Vou-me Despedir do Rio de Pedro Cruz e David Gomes é um documentário em formato de longa-metragem presente na competição oficial da vigésima-terceira edição do Caminhos do Cinema Português a decorrer em Coimbra.
Por desconhecidos caminhos de um interior perdido, fotografias de um antigamente são observadas por alguém que delas fez parte. À medida que um homem percorre esses caminhos, depara-se com um entrelaçar de fios que são criados pelas mãos de uma mulher. Ambos, tal como muitos outros, fizeram parte da vida de uma fábrica que aquelas fotos perdidas e lançadas ao rio retratam.
O espectador depreende instantaneamente que a história e a memória retratada naquelas fotografias fazem ambas parte de um percurso colectivo de um povo e de uma região que dependiam directa e economicamente do passado de uma fábrica ali imortalizada.
Desta forma Vou-me Despedir do Rio é um documentário quadro de um passado e de um presente de uma povoação desertificada e abandonada devido à perda de formas de subsistência que faziam sobreviver os destinos da mesma bem como de uma população que envelheceu e que se perdeu por outras paragens à procura de novos destinos.
Algo romantizado por diversos momentos na medida em que explora o lado nostálgico de uma localidade, de uma fábrica e de uma população agora esquecidas, Vou-me Despedir do Rio transforma-se - ao som de cantares populares - um conto sobre o fim dos tempos num determinado local e numa época específica.
Interessante e reflexivo sobre as marcas do passado e os seus efeitos no presente e potencialmente até mesmo no futuro, Vou-me Despedir do Rio é portanto um relato final sobre uma portugalidade já relativamente esquecida quase encarada como um conto fantasioso que todos já desconhecemos.
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