sexta-feira, 30 de maio de 2014

The Whisper and the Night (2014)

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The Whisper and the Night de Miguel De é uma curta-metragem portuguesa de ficção que nos conta a história de Helen (Helena Bento) uma jovem rapariga com uma vida aparentemente banal que passa pelos dias sem que nada de extraordinária lhe aconteça. E tudo isto contado por uma estranha voz que parece segui-la enquanto narra esta falta de acontecimentos.
Se inicialmente somos obrigados a sentir nesta narração algo de incomodativo e pouco elaborado, é com o desenvolvimento desta curta-metragem que encontramos a resposta para tão monocórdica narração que por breves instantes nos faz parecer um documentário sobre a vida animal. E não é ao acaso que faço esta comparação entre os ilustres documentários que povoaram os ecrãs nacionais há largos anos atrás pois é quando percebemos a justificação desta narração que de facto podemos encontrar as reais semelhanças a toda a descrição de uma noite de "Helen". Os seus actos, os seus passeios mundanos e sem propósito definido como se se limitasse apenas a explorar toda uma cidade, e a sua falta de vida, que pela noite parece tão desinteressante como aquilo que nos é relatado da vida desta jovem rapariga.
Assim The Whisper and the Night começa por levantar as suspeitas sobre o seu fundamento e sentido mas, aos poucos, somos surpreendidos com um verdadeiro sopro de originalidade que nos relata a sentida necessidade de alguém (ou algo) em sentir... sentir um toque, sentir o próprio sentir, para dessa forma perceber se aquilo que faz dia após dia é, de facto, viver... tal como "Helen" que parece, também ela, isenta às emoções.
Miguel De, que já nos havia entregue neste último ano o magnífico O Vazio Entre Nós, tem aqui mais um trabalho original e que apela a que o espectador pense sobre a dinâmica das relações, ou da sua falta, e sobre a forma como o toque e o sentir definem de forma transformadora a essência de cada um de nós... Só pelo sentir, retemos, poderemos alguma vez saber que estamos vivos. Sem revelar nada daquilo que o espectador pode reter deste filme, há ainda que referir que este jovem realizador vai mais longe ao colocar como narrador desta curta-metragem uma personagem diferente, ambiciosa nos seus sentidos (porque afinal também os revela) e que pensa... que pensa de forma humana e (ir)racional porque também ele quer... sentir.
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8 / 10
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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Bedtime Stories (2008)

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Histórias para Adormecer de Adam Shankman é uma longa-metragem de comédia da Disney que conta com a interpretação protagonista de Adam Sandler.
Skeeter Bronson (Sandler) tinha em criança o sonho de gerir o hotel do qual o seu pai era proprietário. No entanto, quando as despesas aumentam e este é obrigado a vendê-lo a um empresário de sucesso, Skeeter cresce apenas com a oportunidade de ser o biscateiro de serviço enquanto outros lucram com os dividendos que o hotel proporciona.
É quando parece que a sua vida já não tem hipótese de dar uma volta pela positiva que a sua irmã Wendy (Courteney Cox) lhe pede que toma conta dos seus sobrinhos. Sem grande escolha, Skeeter acompanha os sobrinhos todas as noites e, antes de dormir, uma história é contada para que eles adormeçam. Mas... o que acontecerá se algumas destas histórias começarem a tornar-se realidade?
A tentativa da Disney em recriar num filme de ficção um conjunto de histórias imaginadas e repletas de uma fantasia extrema, tão típica do estúdio, funciona de forma que quase arrisco dizer, desastrosa. Se por um lado os segmentos ditos "reais" em que "Skeeter" dá corpo ao homem sem objectivos, sonhos ou esperança num futuro que não se concretizou e que, como tal, o coloca como tantos dos demais, funciona de forma real e credível ao mesmo tempo que não esquece que estamos, afinal, perante um filme de família, não deixa também de ser verdade que os momentos em que priva com os seus sobrinhos e que lhe conta as histórias de embalar, estas (ou melhor as suas recriações) mais parecem momentos decadentes e sem graça que alguém foi obrigado a inserir no filme.
Às histórias, absurdas ou não é indiferente pois o seu propósito é, de facto, pôr as crianças a dormir, falta o essencial... a magia que lhes permite sonhar, ansiar, desejar e, considerando a sua idade, fantasiar com o impossível e com o improvável que para elas é uma certeza, o real e a perfeita imperfeição que desconhecem. Mais trágicas e de piada fácil, estes segmentos imaginados para o espectador são dolorosas, sem côr e apesar da explosão desta mesma por todos os locais, não conseguimos ter um único momento de credibilidade nos mesmos.
Então questionamo-nos sobre o que pensar de um filme onde é suposto a magia e a imaginação funcionar predominantemente mas onde é, no entanto, a realidade e a desilusão que conseguem não só tapar esse brilho como funcionar de forma mais eficaz? São os dramas, as desilusões, os sonhos perdidos, o alheamento da família mais próxima, a falta de trabalho e de vida sentimental de "Skeeter" que acabam por dominar o centro de atenção que esta história tem para contar e não tanto aqueles poucos momentos de fantasia, de sonho e de imaginação que tão bem caracteriza as produções da Disney. E mesmo estes momentos, pontuais ao longo da acção, acabam por não ser inspirados... não serem mágicos... e pouco retratarem do espírito de fantasia e quase alucinação que se esperam os mesmos.
Se a isto juntarmos um conjunto de actores relativamente mediáticos, destacando-se obviamente o próprio Sandler, que parecem estar aqui apenas para picar o ponto e receber um suposto cheque chorudo, estamos a meio de um Bedtime Stories que se torna cansativo, abusado e sem côr. Sandler quase roça o grotesco numa interpretação que está muito próxima do seu pior. Courteney Cox numa assumida participação especial como a irmã sisuda e também ela sem graça, faz-nos desejar pelos bons e velhos tempos da saga Scream onde conseguia, apesar do género, ter mais inspiração do que aqui. E finalmente Keri Russell que tem habitualmente um look genuíno e sensível entregando interpretações que se sentem humanas e tocantes tem aqui notórios momentos de indiferença e rudeza que tão mal a caracterizam.
Bedtime Stories é, ainda que bem intencionado, um filme fraco e extremamente frágil onde o seu propósito primeiro, e no fundo marca da Disney enquanto filme moralizador sobre o poder dos sonhos e da vontade de os tornar realidade, falha. Falha de forma que quase parece intencional e tão inspirada como o propósito que deveria fazer sentir nos seus espectadores onde, para além do tradicional filme de família, também esperam ver uma história que os faça pensar sobre os seus sonhos de criança, o seu mundo imaginado que tantos deixaram por cumprir e dessa forma, deixaram-se aos próprios por cumprir algures num tempo perdido que já não irão recuperar. E falha ainda na tentativa dos argumentistas Tom Herlihy e Matt Lopez de o transformar numa história romântica entre Sandler e Russell que, em muito tempo, demonstram a falta de química existente entre um par protagonista que aqui melhor funcionaria se o objectivo fosse em fomentar o "ódio" entre ambos.
Assim, e com a excepção de alguns cenários "regulares" (nunca magníficos), Bedtime Stories mais não é do que a forma de conseguir um salário chorudo e livre de grandes preocupações que sim... é possível que tenha obtido o seu retorno em bilheteira mas que não consegue com isso tornar-se numa história interessante e motivadora... consegue sim ser banal e aborrecida sem que, no entanto, pareça preocupar-se com isso.
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4 / 10
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Les Nuits en Or em Portugal

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A Academia Portuguesa de Cinema, a convite da Académie des César e em parceria com o Institut Français du Portugal, traz a Portugal a iniciativa Les Nuits en Or 2014.

