domingo, 5 de agosto de 2018

Oceansize (2009)

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Oceansize de Adrien Chartie, Romain Jouandeau, Gilles Maziers e Fabien Thareau (França) é uma curta-metragem de animação 3D cuja acção decorre numa plataforma petrolífera onde um mergulhador em missão para verificar os alicerces da mesma provoca não só um acidente como desperta um inesperado visitante que tudo irá transformar.
Os realizadores e também argumentistas criam com Oceansize uma interessante atmosfera que une o melhor do cinema do género ao conseguir neste brevíssimo filme criar uma história de animação onde se encontra a acção, o suspense e em boa medida o terror sem esquecer a clara referência a um certo cinema ambientalista onde os valores de proteção do planeta Terra são cada vez mais visíveis e nos quais se pretende uma consciencialização enquanto se entretém e anima o espectador.
A história, ainda que pretenda recriar o despertar de um monstro que pode, em boa medida, assumir várias formas e cujos objectivos não são sempre claros como se poderia pretender - e ainda bem que não pois um certo mistério é sempre desejado para este género de história -, acaba por assumir duas distintas vertentes. A primeira de todas elas prende-se com o facto de existir no subconsciente de todos nós um certo imaginário de que existe "algo" para lá daquilo que os olhos conseguem observar. Aqui esse inatingível ganha forma com o lado mais profundo dos oceanos onde tudo é ainda tão incerto e desconhecido que, na realidade, tudo (ou nada!) poderá existir numa dimensão que nos é desconhecida. Ao encontrarmos um escape para dar corpo a esse imaginário ocupado pela incerteza e pelo desconhecido, o "monstro" ganha vida assumindo a forma que cada um de nós pretende e, nesta curta-metragem, o mesmo ganha corpo através daquilo que em boa medida pode ser encarado como um dos grandes corruptores (e poluidores) do planeta... o petróleo. É, ao mesmo tempo, nesta medida que surge uma segundo dinâmica nesta história quando esse "monstro" decide enfrentar, dominar e destruir todo o aparelho "produtivo" que lhe deu corpo e vida. O "monstro" é assim visto como um defensor já não adormecido da Terra e, como tal, tudo faz para destruir o seu cancro... o Homem. Primeiro eliminando o seu espaço e finalmente tentando mesmo destruir a sua própria existência garantido, dessa forma, que o planeta continue a existir de uma forma o mais harmoniosa possível.
O terror encontra-se lá mesmo não se assumindo como uma história sobrenatural que confere ao espectador uma dinâmica de Homem versus Paranormal. O terror manifesta-se sobretudo - senão quase exclusivamente - como uma consequência da acção danosa e destrutiva do Homem que se assume como dono e senhor de um espaço que é partilhado e não apenas seu. Assim o tempo de assistir  inactivo e silenciosamente termina fazendo crescer esse tal "monstro" adormecido que agora decide controlar pela força aquilo que sempre fora seu e que tão vilmente havia sido usurpado e destruído pela sobrevivência desse mesmo espaço comum.
Com um olhar atento e de certa forma comprometido com essa dinâmica de consciencialização ambiental que aos poucos se manifesta no cinema de formato curto, a quadra de realizadores e argumentistas consegue criar com sucesso uma história com tanta potencialidade como a própria dimensão do oceano manifestando, ao mesmo tempo, a capacidade de criar uma história de acção e suspense (também um pouco sobrenatural há que admiti-lo) capaz de captar a atenção não só do espectador mais disposto ao género como também a um público mais alargado capaz de explorar um pouco mais das diversas vertentes que a história propõe.
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7 / 10
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