Letter to a Refusing Pilot de Akram Zaatari é um documentário em formato de curta-metragem libanês que foi exibido no Pequeno Auditório da Culturgest no âmbito do DocLisboa - Festival Internacional de Cinema que decorreu em Lisboa entre os dias 16 e 26 de Outubro passado.
Esta curta-metragem documental tem por base o momento em que Hagai Tamir, um aviador israelita, se recusou a bombardear a Escola Secundária de Saida, no Líbano, em 1982. Arquitecto de formação, Tamir reconheceu a estrutura do edifício relatando que seria ou uma escola ou um hospital largando, de seguida, as bombas sobre o mar e evitando a morte de dezenas de crianças. O seu gesto foi, no entanto, interrompido quando horas depois outro piloto bombardeia o mesmo local destruindo por completo a referida escola.
Num relato antes e depois dos bombardeamentos, Akram Zaatari recorre ao diário mantido pelo irmão na altura onde nos revela fotos e pequenas mensagens por ele escritas, com as quais tem o cuidado tratando-o como um artefacto histórico, e estabelecendo uma interessante e curiosa relação entre este diário e a obra O Principezinho, de Antoine de Saint-Éxupery através da presença de diversos elementos comuns em ambas as obras nomeadamente a presença de uma densa manta de árvores nas escolas - tal como o embondeiro da obra de Saint-Éxupery - a rosa e o evidente e já referido piloto com quem o Principezinho estabelece uma amizade.
Em Letter to a Refusing Pilot, esta amizade pode ser sentida - e estabelecida - entre a mensagem que Zaatari tenta passar com o seu documentário ao referido piloto que se recusou a seguir uma ordem - que poderão mais não ser do que dois estranhos - assim como pela simbologia sempre presente do avião que as crianças constroem com folhas de papel e que lançam dos telhados da cidade em que vivem como que tentando estabelecer uma "ponte aérea" de ligação entre dois mundos, duas culturas e duas nacionalidades. Afinal, tal como em O Principezinho, a mensagem maior que aqui se tenta passar para lá da óbvia em que a paz é uma constante, é aquela que apela aos sentimentos mais nobres de amizade, da tal bondade de criança que todos um dia tivemos e que algures no tempo caiu esquecida sem que dela se sentisse falta.
Tal como uma carta, Letter to a Refusing Pilot é uma mensagem visual sobre as inexistentes diferenças entre duas culturas vizinhas que se encontram de costas voltadas. Uma mensagem de agradecimento que revela o que não foi destruído - por um - e uma sentida forma de esticar a mão percebendo que o "eu" e o "outro" não são assim tão diferentes separando-os apenas a nacionalidade política e concentrando-se no facto de que pequenos - grandes - gestos podem revelar toda a diferença.
.Esta curta-metragem documental tem por base o momento em que Hagai Tamir, um aviador israelita, se recusou a bombardear a Escola Secundária de Saida, no Líbano, em 1982. Arquitecto de formação, Tamir reconheceu a estrutura do edifício relatando que seria ou uma escola ou um hospital largando, de seguida, as bombas sobre o mar e evitando a morte de dezenas de crianças. O seu gesto foi, no entanto, interrompido quando horas depois outro piloto bombardeia o mesmo local destruindo por completo a referida escola.
Num relato antes e depois dos bombardeamentos, Akram Zaatari recorre ao diário mantido pelo irmão na altura onde nos revela fotos e pequenas mensagens por ele escritas, com as quais tem o cuidado tratando-o como um artefacto histórico, e estabelecendo uma interessante e curiosa relação entre este diário e a obra O Principezinho, de Antoine de Saint-Éxupery através da presença de diversos elementos comuns em ambas as obras nomeadamente a presença de uma densa manta de árvores nas escolas - tal como o embondeiro da obra de Saint-Éxupery - a rosa e o evidente e já referido piloto com quem o Principezinho estabelece uma amizade.
Em Letter to a Refusing Pilot, esta amizade pode ser sentida - e estabelecida - entre a mensagem que Zaatari tenta passar com o seu documentário ao referido piloto que se recusou a seguir uma ordem - que poderão mais não ser do que dois estranhos - assim como pela simbologia sempre presente do avião que as crianças constroem com folhas de papel e que lançam dos telhados da cidade em que vivem como que tentando estabelecer uma "ponte aérea" de ligação entre dois mundos, duas culturas e duas nacionalidades. Afinal, tal como em O Principezinho, a mensagem maior que aqui se tenta passar para lá da óbvia em que a paz é uma constante, é aquela que apela aos sentimentos mais nobres de amizade, da tal bondade de criança que todos um dia tivemos e que algures no tempo caiu esquecida sem que dela se sentisse falta.
Tal como uma carta, Letter to a Refusing Pilot é uma mensagem visual sobre as inexistentes diferenças entre duas culturas vizinhas que se encontram de costas voltadas. Uma mensagem de agradecimento que revela o que não foi destruído - por um - e uma sentida forma de esticar a mão percebendo que o "eu" e o "outro" não são assim tão diferentes separando-os apenas a nacionalidade política e concentrando-se no facto de que pequenos - grandes - gestos podem revelar toda a diferença.
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