentar o mundo e aquilo que lhe pode ser proporcionado... primeiro sob a forma de uma nova amizade com a jovem com quem dificilmente comunica mas que lhe mostra a possibilidade de ser alguém, não diferente, mas mais receptivo àquilo que do outro lado da montanha a espera... e finalmente, com a chegada de "Samuel", a personagem de Mélanie Thierry conhece o desejo ardente de uma paixão sentida, de uma entrega física e psicológica capaz de a fazer compreender que ainda está viva e entregue a um mundo que, afinal, poderá não ser o seu ou para o qual não estaria tão direccionada como poderia pensar.
Se a estabilidade emocional de "Pauline" parece ser alterada na medida em que tem a sua "primeira" amizade, o seu "primeiro" grande amor e a sua "primeira grande revelação para com o mundo exterior - um paradoxo se o espectador pensar que se encontra num espaço sem barreiras, cancelas, fronteiras ou obstáculos que a permitem andar livremente por todo o lado -, estes funcionam como o seu despertar para uma realidade (in)conscientemente desejada e para a qual está disposta a lutar como a sua aparente nova realidade. O mundo tal como o conhecera até então já não a seduz ou tão pouco parece fazer sentido e, da mesma forma que os animais dos quais trata são abatidos, também o seu lado mais primitivo e consequentemente também irracional parece morrer e dar forma a uma nova e inesperada realidade... aquela de que o mundo "lá fora" poderá não ser tão nocivo quanto pensaria ou, pelo menos, tanto quanto aquele que defendera até então e no qual se sentia inserida como um dos seus elementos.
É esta percepção de "Pauline", bem como da sua nova realidade que a leva a querer expandir os seus conhecimentos - e potencialmente viagens - por todo esse mundo novo que, sabendo da sua existência, ignora como sendo uma possibilidade. Um mundo onde agora sente poder viver e crescer enquanto pessoa e talvez alcançar novos objectivos e metas que a sua clausura a céu aberto nas montanhas do Jura suíço lhe revelavam ser impossíveis... é apenas a compreensão de que aquele imenso mundo agora tornado pequeno onde tudo o que conhecera parece desaparecer lentamente - tal como a sua sensação de conforto e segurança - não lhe confere a concretização dos seus sonhos que a leva a desejar o desconhecido como o seu novo "limite" ou, pelo menos, a sua nova e (in)esperada realidade.
Com uma belíssima interpretação de Thierry - magnífica a sua iniciação à libertação na discoteca enquanto dança - secundada pelos belíssimos e convictos Deladonchamps e Lopes a funcionarem como os dois pesos da sua nova balança e uma imponente Shevtsova que liga essa ignição que a prepara para uma nova concepção de mundo, Le Vent Tourne será assim um esperado hino à liberdade de uma nova geração privada da possibilidade do "sonho" mesmo residindo num espaço onde tudo parece possível... mesmo o desejo de um mundo mais limpo e mais saudável que, no entanto, (n)os priva de saborear todas as possibilidades e, desse modo, conservador e proibitivo em toda a sua génese.
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7 / 10
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quinta-feira, 11 de outubro de 2018

James Emswiller

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1957 - 2018
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terça-feira, 9 de outubro de 2018

European Film Awards - European Discovery - Prix FIPRESCI 2018: os nomeados

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A Academia Europeia de Cinema divulgou hoje as seis longas-metragens europeias nomeadas aos European Film Awards na categoria de European Discovery - Prix FIPRESCI a partir de uma selecção de Katriel Schory (Israel), Mihai Chirilov (Roménia), Azize Tan (Turquia), Isabelle Danel (França), Robbie Eksiel (Grécia) e Michael Pattison (Reino Unido).
São as nomeadas:
  • Dene Wos Guet Geit, de Cyril  Schäublin (Suíça)
  • Egy Nap, de Zsófia Szilágyi (Hungria)
  • Girl, de Lukas Dhont (Bélgica/Holanda)
  • Sashishi Deda, de Ana Urushadze (Geórgia/Estónia)
  • Den Skyldige, de Gustav Möller (Dinamarca)
  • Touch Me Not, de Adina Pintilie (Roménia/Alemanha/República Checa/Bulgária/França)
Os vencedores desta e das demais categorias serão anunciados na trigésima-primeira cerimónia dos European Film Awards a realizar no próximo dia 15 de Dezembro, em Sevilha.
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domingo, 7 de outubro de 2018

