No Mires Ahí de Daniel Romero é uma curta-metragem espanhola de ficção presente na secção Fantástico do Piélagos en Corto - Festival Internacional de Cortometrajes de Ficción que terminou na Cantábria, em Espanha, no passado dia 10 de Maio.
Quando Marta (Sandra Blázquez) regressa a casa para passar algum tempo na companhia de Elena (Maru Valdivielso) a sua mãe, e de Irene (Celine Peña) a sua irmã mais nova, percebe que esta denota um comportamento estranho, resultado da recente perda do seu pai (Jonathan Mellor).
No entanto, aos poucos Marta desconfia que algo decorre naquela casa que parece cada vez mais estar habitada por mais alguém que ela não consegue ver e que pode justificar o invulgar comportamento da jovem Irene.
A dinâmica desta curta-metragem reside essencialmente num sólido argumento que Daniel Romero escreveu, e que consegue captar muito da essência de um filme que, não sendo de terror, centra toda a sua acção numa história que deixa o espectador na incerteza daquilo que cada porta fechada pode esconder.
Ainda que Celine Peña esteja no centro da atenção não só do espectador como também de Sandra Blázquez que com a sua "Marta" encarna a curiosidade que o público tem sobre o que realmente acontece dentro daquelas quatro paredes, é esta última que acaba por ter a interpretação principal desta curta-metragem pois é ela que, enquanto elemento "novo" no espaço, vai descobrindo o que ali aconteceu e mais importante, o que ainda acontece.
No entanto, os segmentos que Peña partilha com Mellor, fazem desta dinâmica pai/filha o fio condutor para que tudo suceda a um ritmo mais ou menos esclarecedor para o espectador que se vê embrenhado numa história para a qual não encontre, possivelmente, uma explicação dita "lógica" e que vá para além dos laços que cada um de nós cria, em vida, com aqueles com quem nos ligações afectivamente. E ainda que a perda e a solidão pareçam conquistar a jovem "Irene", é também justo dizer que esta encontra no seu próprio mundo a forma possível para sobreviver a um acontecimento que é, assumidamente, transformador.
Ainda que o argumento de Romero seja eficaz e com uma linha condutora sem falhas, não é menos verdade que ele resulta no seu género específico graças a dois elementos muito importantes nomeadamente a música original de Ginés Carrión que nos insere numa atmosfera digna de um verdadeiro filme de terror, e atenção que não estamos perante um o que o torna ainda mais bem sucedido, fazendo com que o espectador receie cada abrir de porta ou entrar em divisões que parecem o reflexo de uma mente pouco estável, assim como a direcção de fotografia de José Martín Rosete que transforma todo o espaço num local fantasmagórico onde se "sentem" presenças que lhe são estranhas.
Apesar do título sugerir uma coisa... No Mires Ahí é uma curta-metragem que precisa um olhar atento graças a toda uma equipa que se motiva em nos provocar um certo desconforto pela sugestão e incerteza daquilo que deveremos, ou não, ver.
Quando Marta (Sandra Blázquez) regressa a casa para passar algum tempo na companhia de Elena (Maru Valdivielso) a sua mãe, e de Irene (Celine Peña) a sua irmã mais nova, percebe que esta denota um comportamento estranho, resultado da recente perda do seu pai (Jonathan Mellor).
No entanto, aos poucos Marta desconfia que algo decorre naquela casa que parece cada vez mais estar habitada por mais alguém que ela não consegue ver e que pode justificar o invulgar comportamento da jovem Irene.
A dinâmica desta curta-metragem reside essencialmente num sólido argumento que Daniel Romero escreveu, e que consegue captar muito da essência de um filme que, não sendo de terror, centra toda a sua acção numa história que deixa o espectador na incerteza daquilo que cada porta fechada pode esconder.
Ainda que Celine Peña esteja no centro da atenção não só do espectador como também de Sandra Blázquez que com a sua "Marta" encarna a curiosidade que o público tem sobre o que realmente acontece dentro daquelas quatro paredes, é esta última que acaba por ter a interpretação principal desta curta-metragem pois é ela que, enquanto elemento "novo" no espaço, vai descobrindo o que ali aconteceu e mais importante, o que ainda acontece.
No entanto, os segmentos que Peña partilha com Mellor, fazem desta dinâmica pai/filha o fio condutor para que tudo suceda a um ritmo mais ou menos esclarecedor para o espectador que se vê embrenhado numa história para a qual não encontre, possivelmente, uma explicação dita "lógica" e que vá para além dos laços que cada um de nós cria, em vida, com aqueles com quem nos ligações afectivamente. E ainda que a perda e a solidão pareçam conquistar a jovem "Irene", é também justo dizer que esta encontra no seu próprio mundo a forma possível para sobreviver a um acontecimento que é, assumidamente, transformador.
Ainda que o argumento de Romero seja eficaz e com uma linha condutora sem falhas, não é menos verdade que ele resulta no seu género específico graças a dois elementos muito importantes nomeadamente a música original de Ginés Carrión que nos insere numa atmosfera digna de um verdadeiro filme de terror, e atenção que não estamos perante um o que o torna ainda mais bem sucedido, fazendo com que o espectador receie cada abrir de porta ou entrar em divisões que parecem o reflexo de uma mente pouco estável, assim como a direcção de fotografia de José Martín Rosete que transforma todo o espaço num local fantasmagórico onde se "sentem" presenças que lhe são estranhas.
Apesar do título sugerir uma coisa... No Mires Ahí é uma curta-metragem que precisa um olhar atento graças a toda uma equipa que se motiva em nos provocar um certo desconforto pela sugestão e incerteza daquilo que deveremos, ou não, ver.
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