segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Annabelle (2014)

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Annabelle de John R. Leonetti é a prequela de The Conjuring que dá vida à misteriosa e macabra boneca que ganha, através do desenrolar da sua história, o nome deste filme.
John (Ward Horton) encontrou numa boneca vintage rara o presente ideal para oferecer à sua mulher Mia (Annabelle Wallis) que se encontra grávida do primeiro filho.
No entanto esta vida de sonho ganha contornos bem mais negros quando dois membros de um culto satânico invadem a sua casa e os atacam, não sem antes invocarem uma entidade demoníaca que se irá manifestar através da boneca de nome Annabelle.
Para aquele que foi a prequela mais aguardada deste ano que está agora prestes a terminar, Annabelle deixa no final um misto de contentamento e desilusão que são difíceis de ignorar. Por um lado encontramos momentos de suspense e para os quais são precisos litros de sangue frio que deixam o espectador com o verdadeiro significado da expressão "sangue frio". Com alguma intensidade à mistura e um ambiente aparentemente normal que se torna no potencial novo endereço de um qualquer demónio e que faz, de certa forma, justiça a The Conjuring ao dar "vida" a um dos seus elementos que ainda sendo secundário não deixou nunhum dos fãs do referido filme indiferentes ao seu potencial, Annabelle não deixa de, por outro lado, quase parodiar-se a si próprio com elementos perfeitamente dispensáveis.
Por um lado começamos logo de imediato com a previsibilidade da boneca que "não desaparece" e que ninguém questiona o porquê de estar sempre a aparecer mesmo quando sabem tê-la deitado no lixo. De seguida temos os misteriosos ruídos que ninguém ousa perguntar ou os objectos que ganham toda uma nova vida e que se acha quase "normal" que assim seja. A isto juntamos uma história - também ela paralela - de "Evelyn" (Alfre Woodard), uma mulher que perdera a sua filha anos antes, que experiencia o oculto e que curiosamente não só vive no mesmo prédio que "Mia" como se torna a sua melhor amiga e mártir.
Se tudo isto não fosse suficiente, rapidamente teríamos o efeito "para onde fugiu a boneca?" a ganhar uma dimensão importante mas referida ligeiramente e a abertura para uma sequela de prequela - curioso isto... - que mais óbvia não poderia ser. A culminar com esta dimensão já muito batalhada em tantos outros filmes do género temos o efeito moralizador de "o amor mais puro é o de mãe" que, em conjunto tornam branco, quase risíveis e despropositados todos aqueles momentos que deveriam provocar algum suspense e tensão junto dos espectadores... tal como havia conseguido na primeira metade do filme.
Ao contrário de The Conjuring que revitaliza o filme do estilo casa possuída - não assombrada - como não se via desde o saudoso Amityville com muito primor e dedicação, Annabelle demonstra que o seu único propósito é comercial, típico do denominado filme-pipoca cujo conteúdo vai sendo aligeirado à medida que o tempo passa não se tornando numa digna prequela como se esperava que fosse.
Se entretém? É um facto... Tem os seus momentos mais tensos e que provocam a sua dose de calafrios mas não deixa também de ser verdade que não termina com a mesma intensidade com que começou que foi, na prática, o principal motivo que nos levou a querer vê-lo inicialmente. E isto não melhora... que com a eventual sequela da prequela (sim, ela vai chegar), todos nós sabemos que a qualidade do género não irá ficar melhor... Assim, Annabelle funciona única e exclusivamente como um filme de "momento" sendo perfeitamente dispensável para as "gerações futuras".
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6 / 10
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