quinta-feira, 16 de julho de 2015

Oriented (2015)

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Oriented de Jake Witzenfeld é um documentário israelo-britânico que acompanha a vida de três amigos homossexuais palestinianos a residir em Tel Aviv, Israel, e o confronto da sua identidade sexual, pessoal e nacional.
Khader, Fadi e Naeem são três palestinianos a residir em Tel Aviv, amigos e homossexuais. Khader originário de Jaffa e de 25 anos de idade mantém uma relação com David - arménio - e assume-se como palestiniano apesar de manter um bilhete de identidade israelita, em homenagem ao avô nascido na mesma cidade numa altura em que Israel ainda não existia enquanto Estado independente. Com uma relação familiar tensa devido à falta de aceitação do seu pai, Khader refugia-se nos amigos - e mais tarde num emotivo encontro com a família de Fadi - para encontrar o seu lugar.
Fadi, de 26 anos, assumiu-se para a família ainda adolescente e vive num constante conflito sobre poder apaixonar-se por um judeu quando ele próprio assume sentir-se, desta forma, a trair as suas origens. Como refere a certa altura, Fadi "sente-se fraco" por se apaixonar pelo inimigo naquela que acaba por ser, segundo as suas palavras, uma relação em que vive numa constante luta de "poder" e onde as tensões sentimentais assumem proporções nacionalistas que nunca chegam a bom porto.
Finalmente o último dos amigos é Naeem, de 24 anos que vive a sua vida com o desconhecimento dos pais que julgam que o filho deveria voltar para a aldeia natal em vez de se afastar e estar longe daqueles que lhe podem dar algum conforto e ajudar a construir uma família. A família que o próprio sabe não ser aquela que alguma vez irá ter. Naeem diz a certa altura algo que acaba por ser determinante não só na temática central deste documentário como também de todo o qualquer um de nós espectadores... Naeem revela a certa altura que é diferente daquele que os pais até certo momento ajudaram a criar e que todas as influências externas e experiências pelas quais passou ajudaram-no a ser aquele que hoje é. Não sendo bom nem mau - como o próprio refere - ele é apenas diferente. Diferente daquilo que foi, daquilo que os outros podem achar que ele é e principalmente diferente dos mais variados estereótipos que todos criam sobre si enquanto Homem ou Palestiniano, e se os seus pais sentem não existir um espírito de família, Naeem sente-se privado da sua própria individualidade e liberdade sempre que visita uma aldeia que considera ser pequena demais para aquilo que ele percebe e sente ser.
Jake Witzenfeld cria com Oriented um documentário que está muito para além de uma perspectiva meramente sexual conseguindo habilmente, no entanto, inseri-la como um elemento da vida destes jovens mas não sendo o único. É um facto que todos eles procuram a determinada altura viver uma vida plena de afectos - como elemento de um casal assim como junto da sua família - mas, ao mesmo tempo, consegue entregar uma perspectiva sobre a sua vida enquanto Palestianianos numa sociedade Israelita na qual não se enquadram ou sentem enquanto cidadãos de plenos direitos. Na ausência de uma Palestina independente face aos olhos do mundo, como podem estes jovens viver uma vida plena de direitos e deveres, liberdade e respeito pela sua individualidade quando na prática se sentem como elementos mais fracos da mesma sociedade? Num constante dilema que é então equiparado à sua sexualidade, como podem estes jovens islâmicos sentir-se integrados numa sociedade judaica onde qualquer tipo de relação se baseia quase exclusivamente num debate político sobre "de quem é esta terra?"?
Longe de quaisquer conjunturas políticas, Oriented centra sim as suas questões principais num âmbito social e individual que procura respostas tão simples - ou talvez não - sobre como ser feliz e fiel aos seus sentimentos numa cultura que reprime e numa sociedade que não os reconhece como iguais tendo, ao mesmo tempo, uma sexualidade que é de certa forma tida como proibida face à cultura da qual se provém. Como viver num mundo ou se sente ter de estar numa permanente luta reivindicativa de respeito pelos seus plenos direitos? Como sobreviver ao desgaste que essa luta provoca? E no final, já após uma viagem a Berlim que Khader faz com o seu namorado e ao qual se lhes juntam Fadi e Naeem, onde experimentam aquilo que é realmente viver em liberdade com aquilo que cada um deles é vem a eterna pergunta... como voltar ao passado? Como voltar a um lugar que sabemos ir repreender e obrigar a voltar a essa luta constante quando se experimentou aquilo que é realmente viver livre?
Emotivo e por vezes bem disposto, Oriented é um documentário sempre reflexivo e constante na afirmação de pertinentes questões sobre direitos e sua privação, conseguindo ao mesmo tempo com que o espectador se questione sobre o que é realmente a liberdade?
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8 / 10
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