Prego a Fundo de Hal Needham é uma longa-metragem norte-americana e uma das várias obras que marca a colaboração do realizador com o seu actor protagonista Burt Reynolds.
Stroker Ace (Reynolds) é um piloto do circuito NASCAR habituado às vitórias. Quando Clyde Torkle (Ned Beatty), um magnata do frango frito o aborda para ser o seu novo patrocinador, Ace estava longe de imaginar que todo o seu percurso enquanto piloto iria estar às ordens de uma campanha publicitária que o ridicularizaria enquanto tal. Poderá Ace libertar-se deste estado refém em que se encontra?
Quando o espectador lê a sinopse desta longa-metragem e se depara com o trabalho conjunto de três argumentistas - o próprio Needham, Hugh Wilson e David E. Peckinpah - para adaptar a obra de William Neely e Robert K. Ottum, questiona-se sobre a potencialidade de uma obra que aparenta ter uma narrativa tão elaborada que toda a sua atenção será necessária. No entanto, e à medida que esta longa revela a sua linha condutora, aquilo que rapidamente compreende é que quão necessários terão sido todos estes argumentistas quando, no fundo, tudo aquilo que aqui vemos se resume a breves princípios; 1) temos uma personagem principal que vive centrada na sua imagem enquanto galã de serviço, 2) temos o "adjunto" que vive na sua sombra e que, com bom tom, é o "tolinho" lá do bairro, 3) temos a ingénua pseudo-boazona que irá ser o seu alvo de atracção e, finalmente, 4) o magnata capitalista que mais não é do que uma "saloio" com muito dinheiro.
Tendo estes quatro princípios - e já bem puxados para serem tantos - a única pergunta aqui possível é... para quê?! Nada neste filme, que não só não é original como se resume a um conjunto de banais graçolas de stand up, consegue ser minimamente interessante para que o espectador o veja como uma obra divertida. Desde os primeiros instantes que se percebem todas as personagens estereotipadas, desde a personagem ultra arrogante interpretada por Burt Reynolds - adulto com um claro síndrome de eterno adolescente - ao seu assistente e melhor amigo concentrado num universo muito próprio, sem esquecer a loira muito cristã e moralista de Anderson, o principal concorrente de "Ace" a cargo de Parker Stevenson e o magnata provinciano de Beatty. Se a simpatia pela história já era inexistente, então por estas personagens nunca chega, na realidade, a ser desenvolvida. Entre o vago e o vão, todos oscilam durante pouco mais de noventa minutos sem que, na realidade, exista qualquer profundidade dramática das mesmas. Imaginando isto de uma forma mais simplista... cada um deles teve o seu próprio guião sem grande interacção ou preparação do mesmo (será que ele existiu de facto?!) e, no final, reuniram-se para umas quantas graçolas minimamente exploradas. E para os resistentes, os momentos finais com os bloopers isso comprovam...
Como aspectos positivos... que são poucos... a capacidade de inserir alguns momentos de corridas NASCAR no enredo - ainda que se consiga perceber claramente que nada têm em relação a esta história em concreto - que revelam toda uma intensidade "de fundo" inicialmente pretendida mas que, na prática, nunca chega a ser sentida. A boa intenção está mas, tal como no Inferno... enche sem satisfazer. Finalmente, e apesar de todo um sub-aproveitamento, é a personagem de Bed Beatty enquanto o magnata com interesses financeiros muito "acentuados", que se destaca de todo o elenco. Provinciano e revelador do que de pior tem o dinheiro - e o poder que se incute -, Beatty oscila entre o maléfico, o oportunista e o parolo que, no final, acaba por ser derrotado da forma mais absurda. Ainda que o seu "vilão" de serviço seja um (frágil) ponto positivo desta longa-metragem, o mesmo não é suficiente para cativar de alguma forma o espectador mais exigente e capaz de esperar mais de alguns destes actores.
Incapaz de ser um imã de espectadores - pelo menos não nos dias que hoje correm - Stroker Ace é uma - mais uma - daquelas longas-metragens datadas e que foram facilmente esquecidas no tempo (compreensivelmente) não deixando grandes recordações para o futuro mais distante para lá de um potencial livro de memórias da relação como seria a de Reynolds com Anderson e, mesmo essa, tendo sido de curta duração.
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