terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Northfork (2003)

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Northfork de Michael Polish seduziu-me pelo seu trailer que me fazia pensar ir assistir a um filme profundamente trágico sobre o fim de uma era... de uma cidade.
Este filme decorre em 1955 quando uma pequena cidade do interior está largada ao abandono depois de boa parte da sua comunidade ter sido deslocada para outro lugar. Northfork vai desaparecer... vai ser inundada após a construção de uma barragem. Poucos são aqueles que ainda resistem neste local e que, tal como ele, também vão assistir ao seu próprio fim ali.
No que resta desta comunidade assistimos aos últimos dias de uma criança devolvida ao orfanato pelos seus pais adoptivos devido aos seus graves problemas de saúde, e percebemos que eles representam também o final de toda a história tanto da cidade como da comunidade em si e como, por sua vez, o fim desta representa a morte daquela própria criança.
Do elenco, que se pode considerar de luxo, onde se destacam as interpretações de Nick Nolte, James Woods, Daryl Hannah e do próprio Michael Polish que além de realizar e ser argumentista em conjunto com o seu irmão, tem também ele uma interpretação neste filme como um dos homens encarregados de "ajudar" à evacuação da cidade, esperava mais. As interpretações parecem perder-se algo pelo caminho dando quase sempre lugar a um certo misticismo que se perde com a própria história. Prometem muito mas na prática acabam por cumprir muito pouco remetendo quase na totalidade as suas prestações a algo mais espiritual do que real. À excepção da interpretação de Nick Nolte, o padre da cidade que zela pelo bem-estar da jovem criança e das de James Woods e Michel Polish, a dupla pai-filho que com a evacuação das pessoas esperam um pedaço de terra para construir de início as suas vidas, que é como quem diz as presenças "terrestres" com ideias e objectivos concretos, todas as demais remetem-se para um lugar mais "além" e com pouca concretização prática, divagando entre o sonho e a imaginação daquela criança que aos poucos parece definhar.
A sensação final depois da exibição do filme é que ele poderia ter sido muito mais se se concentrasse no final da cidade e da criança com factos reais. Esta história nunca chega a atingir o drama inicial que apresenta, diluindo-se quase na totalidade com uma história mais que fragmentada sobre o desejo de pertença a um lugar e a um grupo. As próprias histórias pessoais nunca chegam a ser exploradas dado o elevado número de personagens que o filme apresenta e como tal temos quase um relato a "várias cores" sobre o local sem que nunca seja sequer concluída.
No entanto o filme tem sim aspectos que são acentuadamente positivos. Tanto a banda-sonora da autoria de Stuart Matthewman com sons profundamente trágicos e melancólicos como também a fotografia de M. David Mullen com cores esbatidas e sombrias retratam fielmente o fim daquela pequena cidade e comunidade.
Tecnicamente bem executado e com potencial de argumento para ser um filme bastante interessante não é, no entanto, um filme que tenha conseguido alcançar todo o seu potencial acabando por divagar algures pelo meio perdido...
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4 / 10
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