segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Killing Reagan (2016)

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Killing Reagan de Rod Lurie é um telefilme norte-americano que se centra na tentativa de John Hinkley assassinar o então Presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan.
Dos dias finais da campanha Presidencial da qual Reagan (Tim Matheson) sairia vencedor aos meses depois da sua recuperação do atentado de que seria algo nas primeiras semanas do seu mandato, Killing Reagan leva o espectador a uma viagem pela dinâmica da sua administração bem como a conturbada vida de Hinkley (Kyle More), o homem que o tentaria assassinar.
Dos inícios de Outubro de 1980 a finais de Março de 1981, o espectador tem através do argumento de Bill O'Reilly e Eric Simonson um breve vislumbre sobre quem foi Reagan o candidato e posterior Presidente dos Estados Unidos, daqueles que o rodeavam na sua campanha e que sentiam o clima de incerteza sobre a sua eventual - ou não - vitória, bem como da sua mulher Nancy (Cnthia Nixon) que com ele vivia não só um amor e dedicação permanente como também um clima de acérrima protecção que lhe valeram (então) a alcunha de "dragon lady".
Mas falar de Reagan não é só sobre o "homem" mas também sobre o seu tempo e o clima sentido no início da década de '80 em que longe da imaginação de qualquer mortal se desenhava, além fronteiras, todo um novo mapa político e geográfico que os finais da mesma década viriam a confirmar. No entanto, e por muito estimulante que seja esta narrativa, aqui o espectador apenas tem esta noção como "pano de fundo" suscitada com aquilo que se tenta recriar enquanto assunto principal... a tentativa de assassinato. "Hinkley" (More) é um homem nos seus trinta's perdido em sonhos alucinados sobre os inúmeros desejos que tem para a sua vida... De escritor de sucesso a vocalista de uma banda rock, "Hinkley" perde-se em apáticas alucinações sobre o que quer sem que para elas tenha contribuído de alguma forma positiva e deixando o tempo passar enquanto se isola nos seus pensamentos e devaneios sobre uma platónica e obsessiva paixão por Jodie Foster.
Para lá desta dinâmica de obsessão versus infantilidade com que aqui é retratada a mente de "Hinkley" é, no entanto a forma como é exposta a relação entre o casal Reagan que mais me fascinou enquanto espectador senão vejamos... somos - desde sempre - bombardeados com a imagem de que o Presidente dos Estados Unidos é o "homem mais poderoso do mundo", detentor de todo um arsenal nuclear capaz não de destruir uma cidade mas sim todo o planeta caso "lhe apeteça" mas em Killing Reagan aquilo que o espectador observa é a dinâmica de um casal onde a mulher - Primeira Dama - vigia de perto as vontades de um homem cuja mente parece perdida - também ela - numa estranha infantilidade na qual voluntariamente interfere e manipula para que a sua imagem não se desvaneça nos inuendos dos corredores políticos e que o mantenha como o já referido "todo poderoso" Presidente.
Gentilmente referido pela própria "Nancy" - numa vibrante interpretação de Cynthia Nixon posso acrescentar - que a imprensa a tratava por "dragon lady" (mulher dragão) pela forma como se mostra aparentemente frágil mas forte e determinada pelo uso das suas palavras, é esta personagem real que mais fascina o espectador e que, de certa forma, deixa mais desejo por ser conhecida e revelar a não tão doce faceta que as suas fotografias deixam passar. No fundo aquilo que fica em aberto - ao e para com o espectador - será até que ponto não terá esta mulher influenciado, manobrado ou manipulado a vontade do seu marido em determinados assuntos - pessoais e ou de Estado - se tiver em conta que o Ronald Reagan que aqui é apresentado mais não é do que um "miúdo grande" que descobriu que agora tem "algum" poder.
Longe de criar algum suspense - afinal a história já é conhecida - ou até mesmo intensidade pois as personagens principais são meramente exploradas de acordo com os factos conhecidos e não necessariamente o seu fundo psicológico determinante para todas as dinâmicas - pessoal e política nos corredores de Washington ou pessoal no que a "Hinkley" diz respeito -, Killing Reagan acaba por se transformar num documentário ficcionado - pelas personagens não pelos acontecimentos - que cria algum interesse no espectador mas que o faz querer ver mais daquelas pessoas tão... caricatas.
No final, e com algum fundamento de criar no espectador uma empatia pela caridade, Killing Reagan acaba por mostrar Ronald Reagan o homem conciliador, peça fundamental na queda do muro de Berlim (ou pela menos aquele que deu os primeiros passos em tom paternal e "amigo") e uma grande figura a padecer da doença de Alzheimer que nunca esqueceu a família, o povo e o país e o seu dever maior para com os mesmos graças a uma "carta aberta" que a todos endereçou.
Disperso em diversos momentos pela vontade de concentrar em pouco mais de noventa minutos toda uma história que poderia ter sido ou mais fragmentada ou mais longa, Killing Reagan acaba por ser um interessante aperitivo daquilo que poderia ter sido explorado e apresentado mas que, na realidade, ficou guardado para outra altura... No fundo... aquece mas acaba por ser pouco "servido" limitando-se a ficar brevemente recordado pelas interessantes e algo enigmáticas interpretações do seu trio protagonista.
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6 / 10
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