sábado, 1 de maio de 2010

Mon Idole (2002)

O Meu Ídolo de Guillaume Canet é a estreia do actor francês no argumento e realização de uma longa metragem, da qual também é um dos actores principais juntamente com François Berléand e Diane Kruger secundados por Philippe Lefebvre que também assina o argumento.
Bastien (Canet) trabalha como assistente num reality-show e anseia por conseguir o seu lugar ao sol dentro do canal de televisão, algo que o seu ídolo Broustal (Berléand) lhe pode proporcionar.
Após as empatias iniciais entre Bastien, Broustal e Clara (Kruger) a mulher deste, decidem ir passar um fim-de-semana de trabalho para a quinta do casal onde são reveladas intenções que ultrapassam as relações de trabalho passando rapidamente a ser relações de abuso, humilhação e escravidão, e que acabam por culminar numa situação de violência gratuita e homicídio.
Aquilo que temos neste filme é, resumidamente, a capacidade e vontade que todos nós podemos ou não ter de ascender ao topo a qualquer custo. Através da mentira, do engano, da perda de respeito própria e na consentida auto-humilhação. O poder a qualquer custo é a máxima que este filme tão bem transmite.
O que advém deste custo pode inclusivé chegar ao total desaparecimento da dignidade e respeito que o próprio indivíduo pode ter para consigo, e a questão que se coloca é se ele estará disposto ou não a ser colocado nos limites e desqualificado de qualquer tipo de respeito!
A realização para uma primeira grande obra de quem fez quase exclusivamente a sua carreira como actor está bem conseguida e competente, e o argumento não parece apresentar falhas à excepção de não ter sido explorada a relação entre Bastien e a sua noiva interpretada por Clotilde Courau mas que, bem analisada, mostra não ser assim tão central ou importante para o desenvolvimento da história.
É engraçado ainda verificar como certas sequências do filme se enquadram tão bem na realidade dos nossos dias. Refiro-me concretamente à selvátiva morte, para não ir ao ponto de dizer eliminação, de um cervo, animal que representa a graciosidade e elegância e em sua oposição o alimentar dos abutres com carne crua, um animal rude e que ronda sempre a morte. Algumas semelhanças com as mesmas situações pelas quais o filme passa... Curioso de se verificar!
Isto posto de parte o filme é interessante e bem conseguido para uma primeira-obra, abrindo portas para aquela que seria a grande obra deste jovem realizador... Não Digas a Ninguém que conquistou qualquer um com os seus brilhantes desempenhos e história.
Destaque ainda para os minutos iniciais e os finais em que para nos distanciar das situações mais trágicas é criada uma pequena sequência em animação que nos ilustra o início e o desfecho das personagens centrais, e principalmente como nos afasta, ainda que por breves instantes, dos reais horrores que estão por detrás destas histórias "pessoais".
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7 / 10
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