quarta-feira, 24 de novembro de 2010

The Hurt Locker (2008)

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Estado de Guerra de Kathryn Bigelow foi o filme sensação do ano de 2009 que desde Veneza aos Oscars de Hollywood levou tudo quanto era prémios a que estava nomeada.
Vencedor de seis Oscars na cerimónia de 2010 incluindo Filme e Realizadora, aliás a primeira vez que uma mulher vence esta distinção, e também Argumento Original, Montagem, Som e Efeitos Sonoros, esta história centra-se nos acontecimentos que acompanham o dia-a-dia de um grupo de fuzileiros norte-americanos no Iraque que têm como missão desarmar bombas que se encontram nos locais de combate.
Não fosse isto já preocupante o suficiente, aquilo a que assistimos é à própria vivência quase despreocupada com que estes fuzileiros encaram a sua presença em terreno de combate pois já por lá andam com a mínima das preocupações possível fazendo já do clima de guerra o ritmo normal da sua vida.
Todos eles a viver com dramas pessoais. Com problemas com o que deixaram no país deles e muito em especial, com o facto de uma vez regressados aos Estados Unidos, a única coisa por que anseiam e desejam é voltar de novo para um clima de guerra permanente.
Os traumas que há trinta e tantos anos atrás foram quase silenciados com os veteranos de guerra do Vietname são aqui claramente abordados não tendo sido necessário esperar anos e anos para eles virem ao nosso conhecimento enquanto espectadores. Temos então de novo uma jovem geração norte-americana que, uma vez mais, vive com traumas de guerra e com as "normais" inadaptações à sociedade de onde provêm.
Kathryn Bigelow, que se tornou na primeira mulher a vencer um Oscar como Melhor Realizadora do ano, trouxe este filme que desde que havia estreado e passado por diversos festivais internacionais de cinema conquistou prontamente tanto público como crítica.
O direcção realista e credível que ajudou a criar uma atmosfera muito própria neste filme deram a Bigelow a vantagem necessária para tornar um filme de orçamento "menor" num dos grandes filmes do ano ao qual as grandes interpretações do seu elenco, nomeadamente a de Jeremy Renner que obteve a sua primeira nomeação a um Oscar bem como à grande maioria dos prémios entregues na temporada passada, ajudaram a criar este moderno e bem estruturado filme de guerra.
Também em termos técnicos o filme está bem construído... desde aos efeitos sonoros à construção da própria narrativa de flui de uma forma muito coerente, tudo no filme ajuda a perceber não só o que se passa diariamente com estes fuzileiros como principalmente no seu pensamento, provavelmente até o aspecto mais importante pois é a saber o que pensam, em que circunstâncias e o que sentem, que nos ajuda a formar uma ideia mais real do que é afinal este conflito.
Não sendo propriamente o meu filme preferido de guerra, ou sequer até a época em que deflagrou um conflito que mais me apele a estar informado sobre a mesma, este Estado de Guerra não deixa de ser um muito bom filme do género, e possivelmente o primeiro a despoletar uma série de filmes que se centram sobre o que se passa no Iraque, o que leva ainda hoje a muitos defenderem este conflito e a muito especialmente o que se passa nas mentes desta nova geração que para lá caminha e também como ficam, ou não, afectados a um nível mais psicológico.
Bigelow está de parabéns não só pelo facto de ter sido a primeira mulher na História a receber um Oscar pela realização de um filme mas, muito especialmente, por ter tocado de uma forma mais humanista a vida daqueles que arriscam diariamente as suas vidas deixando de certa forma o conflito em si para um plano secundário.
Não será, para mim, um dos melhores ou maiores filmes do ano mas, no entanto, não deixa de ser um muito bom filme que não devemos deixar passar ao lado.
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8 / 10
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