A Esquiva de Abdellatif Kechiche, filme vencedor dos Cesar de Melhor Filme, Realizador, Argumento e Actriz Revelação era, já há algum tempo, uma curiosidade que tinha.
Há algo nestes filmes "sensação" que me desperta logo o interesse... Não sei se por serem muito falados ou se pelo facto da crítica os colocar no topo da glória, ou até mesmo por ser multi-premiados que me deixa imediatamente a pensar "ou é muito bom ou não vale nada".
A história deste filme que gira em torno de um conjunto de adolescentes maioritariamente filhos de imigrantes, de um qualquer subúrbio Parisiense, retrata-nos o seu dia-a-dia quer na escola onde ensaiam uma peça de teatro quer no seu bairro onde convivem e discutem os seus diversos problemas no que a relações diz respeito.
Krimo (Osman Elkharraz) apaixona-se por Lydia (Sara Forestier), e como tal faz por se juntar à peça de teatro em que esta participa e assim declarar-lhe o seu amor. Mal sabia Krimo que este seu comportamento iria despertar a intromissão nos seus assuntos por parte do seu melhor amigo e da sua ex-namorada que o havia deixado, originando assim uma série de acontecimentos que nenhum deles esperava.
A premissa do filme, que capta de certa forma a ideia já usada em Cyrano de Bergerac, em que um indivíduo apaixonado usa as palavras de outro para se declarar, sendo que aqui é mesmo através de uma peça de teatro que se tenta montar, até consegue ser interessante.
Interessante é também o retrato desta nova geração de franceses que vindos de diversos passados culturais conseguem, de certa forma, enquadrar-se e unir-se numa França do século XXI, independentemente de termos de pensar que o seu meio envolvente não é propriamente o mais acolhedor, quer por parte do próprio espaço em si bem como da população nativa.
No entanto algo de maior incomodou-me neste filme... As interpretações dos jovens actores. De todos, Osman Elkharraz consegue ser de longe o mais forte. No meio do seu silêncio e de muita da sua inactividade ao longo do filme, mostra-nos nada mais do que um jovem que está de certa forma inadequado no espaço em que se encontra. Muitos amigos que acabam por não passar de meros conhecidos e com quem não se sente confortável para falar da sua vida, professores que tanto têm de (in)tolerância como de falta de paciência e um ambiente familiar destruído com um pai ausente que se encontra na prisão. De todos, a dele consegue ser a interpretação mais credível.
Quanto aos demais, incluindo Sara Forestier que venceu o Cesar de Actriz Revelação, conseguem ser francamente desgastantes. E porquê? Bom... Passam, na sua maior parte do tempo, a verbalizar todos os seus discursos... aos gritos! Momentos há em que é perfeitamente insuportável sequer ter o som da televisão num som dito "normal" pois, se o tivermos, corremos sérios riscos de ensurdecer com tão insuportável gritaria. Outros temos que, ou pela falta ou pelo excesso de protagonismo, conseguem ser francamente irritantes e comportar-se como se fossem vítimas e alvos de todo o mal do mundo e que, como tal, têm o direito de "mandar vir" com quem lhes aparece pela frente.
E são estes mesmos comportamentos que a mim me incomodam. Credíveis ou não... Reais ou não... o que é certo é que assistir a um filme em que parece que nós enquanto espectadores somos tão ou mais insultados do que as próprias personagens torna-se., para mim, francamente desgastante. Bem sei que a realidade acaba por ser esta na prática, mas ao mesmo tempo também sei que mesmo sendo a realidade ela pode-nos ser apresentada de uma forma que não nos massacre o cérebro durante quase duas horas pois, para isso, basta-nos ligar um qualquer televisor no noticiário e é isso que temos.
Vence enquanto o conteúdo e a mensagem que pretende transmitir mas, no entanto, consegue ser uma experiência cansativa e desgastante ao fim de muito pouco tempo de visionamento.
É um filme que tem algum potencial... mas falha redondamente, e considerando as nomeações (e prémios) que recebeu na cerimónia dos Cesar do seu ano, constata-se facilmente que havia candidatos superiores a este.
