O Método de Miguel Pinho é uma curta-metragem portuguesa de ficção que nos remete para uma casa onde Maria (Maria Miguel Gama), uma jovem actriz, ensaia para a próxima personagem que irá interpretar. Com o passar do tempo e a notória incapacidade que sente em conquistar, Maria aparenta ser uma jovem cada vez mais solitária num espaço que parece não conseguir abandonar.
O argumento da autoria de Miguel Pinho e da própria Maria Miguel Gama começa por nos apresentar uma visão de um espaço controlado, impecavelmente arrumado e onde tudo parece ter uma ordem natural, e normal, que simboliza um aparente controlo da protagonista sobre toda a situação e espaço em que se encontra. Este aspecto é igualmente enaltecido pela eficaz direcção de fotografia de Miguel Pinho que mostra um espaço amplo e por onde irradia a luz natural que o compõem como um espaço tranquilo e calmo.
No entanto, não é menos verdade que há medida que o tempo passa e que a incapacidade de "Maria" em dominar a sua personagem se acentuam, não só o espaço parece ficar mais desorganizado e ausente de luz como também sentimos uma constante clausura e claustrofobia em estar presente naquele espaço que, momentos antes, parecia ser um pequeno paraíso na terra. Se inicialmente parecia limpo e organizado mas ao mesmo tempo frio e desprovido de vida, no seu final aparenta estar numa posição proporcionalmente inversa... desarrumado e aparentemente mais pequeno mas, ao mesmo tempo, denota sinais de vida e de que alguém ali esteve, ainda que na prática pareça ter-se tornado numa pequena prisão em que a nossa protagonista se deixou ficar.
Prisão essa da qual parece não querer ou poder sair e onde acaba por fazer um registo dela própria, dos seus ensaios que não decorrem como pretende e dos quais aos poucos parece querer fugir e esquecer.
Se por um lado O Método se inicia como o estudo de uma personagem em estudo e no seu ambiente dito natural, não deixa de terminar sim como um estudo sobre a mente humana, as suas fraquezas e a forma como pode ceder facilmente a um ambiente que lhe é, de certa forma, adverso mesmo na sua calma e tranquilidade.
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"Maria: Acostuma-se afinal a tudo. Até à tristeza."
.7 / 10
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