As Aventuras de Tininho Jackson de Rúben Ferreira é uma longa-metragem portuguesa de ficção que marca o regressa do jovem realizador de O Lenhador Assassino - e suas respectivas sequelas - naquela que é mais uma incursão no reino da comédia.
Nicolau é um jovem envergonhado e desejoso de ter o seu primeiro contacto sexual com a sua namorada. Após uma discussão com os seus irmãos que lhe dizem que ele será incapaz de o fazer com a jovem, Nicolau envolve-se num confronto com ela que termina num bizarro assassinato.
Um ano depois, o misterioso Tininho Jackson (Alex Carvalho) em viagem com os desconhecidos Zé e Sónia rumam - não propositadamente - a misteriosa aldeia de Fornelos onde todos os acontecimentos se sucederam.
Num registo que é por vezes confuso, As Aventuras de Tininho Jackson é uma mescla de um certo cinema cómico-sexual que por momentos nos recorda o eterno João Broncas com o moderno American Pie sem esquecer os elementos da animação Scooby Doo onde os mais disparatados acidentes paranormais ocorrem aos olhos de todos nós.
Com um conjunto de momentos interessantes para o género de comédia "adolescente" a que este registo de Rúben Ferreira se propõe, As Aventuras de Tininho Jackson falha em alguns outros elementos que são fundamentais para o bom desenrolar - e saber contar - da história. A principal dessas falhas é, desde logo, o seu argumento que pretende desde o primeiro instante apresentar todo o vasto leque de personagens que dele irão fazer parte transformando os primeiros trinta minutos de filme num exaustivo - e proporcionalmente desnecessário - desfile de rostos que, em muitos casos, já não irão pertencer ao restante enredo. As personagens tendem preferencialmente a ser conhecidas à medida que a história e os factos se desenrolam e não como uma lista de supermercado que nos irá informar sobre quem entra em cena evitando assim a dispersão de momentos que nos indicam várias direcções em vez de uma central que é, afinal, a desejada. Desde argumento há, no entanto, que destacar o momento bem captado para a personagem de "Zé" (homenagem ao da Branca), que aqui é "subdividido" e interpretado por três actores distintos como uma original - e bem pensada - referência à doença de que padece a respectiva personagem evitando transformá-lo num único actor enfermo mas sim numa manifestação física do referido problema.
A juntar a esta falha do argumento e compreendendo que os actores são amadores e, como tal, sem uma preparação para o género, seria necessária uma melhor colocação de voz - e som - que tornasse todos os diálogos imediatamente perceptíveis. Ainda que a graça de alguns momentos se mantenha, não é menos verdade que na sua maioria esta fica perdida ou dispersa graças a este lapso que é agudizado pela edição que coloca em sobreposição momentos ou segmentos sem uma ligação coerente entre si levando o espectador a concentrar-se em inúmeras histórias paralelas e que deveriam funcionar numa perfeita junção.
No final, e ainda que com a clara convicção de que a sequela estará para breve, As Aventuras de Tininho Jackson cria um universo interessante na exploração da história (pré)-adolescente de um novo e cómico herói na figura de "Tininho Jackson" que com algum cuidado para com o argumento e melhoria de alguns elementos técnicos poderia entregar uma saga interessante no género. Sabemos que estamos longe de estar perante um Indiana Jones mas, ao mesmo tempo, considerando os meios e a vontade criativa desta equipa, estou certo que poderiam entregar obras simpáticas, inventinas e inovadoras recorrendo ao espaço isolado que já caracteriza as obras de Rúben Ferreira e a uma certa mitologia urbana que está inerente ao género livrando-se ao mesmo tempo destas falhas que precisam - e estão na hora - de ser eliminadas.
Como factor mais positivo de As Aventuras de Tininho Jackson deixo um apontamento sobre a direcção de fotografia que consegue captar interessantes momentos de luz - excesso e ausência - que se aproximam muito do género utilizado nos filmes de terror juvenil e que se assume como um dos mais bem executados detalhes do filme.
Como factor mais positivo de As Aventuras de Tininho Jackson deixo um apontamento sobre a direcção de fotografia que consegue captar interessantes momentos de luz - excesso e ausência - que se aproximam muito do género utilizado nos filmes de terror juvenil e que se assume como um dos mais bem executados detalhes do filme.
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