Les Nuits en Or é uma iniciativa na qual serão exibidas oito curtas-metragens francesas premiadas internacionalmente assim como serão igualmente exibidas as três curtas portuguesas vencedoras dos Sophia, ou seja, Kali, O Pequeno Vampiro, de Regina Pessoa (Sophia de Curta-Metragem de Animação), Cerro Negro, de João Salaviza (Sophia de Curta-Metragem de Ficção) e Raul Brandão era um Grande Escritor..., de João Canijo (Sophia de Curta-Metragem Documental).

O Les Nuits en Or realiza-se assim já na próxima terça-feira, dia 3 de Junho, pelas 19 horas no Institut Français du Portugal, na Avenida Luís Bívar, em Lisboa.
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Câmara Municipal de Lisboa homenageia a actriz Carmen Dolores

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Decorreu, no passado dia 23 de Maio, no Jardim de Inverno do Teatro Municipal de São Luiz, em Lisboa, a cerimónia de entrega da Medalha Municipal de Mérito, Grau Ouro, à atriz Carmen Dolores, pelos seus 60 anos de carreira e vida artística de qualidade e consistência, amplamente reconhecidas, tendo acorrido a esta homenagem várias dezenas de amigos e admiradores.
Na ocasião, estiveram presentes a actriz Manuela Machado que declamou o poema “Amizade”, de Alexandre O’Neill, Carlos Avillez e Jorge Listopad, dois encenadores muito presentes na carreira da homenageada, assim como a actriz Natália Luiza que trouxeram testemunhos sobre a vida e carreira de Carmen Dolores.
Depois de receber a distinção das mãos da vereadora do pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, que recordou haver esta atribuição sido decidida por unanimidade em sessão camarária no passado mês de Abril, Carmen Dolores agradeceu ao município e referiu-se ao seu empenho no trabalho em prol da Casa do Artista, onde hoje estão tantos "artistas esquecidos". Falando muitas vezes num registo personalizado, dirigido aos muitos amigos e colegas presentes na homenagem, a grande actriz sublinhou a "importância dos afetos" na sua vida e na sua carreira.
De recordar que a primeira participação de Carmen Dolores no cinema foi no filme Amor de Perdição, de António Lopes Ribeiro (1943), sendo que a última participação nos palcos foi com a peça Copenhaga (2003) com encenação de João Lourenço, em televisão participou pela última vez em A Lenda da Garça e Casa da Saudade, ambas do ano 2000, e a sua última participação em cinema remonta já ao ano de 1991 no filme Retrato de Família, de Luís Galvão Teles.
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Maya Angelou

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1928 - 2014
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Ariel - Academia Mexicana de Cinema 2014: os vencedores


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Filme: La Jaula de Oro, de Diego Quemada-Diez
Primeiro Filme: La Jaula de Oro, de Diego Quemada-Diez
Realizador: Amat Escalante, Heli
Actor: Brandon López, La Jaula de Oro
Actriz: Adriana Roel, No Quiero Dormir Sola
Actor Secundário: Rodolfo Domínguez, La Jaula de Oro
Actriz Secundária: Lisa Owen, Los Insólitos Peces Gato
Argumento Original: La Jaula de Oro, Diego Quemada-Diez, Gibran Portela e Lucía Carreras
Argumento Adaptado: Tercera Llamada, María Renée Prudêncio e Francisco Franco
Fotografia: La Jaula de Oro, María José Secco
Montagem: La Jaula de Oro, Paloma López Carrillo e Felipe Gómez
Som: La Jaula de Oro, Matías Barberis, Michelle Couttolenc, Raúl Locatelli e Jaime Baksht
Música Original: La Jaula de Oro, Leonardo Heiblum e Jacobo Lieberman
Design de Produção: Ciudadano Buelna, Lorenza Manrique Mansour
Guarda-Roupa: Ciudadano Buelna, Mayra Gabriela Juárez Vanegas
Caracterização: Halley, Adam Zoller
Efeitos Especiais: Cinco de Mayo: La Batalla, Alejandro Vázquez
Efeitos Visuais: Cinco de Mayo: La Batalla, Charly Iturriaga
Documentário: Quebranto, de Roberto Fiesco
Curta-Metragem de Ficção: Música para Después de Dormir, de Nicolás Rojas
Curta-Metragem Documental: Un Salto de Vida, de Eugenio Polgovosky
Curta-Metragem de Animação: Lluvia en los Ojos, de Rita Basulto
Filme Ibero-Americano: Gloria, de Sebastián Lelio (Chile/Espanha)
Ariel de Oro: Ernesto Gómez Cruz
Ariel de Oro: Arturo Ripstein
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terça-feira, 27 de maio de 2014

Black & White 2014: os vencedores

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Grande Prémio B&W “Ibertelco – Sony”: Foley Artist, de Toni Bestard (Espanha)
Melhor Vídeo Ficção: Les Lézards, de Vincent Mariette (França)
Melhor Vídeo Documentário: La Pionnière, de Daniela Abke (Alemanha)
Melhor Vídeo Experimental: Paleosol 80 South, de Jonathan Doweck e Amir Yatziv (Israel)
Melhor Vídeo Animação: Animo Resistente, de Simone Massi (Itália)
Melhor Vídeo Musical: Scattered in the Wind, de Lori Felker (EUA)
Melhor Áudio - Yamaha Música: Tracing A-7063, de Bernard Clarke (Irlanda)
Melhor Fotografia: Suspense, de Cláudio Reis (Portugal)
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Prémios do Público
Prémio Público Áudio CP Comboios de Portugal: Cardinal 6 FFFFFF, de Pedro Ferraz (Portugal)
Prémio Público Fotografia CP Comboios de Portugal: Olhar de Ulisses, de Tiago Carvalho (Portugal)
Prémio Público Vídeo CP Comboios de Portugal: Les Lézards, de Vincent Mariette (França)
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Menções Honrosas: Peixe: Avião - Pele e Osso, de André Tentúgal (Portugal), Bla, de Martina Mestrovic (Croácia) e O Coveiro, de André Gil Mata (Portugal)
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The Last Horror Movie (2003)

