quinta-feira, 31 de julho de 2014

The Monuments Men (2014)

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The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros de George Clooney é a mais recente longa-metragem do actor/realizador já premiado com dois Oscars e que aqui recupera uma parte da História recente da Europa e ainda muito pouco explorada ou conhecida.
Quando na Europa ocupada pela Alemanha Nazi se descobre que agentes hitlerianos se encontram a roubar todas as mais significativas obras de arte dos diversos museus e colecções privadas da Europa, Stokes (Clooney) reune um conjunto de profissionais das mais diversas áreas para lhe seguir o rumo e tentar resgatá-las.
Numa corrida contra o tempo que tem em vista não só a destruição destas obras às mãos dos nazis ou a sua apropriação por parte das tropas soviéticas, Stokes, Granger (Matt Damon), Campbell (Bill Murray), Garfield (John Goodman), Jean Claude (Jean Dujardin), Savitz (Bob Balaban) e Jeffries (Hugh Bonneville) rumam a uma Europa ainda ocupada e tentam encontrar os esconderijos alemães que albergam estas obras, tendo ainda a ajuda de Claire (Cate Blanchett) da Resistência Francesa que trabalhava sob a supervisão das forças alemãs em Paris.
Clooney e o seu habitual colaborador Grant Heslov adaptam a obra de Robert M. Edsel e Bret Witter sobre esta época negra e ainda pouco conhecida que nos remete para um extermínio cultural por parte da Alemanha nazi. Época esta que levanta inúmeras questões que passam desde o próprio roubo massivo de obras de arte dos mais diversos museus e igrejas pela Europa, assim como o despojamento forçado de bens daqueles que detinham colecções de arte e que viram os seus últimos dias nos mais diversos campos de concentração onde tudo, especialmente a sua dignidade, lhes fora retirado.
No entanto, este argumento com um potencial dramático imenso não só devido aos próprios acontecimentos como principalmente pela forma como eles se desenrolaram à custa das inúmeras vidas humanas que se perderam tem, no entanto, uma certa ligeireza que não permite que este filme seja a obra fundamental que poderia ter sido. Comecemos logo pelo princípio... a formação desta equipa de especialistas é aqui retratada de forma ligeira e pouco explorada quase como se de um grupo de amigos que vão tomar um copo se tratasse. Sabemos que todos eles partilham amizade com a personagem principal mas para além disso pouco sabemos dos seus passados que, aparentemente, não são brilhantes remetendo-os para uma qualquer "prateleira" social. Sentimos, com esta rápida apresentação, que estamos a assistir a uma continuação do Ocean's Eleven mas em menor escala.
Pouco sabemos das obras de arte... e com a excepção de dois exemplos também pouco sabemos dos locais de onde foram roubados. Mais grave é o facto de todas estas obras estarem documentadas graças ao esforço de "Claire" mas que, na prática, nada sabemos das vidas que estão por detrás das mesmas... dos seus proprietários e dos locais onde permaneceram provavelmente durante décadas antes dos nazis as cobiçarem violentamente. Desta forma, e ainda que o filme mantenha um ritmo interessante que cative a atenção do espectador, não é menos verdade que todos esperávamos algo mais "real" deste filme e das diferentes histórias que o poderiam ter composto. No fundo, limitamo-nos a assistir a um conjunto de factos reais pois estamos perante uma história verídica mas, no entanto, não encontramos a componente humana da mesma tornando-se na sua generalidade um filme impessoal.
Mas nem tudo é desprovido do tal "sentimento". Existe alguma tensão e componente épica em The Monuments Men (como não poderia existir?), principalmente se nos lembrarmos de como chega este grupo de amigos à Europa... é nas praias da Normandia que em Julho de 1944 começam o seu percurso pelo desconhecido à procura das obras de arte desaparecidas e apesar de não irmos encontrar nenhuma batalha não deixamos de sentir toda a sua carga naquele local onde milhares de homens encontraram a morte um mês antes do momento que agora presenciamos.
Existe também alguma componente dramática, menos tensa, em momentos como a fuga dos alemães de Paris e no confronto verbal entre "Claire" e o seu superior alemão, e principalmente alguma tragédia quando este tenta escapar a dois dos elementos do grupo afirmamdo-se como um simples conhecedor de arte com obras milionárias expostas na sua sala. No entanto, se nos concentramos na generalidade deste filme, a tensão dramática começa e termina com estes exemplos práticos limitando-se tudo o demais a parecer uma corrida contra o tempo onde ou se perdem as obras às mãos dos nazis ou às mãos dos soviéticos que procuram a sua justa compensação pelas perdas humanas que tiveram no seu território.
Da mesma falta de desenvolvimento vivem as personagens deste filme. Nenhuma delas tem o justo e merecido desenvolvimento sobre o seu passado, o que os move ou sobre as condições em que cada um se encontrou até decidir agir conforme aquilo que aparentemente a sua consciência ditou. Perguntamo-nos... todos estão lá mas... porquê?! E se esta questão em alguns deles seria quase como indiferente ou teria os seus pontos em comum à resposta dada por tantos outros, não é menos verdade que nos questionamos sobre as motivações de "Granger", de "Claire" ou de "Stokes". É certo que poderemos encontrar uma resposta parcial na observação que "Stokes" dá a certa altura sobre a defesa do património cultural de toda uma geração que assims e vê preservada mas, ao mesmo tempo, o indivíduo não defende só a ideia do passado. Sim, essa ideia está presente e é deveras importante mas, não o será também a ideia da auto-preservação e dos elementos que lhe conferiram personalidade, individualidade e conhecimento um factor determinante para esta busca? É que se são realmente elementos importantes, não é menos verdade que muito parcamente os conseguimos encontrar por lá.
No fundo aquilo sobre o qual nos questionamos ao longo de The Monuments Men é simples... a certa altura o que fez com que estes homens e mulher decidissem correr contra a maré e lutar por todo um património histórico e cultural? O que os fez levantar e dizer não? Quais as suas motivações? Os seus desejos? As suas ambições sobre os seus actos? Onde estão todos aqueles pequenos grandes detalhes que humanizam a personagem e a fazem criar uma identificação com o espectador?
Estas que são, para mim, algumas pequenas falhas na narrativa e na história de The Monuments Men não são, no entanto, factores eliminatórias da sua importância. Enquanto uma nova abordagem de filme documental onde pouco se centra a atenção sobre o "Homem" mas sim sobre os factos, temos um funcionamento quase perfeito que nos leva por uma viagem ao interior de uma Europa sem alma e devastada que é brilhantemente enriquecida pela música original de Alexandre Desplat (também ele com uma pequena participação enquanto actor) e pela fotografia de Phedon Papamichael que remete a noite para uma escuridão fora do comum, fruto dos dias negros que o continente existia, enquanto enaltece a luz de dias perdidos onde todos pretendem encontrar um rumo certo para os seus dias agora inenarráveis.
Aquilo que falta a este filme e que aqui tentei expôr seria facilmente compensado com mais uma hora de duração onde todos estes elementos conseguissem ter espaço próprio e um maior desenvolvimento. Alguma maior cor e brilho próprio que não se conseguem conquistar individualmente e mesmo em pares (tal como se desenrola a maior parte da narrativa) fica muito àquem do potencial que História e personagens têm para dar.
Assim, The Monuments Men consegue funcionar como um dos poucos (muito poucos) filmes que exploram a temática do património roubado pelos nazis durante os anos do domínio sobre a Europa mas, no fundo, todos sabemos que história a história... peça a peça... todos os sub-momentos que aqui não são contados poderiam dar o seu próprio filme e enredo rico em trágicos acontecimentos. Afinal não nos podemos esquecer que por detrás de cada peça de arte ou de cada barra de ouro se encontra uma história pessoal repleta de sofrimento e dor aqui não contada.
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"Frank Stokes: You can wipe out an entire generation, you can burn their homes to the ground and somehow they'll still find their way back. But if you destroy their history, you destroy their achievements and it's as if they never existed."
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7 / 10
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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Harun Farocki

