sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

The King's Speech (2010)

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O Discurso do Rei de Tom Hooper tem sido o filme sensação desta temporada de prémios que está agora quase a terminar. Desde vencedor da grande maioria dos prémios da crítica nos Estados Unidos, passando pelos BAFTA, Globos de Ouro, SAG, Goya de Filme Europeu e claro, culminando com as doze nomeações aos Oscars com que o filme foi granjeado e que serão entregues no próximo domingo. Este filme tem literalmente levado quase tudo.
A história centra-se no período que precedeu à ascenção de Jorge VI (Colin Firth) ao trono do Império Britânico e aquele que era o seu grande problema... a gaguez. Seguimos o período da morte do seu pai e da subida e abdicação do seu irmão ao trono para poder viver com Wallis Simpson o que originou obviamente a subida do Jorge VI ao trono.
Com a sua coroação como Rei teve então a sua primeira provação com o eclodir da Segunda Guerra Mundial e com a obrigatória realização de discursos de unidade à Nação.
É durante a sua luta contra a gaguez que conhece, através da sua mulher e futura raínha (Helena Bonham Carter), Lionel Logue (Geoffrey Rush), um terapeuta da fala que parece ser a sua última oportunidade para ultrapassar o seu problema. É com ele que irá desenvolver uma amizade que até então parecia ser proibida com um simples civil e que se revelará a única sincera que alguma vez teria.
Este filme considerado o grande favorita aos Oscars deste ano em diversas categorias, principalmente na de Actor e Filme, consegue quase ser o filme bonitinho e perfeito do ano. Sem falhas a nível de representação, realização, argumento ou até mesmo de cenário, O Discurso do Rei é o filme que todos esperam ver vencer este ano nos prémios maiores da indústria cinematográfico.
Que o filme está impecável em todos os aspectos técnicos, disso não discordo. É visualmente apelativo e em todos os aspectos aparenta uma mácula invejável a muitos. Aquilo que acho deste filme é que apesar de toda esta perfeição falta-lhe algo que o torne num filme realmente grandioso. Se pensarmos em filmes como Braveheart, Momentos de Glória, O Paciente Inglês ou A Lista de Schindler (entre outros), temos ali filmes grandiosos que marcaram e marcam uma época (ou épocas) e que serão recordados para toda a eternidade como "aquele filme que ganhou o Oscar". Este O Discurso do Rei, é de facto um filme interessante e que com os seus inúmeros momentos de comédia e uma banda-sonora exímia, ou não fosse ela da autoria de Alexandre Desplat consegue conquistar o público a gostar dele. No entanto falta-lhe algo que o torna aquele grande filme do ano que agradou a todos e que daqui a cinco anos ainda será lembrado como O vencedor de Oscar.
As interpretações são de facto magníficas, impecáveis e sem nada de defeito que lhes possamos apontar. Os três actores principais foram nomeados para o Oscar em categorias diferentes, Firth (Actor), Rush (Actor Secundário) e Bonham Carter (Actriz Secundária) mas de todos apenas penso que Rush seria um justo vencedor. O seu humor sarcástico e postura irrepreensível tornam-se um factor atractivo e convincente para dar ao actor a segunda estatueta dourada, e considerando o filme, uma das que poucos (se é que algum) podem apontar o dedo como não tendo sido merecedora.
Já no que diz respeito a Bonham Carter, por muito que goste da actriz, e confesso que gosto desde que a vi no já longínquo Raínha por Nove Dias em que interpretava o papel da Raínha Jane, acho que este seu papel, apesar de interessante e relevante, não é suficientemente bom para lhe granjear a sua primeira estatueta.
Quanto a Colin Firth, que parece imbatível nesta temporada de prémios, e apesar do seu desempenho ser também irrepreensível, fica a sensação de que a ganhar será apenas por ter perdido no ano passado (Um Homem Singular), naquela que seria aí sim uma justíssima vitória.
Em termos técnicos propriamente ditos, aí sim este filme pode sair um justíssimo vencedor. A banda-sonora de Alexandre Desplat (que anda a bater à porta do Oscar com as suas fenomenais composições já há alguns anos), a excelente direcção artística e a fotografia de Danny Cohen, e o brilhante guarda-roupa da já premiada Jenny Beavan são aquelas categorias que considero que se saírem premiadas são justas vencedoras e às quais ninguém pode comentar haver sido excessivas. Quanto às demais deixo as minhas sérias reservas...
O filme é agradável sim e quase é um erro se alguém achar que é mais um "filme chato sobre a monarquia britânica". Não o é. É uma excelente história sobre a ascenção ao poder de um homem que parecia dele afastado bem como uma bonita e simpática história sobre a amizade entre dois homens distintos. Sem o ser tem inúmeros aspectos de "feel good movie" que agradam a todo o tipo de audiências sem ser, no entanto, o grandioso filme do ano digno vencedor de todas as honrarias.
No entanto, como todos nós sabemos, estas temporadas de prémios valem pela simpatia que um dado actor/filme tem numa determinada época e esta está absolutamente a favor deste filme que sendo agradável, giro e simpático não consegue ser grandioso por isso na madrugada da próxima segunda-feira não me espantará em nada se conseguir uns sete a oito Oscars dos doze para que está nomeado.
Para que não restem quaisquer dúvidas sobre a minha opinião sobre este filme vou de facto ser bem claro e directo... VÃO VER. Vale a pena ver este filme e duvido que alguém saia de lá insatisfeito. Só não esperem é ver o melhor filme das vossas vidas. De resto vale a pena e é uma boa aposta.
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"King George VI: Because I have a right to be heard. I have a voice!"
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8 / 10
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