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O Último Filme de Terror de Julian Richards é uma longa-metragem britânica de terror vencedora do Prémio da Crítica no Fantasporto que num mockumentary bem violento nos entrega uma original, tensa e moderna - pelo menos para a altura - história.
Max Parry (Kevin Howarth) é um aparentemente pacato fotografo de casamentos que em certo dia decide fazer um documentário em que ele será o principal protagonista. O objectivo de Max é surpreender banais clientes de clube de vídeo ao alugarem um filme onde assistem não à obra em questão mas sim aos selváticos devaneios de Max com as suas mais variadas vítimas (sempre o cliente anterior) enquanto por fim satisfaz os seus apetites canibais com a sua carne.
Num registo de mockumentary, bem violento por sinal mas não graças às imagens mas aos actos que são em muitos momentos sugeridos, o argumento de Julian Richards e James Handel aponta-nos o perigo no mais insuspeito dos locais onde qualquer um se dirige para encontrar o entretenimento banal para o final da noite mas que, sem saber, está a "alugar" o seu próprio fim.
Para lá da mensagem subliminar onde se pressupõe que o video está a eliminar o cinema e todo o ritual de assistir a um filme num espaço condigno, a realidade é que The Last Horror Movie é uma bem pensada história sobre a violência que se assume como gratuita. O facto e a certeza de que qualquer pessoa por mais inofensiva que aparente ser poder praticar o mais hediondo dos actos - desde a violência ao canibalismo - coloca uma interessante questão sobre os nossos hábitos e sobre o controle a que cada um deles está sujeito quando uma terceira parte decide fazer do nosso... seu.
As motivações do serial killer em questão não existem. A barbárie a que decide sujeitar toda e cada uma das suas vítimas depende apenas da possibilidade em fazê-lo e, quase como uma forma de ilibar a sua própria culpa, atribuir ao acaso a decisão de quem será o próximo, ou seja, esse será aquele que alugar de seguida o filme que ele próprio grava que sela a sua própria escolha se continuar a ver ou não as brutais imagens que ele ali deposita.
Pessoalmente considero que The Last Horror Movie não é um daqueles filmes que fique muito para além do tempo em que o visualizamos. É um facto que impressiona em diversos momentos e que assusta e preocupa pela premissa que o mal pode ser praticado simplesmente porque sim... sem motivos exteriores ou justificações para lá do simples facto de poder ser feito mas, ao mesmo tempo, não deixa de ser verdade que exceptuando o sub-género mockumentary onde se cria a obra "real" sem que, na prática, o seja, este filme esgota-se no ensaio sobre a violência, sobre os intervenientes - assassino e vítimas que, ao mesmo tempo, observam todas as imagens da vítima anterior sem se questionarem sobre a violências das mesmas e tornando-se assim cúmplices dos actos - e principalmente sobre aqueles que em nome de uma obra dita "cinematográfica" também consentem sobre os actos que em "tempos normais" repudiariam referindo-me concretamente ao câmara que o acompanha e que não se inibe de filmar assinando o seu próprio compromisso com a causa.
Àparte de "Max", a personagem criada por Kevin Howarth, todas as demais acabam por ser meramente decorativas para a continuidade da história. Na verdade, apenas o referido câmara e a avó do assassino assumem presença mais significativa um por querer experimentar a violência a que assiste e a outra por se alimentar dela sem saber. Mas de todos apenas "Max" parece apresentar uma alma - ainda que bem negra - tendo como seu único propósito justificar não os seus actos - pois como ficou estabelecido faz porque pode -, mas sim os nossos (os espectadores), que têm a todo o momento o poder de parar o filme e terminar com o tormento a que assistimos mas optamos por verificar até onde ele vai... Confirmamos então que, tal como ele, gostamos (ou simpatizamos) com o que faz sem que, no entanto, tenhamos a coragem de reproduzir os seus actos (teorias de "Max").
Inovador - talvez para o seu tempo - mas não tão original como se poderia supôr... Vale pela corrente slasher que entretanto se prolongou com títulos como Saw (e suas sequelas), mas não se confirma como uma obra referência no género ou que grande parte dos espectadores tenha sequer conhecimento... talvez as teorias de "Max" tenham (felizmente) saído goradas.
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6 / 10
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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Centurion (2010)

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Centurião de Neil Marshall é uma longa-metragem britânica centrada na época do domínio Romano do actual território inglês deixando apenas livre a zona norte da ilha.
Na Bretanha de 117, Quintus Dias (Michael Fassbender) é o único sobrevivente de um ataque dos bárbaros a norte e que tenta a vingança às ordens do General Virilus (Dominic West) e com o apoio de Etain (Olga Kurylenko), uma desertora da referida tribo.
Conseguirão Quintus Dias e Viriulus destruir, com o apoio da Nona Legião, a temida liderança de Gorlacon (Ulrich Thomsen), líder da tribo, ou estará à sua espera uma surpresa que irá assombrar a invencível esquadra Romana?
Numa viagem pelo passado e por um dos maiores mitos da História do Império Romano, Centurion tem como base um potencial - não factual - fim da já referida Nona Legião. Não se centrando necessariamente no seu fim mas sim utilizando-o como o motor de um outro enredo, Centurion conta a história de "Quintus Dias", um sobrevivente das hordes bárbaras que consegue encontrar-se como um estranho não só em terras que lhe são estranhas como também naquelas que o viram nascer.
Para lá de uma história dentro da História, Centurion ficciona uma eventual recriação de um dos mais importantes mitos britânicos, ou seja, como uma pequena tribo conseguiu resistir - e vencer - a mais importante e mítica legião Romana lançando-os numa armadilha que ditaria a sua própria extinção. Desta forma previa, ao mesmo tempo, o término do Império Romano ou, pelo menos, perspectivando que esse fim poderia ser uma eventualidade e, como tal, uma possibilidade.
À parte das questões históricas, aquilo que sobressai desta longa-metragem britânica é a sua vertente de aventura e de acção que se afirmam pela vontade de sobrevivência que as suas personagens fazem sentir; Romanos - por um lado - por se encontrarem em território hostil que os domina pelas suas adversidades geográficas e climatéricas enquanto são, ao mesmo tempo, perseguidos por uma tribo feroz que tendo ela sido vítima das injúrias e violências do ocupante querem, também eles, marcar a sua vingança agora que se sentem em superioridade física. Por outro lado, temos estes mesmos bárbaros - comandados por uma violenta "Étain" (Kurylenko) que deseja mais que tudo saldar a dívida de um passado que lhe foi roubado e que a marcou por um crime de ódio.
Todos, de uma ou outra forma, passam por esta história como sobreviventes de um acontecimento trágico e marcante. Todos desejam ser o (único) sobrevivente de uma história que se faz contar a cada dia que passa e que tem no seu seio as próprias marcas de vingança, traição e afirmação - pessoal e social - mas que, no final, nos deixa a questão sobre quem tem a razão suprema ou, pelo menos, quem é mais vítima às mãos de quem... No fundo, se pensamos que estes bárbaros são uma vítima às mãos Romanas, não é menos certo que temos às suas mãos também relatos de violência forçada - de "Gorlacon" sobre o seu filho que desde jovem idade tenta inserir nas vinganças do clã, bem como a ostracização a que veta "Arianne" (Imogen Poots) por querer ser dentro da sua tribo mais do que uma guerreira cujo ódio marca as suas acções e razão de existir. Ao mesmo tempo, se por momentos pensamos que os Romanos são também eles vítimas de uma sangrenta vingança aos mãos da tribo bárbara, não é menos verdade que assistimos a um acto de traição palaciana quando "Quintus" passa a ser persona non grata da qual têm de se livrar para não envergonhar a toda poderosa Roma.
No final temos um meio termo... Uma potencial história de um novo começo. Um mundo paralelo inserido no meio de dois territórios que são por si só inóspitos e do qual tanto "Quintus" como "Arianne" pretendem fugir. Ambos são indesejados nos espaços que até então haviam considerado como a sua casa. Ambos foram expulsos e marcados no seio do seu espaço seguro. Como tal, porque não tratar o desconhecido - a terra de ninguém - como o único lar que ambos podem construir e considerar realmente seu vivendo numa potencial harmonia... pelo menos enquanto esta durar.
O "Quintus" de Michael Fassbender - pelos Romanos - e a "Étain" de Olga Kurylenko - pelos bárbaros - encarnam desta forma os rostos de dois lados que encontram tanto de semelhanças como de diferenças na medida em que ambos acabam por ser joguetes dos interesses de cada um dos "lados". Se "Quintus" serve como o inesperado herói que acaba por ser traído por quem o glorificou, é "Étain" que também é utilizada através da sua história pessoal para ser o rosto da liderança de uma vingança e libertação social que apenas poderia terminar na desgraça. Ambos tentam - cada um à sua maneira - sobreviver numa sociedade que apenas os reconhece como proveito próprio acabando por terminar em desgraça nos mesmos.
Os dois actores que dominam o ecrã em doses relativamente equilibradas dão corpo a esta dicotomia entre vítima vs. agressor dependendo da perspectiva em que se enquadram. Se inicialmente cada um deles se posiciona em pólos opostos, é também certo que com o decorrer da história invertem a sua condição experimentando aquilo que outrora "um" provocara ao "outro" oscilando assim entre culpa e inocência fazendo com que a validade dos seus (deles) actos dependa do momento histórico em que são apresentados e defendidos.
Estando longe de se tornar numa referência do género e dependendo muito das interpretações dos agora "hollywoodescos" Fassbender e Kurylenko, Centurion funciona enquanto filme de aventura/acção tendo como base um acontecimento histórico/mítico que ainda hoje não foi desvendado bem como pela espectacularidade dos cenários naturais que dão uma vida mais "selvagem" à própria História.
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"Quintus Dias: (...) this is neither the beginning nor the end of my story."
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7 / 10
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domingo, 25 de maio de 2014