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1944 - 2014
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Dick Smith

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1922 - 2014
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Robert Drew

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1924 - 2014
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A Grandíssima (2014)

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A Grandíssima de Tiago Cardoso é uma curta-metragem documental portuguesa que nos relata alguns momentos da preparação da equipa da Rádio Popular - Boavista para a Volta a Portugal, também conhecida como a Grandíssima.
Na sua curtíssima duração, A Grandíssima faz-nos acompanhar alguns dos membros da equipa em questão e dos seus rituais de preparação para aquele que é um dos eventos desportivos mais emblemáticos em Portugal através não só das respectivas imagens como de alguns (breves) testemunhos dos mesmos.
Talvez destinado a um público mais específico, esta curta-metragem consegue captar alguns planos interessantes da Serra da Estrela e dos rituais de treino que muito se assemelham àqueles "construídos" entre os membros de uma tribo, A Grandíssima consegue ao mesmo tempo despertar a atenção daqueles menos regulares no desporto em questão, tornando-se assim interessante pela capacidade de tornar próximo todo um universo distante da maioria de nós.
Um filme simpático e com uma linguagem cinematográfica fluente que, ainda assim, merecia ser melhor explorado possibilitando dessa forma um maior conhecimento daqueles atletas, do seu treino e da experiência desportiva bem como sobre aquilo que os motiva. Seria assim uma forma de se distanciar da ideia de um documentário apenas sobre esta equipa (estando eles sempre como pano de fundo) conseguindo portanto ilustrar todo este universo da Volta a Portugal e daqueles que nela participam.
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6 / 10
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terça-feira, 29 de julho de 2014

Pawnshop (2008)

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Pawnshop de Andrew Bush é uma curta-metragem de ficção canadiana que no meio de algum humor nos conta uma história sobre a nossa convicção e como esta interfere nas decisões que são necessárias tomar.
Quando James (Matthew Amyotte) se dirige a uma casa de penhores para encontrar uma aliança para a proposta de casamento à sua namorada, estava longe de pensar que Eli (David Hughes) o seu irónico proprietário lhe dificultasse tanto a vida.
Comédia mordaz graças a um dilacerante argumento de Evany Rosen, Pawnshop é uma curta-metragem que se entranha aos poucos no nosso estado de espírito principalmente pela capacidade que tem de nos obrigar a uma auto-análise sobre as certezas e convicções que temos para com os nossos pensamentos; se estamos tão certo de uma atitude que queremos tomar... porque motivo apresentamos ao mesmo tempo tantos argumentos que nos colocam a vontade em causa?
Destaque ainda para a cortante interpretação de David Hughes que nos faz temer encontrar pelo caminho uma personagem como esta que é capaz de nos tirar do sério e esgotar a pouca paciência que se possa ter.
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7 / 10
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Senna (2010)

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Senna de Asif Kapadia é um documentário britânico vencedor de dois BAFTAS - Documentário e Montagem - sobre a ascensão e queda de um mito... o piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna.
Desaparecido em 1994 em Itália após ferimentos resultantes de um acidente em competição, Senna retrata as origens e a meteórica ascensão de um dos mais brilhantes pilotos do seu tempo e a marca inconfundível que deixou junto daqueles que o conheceram.
Nascido em 1960 no seio de uma família de classe média alta na cidade de São Paulo, Ayrton Senna denotou desde cedo uma paixão inigualável pela corrida de automóveis - inicialmente karts seguida depois pela competição em Fórmula 1 - que sempre fora alimentada pela sua família que lhe proporcionou todas as condições para a prosseguir. Tendo como pano de fundo um Brasil mergulhado na pobreza e na ditadura militar, Senna vem muito jovem para a Europa onde pode dar continuidade a esse sonho.
Dos instantes iniciais enquanto jovem piloto promessa até aos primeiros indícios de um talento confirmado, este documentário leva o espectador a uma viagem pelas diversas pistas de automobilismo espalhadas por esse mundo fora e a alguns dos seus principais intervenientes como o foi, por exemplo, Alain Prost, um dos seus maiores rivais na pista.
Com uma mensagem subtil sobre as suas crenças religiosas que lhe garantiam um inesperado positivismo e energia nos momentos mais complicados, sem esquecer o destronar de mitos que a sua presença fez concretizar, Senna mostra ainda momentos do homem para lá das pistas e das competições, reservado, entregue à sua família e amizades mais próximas e uma incessante vontade de chegar um pouco mais além do que aquilo que já tinha confirmado e alcançado.
Dotado de um constante - e único - apoio em imagens de arquivo, Senna permite ao espectador conhecer os bastidores da competição onde raramente (ou quase nunca) chegam os olhares dos espectadores mais interessados, permitindo observar como destronou mitos, como quebrou barreiras - ou pelo menos assim o queremos pensar pois, na realidade, bem sabemos que elas continuam a existir de uma ou outra forma - ao mesmo tempo que dava esperança a um povo (o seu) mergulhado numa crescente miséria social que aparenta(va) não ter fim.
Essencialmente um objecto / obra de culto para os interessados na figura e apaixonados pelo tema, este Senna de Asif Kapadia - que chegou a ser falado para o Oscar na sua respectiva categoria - ainda que estruturalmente um filme bem construído e dinâmico quanto baste para nunca permitir ao espectador perder o seu interesse não consegue, no entanto, ser uma obra que chegue facilmente a um público muito vasto pela sua limitação ao espaço de "competição" da figura. Assim, e num ritmo decrescente cujo final o espectador já conhece, Senna é sim um documentário equilibrado mas que, ao mesmo tempo, se poderia ter distanciado um pouco mais das pistas e aproximado mais o homem "do outro lado".
Essencial enquanto documento histórico de uma das personalidades mais adoradas - ainda hoje - do Brasil, Senna conquista o seu público e o seu espaço mantendo sempre um certo misticismo sobre o homem e o corredor disposto a correr os seus próprios riscos e ultrapassar as barreiras e fronteiras que lhe haviam sido impostas.
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7 / 10
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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Dorothy (2011)

