sexta-feira, 29 de maio de 2020

When I Write It (2020)

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When I Write It de Nico Opper e Shannon St. Aubin (EUA) é um documentário em formato de curta-metragem presente nesta primeira edição do We Are One - A Global Film Festival que decorre na plataforma online do mesmo e que apresenta a história de dois jovens afro-americanos de Oakland - Leila e Ajai - e os seus pensamentos sobre o que é ser jovem na América do presente enquanto tentam, ao mesmo tempo, desenvolver e vincar a sua arte na cidade em constante transformação.
Este documentário breve que mistura as ansiedades de dois jovens americanos com as transformações tidos numa sociedade em constante mutação, revela as expectativas destes dois jovens não só numa fase em que claramente estão numa transição de adolescentes para jovens adultos como também fazem chegar ao espectador as suas opiniões sobre um mundo que aparenta nem sempre estar preparado para novas abordagens ao mesmo ou, por outro lado, as perspectivas do próprio sobre uma sociedade em que comentam "serem escassas as oportunidades".
Num momento em que se preparam para um concerto num dos espaços locais que lhes abre a porta, ambos falam sobre os livros que lêem ou as músicas que escutam e querem criar e as perspectivas que estes lhes conferem destes e de outros tempos levando-os a um pensamento não só pertinente como actual... o que é ser um jovem negro na América de hoje?! Ou, numa perspectiva ainda mais chocante, Ajai deixa-nos o intrigante pensamento sobre que sente não lhe ser permitido ser uma pessoa na América que, agora, conhece. O espectador, mais ou menos conhecedor da realidade norte-americana do momento, questiona-se (também ele) sobre estes anos '20 e nas intensas disparidades sentidas por uma camada etária, étnica e social da população que percepciona não ter o seu lugar não só nesta sociedade como principalmente no mundo enquanto indivíduo que é.
Ainda que pertinente pelas questões aqui levantadas, este When I Write It peca pela escassa duração oferecida a estas temáticas e pela exploração do "eu" - neste caso destes dois adolescentes ou jovens adultos - que poderiam ser não só mais intensas sob a sua potencial disseminação e compreensão como também seria útil compreender, de facto, as realidade e os mundos locais de onde eles provêm conferindo, dessa forma, uma abordagem mais alargada e não apenas a menção de que as dificuldades de ser jovem e negro nos Estados Unidos são imensas... facto que qualquer um de nós facilmente identifica ao escutar um qualquer noticiário. Pertinente ao ponto de compreendermos que está na mão de cada um "escrever" o seu próprio destino mas, ao mesmo tempo, compreender também que por muito que se o queira escrever existem todo um conjunto de "estradas" que estão imediatamente fechadas logo que alguém as tenta atravessar.

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6 / 10

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