Italian Online Movie Awards 2014: os vencedores

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Filme: La Vie d'Adèle: Chapitres 1 et 2, de Abdellatif Kechiche
Filme Italiano: La Grande Bellezza, de Paolo Sorrentino
Actor: Matthew McConaughey, Dallas Buyers Club
Actriz: Cate Blanchett, Blue Jasmine
Elenco: Christian Bale, Amy Adams, Bradley Cooper, Jeremy Renner, Jennifer Lawrence, Jack Huston, Louis C.K., Michael Peña, Alessandro Nivola, Elisabeth Rohm, Dawn Olivieri, Colleen Camp, Anthony Zerbe, David Boston, Erica McDermott, Adrian Martinez e Thomas Matthews, American Hustle
Guarda-Roupa: Catherine Martin, The Great Gatsby
Design de Produção: Beverly Dunn e Catherine Martin, The Great Gatsby
Caracterização: Bernard Floch e Olivier Seyfrid, Holy Motors
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sábado, 24 de maio de 2014

Velvet Road (2012)

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Velvet Road de L. Gustavo Cooper é uma curta-metragem de ficção norte-americana que nos remete para os idos anos 60 do século XX onde o profundo sul norte-americano atravessa uma grave epidemia que as elites dominantes rapidamente associam à cor da pele dos Homens.
Bobby (Thomas R. Martin) segue com a sua mulher Carolyne (Heather Ricks) para o hospital onde se espera que esta dê à luz o seu filho. Carolyne está infectada com um virus que se diz ser transmitido pela população afro-americana.
De repente Bobby acorda nos escombros da sua carrinha que capotou e na qual já não se encontra a sua mulher. Com lapsos de memória e com Carolyne por descobrir, Bobby caminha pela estrada onde não só a sua memória é recuperada como também um conjunto de surpresas pouco agradáveis.
O inteligente e arriscado argumento de L. Gustavo Cooper, Alexandria Lewis e Bragi F. Schut não só reinventa o estilo de filme de mortos-vivos/infectados mostrando uma vez mais que as possibilidades para o género são, de facto, infinitas, como faz de Velvet Road um dos mais originais e mordazes filmes não só dentro da sua temática como na essência da sua mensagem.
À semelhança do que sempre aconteceu nos grandes feitos cinematográficos do género em questão, Velvet Road tem também a sua abordagem social e política. Desde que este género é explorado que os seus realizadores, pelo menos aqueles que ficam na História do cinema pela qualidade dos seus feitos, tiveram a preocupação de inserir a trama apocalíptica num contexto social, político, económico ou cultural de onde se pudessem tirar conclusões e ideias sobre os tempos que se faziam sentir. Normalmente sempre em épocas temporais reais de colapso, a temática do vírus assassino que mortifica a população, explora a condição humana no seu limite... político ou económico quando se sentem grandes transformações no contexto governativo, ou mesmo social e cultural quando somos levados a meios mais pequenos e onde supostamente a dita evolução não chegou ou ainda não se enraizou. Sentimo-lo logo de imediato naquele que relançou o género já nos também idos anos 60, mais concretamente em 1968, ou seja, Night of the Livind Dead, de George Romero, que suscitava um claro olhar repreendedor ao racismo que se fazia sentir no sul dos Estados Unidos para com a população afro-americana e que Velvet Road recupera de forma mais mordaz e explícita.
Aqui Cooper, Lewis e Schut voltam a pegar na temática rácica e introduzem-nos neste universo de mortos-vivos (ou infectados não é esclarecido) no qual é propagada a ideia através dos media (a rádio mais concretamente) que este vírus que elimina a população parte dos afro-americanos... o vírus, a doença, e infecção e a morte são assim imediatamente conotados com esta população e, como tal, o trio de argumentistas coloca-nos neste universo onde aparentemente todos caem mortos mas a culpa é remetida apenas para alguns sem que, aliás, o espectador tenha qualquer indicação de que isso possa ser realmente um facto ou, mais óbvio ainda, dos quatro protagonistas que dão "vida" a este filme seja o afro-americano o único que escapa com vida, ficando os demais infectados como podemos observar através de um conjunto de flashbacks e imagens no "presente" fílmico.
A doença é então não necessariamente aquela que afecta claramente a população deixando-os seres sem pensamento racional mas sim aquela que colhe o seu raciocínio em vida e que os faz considerar outro ser humano um animal, ou pior... um vírus, que se espalha como uma doença da qual ninguém sabe a sua verdadeira origem. No fundo aquilo que os argumentistas nos obrigam a pensar é na intolerância que o Homem tem para com o seu semelhante e para com a diferença, ignorando irracionalmente a necessidade que existe em conhecer o "outro". O ódio é então a verdadeira doença, pois obriga toda uma população a segregar a outra sem nenhum fundamento lógico para além daquele ilógico que é o preconceito. O preconceito para com a diferença, por uma sociedade que incute um conjunto de "valores" falsos, incorrectos e cujo único fundamento é o ódio, a intolerência e de certa forma a própria violência.
Entregue quase exclusivamente aos actores Thomas R. Martin e Walter J. Colson, Velvet Road estabelece uma momentânea, mas ainda assim decisiva, relação entre estes dois homens que não se conhecendo acabam por partilhar a dádiva da vida de uma forma fugaz mas determinante. A indiferença com base no preconceito poderia ter levado a que o "Bobby" de Martin seguisse o seu breve caminho (pois estava também ele infectado), e é depois de encontrar a sua mulher (há que ver a curta para saber o que acontece) que este percebe que tem de dar a oportunidade de fuga e de uma potencial sobrevivência àquele homem injustamente acusado de propagar um vídeo apenas tendo por base a sua cor de pele. E é o "Miles" de Colson que em fuga de uma morte certa nos dá a conhecer que o mundo está perdido, numa mutação constante e determinante da qual poucos conseguirão eventualmente fugir.
Ainda três destaques positivos para a óbvia qualidade da caracterização não só dos infectados mas também do conjunto de actores graças ao trabalho de Keri Griswold, Niki Todd, Matthew Silva, Dustin Fletcher e Andrew Valentine, ainda para a sua direcção de fotografia de Andy Howell que nos insere num ambiente climatericamente quente e socialmente tenso, e finalmente para a música original da autoria de Brian Jerin que sem se desviar cronologicamente da época nos remete para um tempo mais contemporâneo, sem esquecer a sentida interpretação de "This Little Light of Mine" por Patrick Evan McMillan.
Velvet Road é, sem grandes reservas, um dos melhores filmes sobre a temática mortos-vivos/infectados (novamente repito que aqui fica essa porta em aberto por não nos ser esclarecido aquilo que realmente eles são) dos últimos tempos graças não só à sua perfeita execução técnica mas também, e talvez principalmente, por ser um dos raros filmes que consegue de forma inteligente transportar a referida temática para um universo socialmente conturbado e aplicar no seu enredo uma crítica mordaz a uma época e a uma sociedade.
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9 / 10
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Festival Internacional de Cinema de Cannes 2014: os vencedores