Mariema

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1943 - 2018
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Celeste Yarnall

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1944 - 2018
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Shortcutz Viseu - Sessão #111

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Será no próximo dia 12 de Outubro que o Shortcutz Viseu apresenta a sua Sessão #111 e, de novo, com sessão de Curtas em Competição onde serão apresentados dois documentários em fomato curto, sendo eles, Em Lugar Algum, de Inês Sá Frias e O Homem Eterno, de Luís Costa estando ambos os realizadores presentes para a apresentação dos seus filmes.
Finalmente no segmento Curta Convidada será exibido o filme curto O Coveiro, de André Gil Mata vencedor de diversos prémios incluindo no MOTELx.
Assim, para aquela que será mais uma noite recheada de bom cinema em formato curto, o Shortcutz Viseu tem a sua Sessão #111 no próximo dia 12 de Outubro pelas 22 horas na Quinta da Cruz - Centro de Arte Contemporânea.
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sábado, 6 de outubro de 2018

Scott Wilson

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1942 - 2018
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European Film Awards 2018: Curtas-Metragens nomeadas

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A Academia Europeia de Cinema anunciou quais as quinze curtas-metragens nomeadas ao European Film Award 2018. Seleccionadas a partir de quinze festivais europeus de cinema de referência, as nomeadas são:
  • Gli Anni, de Sara Fgaier (Itália/França) - Veneza
  • Aquaparque, de Ana Moreira (Portugal) - Vila do Conde
  • Burkina Brandenburg Komplex, de Ulu Braun (Alemanha) - Berlim
  • Cpam, de Petar Krumov (Bulgária) - Clermont-Ferrand
  • L'Échapée, de Laëtitia Martinoni (França) - Drama FF.
  • I Signed the Petition, de Mahdi Fleifel (Reino Unido/Alemanha/Suíça) - Sarajevo
  • Kapitalistis, de Pablo Muñoz Gomez (Bélgica/França) - Valladolid
  • Kontener, de Sebastian Lang (Alemanha) - Cork
  • Lâchez les Chiens, de Manue Fleytoux (França/Bélgica) - Cracóvia
  • Meryem, de Reber Dosky (Holanda) - Uppsala
  • Prisoner of Society, de Rati Tsiteladze (Geórgia/Letónia) - Tampere
  • Los que Desean, de Elena López Riera (Espanha/Suíça) - Locarno
  • Vypusk '97, de Pavlo Ostrikov (Ucrânia) - Leuven
  • What's the Damage, de Heather Phillipson (Reino Unido) - Roterdão
  • Wildebeest, de Nicolas Keppens e Matthias Phlips (Bélgica) - Bristol
O vencedor desta e das demais categorias será conhecido na cerimónia da trigésima-primeira edição dos European Film Awards a realizar no próximo dia 15 de Dezembro, em Sevilha.
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Montserrat Caballé

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1933 - 2018
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sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Diane a les Épaules (2017)

