Por Onde Escapam as Palavras de Luís Albuquerque é uma longa-metragem independente portuguesa estreada no ano passado e que reflecte sobre a história de Salvador (Bruno Manique), um homem atormentado pela trágica perda da filha num atentado terrorista que vitimou ainda dezenas de outras pessoas.
Manique que para além de actor protagonista desta longa-metragem é ainda o seu produtor e argumentista escreve e usa - não da melhor forma - este argumento de forma a manobrar uma certa onda mediática que tem infelizmente assolado as sociedades ocidentais. Aqui, e à semelhança das inúmeras notícias que têm povoado o nosso imaginário nos últimos largos meses, o terrorismo é a realidade com que estas personagens têm de conviver e os dramas daqueles que lhe sobrevivem são teatralmente mecanizados esquecendo o principal... como criar empatia e compreensão para as perdas daqueles que ficam para chorar e recordar. Dito de outra forma... a empatia do espectador para com o sofrimento de "Salvador" é, assumidamente, nula.
Iniciando a sua dramatização com um vislumbre pelos terroristas que se preparam para a sua missão, Por Onde Escapam as Palavras - belíssima analogia para o espectador incrédulo com aquilo a que aqui assiste - apresenta-os como dois aparentes radicais paramilitares que, no entanto, fazem renascer o drama de um Bataclan Parisiense onde largas dezenas de pessoas foram assassinadas durante um concerto. Aqui, a História repete-se... O espectador, incrédulo com a capacidade que esta obra tem em não ser original num conto ou relato que poderia ter diversos contornos mais actuais e dotados de uma vertente mais sensibilizadora, deixa-se levar a custo pelo desenrolar dos acontecimentos em torno da vida de "Salvador", um pai desgraçado mas que, um ano depois dos acontecimentos, parece ter encontrado uma qualquer esperança para que a sua vida avance... na companhia de um pai ex-alcoólatra que o acompanha para todo o lado inclusive nesta estranha viagem pelo interior de Portugal onde talvez possa encontrar um novo trabalho e salvar alguém através do seu próprio contributo... a música.
Se todo o momento da sua vida passada parece ter finalmente encontrado um não explicado enterro - e a vida da sua filha ignorada para o resto desta história -, não é menos certo que "Salvador" desenvolve uma igualmente pouco convencional relação com a jovem que vai tomar como sua pupila... Não, não temos nada romanceado ou sexualizado mas, na realidade, a relação que desenvolve com a jovem está longe de ser aquela com que poderia ter com uma estudante e menor que parece rapidamente querer salvar do enorme palacete senhorial onde aparenta estar "refém" de uma avó tirânica retirada de um qualquer conto salazarento...
Embrenhados em todas estas pontas soltas e sem qualquer explicação aparente, o espectador não só se perde num enredo privado de nexo como também pelas interpretações amadoras - o profissionalismo ficou assumidamente em casa - e quase recitadas directamente do bloco de notas com que todos parecem andar "dentro do bolso". Distanciado que está o profissionalismo, mesmo tendo em conta todas as limitações financeiras com que esta "peça" possa ter sido elaborada, Por Onde Escapam as Palavras entra numa espiral de desgraça pela forma pouco cuidada com que aborda o terrorismo e a sua influência nas sociedades ocidentais - aliás... pela própria ausência desse trabalho deixando apenas o problema terrorismo como uma "qualquer coisa que aconteceu" - como também por uma vontade de dramatizar que se assume forçada, incoerente e pouco consistente tornando tudo numa tentativa de não-comédia ao ponto de uma das personagens se referir à sua própria filha falecida como "ela agora está melhor"!!! Melhor do que....?!
Ao mesmo tempo temos a história de "Inês"... a jovem estudante cuja avó tem propósitos maiores... e que tem uma única amiga com quem passa os seus dias refugiando-se assim de uma vida não planeada que lhe é imposta para "manter as aparências". "Inês", incapaz de se libertar do jugo da avó quer pela sua jovem idade quer pela incapacidade de decidir aquilo que o mundo dos adultos escolheu para ela bem como pela ausência de um pai semi-catatónico que, curiosamente, resolve um dia acordar do seu trauma e debitar filosofia de algibeira sobre a condição humana, é a jovem que trará a "Salvador" uma descoberta macabra que, ao mesmo tempo, transforma toda esta peça num conto experimental sobre o sobrenatural e assumir-se como uma longa-metragem de género desconhecido cuja única memória persistente é toda a sua falta de qualidade e profissionalismo e interpretações igualmente bizarras desprovidas de conteúdo e de capacidade de, pela sua dor, criar empatia com um espectador sempre atento e disponível para uma história que, à partida, parecia querer marcar a sua posição... mais não fosse por fugir ao dito establishment de um cinema mais convencional e citadino. Aqui... por muito que se tente... tudo falha.