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Selecção Oficial
Palma de Ouro: Kiş Uykusu, de Nuri Bilge Ceylan
Grande Prémio: Le Meraviglie, de Alice Rohrwacher
Palma de Ouro Curta-Metragem: Leidi, de Simón Mesa Soto
Menções Especiais: Aissa, de Clément Trehin-Lalanne e Ja Vi Elsker, de Hallvar Witzo
Prémio do Júri: Mommy, de Xavier Dolan e Adieu au Langage, de Jean-Luc Godard
Melhor Actor: Timothy Spall, Mr. Turner
Melhor Actriz: Julianne Moore, Maps to the Stars
Melhor Realizador: Bennett Miller, Foxcatcher
Melhor Argumento: Andrey Zvyaginstev e Oleg Negin, Leviathan
Camera d'Or: Party Girl, de Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Theis
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Un Certain Regard
Prize of Un Certain Regard: Fehér Isten, de Kornél Mundruczó
Prémio do Júri: Tourist, de Ruben Östlund
Prémio Especial Un Certain Regard: The Salt of the Earth, de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado
Prémio ao Elenco: Party Girl, de Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Theis
Prémio do Melhor Actor: David Gulpill, Charlie's Country
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Júri Cinéfondation
1º Prémio: Skunk, de Annie Silverstein
2º Prémio: Oh Lucy!, de Atsuko Hirayanagi
3º Prémio: Lievito Madre, de Fulvio Risuleo e The Bigger Picture, de Daisy Jacobs
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Semana da Crítica
Grand Prix Nespresso: Plemya, de Myroslav Slaboshpytskiy
Prémio Revelação: Plemya, de Myroslav Slaboshpytskiy
SACD Prize: Hope, de Boris Lojkine
Discovery Prize for a Short Film: A Ciambra, de Jonas Carpignano
Prix Canal for a Short Film: Crocodile, de Gaëlle Denis
Distribution Grant from Foundation Gan: Plemya, de Myroslav Slaboshpytskiy
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FIPRESCI
Competição Oficial: Kiş Uykusu, de Nuri Bilge Ceylan
Un Certain Regard: Jauja, de Lisandro Alonso
Secções Paralelas: Les Combattants, de Thomas Cailley
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Trophée Chopard: Adèle Exarchopoulos e Logan Lerman
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sexta-feira, 23 de maio de 2014

El Alpinista (2014)

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El Alpinista de Oriol Segarra e Arián Ramos Alba - também em funções de argumentistas - é uma curta-metragem espanhola de ficção que transporta o espectador para as distantes paragens dos Himalaias... ou talvez não.
Correm rumores de que o Yeti tem sido avistado e um Alpinista (Manuel Buján) juntamente com o seu Assistente (Miguel de Cruz) lançam-se nos tortuosos caminhos montanhosos à sua procura. Irão encontrá-lo ganhando assim a Medalha de Honra dos Alpinistas?!
Num misto de loucura e genialidade, El Alpinista consegue uma divertida história que transporta o espectador para um suposto cenário longínquo mas que se desenrola nas traseiras da sua casa - sendo esta em Madrid. Recorrendo assim a elementos que nos colocam na montanha, nomeadamente às cordas e demais equipamento de alpinismo ou até a cenários "naturais" de uma Madrid ocidental - Calle la Colina ou Calle Cordillera - os realizadores de El Alpinista têm ainda a divertida ideia de filmá-las em plano inclinado criando - graças a muita imaginação - a sugestão de que o espectador se encontra realmente numa montanha.
É, no entanto, quando o "Yeti" é finalmente encontrado que o espectador esboça um sentido sorriso ao observar como se cria uma figura mítica com tão pouco esforço - para lá do mental. Genial pela forma como se reage ao desconhecido - de ambas as partes - bem como pela forma como em breves minutos se consegue criar uma história com referências invulgares do meio em que se pretende inserir bem como pela inteligência mordaz com que se apresenta um trabalho invulgar utilizando unicamente referências, elementos familiares e muita imaginação.
Um último apontamento positivo para a sóbria boa disposição de uma simples mas inspirada interpretação de Belén Puerta que assume a personagem com elevado requinte.
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9 / 10
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Homenagem a Madalena Iglésias

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A cantora Madalena Iglésias, distinguida em 2013 com o Prémio Pró-Autor da Sociedade Portuguesa de Autores, será homenageada amanhã no Casino da Figueira.
Iglésias, uma das mais fulgurantes cantoras portuguesas da década de 60 do século XX tendo vencido o Festival da Canção em 1966 com a canção Ele e Ela, e assim representado Portugal na Eurovisão que se realizaria no Luxemburgo, contará com uma homenagem no Casino da Figueira onde sempre foi uma figura convidada, contará com a presença de António Calvário, com quem se estreou no cinema em Uma Hora de Amor, de Henrique Campos (1964) e com quem voltaria a representar em Sarilho de Fraldas, de Constantino Esteves (1966).
Madalena Iglésias voltaria ainda a ser intérprete nos filmes Canção da Saudade, de Henrique Campos (1964), Los Gatos Negros, de José Luis Monter (1964), Passagem de Nível, de Américo Leite Rosa (1965) e Os Cinco Avisos de Satanás, de José Luis Merino (1970).
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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Chaser (2013)

