quarta-feira, 14 de maio de 2014

Piove (2013)

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Piove de Lu Pulici e Francesco Zucchi é uma curta-metragem italiana de ficção presente na quinta edição do Piélagos en Corto - Festival Internacional de Cortometrajes de Ficción mais concretamente na secção Nacional/Internacional.
Num dia como qualquer outro, o Dr. Tony Bianchi (Roberto Agostino) vive a sua rotina habitual... visita alguns pacientes em suas casas, vai ao barbeiro e encontra-se no café da aldeia para uma amena conversa com outros populares.
É no seio destes encontros que Bianchi se questiona sobre as pessoas com quem convive e principalmente com o seu papel na interacção que com eles desenvolve e as dinâmicas de cada um naquela tão caricata aldeia do interior italiano... até que uma vez mais surge a chuva.
No meio de tão caricatas personagens recriadas graças a um engenhoso, alternativo e bem disposto argumento da autoria de Josep Piris, Lu Pulici e Francesco Zucchi, aquilo que se destaca do mesmo acaba por ser o universo muito próprio que as mesmas habitam não só no espaço geográfico mas também nas relações que estabelecem entre si. É, aos poucos, enquanto decorre toda a narrativa que sentimos que estas personagens sendo "normais" (seja lá o que isso o que fôr), habitam um espaço próprio, com comportamentos simples e desprovidos de uma qualquer corrupção que o mundo tenho trazido um dia a cada uma delas. Ali não... estamos puras, quase inocentes, e os comportamentos que têm entre si mostram esse afastamento de um espaço já tocado pela malícia alheia.
No entanto, é esta mesma dinâmica que esperamos ver desenvolvida e que avance nos seus passos que acaba por não se cumprir na totalidade deixando por isso um sentido amargo para o espectador. Ao assistimos a um momento tão "simples" como a ida de "Dr. Bianchi" a casa de um paciente e onde toda a sua interacção com a voluptuosa filha deste último nos deixa uma réstia de esperança na simplicidade e inocência de uma corte que já não se usa e que nos faz esperar por mais, por muito mais, tais as expectativas que conseguem ser criadas e que nos deixa fluir a imaginação sobre o momento seguinte e das dinâmicas existentes entre os habitantes daquela aldeia que mais parece um local inexistente ou perdido no tempo mas que, infelizmente, não chegam dada a curta duração deste simpático filme.
É toda esta componente "especial" que se encontra retratada num simples, mas esclarecedor, momento no qual um dos habitantes desta aldeia pinta o céu de azul afastando a chuva como se realmente de uma tela por pintar se tratasse. O poder do sonho, da imaginação e do desejo é o que se encontra presente por todo este filme e que nos permite esperar e desejar por mais que não sendo totalmente cumprido, respondendo assim a todas as nossas expectativas, que deixa o tal sentimento de incumprimento e de insatisfação no espectador. Não retira o brilho a Piove mas deixa o céu um pouco mais cinzento.
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5 / 10
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