Como se tudo isto não bastasse, os instantes finais onde se descobre (curiosamente) na Figueira da Foz o último dos terroristas fugidos que debita material propagandístico sobre como, também ele, perdeu a sua família e agora é a vez dos outros a perderem e que é, francamente, assustador. Primeiro pela péssima representação do actor que encarna o terrorista incapaz de credibilizar o mesmo e, finalmente, pela forma como um transtornado "Salvador" chega ao edifício abandonado em que aquele se encontra quando ninguém da escolta policial - de uma viatura e dois polícias - o consegue e que, muito facilmente, consegue não só dar crédito aos actos terroristas como, ao mesmo tempo, chamar incapaz às autoridades nacionais que parecem saídas de um curso profissional sem qualquer creditação da sua aprendizagem.
Incapaz de alguma consistência a nível de argumento, perdido nas interpretações incoerentes e mesmo até mecânicas bem como no total despropósito da sua narrativa que dispara em todas as frentes tornando leviano o drama de quem por ele passa - neste caso a perda face à barbárie do terrorismo -, Por Onde Escapam as Palavras é aquele filme que jamais deveria ter visto a luz do dia... mesmo que esta se assumisse como um qualquer objecto de aprendizagem para algo maior que chegaria um dia mais tarde. Mau... é pouco!
Embrenhados em todas estas pontas soltas e sem qualquer explicação aparente, o espectador não só se perde num enredo privado de nexo como também pelas interpretações amadoras - o profissionalismo ficou assumidamente em casa - e quase recitadas directamente do bloco de notas com que todos parecem andar "dentro do bolso". Distanciado que está o profissionalismo, mesmo tendo em conta todas as limitações financeiras com que esta "peça" possa ter sido elaborada, Por Onde Escapam as Palavras entra numa espiral de desgraça pela forma pouco cuidada com que aborda o terrorismo e a sua influência nas sociedades ocidentais - aliás... pela própria ausência desse trabalho deixando apenas o problema terrorismo como uma "qualquer coisa que aconteceu" - como também por uma vontade de dramatizar que se assume forçada, incoerente e pouco consistente tornando tudo numa tentativa de não-comédia ao ponto de uma das personagens se referir à sua própria filha falecida como "ela agora está melhor"!!! Melhor do que....?!
Ao mesmo tempo temos a história de "Inês"... a jovem estudante cuja avó tem propósitos maiores... e que tem uma única amiga com quem passa os seus dias refugiando-se assim de uma vida não planeada que lhe é imposta para "manter as aparências". "Inês", incapaz de se libertar do jugo da avó quer pela sua jovem idade quer pela incapacidade de decidir aquilo que o mundo dos adultos escolheu para ela bem como pela ausência de um pai semi-catatónico que, curiosamente, resolve um dia acordar do seu trauma e debitar filosofia de algibeira sobre a condição humana, é a jovem que trará a "Salvador" uma descoberta macabra que, ao mesmo tempo, transforma toda esta peça num conto experimental sobre o sobrenatural e assumir-se como uma longa-metragem de género desconhecido cuja única memória persistente é toda a sua falta de qualidade e profissionalismo e interpretações igualmente bizarras desprovidas de conteúdo e de capacidade de, pela sua dor, criar empatia com um espectador sempre atento e disponível para uma história que, à partida, parecia querer marcar a sua posição... mais não fosse por fugir ao dito establishment de um cinema mais convencional e citadino. Aqui... por muito que se tente... tudo falha.
Como se tudo isto não bastasse, os instantes finais onde se descobre (curiosamente) na Figueira da Foz o último dos terroristas fugidos que debita material propagandístico sobre como, também ele, perdeu a sua família e agora é a vez dos outros a perderem e que é, francamente, assustador. Primeiro pela péssima representação do actor que encarna o terrorista incapaz de credibilizar o mesmo e, finalmente, pela forma como um transtornado "Salvador" chega ao edifício abandonado em que aquele se encontra quando ninguém da escolta policial - de uma viatura e dois polícias - o consegue e que, muito facilmente, consegue não só dar crédito aos actos terroristas como, ao mesmo tempo, chamar incapaz às autoridades nacionais que parecem saídas de um curso profissional sem qualquer creditação da sua aprendizagem.
Incapaz de alguma consistência a nível de argumento, perdido nas interpretações incoerentes e mesmo até mecânicas bem como no total despropósito da sua narrativa que dispara em todas as frentes tornando leviano o drama de quem por ele passa - neste caso a perda face à barbárie do terrorismo -, Por Onde Escapam as Palavras é aquele filme que jamais deveria ter visto a luz do dia... mesmo que esta se assumisse como um qualquer objecto de aprendizagem para algo maior que chegaria um dia mais tarde. Mau... é pouco!
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