sexta-feira, 30 de julho de 2010

Bad Santa (2003)

Bad Santa: O Anti-Pai Natal de Terry Zwigoff é interpretado no principal papel por Billy Bob Thornton no papel que será seguro dizer do Pai Natal mais ordinário, rasca e desprendido de tudo e todos que alguma vez o cinema "viu" e que é possivelmente um dos seus melhores papéis de sempre.
Willie (Thornton) é um tipo que tem apenas dois prazeres na vida... beber e sexo. O seu modo de vida é simples... todas épocas festivas ele e o seu amigo Marcus (Tony Cox) vestem-se respectivamente de Pai Natal e Duende e vão para grandes superfícies comerciais onde de dia maltratam crianças que vão fazer os seus pedidos especiais e que durante a noite se entretêm a assaltar os locais para viverem desafogados o resto do ano.
Um dia algo corre "mal" quando uma dessas crianças (Bret Kelly) ganha uma especial empatia por Willie e o trata como se de um ídolo se tratasse. Como se isto já não bastasse para os seus planos começarem a dar para o torto, ainda o chefe da segurança do centro comercial (Bernie Mac) em que se encontram começava a duvidar seriamente de tão estranho par.
Além de ser um filme de comédia fora do normal, este filme vence sem qualquer réstia de dúvida com o seu fabuloso elenco. Qualquer um dos actores está no seu melhor.
Thornton que foi inclusive nomeado para o Globo de Ouro de Melhor Actor em Comédia tem realmente aqui o papel pelo qual, assumo, o irei recordar para sempre. Bêbado, desligado, corrosivo e despreocupado, nem nada nem ninguém são para ele dignos de importância ou sequer de ser considerados. Vive apenas e só para beber... para sexo... e quanto muito para chegar ao dia seguinte.
Tony Cox como o seu companheiro de esquemas tem um papel que o põe ao mesmo nível de Thornton (não, não é nenhuma piada relacionada com a altura do actor), e consegue não só ser adorável como perfeitamente detestável.
O miúdo completamente irritante, chato mas que no fundo só procura é alguém que lhe dê atenção, Bret Kelly, tem com o seu papel um brilhante desempenho que ora nos causa alguma graça pelo absurdo das situações em que se encontra, ora nos dá alguma angústia por perceber que se calhar até existem pessoas naquelas condições.
A completar o elenco dos actores principais temos Bernie Mac. É impossível não conseguir achar piada a um chefe de segurança tão ou mais mafioso do que os próprios vigaristas. É impossível não simpatizar com o ar cool, despreocupado mas francamente atento com que ele vai tentando moldar os esquemas dos outros para o seu próprio proveito.
Finalmente, quanto aos secundários há apenas a destacar dois. Lauren Graham, que muitos de nós conhecemos pelas Gilmore Girls, como a parceira de cama, chão e dentro do carro de Thornton e finalmente o tão estimado John Ritter que teve neste filme o último desempenho da sua extensa carreira, quase na sua totalidade dedicada à comédia.
Temos então uma fantástica história de comédia sobre a despreocupação para com o mundo... a revolta que temos para com ele... o quão desligados estamos para com aqueles que cruzam o nosso caminho e que, na maioria das vezes, quase desejamos que nem sequer olhem para nós para não termos de nos preocupar a pensar sobre o que será que se passa com as outras pessoas.
No entanto, há sempre (mas sempre mesmo) alguém que nos faz quebrar a barreira de gelo que temos e que nos separa de todas as outras pessoas. E quando esse alguém surge criam-se empatias, laços, amizades, relações... famílias. E como apesar do que muita gente diz "a família não se escolhe", com este exemplo que retrata muitas realidades (talvez não desta forma exagerada mas...), ficamos a perceber que chega a altura em que todos nós acabamos por ceder à simplicidade de um olhar que simpatiza connosco.
Brilhante comédia que nos consegue arrancar longas gargalhadas devido à sua trash talk que é também um brilhante drama com importantes momentos mais sérios e reflexivos que nos mostram que poderemos passar por uma vida sem estarmos sempre sózinhos.

10 / 10

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