Retrato de Vasco Araújo é uma curta-metragem portuguesa presente na secção de Cinema Emergente da edição deste ano do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente.
Dividido em vários capítulos, Retrato é uma viagem sobre a memória que acompanhamos através dos diversos relatos que um conjunto de pinturas - reproduções das obras de Eduardo Malta - nos transmitem sobre o "seu" passado.
Assim através de um seu olhar sobre as suas experiências, quem virão, por onde passaram bem como através do seu próprio olhar sobre o contexto histórico que presenciaram, o espectador é levado numa viagem pelo tempo e pelo espaço - sempre a mesma casa repleta de memórias -, pelas experiências individuais e colectivas que supostamente cada uma daquelas gravuras "viveu".
A originalidade desta curta-metragem reside no facto de conseguir através de meros relatos em narração inserir o espectador nas suas histórias, algumas delas nunca contadas, que cada um daqueles retratos inertes podem (poderiam) contar sobre as pessoas que reflectem. Por detrás de cada rosto reside uma história com diversos contornos, frutos das épocas em que existiram e dos contextos históricos, sociais, económicos e políticos do seu tempo. Naquela casa desprovida de vida humana, apenas objectos, são alguns deles que contam essas mesmas histórias cada um deles vivido de diferente forma entre mais e menos liberdade.
"Quem é que está aqui comigo?" pergunta uma dessas gravuras a seu tempo. Ninguém... Todos... Qualquer uma das duas poderia ser a resposta perfeita na medida em que no seu tempo viviam solitárias mas o passar dos anos fez com que todas elas fizessem parte de uma história colectiva e comum. Uma história que se compõe pelos seus diversos testemunhos de estatuto social, de amor e romance, de perda, de entrega, de segredos, de silêncios e sobretudo de mudança. A mudança que esse mesmo passar de anos trouxe mais ou menos violentamente e que se esqueceu daquelas mesmas memórias apesar de para elas ter contribuído.
Retrato é uma curta-metragem diferente, talvez não acessível a todos aqueles que por ela passem se não estiverem preparados para um conto diferente. Um conto que apela à memória, ou àquilo que dela subsiste... E ainda que estas memórias não sejam as nossas... não o poderiam ser?!
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7 / 10
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