O Quinto Paciente de Amir Mann é uma longa-metragem norte-americana na qual o espectador conhece John Reilly (Nick Chinlund), um homem que acorda num hospital em África desconhecendo os acontecimentos que o levaram àquele local. Numa viagem pelos fragmentos de uma memória perdida que desconhece o seu próprio passado, John tem ainda de lidar com a brutalidade de Mugambe (Isaach De Bankolé) , militar do regime ditatorial em que se encontra e que suspeita estar perante um espião anti-regime.
Com argumento da autoria do próprio realizador, The Fifth Patient é um daqueles filmes mistério que se anuncia como uma longa-metragem promissora pelo seu enredo mas que se perde nos meandros de uma obra "televisiva" que se esquece um pouco da dinâmica cinematográfica que lhe deveria estar incutida. Significado disto?! Simples... Se The Fifth Patient começa com uma dinâmica - e dilema - interessante sobre o potencial "engano" de um homem na altura e local errados, desconhecedor do seu passado - distante e recente - e que o obrigam a estar num local contra sua vontade do qual nada sabe, contribuindo desta forma para o clima de mistério e suspeita que lhe estão inerentes, verdade é também o facto do mesmo se perder em momentos alucinatórios e personagens que desconhecemos se são de facto reais ou meros fragmentos da imaginação conferidas por uma qualquer medicação que (compreendemos) não ser tão inocente quanto aquilo que parece.
Se esta dinâmica parecia ser algo complicada de qualquer espectador lhe resistir - pensaria inicialmente ser um filme ligeiro que o remeteria para uma qualquer conspiração internacional mais ou menos explicada - aquilo que, no entanto, é aqui oferecido é um momento monótono que não ultrapassa as quatro paredes de um hospital - se é que o poderemos considerar enquanto tal - e os limites de uma cama à qual cada vez mais parece "acorrentado". Com sérias dificuldades em avançar para lá do que se torna óbvio ao final de dez minutos de acção decorrida, The Fifth Patient perde-se nos dilemas de um homem em conflito com a sua própria identidade esquecendo que "lá fora" toda uma história pede para ser contada.
Nick Chinlund consegue aquilo que é espectável com o seu "John Reilly", ou seja, criar uma personagem muito ao seu estilo naturalmente rude tendo, apesar disso, a capacidade de fazer criar alguma empatia com o espectador que vê nas suas dúvidas e incertezas a vitimização de um homem injustamente detido por um regime que se crê (pensa) bárbaro e ditatorial. Vulgarmente conotado com personagens que pisam sistematicamente o "outro lado" da lei, Chinlund consegue aqui estar desse exacto lado sendo que, no entanto, existe alguém aparentemente mais perverso do que ele desesperadamente focado em saber os segredos que "John" tem por revelar. Com poucas variações de humor - ou até mesmo faciais - Chinlund faz do seu "John" aquilo que já conhecemos... um potencial vilão com algum conteúdo por revelar.
Se a acção em The Fifth Patient demora a arrancar - e por acção não se entenda um ritmo frenético com a câmara a vacilar a cada trinta segundos - é também certo que é no factor surpresa do seu argumento que reside o elemento mais forte de toda a narrativa. Não esperemos encontrar aqui aquele grande filme de mistério onde todos os inuendos são finalmente revelados no final... pelo contrário, estes são lentamente descobertos - ou perceptíveis - ao longo do mesmo mas, ainda assim, a confirmação de que todo um jogo foi elaborado enquanto o espectador equacionava a inocência ou culpabilidade de todas as personagens consegue, de alguma forma, surpreender pela positiva deixando apenas a demorada passada desta história como o grande entrave para com ela se (re)ter alguma empatia.
Assim, e juntamente com alguma frágil dinamização das personagens que rondam o "John" de Chinlund, The Fifth Patient é contrariamente àquilo que se fazia esperar, um daqueles filmes de fraca ou limitada distribuição que com alguma melhor e mais coordenação poderia ter sido um pouco mais conhecido e claro... melhor executado. Remetido para aquela lista de filmes das "quatro da manhã" com pouco mais há a fazer do que dormitar... este serve como um simpático soporífero que, ainda assim, nem todos tencionarão ver.
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5 / 10
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