domingo, 23 de julho de 2017

Blood Surf (2000)

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Surf Sangrento de James D. R. Hickox é uma longa-metragem norte-americana e, assumido desde já, um dos piores e mais divertidos filmes que vi nos últimos tempos.
Um grupo de amigos tem um único objectivo... atrair tubarões para o local onde vão fazer surf e serem filmados para um documentário que, esperam, seja a fonte dos seus rendimentos futuros.
Mas, quando os seus planos de fortuna são interrompidos por um crocodilo gigante que os irá perseguir de forma a transformá-los no seu último petisco, as suas hipóteses de sobrevivência transformam-se radicalmente. Conseguirá algum deles sobreviver a tão grande ameaça?
Sejam tubarões, piranhas, crocodilos, abelhas, anacondas ou aranhas... há algo de atractivo num filme deste género que faz com que o mais reticente dos espectadores se transforme num imediato destemido. Quem de entre nós consegue com franca justiça dizer que este tipo de filmes não se transforma num imediato "guilty pleasure" que... dê por onde der... tem de ser visto?!
Blood Surf ou Krocodylus - é tão bom que o nomearam duas vezes -, é o mais flagrante exemplo daquilo que não se deve fazer... por onde começar com o tão grande número de pobres exemplos do que "não fazer" quando se faz um filme - quase dava um título por si só! - ou, pelo menos, como não ridicularizá-lo. Blood Surf começa com a evidente apresentação das suas personagens, assumindo o par protagonista como aquele conjunto de surfistas que... por muito bons que sejam no mar, assumem-se de imediato como dois tipos que pelo processo de surfar devem ter perdido o cérebro numa qualquer onda mais arriscada. Se é um facto que um deles consegue ainda puxar pela pouca massa cinzenta que assume ter, o outro é um tipo pelo qual qualquer um de nós dá pouco e, a partir de um determinado momento, até se espera que ele seja eliminado pelo predador de serviço de forma a acabar com a penitência pela qual se passa. Não é que seja mau ou um qualquer vilão... mas a sua presença de "grunho" consegue ser poluição visual difícil de esquecer.
Se as interpretações protagonistas são más o suficiente, o que dizer quando começam a transformar-se em lugares comuns onde a verbalização de alarvidades ganha a forma humana, e o seu destino apenas aparenta ser a morte certa que, por esta altura, não só é desejada como recomendada? De intragáveis broncos a interessantes petiscos para os tubarões que pretendem enganar ou para o crocodilo que os tem na mira - e com ele seguem as nossas preces -, Blood Surf ridiculariza-se sem fim quando as referidas personagens começam a ser cada vez mais tipificadas pelos actores que lhes dão corpo - porque alma... honestamente não existe! -, transformando-se no típico grupo de Americanos que vai "à terrinha" para enganar os que julga serem parolos, quando o antigo mestre do mar agora alcoólatra de serviço se assume como o salvador da pátria que afinal... não é, ou mesmo quando o risco de vida aparente - e certo - parece nem sequer importar a alguém que sabe que vai morrer... mas ainda assim pensa que vai com dinheiro atrás! E tudo isto que tenta impedir que o espectador reconheça que os nativos são transformados em parolos que vêem na presença norte-americana o último e mais recente aparelho reprodutor da espécie humana.
Depois de toda uma devastação intelectual - que no fundo... não é muita -, o espectador acaba não só por desejar que esta "gente" toda desapareça do mapa e junta-se ao lado predador na esperança de que este dê cabo de todos os humanos que povoam o espaço. Em nome da justiça... nenhum deles merece realmente sobreviver. E isto tudo torna-se pior, quando o crocodilo se torna uma "realidade"... Não só os efeitos especiais são péssimos como facilmente se percebe que estamos perante um aparelho mecanizado de fraca qualidade - não percebo sequer como é que alguém gastou um dólar a produzir isto -, como os actores tentam dar um ar profissional à coisa assumindo que o que estão a ver é, de facto, assustador.
Blood Surf é risível no mínimo... trágico na pior das hipóteses se começarmos a pensar na quantidade de dinheiro que foi utilizado para fazer "isto", e o espectador acaba por assistir a um filme que não o é... Para lá de previsível em todas as suas possíveis e eventuais dimensões, esta longa-metragem que não é digna de ser apelidada de tal consegue que o espectador abra a boca pasmado pela falta de noção com que tudo foi feito ou, talvez, fazer rir (como referi mais cedo) pela improbabilidade de que isto tenha sido tentado como de facto acabou por ser feito. É certo que existem muitos maus filmes mas, na realidade, nestes escassos noventa minutos parece que todas os piores defeitos de um pretenso filme foram reunidas e elevadas à sua máxima potência resultando... nisto.
De péssimo a trágico, de ofensivo a vulgar... existe toda uma quantidade de adjectivos que podem ser utilizados para caracterizar Blood Surf... nenhum deles será assumidamente positivo e todos, sem excepção, são redutores para algo que não tem qualquer salvação possível deixando apenas uma questão no ar... existiu mesmo quem tenha contribuído financeiramente para que "isto" visse a luz do dia?!
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