quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Excuse Me Lisbon (2015)

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Excuse Me Lisbon, de Guilherme Fernandes é uma curta-metragem luso-americana de ficção cuja história nos remete para o mais recente desgosto sentimental de Bobby (Bobby Rodríguez). Relutante, Bobby aceita o convite dos amigos para sair da cidade por uns dias e embarcar numa viagem até Lisboa para poder descontrair e pensar na sua vida.
No entanto, é no regresso à sua realidade que é finalmente revelado o verdadeiro problema de Bobby...
A um passo relativamente lento, Excuse Me Lisbon centra a atenção do espectador desde o primeiro instante para uma história sentimental e de reencontro com o "eu" perdido e desgostoso de "Bobby", um tipo já perto dos seus trinta('s) que fora uma vez mais abandonado por uma das suas namoradas. Ainda que de forma ligeira, a sensação que é transmitida ao espectador é que esta não é a primeira vez - ou quem sabe a última - que alguém o abandona. De expressão pacata e até algo desinteressada, "Bobby" parece aquele tipo de amigo que todos têm - e aparentemente é mesmo esse o caso - e no qual todos depositam a sua confiança e entusiasmo. Mas... e se "Bobby" fosse uma pessoa totalmente diferente daquilo que deixa transparecer aos seus inúmeros amigos? E se por detrás de toda aquela tranquilidade existisse outro "Bobby" que ninguém conhece?
Depois de uma viagem promocional por Lisboa onde o mais desatento dos espectadores pode sempre encontrar a Ponte 25 de Abril, um jogo na Luz ou até mesmo a tão famosa ginjinha, é com base nesta referida premissa que Excuse Me Lisbon termina. Sim, termina. Depois de um cartão promocional que possa induzir ao turismo lisboeta, que poderá funcionar se esta curta-metragem tiver público exterior ao português, o melhor é deixado praticamente de lado. O que existe dentro do apartamento de "Bobby" com o qual ele acabou por ser tão (des)cuidado... Quem será na realidade este homem? Alguém a quem as mágoas e traumas do passado marcaram e o transformaram ou simplesmente um monstro escondido por detrás de uma pacata existência?!
Com a clara noção de que esta curta-metragem tinha - tem? - pernas para andar para outros rumos e desenvolver todas as personagens que aqui são ligeiramente abordadas - quem sabe a visita de "Amália" (Alexandra Negrão) a "Bobby" ou até mesmo aquele senhorio "George" (Daniel Kellman) que começa finalmente a suspeito do insuspeito, Excuse Me Lisbon mostra as fragilidades de um eventual primeiro trabalho do realizador mas que, ao mesmo tempo, expõe a necessidade de contar bem uma história que aqui apenas se introduz e que desperta o espectador quando a cortina está prestes a tapar o ecrã.
Interessante mas ainda não um filme "essencial", Excuse Me Lisbon precisa de terminar a construção de personagens que aqui inicia e dar um fundamento às acções de "Bobby"... nem que esse seja o simples "prazer" por detrás dos seus actos.
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6 / 10
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1 comentário:

  1. Muito obrigado Paulo, foi um prazer enorme fazer esta curta-metragem e ter tido a oportunidade de tê-la feito dos 15 para os 16 anos foi assustador e espetacular pois trabalhei com excelentes actores. Muito obrigado pela critica. Significou muito para mim. O feedback sincero é difícil de obter à escala em que me encontro. Muito muito obrigado. (Curiosidade: apesar de só ter sido lançada este ano, a curta já é de 2013)

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