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Chaser de Sal Bardo é uma curta-metragem norte-americana de ficção que nos conta a história de Zach (Max Rhyser) um jovem professor que desenquadrado do estilo de vida da sua proeminente família judaica, procura uma qualquer satisfação pessoal através dos múltiplos, e desprotegidos, encontros sexuais que procura e tem pela cidade de Nova York.
Na breve duração desta curta-metragem encontramos logo de início alguns indicadores que nos remetem para o pensamento de "Zach". É durante uma sua aula que cita "the urge for destruction is also a creation one", que remete o espectador imediatamente para a sua subconsciente necessidade de através dos seus encontros furtuitos conseguir, eventualmente, a criação de um qualquer laço afectivo que esconde procurar.
O mesmo volta a ser esclarecido, e aqui quase numa necessidade justificativa do realizador em mostrar as intenções desta personagem, quando em narração nos é revelado que tantas vezes se sente uma necessidade de "ter" mas medo de agir. É então que percebemos que toda esta justificação do argumento de Bardo e de Rhyser, mais não é do que uma forma de relatar que tantas são as vezes que temos tudo ao nosso alcance mas o medo da rejeição e do afastamento nos obrigam a não tentar aquilo que é possível. Assim, e como recurso último a uma satisfação das necessidades sexuais de momento mais vale, para "Zach", ter um prazer de instantes do que alguma vez perceber que pode ter algo que o complete a um nível mais íntimo.
Interessante do ponto de vista humano e pela entrega que o actor e argumentista Max Rhyser dá para a sua personagem, Chaser acaba por entrar num campo que é francamente comum a estas curtas-metragens de cariz sexual/homossexual onde quase parece que a procura de uma relação estável e com significado se prende com o domínio de uma ilusão distante remetendo os seus intervenientes para relações fugazes e sem significado que roçam de muito perto a degradação do "eu" face às satisfações de momento.
Com um desenvolvimento mais aprofundado e não tão sexualmente exploratório, a personagem principal poderia ter um crescendo que nos explicaria um pouco mais daquilo que o levou a um instante onde a confiança que tem em si e nos que lhe são mais próximo parece ser encarada com desdém e indiferença, facto que tornaria esta curta-metragem tecnicamente competente numa história sobre a (im)possibilidade das relações humanas... o que as impulsiona e aquilo que, num ou outro momento, as limita, conseguindo ao mesmo tempo afastar-se de alguns lugares comuns e pré-concebidos que existem a respeito dos filmes do género, bem como criaria alguma interacção plausível entre as demais personagens que assim apenas se limitam a ser mecânicas tal como o sexo e as "relações" que estabelecem entre si. Desenvolvimento esse que se sente como necessário, por exemplo, na improvável dinâmica que se estabelece entre "Zach" e "Ian" (Ismael Cruz Cordova) que parece ter potencial para crescer e revelar-se como algo diferente e interessante mas que aqui funciona como o elemento terminal de toda a acção.
Chaser termina assim como uma potencialmente interessante história sobre a degradação humana, do Homem e das relações que se estabelecem que poderia ter ido mais além e mostrado que existe todo um potencial "do outro lado" que aparentemente não se quis mostrar.
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6 / 10
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Shortcutz Xpress Viseu - Sessão #27

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O Shortcutz Xpress Viseu está de volta para a sua sessão #27 que irá uma vez mais decorrer a partir das 22 horas na Só Sabão, no Largo de São Teotónio, por detrás da Sé.
As Curtas em Competição desta sessão são A Ceia, de Duarte Guedes e Do Outro Lado da Rua, de Pedro Bessa estando ambos os realizadores presentes para apresentar os seus trabalhos.
No segmento Doc Xpress Viseu será exibida a curta-metragem documental Fontelonga, de Luís Costa que também se encontrará presente nesta sessão. Finalmente no Shortcutz Around the World será apresentada Carta a Julia, de David Gonzalez Rúdiez, da Mailuki Films.
Assim, para mais uma sessão de bom cinema em formato curto não se esqueçam de passar pelo lugar habitual das sextas-feiras em Viseu... a Só Sabão.
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quarta-feira, 21 de maio de 2014

Jameson Notodo Film Festival 2014: os nomeados

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Gran Premio Jameson - Melhor Filme
13 de Septiembre, de David Martín de los Santos
Abre la Caja, de Sergio Manuel Sánchez Cano
El Alpinista, de Oriol Segarra García-Granados e Adrián Ramos Alba
Dolo, de Virginia Rota
Mi Momento, de Mikel Bustamante Bedmar
Te Desconozco, de Juanlu Ruiz Escribano, Toni Ruiz
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Prémio Jameson a la Mejor Pelicula de Triple Destilación
Abre la Caja, de Sergio Manuel Sánchez Cano
Carrera de Fondo, de Roger Villarroya
La Casa de Nico, de Joaquín Mauad
Ciclos, de Nicolás Baksht
Como Hacer un Corto en 30 Segundos, de Fabián Quiroga e Lisardo Martinez
Equus, de Rodrigo Andrés Muñoz Medina e Alonso Eugenio Acuña Gavilán
Nube Negra, de Ines Pintor e Pablo Santidrián
Saying, de David Pareja
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Prémio La Térmica - Melhor Projecto de Série Web
Finalmente Santi, de Teo Palomo
Inventores 1: Juan de la Cierva, de Asier Urbieta
El Partido, de Alex Rodrigo
Socialmente Muertos, de Sergio Milán
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Prémio Latinoamerica en Corto
Canis Familiaris, de Dennys Rodriguez
Confianza, de Nicolás Maynetto Donoso
Goldie, de José Luis Elizalde Moneda
Un Día Más, de Marcos Menéndez Hidalgo
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Prémio ao Melhor Realizador
David Martín de los Santos, 13 de Septiembre
Virginia Rota, Dolo
Oriol Segarra García-Granados e Adrián Ramos Alba, El Alpinista
Juanlu Ruiz Escribano e Toni Ruiz, Te Desconozco
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Prémio ao Melhor Argumento
A Pachas, Mario Tardón
Impulso, Nacho Redondo
Sexto, Martín Escribano
Una Cuestión de Etiqueta, de Roger Villarroya, Mario Rico, Álvaro Cervantes e David Pareja
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Prémio ao Melhor Actor
Juan Carlos Vellido e Mario Tardón, A Pachas
Rikar Gil, Impulso
Álvaro Cervantes e David Pareja, Una Cuestión de Etiqueta
Iñaki Ardanaz, Veinticinco
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Prémio à Melhor Actriz
Mariví Carrillo, Abre la Caja
Andrea Ros, Carrera de Fondo
Juana Andueza, Forever Young
Marta Larralde, Llaves
Teresa Mencia, Mi Momento
Esperanza Elipe, Mi Queridísima Piscis
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Prémio IED à Melhor Direcção Artística
Miguel de Cruz, El Alpinista
Lita Echeverría, I-D
Lita Echeverría, Impulso
Francis Díaz, This is Joe (Éste es Joe)
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Prémio TVE Camera Abierta 2.0 ao Melhor Documentário
13 de Septiembre, David Martín de los Santos
Inventores 1: Juan de la Cierva, de Asier Urbieta
This is Joe (Éste es Joe), de Francis Díaz Fontan
Un Día de Campo, de Carlos Caro Martín
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Prémio ao Melhor Filme de Animação
Amor, de Fausto Galindo Matas
El Idealista y la Corista, de Miguel Ángel Salinas Gilabert
Un Día Más, de Marcos Menéndez Hidalgo
Zepo, de Cesar Díaz Melendez
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Prémio do Público El País
A Monsterbox (Toc Toc), de Renato César Baltazar
Je T'Aime, de Diego Casado Rubio
Pajas, de David Mora de Céspedes
Un Minuto Más, de Pablo Arreba
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The Last Memory (2014)