.Há algo nestes filmes "sensação" que me desperta logo o interesse... Não sei se por serem muito falados ou se pelo facto da crítica os colocar no topo da glória, ou até mesmo por ser multi-premiados que me deixa imediatamente a pensar "ou é muito bom ou não vale nada".
A história deste filme que gira em torno de um conjunto de adolescentes maioritariamente filhos de imigrantes, de um qualquer subúrbio Parisiense, retrata-nos o seu dia-a-dia quer na escola onde ensaiam uma peça de teatro quer no seu bairro onde convivem e discutem os seus diversos problemas no que a relações diz respeito.
Krimo (Osman Elkharraz) apaixona-se por Lydia (Sara Forestier), e como tal faz por se juntar à peça de teatro em que esta participa e assim declarar-lhe o seu amor. Mal sabia Krimo que este seu comportamento iria despertar a intromissão nos seus assuntos por parte do seu melhor amigo e da sua ex-namorada que o havia deixado, originando assim uma série de acontecimentos que nenhum deles esperava.
A premissa do filme, que capta de certa forma a ideia já usada em Cyrano de Bergerac, em que um indivíduo apaixonado usa as palavras de outro para se declarar, sendo que aqui é mesmo através de uma peça de teatro que se tenta montar, até consegue ser interessante.
Interessante é também o retrato desta nova geração de franceses que vindos de diversos passados culturais conseguem, de certa forma, enquadrar-se e unir-se numa França do século XXI, independentemente de termos de pensar que o seu meio envolvente não é propriamente o mais acolhedor, quer por parte do próprio espaço em si bem como da população nativa.
No entanto algo de maior incomodou-me neste filme... As interpretações dos jovens actores. De todos, Osman Elkharraz consegue ser de longe o mais forte. No meio do seu silêncio e de muita da sua inactividade ao longo do filme, mostra-nos nada mais do que um jovem que está de certa forma inadequado no espaço em que se encontra. Muitos amigos que acabam por não passar de meros conhecidos e com quem não se sente confortável para falar da sua vida, professores que tanto têm de (in)tolerância como de falta de paciência e um ambiente familiar destruído com um pai ausente que se encontra na prisão. De todos, a dele consegue ser a interpretação mais credível.
Quanto aos demais, incluindo Sara Forestier que venceu o Cesar de Actriz Revelação, conseguem ser francamente desgastantes. E porquê? Bom... Passam, na sua maior parte do tempo, a verbalizar todos os seus discursos... aos gritos! Momentos há em que é perfeitamente insuportável sequer ter o som da televisão num som dito "normal" pois, se o tivermos, corremos sérios riscos de ensurdecer com tão insuportável gritaria. Outros temos que, ou pela falta ou pelo excesso de protagonismo, conseguem ser francamente irritantes e comportar-se como se fossem vítimas e alvos de todo o mal do mundo e que, como tal, têm o direito de "mandar vir" com quem lhes aparece pela frente.
E são estes mesmos comportamentos que a mim me incomodam. Credíveis ou não... Reais ou não... o que é certo é que assistir a um filme em que parece que nós enquanto espectadores somos tão ou mais insultados do que as próprias personagens torna-se., para mim, francamente desgastante. Bem sei que a realidade acaba por ser esta na prática, mas ao mesmo tempo também sei que mesmo sendo a realidade ela pode-nos ser apresentada de uma forma que não nos massacre o cérebro durante quase duas horas pois, para isso, basta-nos ligar um qualquer televisor no noticiário e é isso que temos.
Vence enquanto o conteúdo e a mensagem que pretende transmitir mas, no entanto, consegue ser uma experiência cansativa e desgastante ao fim de muito pouco tempo de visionamento.
É um filme que tem algum potencial... mas falha redondamente, e considerando as nomeações (e prémios) que recebeu na cerimónia dos Cesar do seu ano, constata-se facilmente que havia candidatos superiores a este.
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