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Diane a les Épaules de Fabien Gorgeart (França) exibido no âmbito da décima-nona Festa do Cinema Francês a decorrer em Lisboa no Cinema São Jorge é uma longa-metragem que revela nove meses na vida de Diane (Clotilde Hesme), barriga de aluguer para os amigos Thomas (Thomas Suire) e Jacques (Grégory Montel) ao mesmo tempo que inesperadamente se apaixona por Fabrizio (Fabrizio Rongione).
Filha de uma vida libertina mas a atravessar a idade em que o seu relógio biológico parece começar a manifestar-se, Diane vive dividida entre uma vida de folia e um sentimento de amor que insiste em bater-lhe à porta... mas não para sempre.
"Diane", interpretada de forma inspirada por uma fogosa Clotilde Hesme, é uma mulher que parece recusar as ditas responsabilidades que a vida adulta normalmente trazem consigo. Livre de qualquer relacionamento ou relação sentimental, trabalho e até mesmo de família, os únicos momentos em que a observamos inicialmente prende-se com um jogo de relações fugazes tidas nas habituais saídas nocturnas e um compromisso mais sério com um casal amigo para quem serve de barriga de aluguer. É aqui que surgem os nove meses nos quais a acompanhamos e que observamos o seu amadurecimento enquanto mulher... e mãe ou, pelo menos, enquanto potencial mãe de uma criança... que não será sua.
Clotilde Hesme tem uma qualquer força interior que leva o espectador primeiro a compreendê-la enquanto uma mulher livre, sem responsabilidades - mas não irresponsável - cujo mais importante e talvez único propósito na sua vida é uma diversão constante libertando-se de qualquer "amarra" que a sociedade criou sobre o conceito do que é ser "mulher". Nesta medida, e para lá de qualquer desejo maternal, ela assume aquela que será eventualmente a sua maior responsabilidade à data ao desejar facultar aos seus amigos a parentalidade que, de outra forma, lhes seria dificultada. É neste processo que todas as "regras" sociais dessa idade adulta já anunciada parecem começar a manifestar-se... primeiro a lealdade aos amigos, depois a maternidade e, finalmente, o inesperado despertar sentimental que surge ao conhecer "Fabrizio" com quem, no entanto, parece co-existir numa relação de toca e foge. Emancipada, independente, fugaz mas com uma elevada debilidade sentimental, a "Diane" de Hesme acaba por transformar-se, no olhar do espectador mais atento, uma mulher perdida entre aquilo que a sociedade espera que ela seja e aquilo que a própria deseja ser... enquanto mulher, esposa e mãe... acabando por terminar tal como começa num patamar onde apenas permanece como mulher... (in)completa - agora - para os seus próprios parâmetros daquilo que deveria ser.
Com todo o peso do mundo - o esperado e não só - "Diane" vibra ao som de uma qualquer música diária que a acompanha, longe de qualquer significado absoluto mas como uma sinfonia dos seus pensamentos de momento e que a caracterizam mais do que qualquer palavra que possa proferir... com medo de (se) magoar acaba por atingir aqueles que privam de perto com ela afastando-os lentamente não só pela sua incapacidade de decidir para lá do momento mas sobretudo pela sua crescente sensação de compreender que quer mais... sem com isso aceitar que tem de ceder e comprometer-se em encontrá-lo acompanhada por alguém de quem goste e por quem manifeste os seus sentimentos.
Revelador enquanto uma obra que facilmente poderíamos caracterizar enquanto um coming of (late) age, Diane a les Épaules vibra a um passo muito próprio destronando velhas concepções sobre o papel social de uma mulher aqui emancipada mas fervorosamente desejosa de que esses tais papéis sociais que todas as demais "compreenderam", também lhe cheguem um dia sendo, no entanto, capaz de ir vivendo e experimentando o mundo tal como ele se lhe vai manifestando e, ao mesmo tempo, receosa de se deixar levar por um qualquer sentimento que se percebe ser difícil de aceitar e compreender.
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6 / 10
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quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Audrey Wells

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1960 - 2018
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terça-feira, 2 de outubro de 2018

Mi Querida Cofradía (2018)