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The Last Memory de Oliver Latta é uma curta-metragem de animação alemã cuja mensagem principal se centra na protecção ambiental e, mais concretamente, da zona báltica como forma de proteger a vida animal aí existente vítima da excessiva pesca e exploração de recursos naturais.
Ainda que de curtíssima duração, The Last Memory denota uma enorme qualidade pela expressividade da sua animação que retém emoção por parte da mesma como principalmente da mensagem ecológica que pretende transmitir ao espectador.
A curta-metragem de Oliver Latta é dotada de uma atmosfera cativante que nos submerge nas profundezas do mar e dos seus sons, e apenas "peca" pela sua escassa duração que cativa de imediato o espectador que deseja ver mais deste mundo aquático e das suas histórias.
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8 / 10
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terça-feira, 20 de maio de 2014

Whip It (2009)

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Sobre Rodas de Drew Barrymore, e a sua primeira longa-metragem de ficção enquanto realizadora, conta com um elenco de interessantes intérpretes que se destacaram na comédia ao longo da sua carreira, nomeadamente a própria Barrymore, e ainda Ellen Page enquanto protagonista, Kristen Wiig, Jimmy Fallon, Marcia Gay Harden e Daniel Stern.
Bliss Cavender (Page) é uma jovem de dezassete anos cuja mãe Brooke (Harden) considera que a forma de ser feliz e conquistar um futuro estável passa pela vitória de concursos de beleza para adolescentes.
No entanto, os concursos de beleza pouco significado têm para Bliss e quando descobre que em Austin, a metrópole mais próxima da pequena cidade de interior onde vive, existe uma competição dita "profissional" de patinadoras que jogam forte e feio no seu desporto... Bliss ganha um novo significado para a sua pequena e desinteressante vida.
É no seu percurso de descoberta do mundo, e principalmente da sua auto-descoberta, que Bliss vai finalmente perceber qual o significado da (sua) verdadeira felicidade (numa curiosa ironia com o seu próprio nome).
Shauna Cross escreve o argumento de Whip It tendo como base o seu romance "Derby Girl" que tem como principal mensagem a auto-afirmação e descoberta de uma jovem que sente ser grande demais para o local de onde provém. Os sinais estão todos presentes desde o primeiro instante começando logo de imeadiato quando vemos a jovem "Bliss" na tentativa de agradar a uma controladora mãe que pretende sim a felicidade da filha desde que a mesma não pressuponha ter novas experiências que desafiem os limites da pequena comunidade em que vive. Afinal nada mais perturbador do que alguém conseguir encontrar-se, e ao seu próprio caminho, numa comunidade que não está preparada para reconhecer a diferença... seja ela qual fôr.
A individualidade perdeu-se... ou melhor, nunca se encontrou. "Quem sou eu?" "Quais os meus objectivos?" Ou um simples "onde está a minha felicidade?" são perguntas às quais "Bliss" se auto-reprimia de questionar. A ideia de um futuro incerto ou de um caminho que lhe poderia trazer precalços diferentes daqueles que haviam sido impostos aos seus pais era algo assustador demais ao ponto de ser considerado impossível. Afinal, enquanto jovem mulher o seu passo seguinte será o de vencer aqueles concursos de beleza em que a sua mãe a inscrevia e consequentemente casar e ser mãe preparando de forma quase ininterrupta o mesmo caminho para as suas filhas. Um ciclo vicioso que não determina aquilo que ela será mas sim aquilo que os demais esperam que ela se torne, também eles quase inconscientemente... é uma norma... um costume... um hábito...
O que acontece quando esse hábito se quebra é, no entanto, a revelação da verdadeira essência de cada um. A descoberta de um novo percurso e a aceitação, de "Bliss" enquanto quem constrói o seu próprio futuro, mas especialmente dos seus pais que querendo a sua felicidade questionam-se se as suas ideias e escolhas serão as melhores para a alcançar.
É esta ruptura entre as diversas personagens que constitui, desta forma, a melhor mensagem deste filme pois questiona-se, e questionamo-nos, sobre aquilo que cada um de nós é realmente, ou seja, a imagem que criamos sobre os nossos gostos, preferências, desejos, ambições e objectivos ou se apenas somos um reflexo daquilo que os outros têm aos longo dos tempos visto como sendo o "melhor" para nós, independentemente de estar correcto ou não ou sequer de ser bem ou mal intencionado?!
Podem ser pequenas e quase frívolas as ideias de felicidade que cada um tem para si mas, no entanto, é a sua execução e concretização que nos define, ou pelo menos parte de nós próprios, e que estabelecem os ensinamentos, positivos ou não, que nos formam e nos moldam face aos conhecimentos que deles adquirimos. É nesta amálgama de sentimentos e de experiências, que não esquecem o primeiro amor, que "Bliss" vive, e ao qual Ellen Page entrega uma vez mais muita alma e uma dose extraordinária de sarcasmo, e que nos remete então para aquele pequeno grande detalhe que conjuga a mensagem de Whip It com a ironia do nome da sua personagem principal... "Bliss" (felicidade), não se encontra perdida algures através de ideias pré-formatadas pelos demais... A felicidade, composta seja pelo que fôr, encontra-se dentro da auto-realização... dentro da concretização dos nossos sonhos, objectivos, princípios e limites ultrapassados que, a seu tempo, nos garantem os conhecimentos suficientes para percebermos o que queremos e onde podemos ir ou estar. Numa ideia mais resumida... a felicidade encontra-se dentro de cada um... tão perto e tão óbvio que se torna em tantos momentos tão difícil de encontrar... sem sequer estar escondida.
A dinâmica estabelecida entre Ellen Page e Marcia Gay Harden é sentida desde o primeiro instante. Ambas estão perfeitas enquanto mãe, conservadora e controladora, e filha desejosa de uma liberdade que parece não chegar, que sabe ir contra os princípios da sua mãe mas que não consegue ignorar pois sabe ser neles que se encontra a si própria. Harden, não sendo propriamente uma personagem maldosa ou rancorosa, é perfeita enquanto a mãe receosa do futuro da sua filha, que deseja objectivos maiores para a sua filha, possivelmente os mesmos que nunca conseguiu alcançar para si própria e que por esse mesmo motivo vê no seu diferente rumo uma forma desta não os conseguir obter.
Ainda que ambas estejam longe de nomações para prémios, ou até mesmo das suas melhores interpretações, não é menos verdade que ambas estão num patamar em que dividem de forma harmoniosa os dois polos opostos de uma potencial mesma alma... uma recalcada pela segurança que os seus objectivos lhe dão e a outra pela liberdade que os seus pensamentos lhe mostram e que, como tal, anseia e deseja recorrendo assim a todo um conjunto de novas experiências que, aos poucos, a vão moldando para o seu próprio futuro.
O restante elenco secundário (mas não menos importante) compõe um conjunto de personagens ricas em mensagens também elas simbólicas e que quase funcionam como vozes da consciência... Daniel Stern enquanto "Earl", o pai, é o típico elemento que tenta a estabilidade cedendo tanto a mãe como a filha para encontrar o ponto comum a ambas... A já referida Kristen Wiig que se torna na melhor amiga de "Bliss" e aquela que lhe dá ocasionais e ponderados conselhos sobre a forma como deve conjugar a sua nova vida e aqueles valores que os seus pais lhe transmitiram, e uma Juliette Lewis como "Iron Maven", a arqui-inimiga de "Bliss" que no seu próprio processo de auto-descoberta irá fazer de tudo para prejudicar a vida da protagonista.
Barrymore, que também interpreta este filme num desempenho banal e assumidamente secundário, destaca-se mais pela sua realização competente e capaz de captar planos bem interessantes do meio (dos quais deixo já a imediata referência para todo o segmento debaixo de água entre Ellen Page e Landon Pigg), assim como para a captação de imagens durante os torneios que se destacam pela intensidade e agressividade que transmitem de uma competição que se assume como feroz e bruta.
Ainda que Whip It não seja um daqueles filmes que ficam enquanto referência de uma época, e possivelmente tão pouco dos actores que o interpretam ou da realizadora que o dirige, não é menos verdade que não deixa de ser um bom filme de entretenimento que se preocupa não só em divertir os espectadores como transmitir uma interessante e ponderada mensagem de auto-afirmação e descoberta pelos quais todos atravessam... cada um à sua própria maneira.
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7 / 10
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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Mario Missiroli