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Dorothy de Eros Romero é uma curta-metragem de ficção australiana que nos apresenta uma história sinistra e de desfecho imprevisível.
"Um palhaço é suposto ser divertido", é o que escutamos numa narração enquanto assistimos ao interior desolador de uma pequena sala onde se encontram três almas. Uma criança relativamente desfigurada acompanhada de uma mórbida boneco e dois homens com aquilo que aparenta ser o que sobra da pintura facial de um palhaço.
Se num contexto normal aquilo que nos assustaria seriam os palhaços, não é menos verdade que aqui a figura mais sinistra é a daquela criança que insisti em que os dois homens cumpram os seus estranhos caprichos.
É quando nos preparamos para assistir a uma história que pensamos já conhecer que somos surpreendidos com a misteriosa presença de Dorothy.
O realizador e argumentista Eros Romero cria aqui um ambiente demasiadamente sinistro que cativa qualquer fã do género de terror/suspense que se preze. A bizarria do local e das estranhas personagens que involuntariamente (ou não) o compõem, dão o mote para o espectador se sentir inserido num espaço onde ironicamente percebemos que a lucidez já desapareceu há muito.
Preso num purgatório que facilmente poderia ser a sua própria mente enlouquecida, "Boo" (Darrell Plumridge) é um homem atormentado por um passado em vida do qual já não se recorda até conhecer os caprichos não só daquela criança como também os de "Dorothy" que parece ter os seus próprios planos.
Apesar de sinistra e, como tal, competente para o género, é fácil perceber que Dorothy é uma curta-metragem com um potencial por cumprir. Forte na dinâmica que recria durante a sua escassa duração e que nos leva bem perto do abismo da loucura é, no entanto, um filme que poderia ter ido mais longe quer nessa mesma loucura como principalmente na violência psicológica que a sua trágica conclusão deveria ter provocado. Os elementos estão lá mas, no entanto, não são aproveitados e explorados ao seu máximo sem que, justiça seja feita, prejudique em absoluto o seu conteúdo... Pelo contrário, o único defeito aqui é não ter ido mais longe ultrapassando a sua própria barreira da loucura.
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7 / 10
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James Shigeta

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1929 - 2014
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Shortcutz Xpress Viseu 2014: os vencedores


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Decorreu ontem no Teatro Viritato a cerimónia do primeiro aniversário do Shortcutz Xpress Viseu na qual foram entregues os prémios aos melhores trabalhos do ano, provenientes das mais diversas curtas-metragens que foram exibidas nas sessões regulares nos últimos doze meses.
Num registo bem disposto e informal a votação do júri, na qual participei, foram assim declarados vencedores:
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Melhor Curta-Metragem do Ano
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Bílis Negra, de Nuno Sá Pessoa
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Melhor Actor
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João Craveiro, Bílis Negra
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Melhor Actriz
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Joana Pais de Brito, Chico Malha
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Melhor Realizador
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José Retré, Perto
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Melhor Argumento
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Célia Costa e Filipa Poppe, Herculano
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Melhor Fotografia
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Leonor Teles, O Sítio Onde as Raposas Dizem Boa Noite
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Melhor Edição
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Guilherme Gomes e Miguel Reis, Chico Malha
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sexta-feira, 25 de julho de 2014

The Producers (2005)

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Os Produtores de Susan Stroman (EUA) é o homónimo remake da obra de Mel Brooks datada de 1967 na qual Max Bialystock (Nathan Lane), o mais falhado de todos os produtores da Broadway, ressurge de um novo falhanço ao formar equipa com Leo Bloom (Matthew Broderick) para produzir a pior peça de sempre... que acaba por lhes granjear dinheiro. Juntamente com Franz Liebkind (Will Ferrell) um novo e inesperado talento do teatro musical e a emergente Ulla (Uma Thurman), uma aspirante a actriz, o sucesso prova que também pode ser fruto do fracasso.
Adaptado o argumento da obra original e do musical de 2001, agora novamente escrito por Mel Brooks e por Thomas Meehan, The Producers tido como musical e comédia é, desde os instantes iniciais, uma obra que oscila entre o desinteressante, o desagradável e o francamente absurdo. Aquilo que começa como uma história sobre o tal produtor falhado interpretado com pouca graça por um exagerado e sem alma Nathan Lane, The Producers rapidamente se transforma num épico apoteótico não sobre o tal "falhanço" de uma produção teatral mas sim sobre o exagero sem graça que inspiradamente é aqui depositado com a aparente fé e confiança de que se está a construir uma obra musical "interessante". No entanto, de interessante esta longa-metragem não tem absolutamente nada.
Mas, voltando a esse argumento... imagine o espectador uma história musical... de comédia... onde a base para o sucesso provenha de um conto onde se humaniza o nazismo e os seus carrascos. Uma história onde tudo parece ser (e é), uma versão adulterada desses temidos e horrendos anos que são agora algo ligeiro e de entretenimento privado de qualquer reflexão moral ou política da época porque, afinal, o protagonista desta peça - interpretado por Ferrell - se resume a um nazi (de facto) que tem a sua oportunidade de "regressar ao mundo" após o seu isolamento posterior ao conflito graças a este espectáculo.
No entanto, se toda esta dinâmica poderia ser amenizada quando o espectador compreende que Brooks - judeu - é o autor desta história, tudo se complica (ainda que seja essa a sua intenção primordial), quando o público norte-americano (no filme), desprovido de qualquer sentido crítico e histórico, adere a este musical propositadamente criado para o falhanço, encontrando nele a redenção de um produtor falhado, de um género que nem sempre consegue prender a atenção do seu público e particularmente ver nesse tal protagonista, um elemento e factor humanizador, com verve e alma, esquecendo ou ignorando que o mesmo mais não é do que um nazi esquecido e perdido no tempo que apenas espera realcançar esse esplendor para espalhar a sua ideologia.
Impiedosamente cruel pela falta de graça - pela forma como ridiculariza a História e até mesmo o público do país - The Producers (sobre)vive de uma sucessão de momentos histéricos e viciados em anabolizantes que, para o espectador, se tornam enfadonhos, excessivos, e pouco dissimulados como tanta da realmente boa e inteligente comédia devem, de facto, ser.
E, sem em Birdcage (1995), encontramos um Nathan Lane repleto de vivacidade, humor e uma pitada de dramatismo que aproximam o espectador da sua personagem, em The Producers, o actor vive única e exclusivamente dessa pretensão - a alma -, transformando o seu "Max" numa versão exagerada do ridículo e do absurdo, sem graça e quase sempre aborrecido mesmo que para lá (tentar) chegar - à comédia - recorra aos pensados lugares comuns que, normalmente, fazem qualquer um esboçar um sorriso primitivo mas que aqui remetem o espectador para um constante estado de insatisfação e aborrecimento. Desenfreadamente à procura de salvação, nem com o apoio esquizofrénico de um Matthew Broderick pouco inspirado, de um ainda mais exagerado Will Ferrell - e tendencialmente com menos graça ainda - e uma Uma Thurman incapaz de conferir a esta obra a sua graça natural, aquilo que esta longa-metragem transmite cada vez mais parece ser o resultado de um violento acidente... não involuntário mas propositadamente criado para ser realmente mau.
Esperando que o filme - ou o mundo - termine rapidamente para se poder distanciar desta história, o espectador esgota-se com The Producers ao ponto de o querer esquecer rapidamente ou dele se lembrar como um dos piores filmes da década...
Mas, como nem tudo pode ser mau, The Producers apenas consegue atingir um apontamento positivo na sua componente mais artística nomeadamente no guarda-roupa de William Ivey Long capaz de caracterizar um género cinematográfico e um espaço temporal específicos e na direcção de arte de Mark Friedberg, Peter Rogness e Ellen Christiansen que consegue "berrar" o género musical do princípio ao fim... mas como não só de caracterização vive um filme... The Producers falha em todas as demais vertentes.
Exagerado, inconveniente, cansativo, desmiolado, sem graça e monótono... The Producers é um desastre anunciado... e revela-o desde cedo... ainda que com muito brilho.
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2 / 10
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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Pena Fria (2014)