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Devota com Pouca Sorte de Marta Díaz de Lope Díaz (Espanha) foi a longa-metragem escolhida para terminar mais uma edição do Cine Fiesta - Mostra de Cinema Espanhol que decorreu em Lisboa.
Carmen (Gloria Muñoz) prepara-se para finalmente ser eleita Presidente da Irmandade Católica à qual pertence. Conhecedora de todas as regras e tradições, não existe melhor candidato do que ela até que Ignacio (Juan Gea) assume a presidência. Num mundo reservado ao poder masculino, irá Carmen aceitar ser ultrapassada naquela que seria a etapa mais importante da sua vida?
Numa época em que tanto se debate sobre o dilema do acesso ao poder entre homens e mulheres, Mi Querida Cofradía surge como uma revelação do mesmo através de dois protagonistas cuja idade avançada faz realçar velhos hábitos de outros tempos, costumes e "leis" onde os elementos femininos mais não são do que simpáticos "apoios" da figura masculina dominante que comanda, impõe e dispõe conforme as suas próprias necessidades. Nesta medida, o argumento de Marta Díaz de Lope Díaz e Zebina Guerra faz deste dilema toda uma acção que primeiro apresenta uma personagem feminina protagonista dinâmica e que se entende como respeitada por toda a comunidade - relativamente conservadora e onde a mulher está condicionada a um papel social mais recatado -, preparada para assumir aquele que é o mais importante desempenho social de toda a sua vida. Convencida desta subida na hierarquia social, é quando compreende que foi ultrapassada por um inesperado protagonista cuja única vantagem é ser homem que "Carmen" finalmente se descontrola nas suas acções e comportamentos levando-a a uma inesperada vingança da qual, também ela, não saberia ser capaz.
No entanto, esta comédia espanhola não se fica pela simples corrente social actual onde a mulher reivindica os seus sempre devidos direitos enquanto tão competente (ou mais) do que a dominante figura masculina mostrando, por sua vez, o outro lado da moeda quando a mulher detentora de poder pode, também ela, ser uma figura dominante e manipuladora dos ditos "bons costumes", deixando todos os demais serventes de um qualquer ideal de ordem, lei ou tradição que, no fundo, sempre castrou o chamado "sexo mais fraco". Assim, o que afinal comanda a sociedade? Uma ideia igualitária que perpetua os velhos costumes ou, por sua vez, uma igualdade que permite tudo a todos dentro do devido respeito pela lei e pelo livre acesso às mesmas oportunidades sem descriminação ou benefícios indevidos?
Sem esquecer este aspecto social tão em voga numa altura em que, na realidade, já não deveria ser uma questão tal a pensada evolução dos tempos, Mi Querida Cofradía acaba por ser a esperada comédia de costumes do momento com alguns inspirados momentos de bom humor e disposição sem esquecer as tradicionais interpretações dignas da comédia espanhola nas quais se destacam a óbvia Gloria Muñoz que dá uma cor especial à sua "Carmen" perdida entre o dever de lealdade à irmandade que tanto respeita e dignifica, à sua comunidade na qual se destacou enquanto líder não reconhecida pelos seus superiores - aqui sob o "rosto" da Igreja Católica - e ainda com os seus problemas familiares que tenta abafar pelo bom nome e imagem que tanto tenta preservar. Num momento em que já nada é possível de ocultar ou de ultrapassar, a grande questão que se coloca à sua "Carmen" é se será capaz de sobreviver a um dia de constantes provações! E se "Carmen" é a personagem dominante, surgem de forma ligeira e pouco notada pequenas interpretações secundárias entre as quais as de Rosario Pardo ocmo "Isi" que compõe a imagem da mulher submissa aos antigos costumes que "Carmen" tanto tenta combater. Temerosa mas inspirada, a personagem de Pardo transforma-se naquele conhecido oposto que Muñoz tenta retratar opondo-se estas duas vizinhas e amigas nos limites que os seus desejos tentam personificar.
Não sendo aquela grande comédia de género que o cinema espanhol tão convictamente costuma entregar ao seu público, é pelo seu humor ligeiro e irrepreensível típico das mesmas que Mi Querida Cofradía conquista o espectador independentemente de não ser aquela longa-metragem que irá permanecer muito tempo como uma referência deste género em específico.
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6 / 10
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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Stelvio Cipriani

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1931 - 2018
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Charles Aznavour

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1924 - 2018
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