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1934 - 2014
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Runner (2014)

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Runner de Hermínio Cardiel, também autor do argumento, é uma curta-metragem espanhola de ficção que nos leva a uma rápida viagem pelos sentimentos de um casal interpretado por Mariam Hernández e Antonio Velázquez.
Enquanto se encontram a praticar jogging numa tarde, Ele (Velázquez) determinado e confiante nas suas capacidades físicas, jamais esperava que Ela (Hernández) lhe revelasse uma surpresa que iria certamente modificar a relação que mantinham até então.
A simplicidade desta curta-metragem contrasta de imediato com as características que as duas personagens espelham. Se por um lado Velázquez apresenta um personagem autoconfiante, determinado e pronto para qualquer desafio, Hernández revela ser uma mulher cansada, enervada e que esconde algo que a atormenta. É quando este "algo" é revelado que os dois exibem personalidades que talvez não soubessem que possuíam, transformando-se ele num homem arrasado e atraiçoado pelas recentes descobertas, enquanto ele demonstra ser uma mulher que tendo a alma tranquila não deixa de recear por um futuro agora incerto.
Com traços de humor que tornam esta acção ligeira e menos dramática do que na realidade é, Runner é uma curta-metragem que nos faz sorrir sem rir e reflectir sem chorar ao mesmo tempo que liga o espectador numa empatia natural com a personagem de Antonio Velázquez, neste que é o mais recente trabalho deste realizador espanhol que tem percorrido diversos festivais de cinema graças ao seu sucesso El Lado Frío de la Almohada revelando aqui, uma vez mais, o drama que se esconde por detrás de uma história que utiliza a comédia para tratar assuntos e sentimentos delicados que podem alterar a vida daqueles que estão envolvidos na mesma obrigando-os a uma perspectiva da sua "vida" totalmente nova e desconhecida.
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8 / 10
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European Short Films Amarante 2014: os vencedores

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Grande Prémio: Mupepy Munatim, de Pedro Peralta
2º Lugar: Chantal, de Joana de Verona
Prémio Cineclube de Amarante: Halina, de Francesco Ricci Lotterringi
Prémio Casa da Juventude de Amarante: Zigurate, de Pedro Santos
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XIX Globos de Ouro SIC/Caras: os vencedores

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Melhor Filme: É o Amor, Pedro Borges (produtor), João Canijo (realizador)
Melhor Actor: Pedro Hestnes, Em Segunda Mão
Melhor Actriz: Rita Blanco, La Cage Dorée
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Revelação: Sara Matos, O Beijo do Escorpião, Belmonte e Doida Por Ti
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XIX Globos de Ouro SIC/Caras: Globo de Ouro Revelação

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Sara Matos
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O Beijo do Escorpião
Belmonte
Doida por Ti
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domingo, 18 de maio de 2014

XIX Globos de Ouro SIC/Caras: Melhor Filme

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É o Amor
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Pedro Borges (produtor)
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João Canijo (realizador)
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XIX Globos de Ouro SIC/Caras: Melhor Actor

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Pedro Hestnes
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Em Segunda Mão
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XIX Globos de Ouro SIC/Caras: Melhor Actriz

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Rita Blanco
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La Cage Dorée
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Gordon Willis

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1931 - 2014
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Voteman (2014)

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Voteman é uma curta-metragem de produção dinamarquesa lançado no país com o propósito de incentivar uma população mais jovem a participar no próximo acto eleitoral de 25 de Maio.
Questões eleitorais à parte, ao assistir a Voteman qualquer espectador mais atento tem uma "ligeira" impressão que assiste ao mais recente filme de Tarantino onde a violência física e sexual é uma dominante nos escassos noventa segundos que esta curta-metragem tem de duração.
Se o propósito para que foi feita rapidamente passa ao lado de qualquer espectador, afinal qual de nós se recordaria dele não fosse a sua constante referência, não é menos verdade que nos concentramos no facto de acabarmos por simpatizar com esta violenta personagem que revela ter ainda muito "sumo" para dar, independentemente do quão gráfica se pode tornar.
Intenso e um clássico instantâneo, suspeito que Voteman ainda nos irá presentear com muitas, e violentas, aventuras.
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8 / 10
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sábado, 17 de maio de 2014

FANT - Festival de Cine Fantástico de Bilbao 2014: os vencedores

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Prémio Fantrobia: Jorge Dorado
Melhor Filme: Coherence, de James Ward Byrkit
Melhor Realização Inovadora: James Ward Byrkit, Coherence
Melhor Argumento: Chris Borey e Eddie Borey, Open Grave
Melhor Curta-Metragem Basca: Cólera, de Aritz Moreno
Melhor Curta-Metragem: Lights Out, de David F. Sandberg
Melhor Curta-Metragem do Público: Sequence, de Carles Torrens
Falsos Trailers
1º Prémio: Clown to Kill, de Aritz Bilbao
2º Prémio: Gifted Corporation, de Oliver Mend e Rose of Dolls
3º Prémio: El Huesped, de Xavier Elkorobarrutia
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