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Pena Fria de Luís Costa é uma curta-metragem portuguesa de ficção e o mais recente filme deste jovem realizador que nos deu o brilhante documentário Fontelonga, premiado aqui no CinEuphoria como um dos melhores filmes nacionais do passado ano.
Um homem (Valdemar Santos) regressa a uma aldeia do interior de Portugal para uma visita à sua família. À saída do comboio espera-o apenas o seu tio (Eloy Monteiro) que o levará para junto da sua restante família. Os motivos desta sua visita são desconhecidos mas, no entanto, percebemos que não se trata de nenhum festejo e que os silêncios o acompanham de forma devastadora. Procurará este homem uma pacificação com o seu próprio passado?
O argumento da autoria de Luís Costa e de Francisco Gomes leva o espectador e concentrar-se não só na viagem deste homem mas, ao mesmo tempo, também nos silêncios que o rodeiam. Silêncios estes que para além de conferirem algum mistério à própria personagem encarnada por um sempre magnífico Valdemar Santos conseguem estabelecer uma ligação indissociável ao espaço no qual somos inseridos enquanto espectadores. Tudo à volta da narrativa principal está embebido na mais profunda solidão e isolamento.
Enquanto a sua viagem é feita nessa solidão, levando a que o espectador deduza que aquele homem se encontra sózinho no mundo sem aparentes ligações com aqueles com quem possa ter de conviver involuntariamente, não é menos verdade que acompanhamos cenários que percebemos estarem já abandonados há muito tempo e que agora apenas poderão ser habitados por fantasmas e memórias de um passado que se perdeu.
Existe, aliás, uma inegável comparação entre Homem e espaço. A desertificação do espaço, e de certa forma do próprio Homem que o habitou, é uma constante não só em Pena Fria como também no já referido Fontelonga. São, arrisco dizer, um constante sinónimo; enquanto o espaço físico desertificou deixando ao abandono todas as estruturas que o compunham, este homem (Santos) vive a mesma solidão mas no campo social: não lhe conhecemos família para além daquele tio que o espera, não sabemos se constituiu a sua própria família para além daquela que lhe é primária e a sua viagem àquele espaço que fora seu é agonizante por despertar nele (e de certa forma em nós próprios) uma nostalgia sem comparação sobre os locais onde crescemos e onde nos "formámos" enquanto indivíduos.
Todos estes momentos de solidão acompanhados de um silêncio cortante. Um silêncio que "fala" para além das imagens e que nos revelam que tanto o espaço como o próprio homem aos poucos desaparecem sendo apenas uma memória escondida naqueles que os conheceram e que, a seu tempo, serão também eles esquecidos com o desaparecimento das poucas "testemunhas" que poderiam comprovar a sua existência. Questionamo-nos então sobre aquilo que realmente resta para além da memória e qual o seu real valor enquanto parte integrante de um património... o histórico, relativamente aos locais e à existência comunitária e o genético/familiar no que diz respeito à perpetuação de uma família que parece ter estagnado.
É neste regresso à sua aldeia que este homem revela todo o seu distanciamento, que não sabemos a que se deve ou se foi provocado ou auto-imposto, e percebemos o quão perturbador conseguem ser aqueles espaços onde cresceu, que habitou e que ele próprio também abandonou. Este espaço já não parece o seu... Não só pelo seu afastamento que percebemos ter sido de vários anos como por aquilo que encontra quando regressa... As ruínas e os sinais de abandono da casa dos seus pais, o esvaziamento de bens que outrora enchiam a casa e a própria inexistência de pessoas que dessem o calor àquele que havia sido o seu lar são agora sinais de que algo passou por aquele local mas que dele se esqueceu mais rapidamente do que o tempo que levou a construí-lo.
"Diz-se que uma casa vazia não se sente natural... sente-se a enlouquecer"... foi dito em tempos e este pensamento não poderia corresponder a uma maior verdade. Não leva o abandono à própria loucura?! Não está uma casa, um lar, povoado de recordações, memórias, momentos, situações e lembranças de pessoas e acontecimentos que lhe deram o tal "estatuto" de sede de uma família... o lar? O porto de abrigo a quem todos recorrem quando se sentem em dificuldades ou com problemas? O que acontece quando tudo desaparece com o passar o tempo? Para onde migram todas essas recordações e momentos?
Os silêncios não terminam e tornam-se quase agonizantes dentro do palheiro aonde aquele homem se dirige e onde recorda algo que o faz transformar-se e talvez pela primeira vez reagir perante semelhante cenário. Todo aquele ambiente desolador e abandonado acabam por revelar ter um impacto e provocarem-lhe revolta que dão origem a comportamentos e impulsos de cariz mais violento como uma consequência das exaltação das memórias que lhe são então presentes mas, ao mesmo tempo, percebemos pela sua atitude que alguma réstia de vida poderá ter voltado àquele local onde o lume será, uma vez mais, ateado.
O espectador que deveria então concentrar-se nessa mesma solidão e nos seus efeitos depara-se com a sua presença que, ironicamente, se transforma numa inesperada "companheira" durante toda a narrativa como se de uma personagem se tratasse.
Luís Costa, que como referi é o realizador do brilhante Fontelonga, retoma a questão da desertificação e da solidão nesta fantástica curta-metragem que é Pena Fria numa transição muito bem delineada do documentário para a ficção e que claramente o colocam como um dos nomes de uma nova e muito forte geração de brilhantes realizadores que deveremos ter em atenção para o futuro e que, espero, seja sempre próximo na entrega de novas obras com o forte calibre que estas duas referências já o são. Se no caso do referido Fontelonga ainda nos é permitido encarar a memória de forma tragicómica, em Pena Fria somos levados a encarar a rudeza de um passado que não foi encerrado despertando desta forma todos os velhos fantasmas que se pensavam encerrados.
Ainda um destaque pela positiva para uma melancólica e muito bem enquadrada música original da autoria de Danny Norbury que nos remete para uma cada vez mais intensa sensação de solidão completando todos os pequenos grandes momentos que as imagens nos transmitem, assim como para a extraordinária interpretação de Valdemar Santos que ocupa normalmente o lugar de "secundário determinante" (note-se que de secundária nada têm as suas composições artísticas) nos filmes em que participa mas que em Pena Fria tem o seu merecido protagonismo com uma interpretação que nada tem de contida e é sim doseada de uma intensidade desarmante que mostram todo o seu potencial interpretativo (sim, é até ao momento uma das melhores interpretações do ano).
De Pena Fria apenas resta dizer, se já não o é óbvio, que é sem qualquer reserva, um dos filmes maiores deste ano.
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9 / 10
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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Dora Bryan

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1923 - 2014
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Random Stop (2014)

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Random Stop de Benjamin Arfmann é uma curta-metragem de ficção norte-americana baseada em factos verídicos que se torna arrepiante pela forma como é relatada na primeira pessoa.
Quando o agente Kyle Dinkheller em patrulha por uma estrada praticamente deserta se preparava para regressar à esquadra, não previa que tivesse de fazer uma inesperada paragem pelo seu caminho que iria trazer consequências inesperadas às mãos de Andrew Brannan.
Baseada em acontecimentos verídicos, Random Stop impressiona pelo argumento de Benjamin Arfmann que transporta o espectador para todas as experiências vivenciadas na primeira pessoa. Por outras palavras, contrariando uma certa tendência de colocar o público como observador dos factos decorridos, Arfmann aqui opta por contá-los sem que o espectador alguma vez veja o protagonista, à excepção de alguns poucos reflexos seus, e viver todos os acontecimentos como se se encontrasse realmente in loco.
De curta duração Random Stop consegue cativar não só pela veracidade dos acontecimentos decorridos em Janeiro de 1998, mas também pelo facto de por detrás dos mesmos se esconderem factos igualmente preocupantes e tão pouco discutidos como são os traumas de guerra de afectam aqueles que por elas passaram e os remetem para uma posterior vivência em silêncio e que, de certa forma, podem mais tarde desencadear um conjunto de eventos igualmente trágicos como aqui podemos constatar.
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"Because he let me..."
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8 / 10
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Prémio MOTELx - Melhor Curta de Terror Portuguesa 2014: os nomeados

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Foram hoje anunciadas as curtas-metragens candidatas para o Prémio MOTELx - Melhor Curta de Terror Portuguesa da próxima edição do MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, entre as quais se encontram dois anteriores participantes, um dos quais vencedor da Menção Especial do último ano.
As seleccionadas são:
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Bodas de Papel, de Francisco Antunez
Contactos 2.0, de Bernardo Gomes de Almeida e Rodrigo Duvens Pinto
Demência, de Rafael Almeida
Dentes e Garras!, de Francisco Lacerda
Epoh, de Pedro Pinto
Forbidden Room, de Emanuel Nevado e Ricardo Almeida
Gata Má, de Eva Mendes, Joana de Rosa e Sara Augusto
Maria, de Joana Viegas
A Morte é o Único Perdão, de Rui Pilão
Offline, de Pedro Rodrigues
Pela Boca Morre o Peixe, de João P. Nunes
Schadenfreunde - De Morrer a Rir, de Leonardo Dias
Se o Dia Chegar, de Pedro Santasmarinas
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O MOTELx decorrerá no Cinema São Jorge, no Teatro Tivoli BBVA e no Palácio Foz entre os dias 10 e 14 de Setembro.
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domingo, 20 de julho de 2014

The Texas Chainsaw Massacre (2003)

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Massacre no Texas de Marcus Nispel é uma longa-metragem norte-americana e mais um dos muitos remakes da história que fez sucesso na década de 70 aquando da estreia do seu título original.
A caminho de um festival de música, cinco amigos perdidos numa estrada do interior do Texas encontram uma mulher perdida e confusa. Depois de lhe darem boleia e do seu suicídio à sua frente, os cinco vêem-se envolvidos numa perseguição de gato e do rato por parte de uma estranha família e que os irá levar à sua morte.
Numa contínua necessidade - de bilheteira talvez! - de recriar o clássico de terror The Texas Chainsaw Massacre (1974), de Tobe Hooper, o realizador alemão (re) adapta-o com algumas variantes lavando-o com algumas caras mais ou menos conhecidas e esperando que o seu sucesso junto de um público mais jovem o conseguisse transformar naquele novo clássico do género. No entanto, e há excepção de um ou outro momento mais tenso, The Texas Chainsaw Massacre não consegue criar aquele estatuto de culto que a obra da década de 70 conseguiu mantendo-se, de uma forma geral, como aquele filme-pipoca que agrada por breves momentos a um público mais jovem sedento de uns bons noventa minutos na sala de cinema.
A fórmula, já gasta pela renovação sucessiva de uma história que nunca conseguiu ser "fechada", é aquela que todos conhecemos... Um grupo de jovens supostamente "hippie" e muito avançados para os seus dias percorrem uma estrada deserta... Depois de um breve encontro que os lança numa estranha encruzilhada em rota de colisão dos seus valores e propósitos com aquilo que está ou será moralmente aceite, encontram-se face a um momento complicado e determinante para com a continuação (ou não) das suas vidas. Temos ainda uma família francamente disfuncional que parece ter parado no tempo e um psicopata que é acarinhado pela mesma como se os seus actos fossem justificados e compreendidos e, como tal, aceites e também eles "alimentados". Entre suposições de quem realmente será de confiança e uma qualquer modernidade - para a época - que é fortemente reprimida pela morte, The Texas Chainsaw Massacre consegue apenas assustar os espectador graças aos arranjos musicais versus previsibilidade do momento que provocam não suportando, em nenhum deles, algo de novo ou esclarecedor deste que é apresentado como um dos mais chocantes casos da já referida década.
Entre actores propositadamente colocados para serem o oposto do grande vilão - deformação versus beleza - que há excepção de Jessica Biel pouco aparecem ou contribuem para a dinamização do mesmo (e mesmo assim Biel fica a léguas daquilo que de melhor já conseguiu apresentar), este The Texas Chainsaw Massacre aproveita ainda o género found footage para tentar credibilizar a história e modernizar-se face aos tempos em que o mesmo ganhou uma interessante - para alguns - linha condutora graças a The Blair Witch Project (1999), de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez apelidado como o "pai" do found footage para o bem e para o mal que isso possa representar de e com esta obra.
No final o espectador limita-se às mesmas grandes incertezas... Como terá tudo começado? Como terá de facto tudo terminado? E a grande pergunta... para onde terá escapado tão sinistra família da qual ninguém nunca mais conseguiu obter qualquer tipo de informação? Num misto de incertezas e de uma constante capitalização daquilo que todos já conhecem sem nunca conseguirem obter respostas extras ao já filmado vezes sem conta, The Texas Chainsaw Massacre é um - mais um - daqueles filmes cujo propósito final não consegue ultrapassar o óbvio... bilheteira... bilheteira... e mais bilheteira... Mantendo-se fiel ao género e aos seus fãs mas, na prática, sem grandes elementos inovadores que expliquem os factos desta história verídica claramente inspirada em Ed Gein, este The Texas Chainsaw Massacre está longe de conseguir o estatuto de culto que a obra de Hooper ainda hoje mantém.
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Festival Ibérico de Cine 2014: os vencedores

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Grande Prémio para a Melhor Curta-Metragem: Sequence, de Carles Torrens
Segundo Prémio para a Melhor Curta-Metragem: Helsinki, de Juan Beiro
Melhor Realização: Pipas, de Manuela Moreno
Prémio do Público: Absolutamente Personal, de Julián Merino
Prémio de Melhor Actor: Agustín Sasián, Inocente
Prémio de Melhor Actriz: Ana Rayo, Helsinki
Melhor Argumento: Manuela Moreno, Pipas
Melhor Fotografía: Paulo Castilho, Longe do Éden
Melhor Música Original: Mariana Ricardo, Gambozinos
Prémio do Júri Jovem: Inside the Box, de David Martín Porras
Melhor Curta Extremeña: Vía Tango, de Adriana Navarro
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Álex Angulo

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1953 - 2014
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sábado, 19 de julho de 2014

James Garner

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1928 - 2014
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John Fasano

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1961 - 2014
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Skye McCole Bartusiak

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1992 - 2014
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Man on Wire (2008)

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Homem no Arame de James Marsh é um documentário em formato de longa-metragem de produção norte-americana e britânica centrado nos acontecimentos em torno de Philippe Petit aquando da sua travessia aérea entre as duas torres do World Trade Center, em Nova York em 1974 considerado, então, o "crime artístico do século".
Este documentário vencedor do Oscar na sua categoria explora através de imagens de época e testemunhos actuais dos seus principais intervenientes, um dos mais mediáticos acontecimentos da década de '70, as memórias pessoais daqueles que nele participaram bem como as suas consequências no futuro imediato que perduram até ao presente e que os viriam a alterar para sempre.
Através destas entrevistas, o espectador consegue compreender algumas das motivações ainda que, de certa forma, fique claro que a vontade de fazer este "crime artístico" mais não fosse do que uma satisfação pessoal do ego para todos, assim como as frágeis relações de amizade e sentimentais que estavam envolvidas em todo o processo. Tendo não só a cidade de Nova York como o próprio World Trace Center - hoje uma imagem na memória colectiva - como algumas das suas personagens participantes deste relato, Man on Wire é sobretudo o registo de um acontecimento que prima principalmente por ter como pano de fundo o local em que foi efectuado e que se constitui - hoje - como um elemento do momento mais negro da História de uma cidade. Obviamente que todos o recordam como um momento da ida década de '70 quando, afinal, o próprio WTC era um marco recente que definia o horizonte da cidade mas observando hoje este documentário permanece a questão sobre a relevância do mesmo - mais de quarenta anos depois -, não fossem os trágicos acontecimentos que marcaram para sempre a cidade em 2001.
Interessante do ponto de vista histórico e de definição da "alma" de um dos ícones mais intimamente ligados à cidade, e dessa forma da sua própria identidade, bem como pelos testemunhos daqueles que marcaram aquelas horas da década de '70, Man on Wire é um documentário que se prende principalmente com a memória de Petit e das suas amizades - de então - assim como dos diversos desafios que efectuava para desafiar a lei, o (im)possível e, dessa forma, os seus próprios limites... se é que alguns.
Assim, e se retirarmos esta componente pessoal e histórica que cruza a essência deste documentário, permanece uma única questão que me "atormenta" neste relato... qual a humanização da história por detrás da História na medida em que nunca são exploradas a fundo as relações que findaram após esta "travessia entre torres", nem tão pouco a actualidade das mesmas... afinal, as amizades não terminam simplesmente porque sim ou por um evento que não correu tal e qual como se esperava...
Relevante - quando contextualizado - e dinâmico - por momento -, Man on Wire nunca chega a ser cativante o suficiente para sobreviver para lá da importância histórica do local em que todos os acontecimentos ganharam forma.
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4 / 10
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sexta-feira, 18 de julho de 2014

Anjo (Negro) (2014)

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Anjo (Negro) de Pedro Horta é uma curta-metragem portuguesa de ficção que teve a sua antestreia na II Mostra de Cinema da Peace and Art Society que decorreu em Faro a 11 de Julho último.
Ana (Sofia Reis) ensaia a sua dança ao som do Lago dos Cisnes. Ao mesmo tempo que treina os seus passos emociona-se com as gravações que vê no computador e que despoletam nela um conjunto de sentimentos e sensações que adivinham uma rápida entrada num abismo.
Conseguirá Ana encontrar o equilibrio necessário para (sobre)viver com esta amálgama de emoções?
Este novo trabalho de Pedro Horta, que se prepara para a estreia da sua primeira longa-metragem O Que os Olhos Não Vêem, tem alguns sinais que nos remetem para os locais de inspiração do realizador nomeadamente a obra The Ring e Black Swan criando as suas atmosferas de terror (no primeiro caso) e de instabilidade psicológica (no segundo) que dão ao mesmo tempo uma vida e o seu próprio espaço a esta curta-metragem.
À medida que Anjo (Negro) inicia a sua viagem, o som da música de Tchaikovsky remete-nos de imediato para o imaginário do Lago dos Cisnes e para a sua memória cinematográfica mais recente, o já referido Black Swan. Assistimos aos ensaios de "Ana" ao mesmo tempo que somos levados a reparar em pequenos indícios de que algo de estranho, ou pelo menos invulgar, decorre naquele espaço. Enquanto treina reparamos que todos os objectos mais significativos que podem conter o reflexo da sua própria imagem estão cobertos; a televisão... os espelhos, nenhum deles espelha a imagem de "Ana" que se contenta em treinar fazendo pausas apenas para olhar um pouco mais para os vídeos enquanto o espectador fica com a ligeira sensação de que o seu estado psicológico está prestes a quebrar. A juventude já passou por "Ana" e enquanto ela observa aquela dança para a qual percebemos muito se ter aplicado, sentimos que o seu próprio tempo de a executar com mestria já passou e, mais significativo ainda, é perceber que a própria sabe que por muito que tente a sua oportunidade é já uma ilusão.
O símbolo maior temo-lo com a rosa que murcha aos poucos. Sendo sempre uma constante, pois "Ana" é ainda uma mulher jovem, sabemos que o primor da idade já foi ultrapassado e que com ela tantas oportunidades foram, injustamente, para si tornadas proibidas ou algo de um passado que parece agora estar cada vez mais distante e difícil de repetir. É então aos poucos que percebemos que a sua estabilidade mental começa a ruir quando deparamos com imagens das suas recordações e de um romance que não se cumpriu, de uma maternidade que não teve e de todo um esplendor que desapareceu rapidamente com o passar do tempo sem que ela própria se desse conta que lhe fugia por entre os dedos.
É então que por entre as quatro paredes daquela casa um estranho ser, feito à sua própria imagem, a acompanha, numa clara alusão novamente a Black Swan, que mais não é do que a fragmentação da sua própria personalidade; aquela mais activa e capaz de agarrar o seu próprio futuro em clara oposição com a imagem que tem de si no presente, mais frágil, susceptível de ceder e sem a iniciativa que em tempos havia conseguido ter para com os seus próprios projectos. A mente afectada de "Ana" consegue criar uma inibição à sua própria vontade e, por sua vez, à sua própria continuidade na medida em que a própria parece querer atentar contra a sua vida e integridade física num primeiro segmento que coloca o espectador numa linha muito ténue entre a loucura e a sanidade que nos dificultam saber qual o rumo que "Ana" irá dar ao seu próprio destino.
É quando percebemos que a sua mente já ultrapassou aquele limite do racional que entramos num segundo momento de Anjo (Negro) que nos leva mais para a alucinação do seu "eu" e não tanto para a exploração dos factores que a levaram àquele estado e que apenas permitem ao espectador tecer as suas próprias conclusões sobre o passado de "Ana". Temo-la como uma mulher perdida no tempo, que deixou escapar (ou nunca alcançou) os sonhos e os desejos de uma juventude, independentemente do trabalho que para eles dedicou. Temo-la como uma mulher abandonada, entregue à solidão, à incomunicabilidade e de certa forma à sua própria loucura. Ao desejo de ser mais do que aquilo que conseguiu ser num claro conflito entre a vida e a morte, entre a possibilidade e a sua impossível concretização numa eterna dualidade.
Ainda que Pedro Horta e Sofia Reis, autores do argumento, tenham criado uma história com claras referências cinematográficas já aqui abordadas, Anjo (Negro) não deixa de ser uma curta-metragem interessante pelo rumo próprio com que "vive" entre a loucura e a lucidez, e pelas inúmeras possibilidades com que deixa o espectador a viver aquela história sobre a forma como o passado condiciona o presente e limita o próprio futuro.
Interessante o registo interpretativo de Sofia Reis que consegue transformar a sua "Ana" numa mulher cuja mente cedeu algures nos tempos por um conjunto de factores que não sendo totalmente explorados permitem ao espectador fazer a sua própria interpretação, e principalmente pelo registo livre mas fiel de alguém que perdeu a sua lucidez tendo, no entanto, de conviver não com a sua ignorância mas sim com a sua total percepção.
No entanto, Anjo (Negro) tem também um elemento que considero moderar o suspense e o efeito surpresa na sua narrativa que se prende com os efeitos sonoros perfeitamente dispensáveis ao longo da curta. Se por um lado a música existente cria o seu próprio espaço, estes efeitos contínuos inibem em diversos momentos chave o sentimento de claustro e de "prisão" psicológica que deveríamos sentir por parte de "Ana" e que são tendencialmente mais presentes na segunda metade da curta. Desejamos os silêncios que nos entregariam uma perspectiva mais inibidora, e talvez até mais intimidante, da sua mente aprisionada e que transformariam o próprio espaço físico numa prisão de porta "aberta".
Anjo (Negro) é assim uma curta-metragem que tendo referências cinematográficas explícitas consegue encontrar o seu próprio caminho e estabelecer um primeiro segmento muito interessante que nos permite pensar livremente sobre "Ana", e um segundo momento que não sendo tão trabalhado consegue, no entanto, criar uma promissora atmosfera do género "fantástico".

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7 / 10
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quinta-feira, 17 de julho de 2014

Elaine Stritch

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1925 - 2014
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Ida (2013)

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Ida de Pawel Pawlikowski é uma longa-metragem de ficção polaca e um dos filmes sensação deste ano e que agora tem a sua estreia comercial em Portugal.
Anna (Agata Trzebuchowska) é uma jovem noviça na Polónia dos anos 60 do século passado. Prestes a cumprir os seus votos, Anna conhece Wanda (Agata Kulesza), uma tia que lhe dá a conhecer um terrível segredo do seu passado que remonta aos anos da ocupação nazi.
O argumento de Pawlikowski e Rebecca Lenkiewicz leva o espectador a uma viagem não só pela Polónia comunista como também à sobrevivência do catolicismo na mesma mas principalmente a uma viagem que é feita às memórias, ao passado e àqueles que dele nunca conseguiram recuperar.
"Anna" é uma jovem para quem o mundo sempre se encontrou fechado e desconhecido graças à sua permanência num convento católico desde praticamente a sua nascença. Sem qualquer registo de um passado ou de uma proveniência, a sua educação foi desde o primeiro instante ligada aos ensinamentos católicos que as freiras lhe transmitiram e que, de certa forma, tendo sido a sua única influência lhe parecem a sua mais natural continuidade.
No entanto, é quando "Anna" descobre que as suas origens são judias e que o seu nome verdadeiro é "Ida Lebenstein" que todas as suas convicções são colocadas em causa. Se por um lado "Anna" tem em toda a sua formação moral e educacional os princípios católicos que lhe foram transmitidos, não é menos seguro afirmar que ao descobrir que os seus pais foram primeiro resgatados e depois assassinados por católicos, as suas convicções ficam automaticamente questionadas. Como poderá ela abraçar uma fé que não conseguiu garantir-lhe segurança - e aos seus - e ao mesmo tempo ser professada por aqueles que impiedosamente lhe retiraram os pais de quem não tem qualquer memória?
A seu lado temos "Wanda", a tia distante e aparentemente gélida mas que aos poucos inicia o seu próprio processo de descoberta e empatia revelando, ao mesmo tempo, os seus propósitos até então desconhecidos. "Wanda" sobreviveu à guerra na qual combateu enquanto resistente e é nestes anos 60 uma juíza na Polónia comunista. Uma mulher de relevância na sociedade mas que na sua vida particular não denota qualquer tipo de ligação evidentes pela sua casa desprovida de vida familiar e visível também nos encontros esporádicos que celebra apenas com um propósito de momentânea satisfação sexual.
Se para "Anna" este processo revela-se como de auto-descoberta e conhecimento das suas origens podendo o mesmo colocar em questão todas as suas convicções, para "Wanda" não passa de um conjunto de momentos onde se acentua não só o seu desespero como principalmente a sua espiral descendente de agonia e penitência por um passado que nunca conseguiu ser presente. Se para a primeira este processo é de conhecimento, para a segunda é de confrontação com as suas memórias, com as suas perdas e principalmente com o facto de saber que aquilo que em tempos tivera jamais poderá ser novamente obtido. No fundo, "Wanda" não sabe como sobreviver ao "amanhã" tendo conhecido o "ontem", e aos poucos desaparece - ou tenta - da sociedade que conhece e que parece ter esquecido no seu próprio silêncio.
Ambas vivem com uma identidade difusa. "Anna" parece questionar toda uma existência cristã e católica agora que conhece o mundo - ou pelo menos aquilo que ele aparenta poder ter - para lá das paredes do convento bem como as suas novas origens e raízes e por outro lado "Wanda" vive com o estigma de uma mulher socialmente bem sucedida graças ao seu combate na resistência mas, ao mesmo tempo, atormentada com a memória da família que perdeu. Família essa que é apenas mencionada em dois breves momentos aos quais o espectador precisa de estar com atenção redobrada. Num misto de novos momentos e elementos que silenciosamente parecem querer impôr-se, ambas vivem com a questão de quem serão elas realmente?
É quando a história sobre os seus passados que chega finalmente a verdadeira confrontação... "E agora o quê?!"... Quando todas as perguntas parecem finalmente ter alcançado a sua resposta e que os mortos têm finalmente o seu descanso, o que acontece ao dia seguinte destas duas mulheres? conseguirá uma resistir à confirmação dos seus votos? Conseguirá a outra encontrar paz nas suas memórias?
A magnífica interpretação das duas actrizes cativa o espectador desde o primeiro instante mostrando-lhe duas distintas perspectivas que silenciosamente captam o seu próprio espaço. Duas mulheres de força - e de convicções - que, no entanto, se deixam levar pelos seus extremos na medida em que nenhuma está disposta a conhecer o outro lado com que entretanto se deparam. Para "Anna", a descoberta de uma vida para lá do convento é garantida através de pequenos momentos que se permite viver sem que, no entanto, se comprometa com nenhum deles enquanto que para "Wanda", a ideia de aceitar que a vida continuou apesar da sua perda é também ela impossível de equacionar. Como se sobrevive à perda, ao desgosto e à auto-culpabilização que um passado lhe deixaram como herança?
Os planos semi-reveladores que a direcção de fotografia de Lukasz Zal e Ryszard Lenczewski fornecem ao espectador a ideia de que apenas lhe é mostrado o essencial, os elementos que lhe permitem saber onde se encontra, o que se passa naquele imediato e a perspectiva de que existe todo um novo mundo que nunca é visto mas sim entendido como existindo, fazendo assim perceber que, tal como para as duas protagonistas, existe algo mais que poderá ou não ser visto.
Não sendo o típico filme sobre o Holocausto que nos transporta a uma intensa viagem-relato das experiências de fuga ou de permanência num campo de concentração, Ida é por sua vez o filme registo sobre a importância da memória na formação do indivíduo e sobre a forma como esta afecta de forma inquestionável a sua resistência a um mundo que impiedosamente continuou a avançar não fazendo esquecer aqueles que connosco viveram. No fundo Ida é o filme não sobre o "agora" mas sobre o "e depois" relatando a vida daqueles que sobreviveram de uma ou outra forma.
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9 / 10
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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Hustle & Flow (2005)

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Hustle & Flow de Craig Brewer é uma longa-metragem norte-americana vencedora do Oscar de Melhor Canção Original - "It's Hard Out Here for a Pimp" - e que conferiu ainda a Terrence Howard a nomeação a Melhor Actor.
DJay (Howard) passa pela vida pondo "as suas mulheres" a trabalhar na estrada para ele. Com sonhos antigos de uma vida de glória no mundo da música, DJay tenta com alguns dos seus amigos gravar a música que o poderá ajudar a alcançar esse sonho.
Do "bairro" para a "fama" é um tema recorrente nestas longas-metragens que anseiam desesperadamente por retratar o lado oculto do país das oportunidades. O argumento, também da autoria de Craig Brewer, acaba por ser o habitual nestas histórias com algumas variantes mais ou menos insinuantes e aqui o espectador conhece "DJay" (naquela que é a primeira e única - à data - nomeação a Oscar para Terrence Howard), um homem que se limita a uma existência cuja passagem apenas é marcada pela fidelidade de duas mulheres que ele tem a trabalhar para si enquanto prostitutas - "Nola" (Taryn Manning) e "Shug" (Taraji P. Henson) - e que um dia se cruza com um velho amigo da escola - "Key" (Anthony Anderson), agora um produtor musical sem "fogo" na sua vida.
"DJay" é o protótipo por excelência do falhado a quem a vida nunca sorriu. Perdido nos seus pensamentos e em ambições esquecidas ou, também elas, apagadas, desiste do sonho achando-o apenas uma memória semi-desaparecida que em tempos ousou pensar. Rude, pouco amistoso e forçosamente um "homem da rua" que sobrevive, é o seu encontro com "Kev" que o leva a desafiar o impossível e tentar a sua sorte no meio onde sempre achou pertencer... onde conta as suas experiências e onde, de certa forma, expia toda a sua vida como que em busca de uma redenção por parte daqueles que "do outro lado" se possam identificar com aquele que ele representa.
Mas, como tudo na vida, nem sempre essas oportunidades são passíveis de alcançar com a determinação que se lhes deposita ou mesmo com as portas que parecem ser momentaneamente abertas para que por elas se possam entrar. Mais uma vez, "DJay" encontra-se perdido no tal limbo a que os homens sem oportunidades - ou que a esta condição se entregaram - se encontram e, desesperado com a perspectiva de um futuro que nunca irá mudar, se revolta com a sua condição mantendo por perto apenas a fidelidade dos seus de sempre e novos amigos.
Não se engane o espectador com esta história ou tão pouco com um trailer mais ou menos apelativo.. Aqui, a novidade não parece existir e à semelhança de tantos outros - recordo-me muito imediatamente de 8 Mile, de Curtis Hanson - o protagonista que poderá não terminar com a perspectiva de futuro ideal mas encontra sim uma forma de redenção com o seu meio, a sua vida e as suas amizades que estranhamente parecem ser não só as únicas com que pode contar mas também aquelas que mais ou menos silenciosamente sempre estiveram do seu lado. O futuro, ou aquilo que dele se deseja (desejou) pode não ser aquilo que se irá alcançar mas, ao mesmo tempo, o tal karma cósmico parece encaminhar "DJay" - e amizades - para um certo universo não alternativo mas próximo de uma realidade outrora desejada... mesmo que para lá chegar se tenha de atravessar uma última e inesperada provação.
As oportunidades, os caminhos para as alcançar ou até mesmo os intervenientes que se lhe são colocados a determinada altura podem parecer os mais indicados mas, no entanto, mais não são do que testes últimos sobre a sua determinação e vontade para o seu (tal) sonho e que lhe vão confirmar que a luta poderá ser apenas e só sua... e nunca facilitada pelos enormes sorrisos que vêem nele um sonhador desaparecido que reconhecem mas que abominam e não querem enquanto "sangue novo" no espaço que, também eles, lhes custou a alcançar.
Motivacional? Talvez... De longo alcance? Pouco provável. Hustle & Flow é "aquele" filme que apesar de algum impacto mediático que tenha alcançado nos "seus dias" - que distante que isto parece - e mesmo com um Oscar no seu curriculum consegue apenas brilhar para um núcleo muito restrito que ainda pensa e acredita num ideal de "terra das oportunidades" onde o sonho (por acaso) ainda acontece. Dotado de uma fortíssima interpretação de Taryn Manning e de uma sempre magnífica e emotiva Taraji P. Henson, Hustle & Flow é tão meteórico como olvidável permanecendo apenas na memória como "aquele filme" que trouxe a palavra "chulo" à cerimónia dos prémios de cinema mais cobiçados do mundo.
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"DJay: Everybody got to have a dream."
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6 / 10
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Festival Ibérico de Cine 2014: selecção oficial com participação portuguesa

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Secção Oficial
Absolutamente Personal, de Julián Merino
Carrotrope, de Paulo D'Alva
Democracia, de Borja Cobeaga
Foley Artist, de Toni Bestard
Gambozinos, de João Nicolau
Habitantes, de Leticia Dolera
Helsinki, de Juan Beiro
Inocente, de Álvaro Pastor
Inside the Box, de David Martín-Porras
A Lifestory, de Nacho Rodríguez
Longe do Éden, de Carlos Amaral
Namnala, de Nacho Solana
No Kissing, de Manuel Arija
Only Solomon Lee, de Àlex Lora
La Otra Cena, de Albert Blanch
Pipas, de Manuela Moreno
Sequence, de Carles Torrens
Solsticio, de Juan Francisco Viruega
Teratoma, de Óscar Diaz
Todo un Futuro Juntos, de Pablo Remón
Vocabulario, de Sam Baixauli
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Mostra Extremeña
Epitafios, de María Ballesteros
The Snatcher, de María Gordillo
Via Tango, de Adriana Navarro
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terça-feira, 15 de julho de 2014

Shortcutz Xpress Viseu - primeiro aniversário e nomeados aos prémios anuais


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Depois de várias sessões e de uma forte e importante afirmação cultural na cidade, chegou a altura de se celebrar o primeiro aniversário do Shortcutz Xpress Viseu.
Será no próximo dia 27 de Julho no Teatro Municipal Viriato que este aniversário será celebrado num evento organizado pelo Shorcutz Xpress Viseu com a promoção e o apoio técnico do Município de Viseu e o apoio da Só Sabão, Hotel Moínho de Vento e Lanxeirão, onde a partir das 16 horas serão anunciados não só os vencedores das categorias em competição assim como serão exibidas as respectivas curtas-metragens.
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Melhor Curta-Metragem
M, de Joana Bartolomeu
The Headless Nun, de Nuno Sá Pessoa
O Sol Nasce Sempre do Mesmo Lado, de Nuno Matos
Breu, de Jerónimo Ribeiro Rocha
Arpeggio, de Hélder Faria
Curiositas, de Paulo Cristovão
Como Tu, de Afonso Oliveira
Branco, de Luís Alves
Bílis Negra, de Nuno Sá Pessoa
Herculano, de Sérgio Graciano
Chico Malha, de Guilherme Gomes e Miguel Reis
Perto, de José Retré
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Melhor Actor
Bruno Mateus, O Sol Nasce Sempre do Mesmo Lado
João Craveiro, Bílis Negra
Miguel Borges, Herculano
Sérgio Praia, Perto
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Melhor Actriz
Joana de Brito, Chico Malha
Manuela Couto, Perto
Patrícia André, Herculano
Adriana Moniz, Perto De Mais
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Melhor Realizador
José Retré, Perto
Sérgio Graciano, Herculano
Nuno Sá Pessoa, Bílis Negra
Nuno Matos, O Sol Nasce Sempre do Mesmo Lado
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Melhor Argumento
Bílis Negra, João Craveiro
Chico Malha, Ana Reis, Guilherme Gomes e Miguel Reis
Herculano, Célia Costa e Filipa Poppe
O Sol Nasce Sempre do Mesmo Lado, de Nuno Matos
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Melhor Fotografia
Duarte Guedes, A Ceia
Leonor Teles, O Sítio Onde as Raposas Dizem Boa Noite
Rebecka Bolinder, Um Cadáver Chamado Alfredo
Nuno Escudeiro, White Nights
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Melhor Edição
Bílis Negra, Nuno Sá Pessoa
Chico Malha, Guilherme Gomes e Miguel Reis
Perto, Manuel Pinto
White Nights, Nuno Escudeiro
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